segunda-feira, 31 de março de 2014

Cidade Proibida

À feminilidade da mulher.



Sobrevoei teu corpo sem maldade,
E ao pousar em tua cidade,
Invadi seu aeroporto.
Adentrei em teu porto,
E naveguei em teu juízo...
Subi em teus edifícios,
Desci ao chão de tuas cascatas,
E na tua arena,
Foste a minha valquíria
Que cavalgaste sem fim.
Colhi frutos em teu pomar,
Surfei em tuas ondas,
Amei o teu amor, sem amar;
Deu-te luas e sóis distantes,
Ao passo, vidas errantes,
Como espírito em mim
A zombar.
Me deste um lar,
E dele eu saía
Tal menino vadio sem rosto,
Que nascia.
Que morria em seu corpo,
Além do palco que se abria,
E por meio dele,
Somente dele,
Prometeu, 
A peça que eu via.

Percorri tuas estradas,
E nelas perdi minha vida,
Colidi com  meus sonhos impuros,
E com o céu que me cobria.
Voltei ao teu mundo de amor,
Surrupiei o pouco que tu tinhas,
Recebi o fogo entrelinhas,
Tornei-me o rio que corria sozinho.
Recebi o teu ninho...
Contudo, embarquei em teus lábios,
Tão meus quanto livres eram,
E em razão de teus lírios que brotavam,
Cantei a canção que em presença
Gritava...

Te amo.

Aspirações em Segredo

Revelar nossas aspirações é revelar onde está nosso maior tesouro.






Nossos corações são como crianças que se revelam falantes quando encontramos a pessoa amiga, ou mesmo alguém que nos seja amável por alguns minutos. A essas pessoas confiamos nossas vidas, em segundos, e transbordamos nossas almas de segredos; damos o que temos e revelamos o insondável. Por quê? É claro que somos humanos, e como diria uma grande amiga, “partimos do princípio de que todos somos perfeitos, e para eles podemos nos abrir”...

Eu, antes de tudo, pela minha natureza quieta, tímida, e cheia de segredos – graças a Deus – revelo-me um falante somente às pessoas que em mim acreditam, ou pelo menos parecem acreditar. A elas, depois de uma grande conversa, ao saber que seus pequenos segredos são-me revelados, sou “obrigado” a nelas creditar um pouco dos meus... E só.

É uma tendência humana, quase que religiosa, como se abrir a Deus nas horas vagas, ou mesmo a uma mãe que nos afaga com seu carinho nas horas que mais precisamos, e sempre, se possível, até o final de sua vida. Ao pai, nem tanto.

Reza, no entanto, a sabedoria dos grandes homens do passado, Lao Tsé, Buda, Platão, Epíteto..., que devemos sempre resguardar os mistérios que nos fazem crescer. Ao discípulo, ao fiel, ou mesmo ao aluno de sabedoria, esse é o ensinamento mais exato para a consecução de suas realizações. Ser misterioso. Mas no sentido apenas espiritual, não no corriqueiro, em que sabemos  o que ele faz, para onde vai ou com quem conversa.

Suas aspirações, quando em segredo, trazem à tona a praticidade que nelas se esconde, ou seja, a simplicidade dos gestos para com as pessoas, o sorriso verdadeiro, a sensibilidade pelas causas humanas, a busca pela paz nas mínimas coisas, o iluminar em seus olhos... Enfim, são revelações que em pessoas residem quando nelas a vontade de ser maior no sentido interno da questão está em progressão.

Estamos longe disso. Não estamos no entanto longe de tentar, desde que tenhamos, em nossos caminhos, prismas tradicionais, aos quais sempre nos referenciamos, e que, graças as lhanuras do tempo e da própria voluveidade da personalidade, ainda estamos um tanto quanto distante.

