quinta-feira, 24 de junho de 2010

O FOGO


Há elementos na natureza nos quais se basearam os antigos para tentar demonstrar o comportamento instintivo do homem. Não precisa ir muito longe para saber que o fogo é o grande elemento que demonstra com exatidão o desejo, a vontade, a inclinação para o alto, e muito mais.

O fogo, também, como todos os elementos da natureza, refletia (e reflete), simbolicamente, a espiritualidade, mas também a força imortal de conseguir, lutar, crescer, desenvolver e evoluir de nossa raça; porém, o mais conhecido simbolismo dele é o desejo – o motivo, a vontade, ainda que passageira, de ter... É a vontade da personalidade, voltada ao interesse do homem...

O fogo, princípio ígneo, como também é conhecido pela tradição, é tão misterioso que desenvolve no homem um olhar fértil de reminiscências, nas quais culturas ainda mais tradicionais dele viveram, e o redescobriram. Pois não é apenas um processo químico que o alimenta, mas outros elementos que possuem a homogeneidade a fim de que as labaredas apareçam e transformem o ambiente com sua luz e força.

O fogo não apenas o ser necessário ao frio, à alimentação, mas a combinação de tudo que é necessário ao homem e a todos os seres vivos. As histórias de guerreiros sempre eram contadas à margem de uma fogueira, sempre o observando queimar o que se passara e ao mesmo tempo transformando o presente em algo elevado; extinguindo um passado vitorioso e criando um maior, até as estrelas, junto com sua fumaça...

Hoje, no Brasil, temos a fogueira, que alimenta a sensação das festas juninas; mas a maioria ainda não sabe o sentido daquela que arde, enquanto todos se falam e se enamoram junto dela. A fogueira, antes de Cristo, era o centro das festas religiosas, pois dava o sinal de que a colheita tinha sido fértil, que as plantações dariam mais e mais frutos; que a esperança de chuva era concreta. Ali, em meio ao fogo, subia contos de heróis, de pai para filho, de avô para pai, de homem para homem. Naquela festa onde se olhava atento o fogo, sacerdotes meditavam, sacerdotisas clamavam ao deus-fogo a fertilidade e o perdão aos homens, fossem quais fossem; assim era na antiguidade, em qualquer nação civilizada. Daí, nasceu a festa Junina – de Juno, deus da juventude...

Atualmente, olhamos o fogo com desconfiança, ou cheios de medo. O fogo pode se mal, se usado com ignorância, assim como todo elemento da natureza, até mesmo a água; contudo, o fogo esquenta, arde, dói na pele e isso nos transforma em meros seres distantes de seu sentido simbólico. Mas nos esquecemos de que desse elemento nos aproxima do carinho do outro, da conversa em grupo, do fascínio de suas chamas a queimar a madeira -- outro elemento que merece respeito, pois simboliza a persona do homem, a qual passa, se vai às estrelas depois que partimos.

Contudo, a cada dia, a cada ano, perdemos o brio desse elemento que nos eleva, mas que o transformamos em desejos relativos, tão relativos, que se apagam tão rápido quanto palhas secas. É o desejo de viver de qualquer maneira, sem direção; desobedecendo o grande fogo Universal, que alimenta eternamente as estrelas, os cometas, as luas, os sóis, e tudo enfim, de maneira que também somos alimentados. Assim os egípcios viam o sol, como um ser que não só nos iluminava, mas que a sua idéia era bem maior – ou melhor – tão maior quanto qualquer ser. Esse era o sol deles.

Na Grécia Antiga, os lares eram compostos por uma pequena chama que iluminava o centro da sala. Tal chama era uma pequena cópia do que havia na praça central, a representar a maior delas, a do Universo. Os gregos acreditavam que o fogo era também um dos elementos que compuseram o Uno, daí o respeito a Vulcano, o deus do fogo, o qual representava o trabalho do homem, em todos os seus sentidos.

