sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O Nascimento do Herói


Aquiles: o maior herói mítico de todos.



A vã filosofia dos heróis continua em forma de programas televisivos, a demonstrar heróis nus, a desfilar em nome da cultura física, não idealística, seu objetivo anti-herói, anticultural, formando – ou transformando – identidades frágeis em bestas cheias de tatuagens sem sentido.

E o desfile continua. Mulheres que antes se mostravam belas em comportamento, sem a transgressão de sua feminilidade, sem a perda de sua intuição, hoje, digladiam-se em conflitos quase podres, em nome de uma liberdade que nem mesmo o passado clássico e seus conceitos entendem mais. A mulher se desloca em favor de uma meta quase que masculina, sem sentido, em caminhos nos quais sua identidade se vai como bolhas de sabão...

E quando observo esse mundo, me referencio nos clássicos, e percebo que, hoje em dia, tanto o homem quanto às mulheres se confrontam em uma semântica material na qual quem sofre são os herdeiros de uma época que nascem e crescem e não sabem o que é um livro, em razão de revistas e internetes ensinarem que tudo isso nada mais é que um passado arcaico, sem valor, e que precisa ser esquecido...

Um mundo em que nossos filhos, já com parca idade, sentem emoções fortes (tesão), tais quais adolescentes que se iniciam no namoro – e falo de crianças com menos de seis anos! –, obrigados por um inconsciente que diz... “Seu filho tem que ser esperto hein!”, usufruindo de sua infância, de sua pureza, de sua energia com vistas a transformá-lo em zumbi sem o conhecimento do Céu...

Nessa atmosfera, crescem e se desenvolvem os homens, cuja lanterna de sua consciência só se abre quando pensamos um pouco, e nesse refletir nos surgem miragens clássicas de grandes homens, gigantes, que, ainda que suas sociedades fossem falidas, onde sistemas falavam mais que a razão, eles, esses heróis, gritavam dentro de si, praticando a humanidade em forma de escolas iniciáticas, a ensinar o respeito aos deuses, à natureza, ao próprio homem...

Mesmo que nem se compare as guerras pelas quais passaram ou pelo momento conflituoso aos quais relacionados com os de hoje são pequenos, podemos indagar, contudo, que tais problemas eram imensos em vista das que temos para enfrentar o nosso...

Mas não são armas que vencem guerras, e sim a inteligência, a estratégia, a realização e a concretização de objetivos, que, plasmados, se sobressaem acima de qualquer forma atômica bélica, inventada por qualquer nação.

Além desses, podemos falar do próprio homem na guerra, o porquê desse conflito que modifica estruturas, sociedades e mundo. Podemos falar de heróis que se foram por um planeta melhor, ainda que resguardado em trincheiras vazias, sem perigo, mas com a atenção e a vigilância em nome de seu principio... Seu país, sua família, seu Deus.


Fora os princípios, o herói, o homem em guerra, seja ela qual tamanho for, se esvai como um caminhar sem finalidade, um horizonte sem sol, uma montanha sem pico... Sem nossos princípios, não há nem mesmo homem, pois em nossos ideais temos que nos referenciar, acreditar, impor-nos, realizar. O herói começa a surgir...

Por quê?

Quando a palavra herói surgiu – de Eros, deus do Amor incondicional – o ideal era buscar em cada ato um sentido de religar-se com o todo, com Deus. Aqui o principio humano se fundia com os deuses, e realizámos atos realmente heroicos, dos quais nasciam gerações que pediam para lutar em nome de potencialidades que nem mesmo se conhecia direito, mas sabiam que elas existiam com esse intuito, de nunca abandonar o homem que tivesse em suas possibilidades o amor.

Assim as batalhas foram surgindo, reis se fundindo com seus soldados, éticas em nome da guerra eram respeitadas, a honra jamais deixada, e enfim a paz, em nome de todos os exércitos reavivada. Não é sonho... Existiu.

Milhares de anos depois, nossos heróis eram aqueles que queriam manter a lei, manter a honra nas batalhas, contudo, outros exércitos não mais queriam tais valores, e sim a terra dominada, povos dominados, e a implantação de novas sociedades, juntamente com seus costumes... A religião forçada.

Princípios se foram, mas heróis não. A maioria se escondia das nações poderosas e somente aquele que não esquecera o básico de sua luta – não mais o amor – mas a liberdade de seu país, iniciavam lutas, faziam rebeliões, uniam cidadãos fracos, medrosos, transformando-os em espelhos de suas ideias.

Assim, graças aos homens que um dia se rebelaram em favor do bem estar social e cultural de suas nações, e copiados mais tarde em forma de atos tão mágicos quanto os primeiros, o mundo mudou, as guerras também. Hoje elas nada mais são que a tentativa de resgatar territórios, liberdade vigiadas, restrições a partir de ditadores, enfim, a guerra, sem aquela honra, ética e ideal que a iniciou, são formas quase que naturais de resolver, em detrimento de inocentes, o que poderia ser resolvido com diálogos.

O herói assim se transformou no que chamamos de libertador de povos, não aquele que um dia veio para religar-se com o todo, com Deus, e fazer, por meio de seus atos, o que muitos precisam fazer, levar o ser humano acreditar que pode ser um pouco melhor a cada dia, em pequenas batalhas, desde o minuto que acorda até o momento em que vai dormir...






Aos meus amigos



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Onde Estão os Heróis.






Já percebeu o quanto estamos perdendo nossos heróis, nossos filoso-cientistas, nossos referenciais humanos? Percebeu o quanto nos faz falta alguém que nos direcione para cima, ou para nós mesmos?... Há muito que dialogamos acerca dos mestres antigos, e quando não, de homens que ajudaram senhoras a atravessar as ruas, como um feito heroico sem tamanho...

Por que desapareceram? ou será que estão escondidos em suas casas, montanhas, cavernas, com receio de serem deturpados em sua didática, em sua filosofia...? É possível. O que mais temo é que nem mesmo estes estejam em qualquer lugar desses, mesmo porque saberíamos e ao mínimo deles conheceríamos...