Faladores

Assim, por começar, vamos tentar segurar os pequenos segredos corriqueiros como forma de treinar-nos para os maiores. Vamos falar menos, ou melhor, apenas o que realmente interessa ao nosso circulo, sem que sejamos prolixos com nossas ideias. Por exemplo, uma pessoa que tem por objetivo emagrecer, normalmente, fala a todos suas pretensões para com seu corpo, sua comida ou seu modo de comer. Na realidade, seria melhor se tivesse a consciência de fazer o que lhe convém sem que qualquer pessoa, a não ser ela mesma, saiba. O sucesso seria mais garantido.

Sei que o racional vai nos enganar e não vai suportar e incutirá suas armas naturais, modernas e tentará destruir nosso “segredo”, nos levando a condição de faladores. Vamos ser fortes, firmes, filósofos. Vamos subir nossos degraus bem devagar...

Mas até mesmo os átomos, em seu crescimento, possuem certas dificuldades, então porque não teríamos no gerar de uma ideia?

O que importa é o que temos em nós, nossas pretensões para com nossa alma, nosso ser. Não importa o que dizem a respeito do que pensamos, dos nossos atos, pois nosso mestre interno, o maior responsável por nossos caminhos, sejam eles materiais ou espirituais, principalmente este, é quem ditar as regras da lei maior, a qual abraçaremos de forma humilde. É o ideal.

O Ideal

Ao observar o grande ideal que vai nas várzeas distantes, nas montanhas mais altas do mundo, e ao passo nas sandálias de uma criança que sobe o morro, nos perguntamos, “o que é isso que buscamos, que nos torna mais fortes, e ao mesmo tempo mais fracos à medida que recuamos?”... Parece um tipo de sol que precisa ser o que é independentemente de nós, mas nós, antes de tudo, precisamos eloquentemente dele. “O que é isso?”.

E quando tomamos resoluções em sua direção, somos iluminados, mesmo que não seja algo grandioso, mas que tenha a aparência harmoniosa, viva e quente como a do sol maior. E exemplos há na história de homens e mulheres que, sutilmente, conseguiram andar nas águas do ideal e nele entender o universo. E conseguiram pescar milhares de pessoas, mas poucos se tornaram discípulos; outros virarem pescadores, pela tradição, mas trazerem poucos peixes.


O ideal é uma escada íngreme para os fracos, mas larga e macia aos homens fortes e decididos. Não vamos somente contemplar, mas viver em nossa plenitude o ideal.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Em Nome do Pai, em Nome de Todos.


Antes de nascermos, temos um nome.




É natural darmos nome às situações, aos momentos, e até mesmo às pessoas quando não sabemos nomear. O que nos vem à cabeça é apenas uma transfiguração, uma metáfora, ou seja, o que não conseguimos dar o nome, inventamos pela aparência, pela semelhança. Mas não podemos deixar isso seguir em nossos destinos como algo cotidiano, pois tudo, de algum modo, vem com o seu nome.

Dizem até que nosso nome, o real, está escondido em algum lugar dentro de nós. Mas não por isso vamos recorrer às metáforas, aos apelidos, às circunstâncias para nomear, rotular e, na maioria das vezes, esquecer que aquele indivíduo tem nome.

Nossa meta é entender, nas entrelinhas, a razão de tudo, até mesmo das coisas mais simples, como se fôssemos crianças à procura de brinquedos em uma grande caixa, também cheia de brinquedos. Contudo, ainda que tenhamos tal caixa em nossas possibilidades, sempre preferimos outro brinquedo, de outra caixa.

O nome da pessoa, o de batismo, para ela é tão importante quanto qualquer coisa, porque a iniciou no mundo, a revelou para as pessoas, e a fez única. Ainda que haja nomes idênticos, ela vai ser sempre a guardiã de seu nome, e isso devemos respeitar; não inventar, ou transformá-la naquilo que um dia achamos que ele é.