Assim, não só na Grécia, como também em várias outras culturas, o fogo era visto como o símbolo maior do universo. E hoje, graças a esse passado, estamos voltando a respeitá-lo como tal.


RegisFilos

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Poeiras, Caixas e Lembranças


Não pude de deixar de ver uma matéria excelente no programa global Fantástico, que falava de um grupo de jovens que havia deixado, em uma caixa, lembranças de uma época em que tinham entre treze e dezesseis anos. Hoje – quer dizer, agora – ao abrir a caixa, com seus vinte e três, vinte seis anos..., com seus lembretes antigos – cartas, mensagens, hinos de clubes, fotos --, depois de formados ou não, viram o quanto seus desejos mudaram com o tempo. Ainda, viram o quanto perderam tempo...
Isso me lembra Cronos, deus do Tempo, que começara a comer seus filhos, em uma alegoria que nos diz que o tempo urge, não para, e devora, sempre, o que encontra.

Mas não queria falar de tempo, e sim de comportamento – o que nos exige uma dose se simpatia de alguns que não compreendem a ordem prática da vida. Pelo menos quando se é jovem --, é o que parece. Mas por que somente quando jovens?

A falta de critérios, de caminhos, de uma convicção, de uma reta a seguir... – o que significa não precisa ser algo grandioso, mas que seja algo que nos imprima lealdade, um dos princípios que recebemos quase de maneira inata – ou seja, dos deuses, de Deus, sei lá, e que nos sobressai na juventude tão forte quanto qualquer guinada de um poço de petróleo descoberto.

É por isso que temos que levar a sério essa questão, porque é uma das primeiras virtudes direcionadas a algo que vale à pena – quer dizer, a depender de quem a leva. Muitos mafiosos, ladrões, traficantes, homens-bomba, etc, por exemplo, são leais, o que não significa que lealdade seja mal, mas o próprio homem que a conduz...

É como se pegássemos uma faca e, com ela, a vida toda assassinássemos a torto e à direita todos que encontramos. Mas, na realidade, a sua finalidade é cortar carne, batatas, presuntos, salsichas... Assim tratamos a lealdade. É um ponto necessário de se entender. Não só jovens, mas muitos marmanjos ainda não entendem essa questão.

Hoje, em minhas andanças, por exemplo, percebo o quanto errei no passado e gostaria muito de rever certos conceitos de maneira a não desvirtuá-los no futuro, ou seja, hoje. Mas, hoje, também acredito em determinadas coisas errôneas, e minha finalidade é buscar “reconceituá-las” e, na medida do possível, entendê-las, praticá-las – enfim, eu também sou humano, e por que não dizer... Jovem? Quer dizer, pelo menos, em algumas coisas nas quais claudico... Em outras, maduro o bastante para saber o quanto estou errado em continuá-las. Essa é consciência real do homem. Saber dos seus erros e por eles traçar uma meta, sempre na tentativa de, com eles, aprender e ser leal a eles.

Aqui e agora, não sabemos nada do que nos ocorrerá no futuro, por isso tememos até mesmo os importunos, assim fazemos de tudo para vivermos a máxima do viver sem controle, sem respeito, sem amor, sem direção; viver sem olhar onde pisamos – seja em minas, seja em pessoas, até mesmo em crianças abandonadas, mas o pior de tudo é viver sem tentar ser amigo de quem mais precisa de nós: nossos pais, irmãos e filhos.

A caixa aberta pelos jovens, depois de dez anos, não só impressionou a eles, mas a nós também. Seus olhos de arrependimentos foram nossos olhos, nossas lágrimas. A menina que tinha escrito coisas vãs sentiu-se a mais pobre das criaturas ao descobrir que poderia ter deixado uma lembrança dos pais que haviam morrido dez anos depois. Um garoto ficou feliz por ter realizado seu sonho de terminar a faculdade, se formado em arquitetura, mas triste por muitas coisas que havia dito na pequena carta de há dez anos.