Não por isso vamos deixar de procurá-los, ainda que não existam fisicamente, pois, sabemos, nada melhor do que ser aquele que buscamos externamente, em forma de atos, pensamentos, doutrinas, disciplinas, enfim, se não há conforto de uma palavra sábia, ou buscamos nos clássicos, ou tentamos nos referenciar no que há de mais belo em nós...

E urge que façamos isso. Os dias pelos quais passamos em detrimento de uma filosofia falha são corrosivos, como queijo velho, que nem mesmo o rato chega perto. Tenho medo dessa filosofia... desse forma de abstração criada para simpatizar jovens a causas lúgubres, e na maioria das vezes insalubres... É assim que vejo todo esse ideal criado por uma modernidade sem heróis.

Uma modernidade que conversa ao seu ouvido a fazer você e a maioria desistir de algo que o faça sintonizar-se com o alto, religando-se ao que embaixo se faz. Uma época em que estamos fazendo os piores valores das sociedades passadas emergirem em forma de terror, de guerras esquecidas, de homens suicidas por causas idem...

Uma modernidade em que filhos não são mais a continuação dos pais, e sim do mundo em que se vive, Resta-nos saber para onde eles vão e porquê. Resta-nos sentar no sofá, refletir acerca de nós mesmos, onde estamos e como podemos fazer para continuar as obras dos grandes de eras clássicas, nas quais ali, em meio a guerras, a sociedades em dor, revitalizavam guerreiros, faziam-nos ter fé, acima da própria causa, e morrer por algo maior que seu próprio universo...

Cabe a cada um de nós, em nossas batalhas diárias -- a guerra nunca termina -- gerar condições de ensinar ao mundo, a começar pelo filho, sobrinho, amigo, ou amigos, em diálogos nos quais soluções há, mesmo que teóricas, porém a saber que, no fundo, teremos que adaptá-las a esse mundo, sem qualquer pretexto, pois, a querer ou não, o mal nos escuta e sabe que toda essa esfera fria e desolada pela qual passamos, nada mais é que seu triunfo, e enfim, quando tivermos a brecha que tanto buscamos... embutir o que um dia um Platão, um Sócrates, um Ramsés, nos fez acreditar e que hoje, pelo pouco que temos, em termos de humanidade, damos graças a eles... Nossos heróis.






quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Caos, Teos... Paz.




Caos


Em manhã de agosto,
Estive febril,
Andei por janeiro,
Fui ao seu ninho matreiro,
Amei o teu corpo,
Senti os lírios de abril.

Viajei em teu espaço,
Nele fui obreiro,
Construí estrelas cadentes,
Cometas meninos,
Pontes de aço,
Voltei em março,
Como belo guerreiro.

Venci guerras em Netuno,
Amei mulheres em plutão,
Aos teus olhos profundos
Voltei em junho,
E perdi a batalha do coração.

Teos

Em janeiro descansei
Das lembranças que aludi,
De tua alma criança
Em tão severa dança,
Como astro me perdi...

Em fevereiro,
Cantei palavras ao teu ouvido,
Em conflitos fui ferido,
E tornei-me só teu.

Em março,
Um deus me chamou,
Deu-me forças em terras,
Em céus, em luas belas,
E me fez o que sou...

  
Sou abril que se fechara,
Das tormentas que passei,
Conheci infernos santos,
Céus tão severos,
Vi teu vermelho manto,
E te amei.

Em maio morri,
Ressuscitei do amor,
Casei-me com teu semblante,
Em meu ser ausente,
Ao passo tão presente,
Tornei-me errante...

Andei em junho,
Tão jovem quanto vós,
Semeando poesias,
Em meio a feridas,
Que me fizeram só.

Meu Julho não era César,
Nada tinha de romano,
Enfraquecera em batalha,
Caíra em fornalhas,
Enfraquecera em anos,,,

Não sucumbi em agosto,
Em minha língua, teu gosto...
Em minha alma, a lembrança,
Mas em meu espírito lírico,
Desgosto...


Num


Flores e amores de setembro,
Prestes a desabrochar um novo mundo,
Vivas em sabores, em cores,
Penetrei em meu eu mais fecundo,

Mas outubro me veio,
E dele me cuidei,
Entrei em meu corpo,
E nele fiquei,

Levantei em novembro,
E o sol em mim se prontificou,
Cortando nuvens cinzas,
Cascatas celestes finas,
Enfim, o vento levou...

Não levara tudo,
Deixara o verdadeiro Amor,
Tão dezembro, tão divino

que, antes de ir, saudade me deixou...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Lendo a Vida

Sekhmet. A poderosa gata.



Não é difícil compreender o mundo e o que nele acontece. Apenas nos distanciamos de questões que não nos interessam e ficamos distantes de uma realidade que está ali, do nosso lado... Mas é preciso entender e nos assegurar de que vamos levar aquilo como um simbolo eterno, dentro de nós.

Falo do mais simples, do mais louvável, de coisas com as quais lidamos naturalmente e deixamos de lado em razão de sistemas, ou mesmo por causa de problemas que nos afligem lá na medula óssea. Falo do pequeno ser que se encontra a caminhar pelas vias mais místicas da vida, ou melhor, não tão místicas, assim, porém, graças a nossa dificuldade em ter atenção ao mais óbvio, somos obrigados a chamar de místico...

Pequenos seres

Falo do caminho que a formiga percorre em direção ao seu abrigo, desse pequeno ser que nos desata a pensar e nos fazer refletir acerca do que é o mundo, esse universo, ou mesmo o principio de tudo. Falo das plantas que farfalham, que se coçam diariamente, com finalidade natural de crescer rumo a sua verdade... Além de pensar nas rosas, nas flores, nas minúsculas, que, em grupo ou não, esperam um brisa para jogar suas sementes ao chão e fazer crescer outras, mais e mais...

Queria falar dos animais, os quais nos ensinam, em sua horizontalidade, o quanto somos ainda débeis em obedecer regras, leis, ainda sejamos fortes, inteligentes, conscientes tanto quanto eles. Mas o que mais me faz me impressionar com os animais são suas figuras simbólicas que nasceram com o intuito de nos fazer ler a vida de uma forma mais profunda, na tentativa de compreender nosso papel nesse achatado planeta.