É incontestável. Mas é natural. Cansamos de assistir a invasões em favelas, e com policiais trazendo lideres de quadrilhas armadas, pelo nome e depois pelo que o chamavam naquele local. Isso acontece até conosco: pessoas há que, até mesmo nas horas mais formais, nas circunstâncias mais confusas, nos chamam pelo apelido, pelo vulgo.

E aceitamos. No entanto, podemos, assim, esquecermos de valorizar o que somos, pelo nome. Devemos sempre, nas horas que nos sobram, entender que aquele nome, em meio a vários que poderiam ser nossos, apenas um nos foi creditado, e por isso, é nosso.

O cuidado

A questão, mais do que provável, pode cair no lado mal, já que podemos inventar, dar apelidos pelo que a pessoa parece, ou pelo que faz. Ou seja, vamos supor que uma pessoa toma banho e leva horas para terminar. Já nos vem em mente uma série de nomes, menos o dele, daquela pessoa que insiste em ficar na banheira, sem se importar com os outros.

Outro: se há pessoas que vemos em bares, sorridentes, tomando sua cerveja, com ou sem seus amigos, com um ar meio desiquilibrado nas palavras, nas pernas, ao se levantar, damos logo o nome de bêbado, alcóolatra, enfim, o nomeamos sem refletir acerca de sua vida diária, sem saber se era ou não uma pessoa com tendências à bebida. Por isso o perigo do nomear sem saber.

É preciso dizer, nessas horas, que aquele homem está bebendo em demasia, e que pode, mais cedo ou mais tarde, ter problemas. Não se nomeia as pessoas como rei que não somos, pois podemos cair em armadilhas tais quais essas, quando nós mesmo estivermos em estados além-graça, apenas em nome de passar de tempo.

Antigo Egito

No antigo Egito, na época das pirâmides, havia o grande iniciado, o mestre que designaria o seu nome, não qualquer um como hoje, sem significados, sem homenagens, mas um que o faria parte de um universo do qual, mesmo se mais tarde o candidato à iniciação desistisse, ficaria com ele pelo resto dos dias. E isso ocorre em certas religiões atualmente...

Na grande pirâmide, homem deixava de ser o homem-do-mundo e se tornaria o homem-do-céu, o qual idealizaria apenas algo, e esse algo seria somente por meio do seu nome que o iniciado saberia. O mestre via no discípulo suas pretensões internas, e mais, via o próprio Indivíduo, o ser indivisível.

Paulo

Na Bíblia cristã, Paulo, o discípulo, que um dia fora carrasco dos cristãos, se deparou com uma luz muito forte, mais que a nossa luz externa, quando um dia procurava Jesus, em suas possibilidades. E o encontrou...

Na Época, Paulo chamava-se Saulo, e Cristo, ao aparecer diante do general dantes romano, disse “Saulo, por que me procuras?”. Fora tão forte a luz que, segundo a história, Saulo caíra de seu cavalo. “A partir de agora, seu nome vai ser Paulo”...

Saulo não se tornou apenas Paulo, como também um dos melhores discípulos de Cristo, pois trabalhara em várias frentes, e buscara, até, informações junto a escolas de sabedoria para a fundação do ministério cristão.

Mitos

A história é feita de mitos, dentro dos quais apreciamos apenas a bela teoria das potencialidades que tentam nos dizer algo, ou mesmo esconder o que precisamos. Os mistérios. E na história de Paulo e Cristo, de algum modo, tivemos um pouco de mitologia, misturada a história. Claro que muitas coisas foram modicadas com o tempo, mas a realidade é que Saulo, dentro da história, somos nós, meio confusos, mas sem deixar de ir atrás de nossos ideais. E Cristo, ao dizer “Saulo, por que me procuras?”, estaria representando aquela parte que subjaz em cada um de nós, sem a escutarmos.

Todos ouvem um Cristo – aqui, o Cristo dos cristão, mas a parte que nos ilumina, ou como diria o budhi, quem vem de buda, ou mesmo ser – lá onde o pensamento não alcança, e que apenas o coração, em momentos mais religados ao Todo, ou um Cristo, como disse, a nos traçar caminhos, ainda que sejamos frágeis em nossos corpos, em nossa mente, em busca de nós mesmos.