Se pudéssemos fazer isso com freqüência, sentiríamos a mesma dor da decepção de nossas imaturidades. Contudo temos a consciência de que podemos melhorar nossos pensamentos, nossos relacionamentos, seja com pais, mães, filhos, amigos, enfim, começar de novo, com novas premissas, novas idéias e comportamentos. Rever, assim, nossos conceitos de liberdade, de amor, justiça, de paz, de lealdade... E, quem sabe, conversar um pouco consigo mesmo, sempre refletindo o que poderia ou não sobreviver nesse mundo depois de dez anos, ou mesmo a eternidade naquilo que fazemos diariamente.



Regis :/



quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pátrias Descalças




Na antiga Roma, havia um senhor chamado Marco Aurélio, filósofo estóico, além de general de exércitos os quais venceram todas as batalhas em campos romanos ou não. Ali, nos campos, o filósofo escrevia suas memórias que um dia seriam peças fundamentais àqueles que buscam e amam o valor humano, em qualquer época... em qualquer lugar.

Além de buscador, Marco Aurélio, o general, traduzia sua esperança na sua grande pátria. Roma. Aquela que um dia nos direcionou a alma humana, de maneira que nem mesmo os gregos sabiam fazê-lo.

O general, no entanto, não era o único a ter esse pensamento, mas os próprios cidadãos de Roma, pois o que nutria todos eles nada mais era que a força de uma grande nação, espelho eterno para as nações de hoje.

Roma, ao espelho prático da antiga Grécia, respeitava as religiões – era politeísta, o que permitia gregos troianos, turcos, cristãos etc. cultivarem seu deus, único ou não, em seu território. O que nos mostra, porém, as imagens de filmes americanos --, é de que todos que não possuíam a mesma ideologia romana eram jogados no circo romano, e comidos pelos leões. Roma tivesse talvez motivos maiores para tanto, pois não discriminavam ou odiavam seus opositores.

E pensam os historiadores locais que os romanos eram temíveis em suas conquistas. Não, não eram. Pelo seu grau de sabedoria, pela ideia que carregavam, eram, na maioria das vezes, deixados a conquistar o território inimigo, pois, para este seria até mais viável ser conquistado por uma nação sábia do que pelos bárbaros destruidores, que, ao contrário dos romanos, matavam, destruíam e não respeitavam a cultura do país colonizado.

Com relação à política, todos eram politizados. Não era a política demonstrada atualmente, em nosso século, mas, muito mais, voltada à religião. O que determina que Roma era um país mais que ligado às coisas universais, e, acima de tudo, religioso, no sentido de perceber e religar-se a Deus, não da nossa maneira, mas uma religiosidade que adentrava nos aspectos familiares, sociais, políticos e até mesmo no bélico.

Julio César, general Romano, todas às vezes, fazia um sacrifício de um bezerro ao deus local, antes de liderar uma tropa que, com certeza, venceria. O general nunca perdeu uma batalha. Assim, Ptolomeu, Marcos Aurélio, Adriano e outros o faziam.

Na família, havia uma cena familiar na atualidade, a do deus-fogo, que iluminava a todos. Este deus era o pequeno foco do que nos altares de uma praça se mostrava: uma grande labareda representado o inicio do Universo, em forma de flâmula ígnea. Dali, a simbologia ultrapassava todos os limites de compreensão humana.

A pátria não significava apenas um país, mas um universo em que humanos representavam partículas espirituais, dentro do sagrado, do todo. Tinham Deus como o infinito, não finito. O que não “atrapalhava” o sentimento em relação às coisas ou pessoas, muito pelo contrário – unia-os. Pois, se Deus era tudo, o que poderia estar fora dessa idéia? Nada, ninguém.

A pátria romana se releva na máxima de Marcus Aurélio: “Não sou cidadão de Roma, mas do Mundo”. Não havia o sentimento de pátrias descalças, lembradas apenas em época de Copa do Mundo, na qual todos se revelam, ainda que confusos em sua naturalidade, juntos por um objetivo – torcer para a sua seleção.