Os animais, sejam eles quais forem, ou mesmo os mais intrigantes, fazem parte de um  estrutura já criada pelos deuses, com o sentido de nos fazer alunos a observar as leis, entendê-las, não sucumbi-las, destruí-las, mas entendê-las e delas participar,

Talvez seja o mais difícil dos critérios -- entender as leis a partir de seres ditos como inferiores, 
-- mas se percebemos bem, temos vários animais que se comportam como meros professores, os quais refletem, às vezes, o que somos; a exemplo do cachorro, que, se não adotar um dono (no nosso caso, um mestre) será um eterno vira-lata, a fazer o que bem entende... E nós, sem nosso referencial diário, em algum ponto também seremos vira-latas.

O mais rebelde dos animais, o gato, dizem que foi criado com elementos místicos dos grandes felinos antigos, nos laboratórios tradicionais do Antigo Egito. Lá, como todos sabem, existem lendas em que os gatos delas fazem parte, além da deusa sekemet, a grande gata, da qual todos temem.  Não por isso, no entanto, devemos nos precipitar quando opinamos acerca daquele lugar ou de suas lendas, pois, graças à filosofia fechada de seus ancestrais, pouco se sabe de tudo que sobreviveu até então...

Mas, voltando, sobre o gato, esse felino místico, podemos perceber que nele a algo que nos revela uma certa independência, um distrato sutil com as pessoas que dele cuidam. Pode ser o mais belo gato, mas ele nunca se deixa domar... Essa é a lei felina, no entanto, podemos levar conosco o fato de que de alguma forma temos um pouco deles, ao nos sentir injustiçados com leis que nos querem escravizados, e portanto sempre queremos ir ao encontro do que nos pertence.

O leão, um outro felino, em várias culturas, é um símbolos solar, o qual iluminava nações, e o fez em várias civilizações, que, ao observar sua disciplina, sua ordem, justiça, sua natureza forte e cadenciada, prevalecer o bem.

Nós...

Enfim, quando temos esse mundo ao nosso redor, e tentamos lidar com ele em nosso aspecto humano, na obediência às leis, ao uno, que há muito nos propicia tudo isso, podemos iniciar um processo natural de consciência em relação às coisas com as quais lidamos diariamente. Não precisamos apenas ouvir pessoas -- mesmo porque todos nós possuímos uma sabedoria relativa -- mas sentir de perto o que tanto buscamos, a harmonia entre nós e o mundo que nos ronda.

Ler a vida é difícil. Temos que nos abster de nossos preconceitos, de nossas religiões rotulantes, de nossa política confusa, até de nós mesmos na maioria das vezes. Para muitos, isso nos fragilizaria mais, a nos fazer débeis, sem critério vital. Não. O que estamos fazendo nada mais é que seguindo nosso curso, a partir de leis existentes que com certeza nos ensinam mais que as leis que criamos, sem qualquer critério.

No passado, os céus, o uno, tudo que estava acima era um grande referencial ao que seria construído aqui, embaixo, como cidades, sociedade, leis, de modo que não estivéssemos desconectados com o Todo. 

Hoje, algumas leis, resquícios desse passado, ainda sobrevivem, no entanto, temo que sejam retiradas com o tempo, e outras sejam feitas à revelia do homem, dando margem a mais comportamentos aleatórios, em muitas sociedades atuais -- o que já é uma realidade.






segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Silêncio Sepulcral





Talvez seja o mais difícil dos silêncios, esse ao qual me refiro acima. Talvez, na parte mais longínqua do espaço, ou em sepulcros, como a palavra indica, onde não há pessoas, insetos, árvores farfalhando. Não há mulheres se lamentando, homens se gabando, até mesmo quando não falam, pois há o barulho das mentes se digladiando racionalmente, dos olhos tristes, a queres dizer algo, ou do coração louco a explodir de paixão por alguém que não retribui...

Estranho... Precisamos tanto do silêncio, desse momento mágico que os deuses nos presenteou e ao mesmo tempo nos sentimos sós, quando nos encontramos presos aos nossos sentimentos, às nossas reflexões. Será por que temos medo de nos deparar conosco mesmos? Ou não? Será que o silêncio nos faz ir de encontro ao mal, ao ponto de nos infiltrarmos no mais severo do pensamento e não mais voltar?

É uma questão psico-filosófica. Segundo a psicologia atual, não devemos nos sentir sós, ou melhor, não estarmos sós, presos ao que chamamos ego. Este, tão elevado, tão possuidor de raízes materialistas das quais cuidamos e colhemos seu frutos, que é preciso ter alguém para nos abrir em detrimento de algo que nos sufoca... Nosso ego.

Prova disso são pessoas que não param de falar em demasia sobre si mesmas, e se esquecem de que estão acompanhadas, e acreditam naturalmente que devem ser ouvidas, ainda que façamos cara de desinteressados. Para tais pessoas, surgimos em sua vida como latões de depósito nos quais o forçoso aprendizado, advindo de uma vida sem qualquer ânimo, têm por obrigação abrir a tampa.

Por outro lado, há pessoas que em silêncio ficam, em razão do medo de se expressarem e serem sucumbidas pelo maltrato psicológico de outros, que se subjugam racionalmente melhores... E assim, em meio a turmas, ou a duas ou três pessoas, se calam, firmando-se em um silêncio que, a depender da pessoa, pode ensinar ou prejudicar.

Mesmo assim, melhor a tomada de consciência, do centro, da razão, e tentar buscar algo melhor do que um silêncio imposto. 

Por outra visão...

Filosoficamente devemos deixar de ter medo do silêncio, desse que, segundo dizem, nos leva à solidão. Precisamos dele, desse meio no qual nos subjugamos, refletimos, melhoramos. Precisamos buscá-lo, reivindicá-lo, se puder, em lugares que, por natureza, pedem o silêncio...

Em casa, quando há a possibilidade de encontrar um lugar, seja o seu quarto, seja na sua sala, quando todos estiverem dormindo, seja no seu escritório, ou então, em sua cama, antes de dormir, sempre com o objetivo de rever o que se fez durante o dia, e peneirar o que sobrou, colocando o restante em seu devido lugar... No corpo. 