O nome a que Cristo se refere é o Eu verdadeiro, ou como diria nas antigas sabedorias o Atman indiano, o Nows platônico, o Espírito Santo dos cristãos. 

Antes de procurar o nosso real nome, porém, devemos respeitar o nosso de cada dia.

quinta-feira, 27 de março de 2014

A Clareza de Uma Ideia



Os dados não precisam ser incoerentes. Nem nós.





Sabemos quanto somos incoerentes em nossos atos, em nossos pensamentos com relação ao que fazemos; às nossas ideias, baseadas em premissas fortes, e que deságuam em rios indiferentes ao que a fazem germinar. Quanto somos inconsistentes, sem base para assegurar nossos ideais, por menores que sejam...

Podemos mudar esse quadro, podemos sim. Temos que ter clareza naquilo que fazemos, pensamos, observamos. A incoerência, de alguma forma, vai nos visitar e nos fará voltar à sua estratégia anterior, ao seu mundo, simplesmente porque aprendemos a lidar com isso desde que somos pequenos, com aprendizados toscos, de pais desinformados, escolas idem.

Por isso, não é algo fácil em um mundo completamente indiferente a ela, a coerência. Não se pode pedir ao mundo que seja coerente, mesmo porque teríamos que iniciar um processo de extinção tal qual a dos dinossauros, enviando, de propósito, mísseis, meteoros ou mesmo uma nova bomba atômica para começarmos tudo novamente.

Ou seja... Não tem como partir do externo para o interno. Temos que começar de dentro; é aquele velho (ao passo moderno) método do “Conhecer a Si Mesmo”, como se fôssemos crianças grandes, porém conscientes, em busca de algo novo, mas que esteja latente em nós.

E a clareza das ideias nos faz entender um pouco a nós mesmos e o mundo que nos cerca, a partir de premissas coerentes, nas quais não podemos nos ludibriar, voltando ao que somos realmente.

Incoerências

Frases do tipo “Sou mais rico do que você, por isso, sou melhor do que você” perambula em muitas mentes irracionais, nas quais a educação, desde a tenra idade, é adestrada para tanto. Para achar que riqueza é sinônimo de inteligência e caráter, de hombridade, enfim, de valores os quais vivemos, mas não aprendemos como direcioná-los, tornando-os apenas espadas de plástico, deve vir de uma educação que a fomentou até então.

Se uma pessoa é mais rica de que a outra, deve ter, no mínimo, mais dinheiro do que a outra, só isso; o que não descarta a possibilidade de ela ir atrás de ideais, mas que, ao formular tal frase, necessita, urgente, entender que devemos ser claros, coerentes, e dizer “Sou mais rico do que você, por isso, tenho mais dinheiro, mais recursos materias do que você”. É mais real, coerente, claro e certo a se dizer.

“Sou mais inteligente do que você, por isso, sou melhor do que você”, dizem alguns, de modo mais íntimo, como se fosse para si mesmo. E isso é um pecado natural, porque há exemplos de notórios homens no poder que demonstram habilidade com palavras, com arte da política, com as palavras, na oralidade em palestras, e demonstram um poder acima do permitido com as pessoas que são próximas a ele. Assim, por meio de imagens, da grande astúcia, dada às experiências, convence a todos.

Isso, no entanto, não o faz melhor do que as pessoas que o rondam, se o seu ideal não passa de realizar seus interesses mais escusos, mais frios. Seu mundo roda em torno de si, como antes viam a terra no centro do universo, ou seja, a pessoa que acredita em tal premissa está tão enganada quanto um padre da Idade Média, pois se desconsidera, de antemão, em sua afirmação, seu caráter. A única coisa real e coerente a se dizer é “Sou mais inteligente do que você, por isso, tenho um poder de lidar com o raciocínio melhor”, só isso.