Ali, configura-se o sentimento de amor ao próximo, à vida, ao todos, unido nações em nome de uma bola que rola num campo verde, com duas traves, com duas equipes, representando seu país – cujos jogadores cantam seu hino, choram, brilham, jogam, gritam e vão para a torcida, embriagada de amor ao time, ao próprio país.

Contudo, antes da Copa, vemos o sentimento se diluir em forma de dor, de guerras, de corrupção e drogas, em nome de uma modernidade sem ideologias, de falsas religiões, falsa política, falsos sentimentos...
Claro que temos uma visão errada acerca do que é pátria, mas não estamos errados em nossos sentimentos em relação a ela, porém a ideia é que nos diferencia do passado honroso, em que estávamos iniciando um processo ideológico humano, e dentro dele progredindo, evoluindo, ou seja, nos tornando seres capazes de diferenciar a terra em que se pisa, da terra em que se nasce.

Enfim, queria pedir a todos que busquem um pouco de Roma, da grande Roma dos Césares, na qual Pátria não era apenas uma palavra, uma bandeira, um hino, uma torcida, um time... Era tudo, era o universo.

Eu: pai.


Quando saio de casa, fico em dúvida em dar beijos de adeus ao meu filho, não porque não gosto, mas pelo sono dele que é, sem dúvida, muito leve. Assim, prefiro sair sem ranger a porta, sem balançar o trinco da chave e nele pensar o dia todo.

Outras coisas em mim pairam quando vejo meu filho a dormir seu soninho quente em seu berço forte. Penso em mim. É, esse ser que trabalha interiormente em favor de outro ser, só que exterior, meu filho. Penso no sorriso largo de sua boca pequena e dos saltos desajeitados no chão da sala ao me ver chegar. Penso em sua face brincalhona até o fim do dia, implorando minha presença em seu quarto – que é fechado à maneira Poderoso Chefão --, a fim de brincar, brincar, brincar. Sem falar no seu amor à bola. Nunca em minha vida, nem mesmo os meus sobrinhos de quem cuidei, vi um ser tão pequeno gostar de jogar bola tanto quanto meu filho... Talvez reminiscência...!

Mas minha vida com meu filho não se resume apenas em brincar ou vê-lo sorrir, mas tentar educá-lo para a vida que o chama, ao poucos, e o fazer sentir em sua pequena alma as artimanhas do sim, do não, do errado, do certo... De longe, nos parece fácil. Na realidade, é algo tão transcendente quanto uma ida ao metafísico platônico e voltar sorridente como se tivéssemos compreendido tudo. Não é fácil.

Todos os dias, peço aos deuses coragem para entender a semântica da vida, no tocante a essas duas palavras que nos barram naquilo que, em nossas convicções, é errado, e certo. Pois hoje, em minhas andanças, percebo que gostamos de barrar o externo, mas não sabemos lidar com aquilo que nos faz pior internamente, e com ele vivemos sem barrá-lo. É a nossa personalidade, cujos parâmetros tortos nos dificultam viver a real educação.

Uma educação que nos permite ser maus e ao mesmo tempo querer passar o bem aos filhos. Mau no sentido educacional, não no pérfido, frio... Um mau “convivível”, e que, dentro dele, podemos nos enrolar como se estivéssemos em labirintos internos, nos quais o prisioneiro – nós – não sabe se está preso ou não. Um labirinto mítico, descrito pelas tradições como sendo o próprio homem preso dentro de si mesmo.

E acredito que, às vezes, me sinto assim, e tenho um grande medo de passar esse medo a ele, ao meu querido filho. Passar essa confusão que paira como nuvens em minha cabeça e ao mesmo tempo medo em fazê-lo também confuso quanto aos sentimentos. Um medo normal, mas perigoso, pois pode fazê-lo ter receio de si mesmo frente à vida, às pessoas, ao comportamento em relação a elas, enfim, um medo bobo, mas que pode transfigurar-se em uma realidade nada boba...