Na alma, esse segundo ser que nos acorda para a vida, fica o que de bom pescamos no dia anterior, com a finalidade de nos elevar sempre, ainda que saibamos o que vamos encontrar durante o dia, ou mesmo na semana inteira.

Não precisamos ter medo do silêncio, apesar de ele nos acusar de maldades, de nos colocar na parede e nos sufocar às vezes com sua grandeza. Mas, por nossa natureza evolutiva, temos que traçar nossas metas, rever nossos pensamentos, atos, sonhos, projetos, nossa ideologia, seja ela partidária ou não.. (espero que não), contanto que tenha em seu topo nossa identidade, que venha.

O silêncio sepulcral 

Sabemos que no espaço não se pode haver barulho em razão do vácuo. E sabemos, também, que é impossível encontrá-lo dentro de nosso meio. de nossas possibilidades, mas não é impossível que apenas tal silêncio seja responsável para rever nossos atos -- então, vamos viver com o que temos, sobreviver em meio a pessoas que singram o mesmo mar que nós, que sonham, que se revelam apaziguadoras, não perturbadoras, e saibamos lidar com elas.

Vamos buscar o silêncio naquele lugar idílico, cheio de amor e paz, a que tanto almejamos quando nos chega a hora mais misteriosa do dia, a alma.




quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Mãe, a estrela eterna.



A força e a simplicidade se foram.



As mães, segundo as leis universais, são portadoras do amor. A prova maior, talvez, não sei, é quando uma mãe é recolhida ao seu paraíso, de onde possivelmente saiu. Sabemos que, quando isso acontece, a família se desnutre, se enfraquece, e se torna deserta de união, de paz, de amor, e como consequência maior a desintegração total -- cada um para o seu lado.

No início, em meio a brigas, conflitos, intempéries que somente há em família, há a mãe, como acolhedora, conselheira, apaziguadora de seus entes queridos que não sabem dar um passo sem a sua palavra. É a mãe.

Nela, pela religiosidade natural, percebe-se a grande experiência nos olhos, no físico, em seu semblante cujo astral é tão forte e leve, que, por mais sábio que sejamos, não conseguimos deixar de nos ajoelhar ante esse ser humano. 

Muitos, no entanto, desconfiam desse amor, dessa forma divina que nos alegra, e se tornam combatentes irracionais, filhos cujo comportamento se iguala a de leões e hienas sorrateiras, ao vir o restante da carne deixada involuntariamente pelo predador, mas a ignorância, máscara fria que cai no meio das trincheiras, clama por Deus ao ver a grande senhora partir, e não voltar mais...

A dor, uma das maiores do mundo, nos faz tão infantis quanto o dia em que nascemos e necessitamos do grande colo que nos acolheu no primeiro dia, naquele leito de hospital. Uma dor tão divina e ao passo tão demoníaca que desconfiamos que seja normal e conosco... 

E nossa alma se vai, e com ela o caminho que nós tínhamos -- difícil trazê-la de novo --, e se vai a paz,  a ordem, a disciplina (muitos começam a se viciar ou transformar suas vidas em um caos), como se fôssemos a própria que se foi... Mas não éramos nós, "apenas" parte de nós.

E a sensação que nos fica é de que uma parte de nosso corpo foi comida, de uma hora para outra, por um monstro chamado morte (mas depois percebemos que não há mostro), e até passar essa sensação, pensamentos confusos, atos, conflitos, brigas.. guerras, falas sem nexo, desunião, como tsunamis, invadem uma família... É a hora de olhar para o irmão, ou como diriam os mais sábio, horizontalmente... (depois de tantos anos a olhar para o alto, para a mãe, para aquela que possuía as respostas,,,), agora temos que ouvir o que ele tem a dizer...

É hora de buscar a alma, que se perdeu, e confusa ficou com a dor; é hora de olhar para os pés, perguntar-lhes se ainda pode caminhar; é hora de perguntar a todos o que somos, para onde vamos e porquê. 

E quando olharmos fixamente nos olhos de cada um, sentir aquele aperto no coração, como forma de desculpas, iniciar um novo processo de nascimento, crescimento e desenvolvimento, não sem a grande rainha, que se foi, mas, agora, muito mais com ela, pois sabemos que a morte -- aprendemos -- é só um começo.

A mãe, a que se foi, no retrato acima, é minha mãe. E por possuir um elo com Deus -- não importava como -- criava em torno de si uma força misteriosa, tão misteriosa que em suas palavras o fogo das larvas caíam em nossos corpos frágeis, como uma justiça que cai na pele de um corrupto, como uma grade que se fecha ao pretenso intelectual. como um remédio que desce amargo sem querer,


Por isso tínhamos que olhar para cima ao vê-la -- e hoje, mais do que nunca.



Em nossos corações -- esse ser fiel aos olhos ocultos -- que sofrera por razões divinas, prevalecem lições, e dessas devemos aprender que cada ser humano tem um grande papel no mundo, nesse canteiro de flores débeis que somos, que é melhorar um pouco nossos pensamentos e direcioná-los a algo maior que nossas aparências, ou nossas vidas materiais... 

Sabemos que caminhar é para todos, mas saber para onde caminhar é para poucos. Então nos questionemos, e tenhamos coragem de responder tais perguntas simples ao passo fortes, pois a vida deve ser vivida, mas respeitada em seu âmbito, e quando isso parte de nós, nos tornamos um pouco melhores, assim como aquele ser que partiu.








Saudades, Mãe.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Carnem Levare *




Nosso Carnaval pode ser explicado pela extravagância, irreverência, pela crítica às autoridades, pelo desabafo de um povo que precisa... Desabafar. Em meio a essa alegria, tentamos ser tão felizes quanto os dias em que saímos de casa, pegamos ônibus lotados, trabalhamos feitos escravos mal pagos, a observar a injustiça se plasmar todos os dias em uma tela de quarenta e dois ou sessenta polegadas na primeira vitrine de um shopping.