Toda pessoa devia entender, de modo claro, as raízes do problema, transformá-lo em premissas para suas vidas; não deixar sucumbir às incoerências externas das quais retiramos outras, que sempre colocam em jogo o que somos.

O papel da razão


Somos buscadores. E Ponto. E uma vida regada de sabedoria deve ser prática, não de teorias que nos educam ao contrário de nosso objetivo. E como forma de lidar com essa realidade que nos confronta, a incoerência, a falta de clareza política, religiosa, social, devemos começar por nós mesmos, pela razão, inclinando-a para o alto: ainda que sejamos pobres, ainda que não tenhamos uma grande inteligência, ainda que não conheçamos o básico, mas, há de convir, temos caráter, temos honra, disciplina; temos Deus em nossas possibilidades, e por isso temos TUDO. 

E isso não é incoerência.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Para a Preservação da Espécie




Há sempre os dois lados. Pense.




Muitos não acreditam, mas a preservação da espécie realmente depende de nós, seres humanos. Não estou a me referir a animais, plantas, pedras, planetas, mas a comportamentos necessários a um bom relacionamento, no qual somente o equilíbrio humano é ferramenta desejada, porém de difícil acesso.

Falo da paciência, do dom de ver os dois lados da moeda. Não há outro meio pelo qual conseguimos nos preservar, pois precisamos urgentemente, em nome de nossa sobrevivência, buscá-la. E em nome dela, Epiteto, grande filósofo estoico, já dizia que “tudo tem dois lados”. É vero.

Na história de cada um, no ver a vida de cada um, podemos sempre entender o leasing acima, e dentro do que temos, respeitar, aceitar, conviver e viver o que mais amamos, a própria vida com alegria. Não é um sonho, é real.

Um exemplo prático.

Se somos chateados por nossos irmãos, recebemos toda a carga astral daquele momento, em que duas ou mais pessoas discutiram, se elevaram emocionalmente, e caíram em pensamentos frios, desagradáveis. Pode-se nessa circunstância levar o lado da mágoa ou tentar entender que, por ser irmãos, há laços que os ligam e que os fizeram crescer juntos. Não há motivos para prosseguir com pensamentos que os separam, e os fazem odiosos pelo resto de nossa existência.

Muito pelo contrário.

As discursões, na realidade, por mais afincadas em terrenos crus, podem e devem salientar ensinamentos a qualquer das partes, sejam amigos, irmãos, maridos, esposas, enfim, de modo que possam, no mais tardar, trazer à tona mais paciência, mais amor, e carinho a todos.

Claro que há discursões que nos fazem mais atentos, como se fossem escudos invisíveis, mas também nos fazem cruéis, a ponto de, antes mesmo de iniciar a batalha, já estamos ferindo o suposto inimigo.

Na verdade, não há inimigo concreto, e se houver, há aquele criamos, educamos, alimentamos, e o tornamos mais fortes para explicitar os nossos piores sentimentos. E assim, o desiquilíbrio nos vem em forma de discussões, brigas, separações, maltratos, etc, fazendo-nos pensar duas vezes antes de jogar a funda no gigante imaginário, o qual não era imaginário, nem mesmo gigante, e sim um ser humano tal qual a você.

Entre Amizades...

É algo mais comum, no entanto, podemos usar do mesmo artificio, porque há possibilidades inúmeras de criar meios separativos entre as partes, por mais amigos que sejam. E o  mais comum, em geral, é por causa de coisas pequenas, como falatórios, brigas por mulheres, brigas por futebol.

O certo, nesse caso, se não moram juntos, seria cada um, em sua consciência relativa, ir para seu lugar, pensar naquilo que os fez unidos, na grande amizade que independe de futebol, mulheres, coisas materiais, e preservar a essência dela, ou seja, no dia em que os dois começaram sua longa conversa, e o que até hoje os mantém.