É mais que confuso, percebo agora.
Como diria um gramático, revelando a complexidade em explicar a gramática, “Não é algo gratuito”. Também digo... “Não é algo gratuito” explicar uma educação que depende exclusivamente de nós. Somos tão débeis, que não visamos – ou não queremos entender jamais – a educação como ela é. Somos notórios em fugir daquilo que nos é responsável, ou melhor, daquilo que nos é inerente, como diria o mesmo gramático... “do adjunto que nos segue”.

Nunca fugi de responsabilidades que os deuses me deram, muito pelo contrário, sempre achei que elas são o motor nosso de cada dia, a movimentar nossas carcaças desajeitadas e ocupar nossas mentes vazias, no entanto, compreender a educação como um todo, como diria os gregos, é compreender o sentido da vida... Pois levar o que temos de bom (principio básico) àqueles que fazem parte de nosso âmbito familiar, âmbito social, religioso nos é complexo. Primeiro, na realidade, entender a si mesmo, descobrir seus defeitos, canalizá-los a algo bom a humanidade, transformar-se, dentro de experiências únicas, em homens reais; trazer a si mesmo a sabedoria do comportamento, na comunicação, na própria solidão, no buscar a Deus em si e nas coisas... Enfim, é um passo único, porém difícil. Mas, como diria Lao Tse, uma caminhada de mil milhas só se começa com o primeiro passo.

Quando olho para o meu filho, Pedro, sei que seus passos rumo ao desconhecido – às coisas noivas pelas quais passará – são miniexperiências que o farão maduro para enfrentar mais e mais armadilhas da vida. Cairá, contudo, não sofrerá tanto quanto pessoas que foram proibidas de darem passos rumo ao principio (não ao precipício!). Ainda, como um grego que é, meu filho tornar-se-á um guerreiro de um pai guerreiro, de uma mãe guerreira, e conseguirá ultrapassar batalhas como um “namoro no portão”, parafraseando Milton Nascimento.

E eu, pai desse Achilles da modernidade, tentará, a qualquer preço, buscar meios de lidar consigo mesmo, no sentido de ser mais construtor, mais sábio, mais homem, mas responsável, mais maduro, além de ser um herói, nas horas vagas.




quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fases


Em minhas andanças, percebo o quanto somos cheios de fases. Parece uma sombra a nos perseguir desde a infância até hoje!.. Não é por nada que todos sempre dizem “Ah, ele tá na fase tal”, “Ah, é assim mesmo, depois ele melhora...”. Mas até quando? Quando é que chegaremos a nos estabilizar como pessoa e enfrentar a grande montanha-russa da vida sem dar um pio?... Difícil. As fases pelas quais passamos nos fazem medrosos e corajosos em questão de minutos... Assim somos.

Mas se observarmos muito pelo foco da estabilidade emocional, estamos até bem, mesmo porque reconhecer que estamos passando por fases já é um passo a favor do nosso desprendimento. Não independência.

As fases nossas de cada dia são refletidas em nosso rosto, em nossa personalidade, todos os dias, antes e depois de dormirmos. E, quando acordamos ao mundo, há de sentir o ar puro ou contaminado, dependendo de nosso estado de espírito. Esse estado é que devemos avaliar – dentro de nossas consciências – se é bom ou mal para o confronto diário. É mais que preciso fazer avaliações, pois vamos lidar com pessoas, seres que nascem, crescem e morrem, mas que, nesse ínterim, trabalham, sustentam, amam, clamam seus deuses particulares, se apaixonam e amam...., por isso, devemos tratá-las de maneira que soe como uma música a seus ouvidos...

As fases, contudo, nos retiram a gentileza, os sorriso, e nos dão o ódio, a solidão, o desamor, de maneira que choramos e vivemos nos perguntando por que agimos assim num dia e, no outro, nos esquecemos... É por isso que é bom ter alguém que possamos contar as aventuras ou desventuras, as loucuras... Enfim, se possível até mesmo os segredos mais íntimos, afim de que sejamos os mesmos no outro dia...