Choramos por dentro ao saber que nosso dinheiro está sendo desviado -- ou como diria aquele trapalhão, "desviado não, direto para o bolso do infeliz ladrão de pobre" -- e pensamos em como alimentar nossos filhos, mães, mulheres, família, enfim.. A injustiça, como peça principal de um governo fraco, prevalece ainda que lutemos para que suma pelo menos um dia de nossos olhos cansados...

E aparece então o Carnaval, e desaparece de nossas vidas -- em quatro dias de loucuras sem precedentes -- o mal que tanto nos assolou no inicio do ano (taxas, aumentos, impostos, juros, etc) -- como se nos preparasse para o restante do ano... Mas não pensamos assim, apenas como algo positivo, que nos tangencie do presente ou nos engane ao futuro...

É sempre assim, não há outro jeito de nos enganar, a não ser que queiramos dizer que faz parte de um país, que é um fator cultural, necessário, ocidental, etc, etc, além nos fazer crer que pode mudar um país... Não penso assim...

Penso que, se há um meio de nos extravasar, tínhamos que refletir acerca de nossas extravagâncias, pois nelas esconde-se uma essência educacional, querendo ou não, modificando pessoas, sociedades, país... Há mais. Estamos sempre tentando nos policiar em relação ao nossos atos, seja politica, seja religiosamente, e isso nos tem feito retos ou bambos na grande linha imaginária da vida, que, como uma sagrada linha, nos faz sentir dor ou prazer, à medida de nossas ações, e não dorme, não vacila, mesmo porque apenas nós, humanos, dormimos -- metaforicamente ou literalmente.

Mas ainda não entramos na parte filosófica da questão...

A parte histórica do Carnaval fala por si mesma, como parte da filosofia; e como toda filosofia tem um referencial, temos que levar, aqui, em consideração o que representou essa festa no passado tão cheia de alegorias quanto à nossa. 

Antes, os deuses influenciavam a vida das civilizações, mais do que as chuvas, ventos, tempestades, tsunamis, sol... O que não quer dizer que estes estariam fora, mas como próprios deuses em forma de elementos vitais, transformando, com suas grandes mãos simbólicas, o dia a dia do povo.

Deuses

Um deus que era muito respeitado na antiga Gália Aquitânica -- atual sudoeste da França -- o deus Abello, conhecido também como o deus das árvores; visto também como um deus da fauna e flora, as quais eram respeitas naquela passado, tão distante, pelo povo gálio. 

Desse nome, segundo constam, é o mesmo nome de Apolo, deus da música, da Natureza, da apoloraridade, na antiga Grécia. A esse deus eram feitas festas enormes com fantasias nas quais retratavam a figura do grande deus.

Na mitologia romana, tínhamos Ceres, equivalente à deusa Deméter, filha de Saturno e Cibele, amante de Júpiter, irmã de Juno, Vesta, Netuno e Plutão, e mãe de Proserpina com Júpiter.. Essa deusa, a quem eram feitas grandes festas após as colheitas, nas quais o sagrado e o profano quase se igualavam, era a deusa da Agricultura.

A deusa personificava a religação do homem com sua própria parte divina junto à Natureza, e dentro desse âmbito faziam escolas em que sacerdotisas cultuavam e purificavam o nome da deusa. Entre outros deuses que podemos elencar entre tais poderíamos falar de Fauno e Fauna, deuses que estariam ainda responsáveis pela parte mais universal da natureza..

Eram festas ditas como pagãs das quais saiam deuses e deuses louvados pela colheita, pelo fruto, pelas cheias dos rios -- poderíamos citar as festas osirianas quando o Nilo  voltava a se encher -- por tudo que a Natureza dava sem nada pedir em troca. Mas após Cristo, quando a Igreja tomou o lugar dos deuses e impôs o deus cristão, as festas se foram... No entanto, por meio de um acordo feito entre as várias culturas, no qual teria que ser em prol da Igreja, foi decretado que, após o Carnaval, haveria o período da quaresma (quarenta dias sem carne) -- daí a palavra Carnaval, Carnem Levare, significar Sem Carne...

Enfim, mesmo sendo festas pagãs, nas quais havia um sentido sagrado, o nome Carnaval só veio muito depois, como foi dito acima, com o sentido de se abster da carne durante quarenta dias. Mas o que fica é alegria por algo realmente válido, não estrutural mas espiritual, ou seja, por deuses que se manifestavam dentro de nossos meios, como forças misteriosas que nos apareciam quando plantávamos o que era certo à natureza humana.


Hoje... Nosso maior sentido carnavalesco é a alegria, sair do chão, tentar igualar-se ao rico ou fingir-se de pobre, com alegorias cujo simbolismo nos remete apenas a uma história tão fugidia quanto nossa ápoca. Hoje, vamos em bloco exterminar a tristeza, nos esquecendo de que o choro vem noutro dia... Mas, no passado, o simbolismo a que nos remetíamos era em prol de um idealismo universal, no qual o próprio homem não significava muito, mas fazia o seu papel junto à Natureza como parte dela, dentro de um sagrado mistério, que só as escolas iniciaticas poderiam explicar, contudo, o grande povo que fazia a sua festa, a sua parte, sabia que estava colaborando com a grande linha imaginária.



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* Carnaval .

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Sombras de Uma Idade Média


Papas do passado e do presente. O que queriam, o que querem?


A Igreja pediu perdão pelos crimes cometidos há séculos, em nome de Deus, e nem sei se a perdoaram; a Igreja pediu perdão por suas omissões, em guerras mundias, nas quais poderia ter resguardado muito mais inocentes do que resguardou. No entanto, tal perdão não chegou ainda às esferas de muitos crimes morais e éticos, dos quais a humanidade sofreu na antiga Idade Média.

Se a Igreja tivesse sido realmente sincera, teria gerações e gerações a quem pedir desculpas, simplesmente pelo fato, de hoje, séculos depois, muitos acreditarem em seu Poder. Isso, no entanto, é quase que invisível aos olhos dos chamados humildes de coração, os quais, a necessitar de auxilio "espiritual" (muito mais psicológico), se dão por completo a essa entidade, que até então corrói nossas indagações a respeito de Deus.

