"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"
A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém
ao seu lado. Um sentimento de impotência que, como corvos, sacia-se de tua
alma, tão frágil e alvoroçada por tentar entender o que está havendo, além de
uma dor leve, fria, quase minúscula ao passo gélida, que transforma também
nossa mente em um salão vazio, sem saber o que pensar. Aqui, moram as
reflexões, a mais profunda dela, com fim de nos deixar agachadinhos, com
medo de levantar e tomar algumas decisões...
Não sou diferente, mas tento buscar as cordas que me jogam,
como a dos mestres antigos, que sinalizam a todos os instantes uma verdade
simples e ao mesmo tempo dura: “acostume-se com o seu karma, passe por ele
alegremente, e contente-se com o que tem ou com o que você perde – e nessa
linha, a tua, pode haver perdas”.
Quando se refere a perdas, sabe-se que não fala de algo
interno, mas externo com o qual você se entrelaçou durante toda a sua vida, ou
não; de um objeto estimado ou de alguém que tanto ama... ou amou. TODOS estão
no mesmo pacote. Não há distinção seja ela qual for na visão do Mar revolto. O
fim é o mesmo – o quebrar, o desmontar, o morrer, expressões que ainda pensamos
várias vezes antes de escrever, falar, soltar entre amigos, família, com aquele
receio de trazer elementos que supostamente geramos ao comentá-los.
O fim é o mesmo. Mas o início, não. Nascemos após várias
tentativas frustrantes em nos acostumarmos com o que somos (o que somos?).
Depois de passear pela vida, chorando, gritando, pedindo como reis, pegos em
colos maternos, amamentados pela biologia vital, sufocados por pensamentos
acerca de tudo que nos passa, além da grande responsabilidade que nos chega...
Crescemos naturalmente, seja dentro ou fora. Nos enamoramos, nos casamos, vem a
prole, vem a idade...
As idades, símbolos referenciais de nossas tarefas junto ao
sagrado, desvirtuados com o tempo, mal compreendidos até então, vão nos levar
ou deter quanto ao nosso papel no teatro vital.
Olhamos o céu, o sol, as montanhas, os animais; nos
encantamos como crianças por livros infantis; pesquisamos, nos tornamos
especialistas, edificamos prédios, organizamos cidades, presidimos países, e
nos tornamos presos reais do que criamos... Enquanto isso, a realidade nos
passa junto aos pés, como riachos que são embebidos somente pelos mais
humildes, pelos mestres, pelos visionários que a tanto perdemos no passado, ou
que um dia fomos...
Depois de saciar-se com a água de tal rio, nos ensinam a
sermos mais humanos, mais cautelosos em relação ao que somos e fazemos, mesmo
porque temos uma linha a seguir, mesmo porque temos que nos assegurar contra nós
mesmos, contra nossa violência física, ou pior, da nossa violência religiosa,
que engloba nossas ideologias frias, desumanas, nas quais encontramos viés de
assassinos naturais, em nome de entidades que criamos com fins de alevantar somente
edifícios irracionais ao nossos interesses.
E quando pensamos naqueles que se foram em nome de tudo isso,
é como se estivéssemos dançando sob a cabeça de inocentes enterrados, sem nome,
em uma guerra gerada pela necessidade de sermos, um dia, melhores. Não essa
guerra, mas a necessidade dela, assim como conflitos naturais entre seres da mesma
espécie, com fins de elucidar e resolver questões internas ou pessoais.
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