É como se fôssemos filhos de luas que mudam de uma noite para outra. A instabilidade emocional é assim. No entanto, a vida – a esse rio que corre invisível aos nossos olhos – nos ensina que atravessá-la nada mais é que uma grande necessidade, a necessidade de crescer, tornar-se grandes homens, grandes mulheres, sábios, filhos atemporais do universo. Deixar rastros de maturidade por onde passamos, deixar o conceito claro do grande amor deixado pelos grandes homens, os quais compreenderam, viveram, e até hoje são enaltecidos...

A fase do homem personalistico, que vive o dia a dia com medo de enfrentar a vida e que não sabe lidar com o mundo, vai se tornando mais restrita à medida de sua incapacidade plena de reconhecer tudo isso. A do homem universal, que cria, trabalha, sobrevive, vive, sorri, caminha, reconhece seus erros, pede desculpas, perdoa, ama tal qual o grande sol nos ama, todos os dias caminha para a sabedoria, que rege o caminho daqueles que a procuram. Este homem não vive por fases, e sim as respeita, transpassando cada uma como uma criança que chora quando deve, que sorri o mais belo sorriso de maneira sincera, que ama infinitamente a todos, que busca, em todas as fases, ser fiel a cada uma.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Contraponto Humano II


O COMPORTAMENTO juvenil transgride sim. Há uma lei, assim como em todas as esferas da vida – trânsito, campo, casa, família, trabalho...— em que a ascensão e queda, infelizmente, dependem do ser humano. Alguns defendem que seja normal. Concordo, mas que façamos o possível para que não caia tanto, se não vamos presenciar atos – se já não estamos presenciando atos – inomináveis.

Por isso....

Nada mais belo que sentir a simplicidade de um namoro no qual as partes se conheçam de forma simples, com as regras naturais de uma tradição que buscou o belo, o justo e o verdadeiro comportamento humano. Nada melhor que tentar o respeito mútuo, a partir de um ideal que brilha incessante nos olhos e nas estrelas que nos guiam.

Não podemos nos deixar levar por uma moda que nos leva a nos igualar a animais no cio, ou pelo menos nossos filhos. Vamos tentar nos igualar a comportamentos parnasianos, aqueles que um dia deveras nos influenciaram no passado, cheios de riquezas nos olhos da dama, do cavalheiro, cujo heroísmo era levar à guerra o lenço da amada.

O homem, enamorado daquele amor grandioso, não pedia nada, apenas que aquela mulher fosse o par de asas que um dia buscara para a compleição de suas batalhas internas, pois ele precisava, urgentemente, tê-la em seu coração... Por isso, o lenço.

Não havia o sentimento jovem pela mulher, pelo menos o instintivo, mas do homem que crescera e amadurecera seus sentimentos em relação ao sexo oposto. Em algumas tribos indígenas, porém, simbolicamente, o casamento de crianças – assim como na Índia atual --, era aceito dentro daqueles preceitos, e visto como normal.


No entanto, não podemos colocar na balança preceitos simbólicos e levá-los como desculpas para a nossa ignorância comportamental. Eles, os índios, nesse sentido, não são o que pensamos, muito pelo contrário, são seres que traduzem uma cultura de maneira que só eles podem compreender, diferente de nós, que tentamos transformar em cultura o bestialismo humano...

Então, que sigamos a clareza da vida, e nos empenhamos em promovê-la, no sentido mais humano possível, pois é o que precisamos. Nela, há a disciplina, a Ordem, o Amor, não o amor que restringe, mas o que nos eleva a alma, que traspassa essa realidade bestial, onde não valores, não há o que seguir, mas obstruir.