Digam se estou errado. Sei o quanto que a Igreja tem se esforçado em nos apresentar papas modernos, dos quais aprendemos lições de humildade, gentileza, bondade... (preciosidades nos dias atuais), e que, aos seus fiéis, faz questão de bater o martelo em polêmicas que há muito deveriam ter sido resolvidas -- como a questão homoafetiva, casais do mesmo sexo que querem união sacramentada por Deus. E a questão da pedofilia, que, em nome de Dele, prevalece sem resolução? a humilhação aos negros, a omissão aos mais humildes, que há muito perderam sua religião, graças às formas que eram restritos à sua natureza religiosa...

Mas a questão Divina? Aquela pela qual Giordano e muitos outros se entregaram e se foram queimados em fogueiras tão altas quanto a hipocrisia moderna? Se a própria Igreja pediu perdão, então reconhece que estava errada em algum ponto.. Mas que ponto? A de perseguir, ou a de queimar vivos os supostos culpados por simplesmente pensar diferente, ou perdão ao mundo por se fortalecer às custas de pessoas ignorantes? Como diria Cid Moreira, o ex-âncora da TV Globo, "até o fechamento desta edição, ainda não sabemos."

Hoje, claro, estamos mais combativos, mais aguerridos e fortes em questões que se afloram no mundo e não se pode delas correr, e portanto, a maior das entidades deve tomar uma resolução em função do que pensam seus fiéis. Sabemos que ela, a Igreja, ainda que tenha passado vários séculos, não pode abrir mão de seus valores, de sua crença, de sua ideologia, política.. Enfim, não pode se debruçar a Giordanos modernos, por mais corretos que eles estejam...

Mas há algo que precisa se sanado, ou melhor, salientado em meio ao que ela traspassa não somente aos seus, mas ao mundo. O que ela quer? Levar a fé de uma antiga Idade Média aos pobres? se ajoelhar falsamente ao inimigo somente para dizer que o respeita, mas que, na realidade, sabe-se, políticas há que a fazem tão fora do que pretende ensinar quanto outros quesitos, enfim... E a questão divina?

Há muitos questionamentos, e poucos a responder. Talvez precisamos de muitos idealistas capazes de fazê-la falar, mas idealistas que tenham em sua sombra um Copérnico, um Giordano Bruno, uma grande mulher que, de repente, no passado fora tão forte em sua razão quanto qualquer homem... Joana Darc.


E hoje, quando olho pela janela de meu quarto, observo que a paz reina de forma arbitrária em nossa sociedade. Não há questionamentos a serem respondidos? Não há verdades a serem reveladas? Não há uma cultura de subserviência imposta pela Igreja? O que somos? Escravos que se calam, senhores maduros que aprenderam que tudo isso não leva a nada, a não ser mais mortes, guerras, conflitos? Não sabemos... Ou simplesmente medo?

Mas de uma coisa sabemos, a nuvem que nos cobre não é a mesma de uma civilização sábia, na qual o povo tinha um grande amigo que buscava a verdade como seu representante divino; a atual nuvem que nos sobrevoa é a do vaidosismo, aquela que nos faz conformados com respostas rápidas, elegantes, cultas, cheias do floreio. 

Porém, é a mesma resposta de sempre, sem a verdade, sem a prática advinda daquele (ou daquela) que a responde. Nós, como atores que somos, deixamos tudo do jeito que está para não magoar nossos entes queridos, os quais obedecem fielmente a um Deus que mata muito mais que no passado.






terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Um pouco de Giordano

"Ele não poderia mudar de ideia. Ele simplesmente via. E Pronto"



Giordano Bruno. Eu viu e não abriu mão de sua visão.




Giordano Bruno, aos trinta anos, tivera uma visão após ser expulso de seu mosteiro. Antes, apenas um rapaz que discordava às espreitas da Igreja, de seus mestres; antes, um rapaz que lia Copérnico às escondidas, e descobria, no sótão de seu abrigo, o que no seu âmago crescia, o que em nós sempre tem a grande tendência em aumentar... Questionamentos relativos a Deus.

Em sua visão,viu não somente o limitado universo a que Igreja o fazia (não somente a ele, mas a todos, na Idade Média) ver, mas muitos outros e assim por diante -- ele tivera um siting, uma visão além daquela propícia pelos olhos naturais. O ex-monge viu uma realidade a que somente hoje supomos, mesmo que tenhamos todas as ferramentas possíveis para vê-la.

E ao contrário dos homens que sabiam e resguardavam seus saberes, mesmo porque, à época, era um tanto quanto difícil, em razão das perseguições, Giordano foi além e não teve medo. Apenas com sua visão e com a certeza dela no bolso, e na grande credibilidade do grande Copérnico, o qual morrera na prisão, muito antes do ex-monge, Giordano, na tentativa de relatar sua experiência e fazer discípulos, como numa grande empreitada natural, por meio de artificiosos orais, sem provas convincentes, fora expulso várias vezes, de várias convenções, e de lugares nos quais questionamentos a respeito da Bíblia eram proibidos, por fim, todavia, fora convidado a fazer uma palestra na Inglaterra, ainda que seus argumentos estivessem fora da ótica da religião presente.

Lá, não abrira mão de sua visão a respeito de Deus. "Há outros sóis, há outras estrelas, há estrelas que são sóis, e sóis que podem ser estrelas, enfim, há outros universos!", e não se calava em meio a ofensas, a agressões, e por fim, fora julgado.

A Igreja, como poder político maior, não aceitava que duvidassem do poder de Deus, nem mesmo das palavras do Salvador, e o grande Giordano não a desrespeitava, muito menos fazia pessoas desacreditarem nos homens do passado arcaico, apenas dizia-lhes que havia mais do que ensinavam a respeito do universo -- muito mais.

E por isso preso ficou. E durante oito anos, em subterrâneos jamais conhecidos, nosso herói tivera que repensar sua vida, suas indagações, seus amigos, sua família, enfim, repensar nos valores que acreditara e os respeitar, aceitar ou não, enfim, ele teria que acreditar em sua visão -- ou sonho, ou como diriam os monges, em facetas do Diabo -- e se libertar.