O homem não era somente o ser físico, sem pensamento, bruto, mas o sacerdote que cultuava a mulher e a protegia. A mulher não era apenas a dona de casa, a que cuidava da cria, mas que o fazia em nome de uma divindade, aquela que dizia que somos parte dela, e temo-la em nós. E os dois não transgrediam a Regra, a deusa, mas se dedicavam a ordem que vinha dos céus.







terça-feira, 1 de junho de 2010

Contraponto Humano




Tenho visto em minhas andanças que a humanidade não é a mesma. Que os jovens não são mais os mesmos... Não é uma declaração de quem tem uma idade avançada, mas a experiência de ver nos olhos dos jovens atuais que estamos caminhando para o calabouço dos sentimentos medíocres. Nas ruas, não se vê outra coisa, senão seres tatuados como se fossem seres de outro planeta, ou não – como diria Caetano --, não desse em que vivemos. Observo crianças e seus atos violentos em relação aos pais, jovens barulhentos que não sabem o que ouvem, dizem, amam... Principalmente amam.

O amor virou uma degradação fria e zoológica, em meio a uma educação antididática, à mostra, burra e anticortez. Não há limites em fazer o que quer, tal qual animais livres sem um sistema, sem um dono, sem ninguém... Apenas o sol e a chuva como testemunhas, ainda que poucos para a modificação desse animalismo-humano em frente a tudo e a todos.

O amor virou meio de sobrevivência a um tempo em que necessitamos de armas para tanto. Com políticos assassinos, juizes sem caráter, procuradores que torturam, delegados mafiosos, policiais militares amigos de traficantes, padres pedófilos... Tudo se torna um grande meio do qual jovens de todos os níveis procuram e não encontram referenciais para seus caminhos, assim, se escondem em sentimentos desvirtuados pelo próprio meio... O próprio amor é um deles... Logo o amor.

Namoros, Paqueras, coisa e tal.

Tenho medo em imaginar como se enamoram os pares de jovens atualmente. Com raríssimas exceções, há em seus olhos a faca de dois gumes, sendo um deles voltado completamente ao sexo. O outro, também. Não se pensa, se age; não há a conquista humana, mas a fraqueza instintiva pelo sexo oposto. Ontem – leia-se há muito tempo – tínhamos a esperança da cordialidade e do comportamento cortês. Ontem, havia humanos em busca de alguém para amar e dar a proteção, conforto de uma presença, cheia de u´a educação comportamental... Um sentimento enraigado de inocência, o que era notório de um relacionamento que dava certo, desde o inicio até o fim.

O namoro era o reflexo, a identidade do que viria a ser a relação pós-sim – ou seja, do casamento – do real convívio. Não é mais. Hoje, comparados apenas a pequenos potros cheios de instintos, loucos para “ficar” e “ficar” – o que significa matar a vontade de estar sozinho – eles fogem da grande responsabilidade, outro desvio de educação na moda, e desrespeitam as regras naturais da vida, que é o respeito mútuo, e se desnudam em uma liberdade fará do comum.

Eles não se cansam de se ofender, de se traírem, de se baterem, e ainda falam em filhos. Dormem juntos com idade pouca, fazem sexo quase todos os dias, tomam suas drogas, ficam loucos, e no outro dia iniciam o mesmo, só que com outro parceiro. Há comportamentos idênticos em animais no sul da África.

Após a gravidez “desejada” – como diria... deixa pra lá! – a criança balança no útero com as músicas pirotécnicas, sob a guarda de uma barriga de uma mãe que fuma, bebe, come de tudo. A criança, filha do desespero e da tristeza, vem ao mundo, cresce nele, e morre, mesmo antes mesmo de ver a luz.

Nada mais hediondo. Cheios do modernismo escachado, usam pirces, cabelos “na moda”, roupas idem, não gostam de trabalhar. Reclamam na escola, reclamam em casa, reclamam, no trabalho... Seu meio de vida nada mais é que falar em sexo em grupinhos, que lembram matilhas de cães vorazes, lambendo, batendo, ou hienas, a espera do que resta do leões.

Os jovens, talvez, sejam a realidade de uma educação voltada ao nada. E na queda dos valores humanos, nada melhor do que assistir a eles, presos à moda que não leva, mas que desgasta a todos – pais, mães, tios, e a todos, cuja educação fora o resquício do que valera à pena.


Volto no próximo texto.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....