Após cumpridos oito anos, Giordano foi colocado aos olhos dos mesmos homens que o haviam torturado, mas agora teria que dizer "aprendi a lição"... O que seria um adorno à Igreja, que estava, em nome de Deus, há tempos, defendendo o que muitos acreditavam ser a Verdade.. 

Giordano, olhando nos olhos de seu juiz, disse... "Nesses oito anos que estive preso, pude, com minhas poucas forças, redefinir o que é Deus. E hoje eu posso dizer... Não é o que vocês pensam"...

Giordano fora queimado e morto "em nome de Deus".





quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O Céu de Cada Um, Uma Longa Jornada...


Tao: para muitos, a representar o céu e o inferno.



As sensações, unidas ao bom sentimento, sempre serão, para muitos, o caminho do Céu, ou o próprio. Prova disso, é quando realizamos uma tarefa não muito dentro de nossas capacidades, e nos inclinamos como heróis sagazes, em uma luta árdua, cheia de labirintos como... Varrer uma casa, lavar uma louça, passar o pano numa  janela... 

Não é uma piada. Nosso céu é o nosso retrato. O inferno, talvez, seja o inverso. Ou uma dualidade entre fazer o que não nos é dado pelo grande Deus, como deitar-se frente a uma TV, comer aquele prato de salada maravilhoso, com um arroz soltinho, unido ao um peixe... Sem espinhas, por favor. Mas sempre indo de encontro a Ele.. Isso é  o inferno!

O inferno, também, é a nossa cara. Mas o que mais me atrai é o céu, esse grande mistério universal, dentro do qual questionamos, reverberamos, e dele nos alimentamos quando lemos os clássicos, se reduzindo, de acordo com nossos interesses, a práticas personalisticas, que nós mesmos temos por obrigação, como homens que somos.

Não adianta, queremos o céu de qualquer maneira, como se fosse uma quantia que depositamos no banco, e a merecemos pelo simples fato de ter feito algo "grandioso". E as sensações continuam... Todavia, esquecemos que a rampa é pequena e que somos péssimos em esportes radicais, então nos entregamos... Varremos mal, somos péssimos lavadores de louça, o pano da janela, que tanto se sujou com a poeira, vira o próprio capeta. Daí, vem o cansaço, o desespero, a dor -- qual? -- a dormência, enfim... O infraerno (para não repetir a palavra, ok?)

Mas, contudo, entretanto, quando tudo dá certo, e a vassoura ajuda, a louça é pouca, e o bendito pano não se entrega... Vemos a face do Criador! Choramos, caímos ao chão, nos tornamos crentes, vamos ao ancião (pastor, bispo, sei lá..) e nos entregamos, juntamente com a alma, que não entende bulufas...!

A saga continua...
Viramos experientes em práticas caseiras e  damos aulas, palestras, vendemos livros, e conseguimos, por fim, nos desviar de nossos objetivos...  -- Qual era mesmo?? -- ah, ser Deus, quer dizer, encontrar Deus. Não! Encontrar o céu. 

O que nos sobra dessa empreitada? Não sei, talvez voltar à origem de tudo isso, e como diria o nosso querido Marco Aurélio, imperador-filósofo, "Já pensou se uma orelha pede aplauso só por ouvir?"... Já que estamos a repensar o que é e o que não é céu, vamos com calma em nosso vaidosismo, em nossas obrigações.  Pois de repente somos orelhas querendo não só aplausos, mas muito  mais que isso, sem mesmo cumprir, sequer, a primordial das tarefas, a de ser um pouco mais humano...

Sei que, em muitas tarefas claudicamos, mesmo porque temos vocações escondidas, mas não deixemos de lado qualquer que seja nossos objetivos, nos colocados com outro objetivo -- o de ser mais pacientes, amorosos, menos duros com a vida, mais sensatos, mais experientes... Uuufa..!

Nosso céu, mais uma vez, com certeza, está se fazendo em algum lugar de nossas memórias da grande Vida, mas não somos sacerdotes, sábios, filósofos (ou pretensos) clássicos, para perceber essa religação natural a que obedecemos sem querer, e sim pessoas comuns, sem aquele  crachá de especial do Criador, simplesmente porque tudo que nos acontece, com certeza, é inerente a qualquer ser humano.




quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Lições Ocultas (ii)

Mitos Egípcios: como uma lua inalcançável.




É muito fácil um historiador pegar tudo que sabe, e dentro de sua grande experiência (como historiador), fazer comparações, interpretar à luz de sua matéria, que o fez especialista, um profissional na área, qualquer versículo, até mesmo lendas, mitos, tudo que seja clássico.

Não diferente seria um radical ideológico (um comunista, um xiita islâmico, etc) fazer o mesmo, tentando, com as ferramentas que possui, interpretar um clássico que há séculos resguarda informações acerca do mundo, do universo...

Enfim... O que nos atrai nessas figuras é que, ainda que tenham suas parcas ferramentas para interpretar qualquer texto simbólico, eles o fazem como se fossem reais intérpretes de tudo aquilo que nos foi deixado, de propósito, sem as chaves necessárias para abrir e entender. 

Champollion

No caso de Jean Francoi Champollion, considerado o primeiro egiptólogo francês, considerado o pai da Egiptologia, quando Napoleão invadiu o Egito, levando para a terra sagrada seus maiores filósofos e cientistas da ápoca, somente com o intuito de tentar revelar o que estava por trás daqueles monumentos, podemos fazer um adendo...

O grande Champolion foi um dos primeiros a entender que, naquele país, existia algo maior que seu parco entendimento acerca de tudo, mas mesmo assim, em nome da Ciência, tentou descobrir o que estava escrito em alguns pergaminhos, os quais foram demonstrados como hieroglifos (escrita sagrada), nos quais a síntese de um passado perturbador aos olhos do homem moderno estava apenas começando a aparecer...

Com essa visão, a de respeito aos valores de um passado que se foi, não apenas Champollion, mas outros foram ao encontro de muitas descobertas maravilhosas, no entanto, a maioria se desfez desses valores e iniciaram muito mais um sentimento capitalista e intelectual, ao contrário do nosso primeiro personagem,,,

Hoje, pouquíssimos egiptólogos traduzem pergaminhos, respeitam os homens-deuses, os mitos, as lendas e histórias egípcias como deviam. E como precisamos de respeitar a história das grandes nações, surgem sentimentos negativos em relação a elas, e mais, o que devia ser revelado e levado às gerações que buscam a verdade, temos pessoas que ainda acreditam em histórias absurdas do tipo... "os egípcios foram um povo mal, porque escravizaram os hebreus"... "O mar vermelho nada mais foi que a vingança de Deus ao povo que um dia amava homens acima Dele", e mais... "As pirâmides do Egito foram construídas por ets", e assim por diante...

Enxovalhadas de absurdos advindos de leitores tortos, de autores mais tortos ainda, frios telespectadores de filmes americanos, que, repito, assassinam gerações que poderiam, hoje, dar valor às suas origens, com buscas sensatas, feitas de coração, em autores, como o Cristian Jac,  um dos melhores do mundo -- que escreveu a saga de Ramsés II, -- e muitos mais, -- os quais segredam valores dessas nações, e  nos fazem perseguir ideais dentro de histórias romanceadas, feitas com todo cuidado para não desfazer a crença nos mistérios antigos, dentro dos quais o próprio homem se sente dono de uma capacidade maior ao que nos colocam atualmente... a de ser meramente um ser existencial, que coexiste em função de outros valores, o monetário, por exemplo...

Não se pode ser apenas um profissional e acreditar que pode tudo. As escrituras, não apenas a Bíblia, mas muitas outras, como o Bagava Gita, os Vedas, Mahabarata. além de hieroglifos, e obras apócrifas que se encontram aterradas à espera de nossa ignorância, não podem ser apenas lidas e traduzidas à luz de nossas visões capitalistas, xiitas, modernistas, frias, sem pudor. É preciso que se tenha amor à busca, respeito às obras do passado, que duraram até então, não pelo fato de durarem, mas muito mais por serem feitas por homens que entendiam tudo sobre o Céu e Terra.

Se houver uma busca, seja ela qual for, deve ser feita com amor. Amor à humanidade.




terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Lições Ocultas

"Não adianta buscar respostas se não estás pronto para praticá-las" (L.C)*


A reverência antes de tudo: somos pequenos.






Ainda ontem li um artigo na internet de um físico mediano chamado Osny Ramos, em que fazia uma série de referências às escrituras cristãs (na Bíblia), à luz da Física Quântica, a tecer comparações, interpretações, tudo dentro do campo mais oculto da ciência.

Não tem como não haver razões naquilo que foi abordado, mesmo porque, como já comentamos aqui, há mistérios indecifráveis, os quais religiões fazem questão de respeitar -- ou como diria uma ocultista famosa (H.P.Blavatsky), de permanecerem na ignorância -- o que seria excelente se não fosse para interesse de alguns que comandam iletrados.

Ramos, como um guru físico, não mede palavras e não refreia sua crítica ao comportamento humano quanto à obediência a Deus. E isso, em nome de uma tradição que sempre considerou deuses e rainhas, reis e outros, é desrespeitoso, mesmo porque, ainda que nossa capacidade racional chegue a compreender (será?) o comportamento dos elétrons, não quer dizer que encontramos a pedra filosofal, muito menos o mistério maior do alquimio...

Um dia um samurai nos disse "para baixo e para cima, há infinitos". E Osny, contundente em suas "revelações", parece-me descobridor do Tudo, desmistificador de mistérios dos quais viviam nossos antepassados, e ainda vivem homens do nosso presente; contudo, em suas frialdade mecânica, esquece-se de que um dia uma grande nação -- a qual desconhece ele, certeza tenho -- que nos fez suspirar com suas construções que desafiam o homem, e quem sabe a própria física atual, e que nos fez entender que acerca do maior mistério não questionamos.

Qual o maior mistério? Talvez a própria origem de tudo do qual viemos, ou simplesmente respostas para as mais intrigantes de nossas perguntas, ou mais que isso; porém, o que equivaleria tudo isso se não houvesse um respeito advindo de nossas consciências, de nossa pequeno saber? Qual seria o motivo desse "descobrimento" desse grande mistério?... 
Não importa...

O que o grande Egito sabia, essa grande nação que brilha tanto quanto qualquer estrela presente, apesar de seu atual momento, é que não se pode ir em busca de sagrados mistérios se não temos uma grande alma para tanto. Sabia aquela nação que os deuses -- esses átomos ocultos que tanto incomodam a alma da ciência -- fazem parte de nosso cotidiano, desse ar quente que respiramos, e desses objetivos que tanto buscamos.

Reverência

O Físico se entristece ao saber que o homem atual não se questiona a respeito desse Deus pessoal, que interfere na vida humana. Mas a própria física, ao pegar para si a visão de Deus, torna-se tão fria e quem sabe ígnia, quanto àquele pastor que não fabrica ideias, não faz seu fiel ir atrás de respostas por si mesmo. 

O Físico, ao dar credibilidade a forças naturais infinitas, não foge do tradição, tanto que respeita o passado humano quanto refere-se aos grande filósofos, mas, ao mesmo tempo, para ele (físico), são forças e formas físicas, ainda que tratadas com profundidade... E isso, nosso passado não perdoa.

Se tratarmos qualquer sol ou estrela em sua profundidade, teremos respostas quase idênticas, o que destruiria o saber infinito a que temos direito (e obrigação) de descobrir, mas se tal profundidade estiver no campo racional humano -- desse que nos faz vaidosos e políticos -- podemos acabar por matar gerações... O samurai tinha razão.

É preciso reverenciar com nossas almas, levar ao mais alto de nossas considerações humanas o que os grandes do passado faziam em prol dessa humanidade que se debate em conflitos por meras interpretações e religiogismo... Não podemos cair no querer saber pelo simples fato de querer. (Temos que) Abrir as portas do passado, com o espirito imaculado, com vestes puras, sentir a presença do todo em nossas almas, deixar palpitar o coração, e ter a plena convicção de que somos parte de tudo é um trabalho humano, mas muito mais divino.




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* Luiz Carlos, professor de filosofia.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....