Casal

Nesse caso, há enciclopédias, psicólogos, sites, blogs, faces da vida e da morte, com intuito de resolver não só brigas entre casais, mas batalhas dantescas das quais, nem mesmo quando das cavernas, o homem conseguia tantos motivos.

Mas precisamos acreditar em nós, em nossa capacidade de sermos felizes, seja individual, ou mesmo coletivamente. Não somos monges, então seremos obrigados sempre pensar em outros além de nós mesmos. Buscar uma deixa, com intuito de sorrir mesmo com balas passando em nossos rostos – não literalmente, claro!

Mas entender que não vivemos sozinhos, nem mesmo quando nascemos ou quando morremos. Há sempre alguém, assim como sempre haverá, nos auxiliando, dando-nos a mão, nos levantando, carregando, por mais grosso, infiel, altruísta, nefasto, ignorante que sejamos naquele dia.

Em casal, há uma vertente natural que nos une. E devemos buscá-la todos os dias de nossas vidas. Não importa o que seja, mas que, se estamos (ou se você está) até agora com pessoa amada, mesmo com todas as brigas, desamores, batalhas, dores, é porque se sabe, no fundo, que a vida precisa ser assim. Só não podemos fazer das batalhas um cotidiano, mesmo porque nascemos em paz, e vivemos em paz, para que, um dia, possamos morrer em harmonia com Deus, e com todos que ficaram.

Basta o equilíbrio do pensamento.

Há laços físicos, sim; mas esses laços se vão com o tempo. Há laços psicológicos, mas estes, como toda certeza, vão nos fazer mais volúveis com o tempo, pois um quer ser mais que o outro, no sentido de ser mais inteligente, informado, racional, menos empírico. A separatividade se inicia. E os olhos não são mais os mesmos, as conversas se reduzem a meras frases de efeito emocional; saídas individuais...

O que fez o casal se unir? Será que foi a caneta do cartório, o padre da igreja, com promessas cristãs? Não. O que os fez religados, não ligados, foi um universo que uniu as mesmas estrelas, os mesmos planetas, os mesmos átomos, a mesma semântica natural da vida. Foi o mesmo universo que reuniu, por meio de sua Vontade, sem a casualidade humana, o oceano primordial vital, que nos banha com seu grande Amor.

O Fim da Tormenta

Seja qual for a razão de nossos lamentos, temos que entender que há sempre dois lados da moeda. A vida e a Morte, a nosso ver, podem ser os dois lados. Para muitos, inclusive para mim, é apenas um, e tenho motivos para tanto. Mas se o vir desse modo, melhor, pois nos faz reflexivos em relação ao que podemos “encontrar” do outro lado, e isso incita o medo, o pavor, a sensação de castigo, ao que fazemos em terra...

Por mais pessoal que seja o pensamento, nos ajuda viver em relação ao próximo, não apenas em relacionamentos, mas em sociedades, em comunidades, pois o medo também é humano, quando levado para o lado estratégico da palavra.


Para o fim dessa tormenta, no entanto, precisamos colher humanidade para que possamos distribui-la. Não adianta, somos humanos. Se quisermos ser bem tratados, como humanos, temos que sê-lo. 



terça-feira, 25 de março de 2014

Cárcere do seu Universo

Descobrir os mistérios da mulher, planeta proibido.





Encerram-se horas no ponto

Meus minutos chegam ao fim,

Em segundos te encontro,

Eu a vejo presa dentro de mim.

Árvores cansadas, homens alados,

Prestes a debandar,

Deles colho frutos sem pressa,

Com semelhantes quimeras,

Vou acordar.

Em caminhos retos me vou,

Em frios lírios por você,

Após, o calor do cipreste,

Tornei-me inconteste,

Voltei-me ao meu ser.

Voltei a ser criança,          

Em minhas andanças,

Fui semente por ser,

Corri mundos e luas nuas,

Calhei em mãos tuas,

Aos teus olhos, por você.

E pelo verso das lembranças,

Em continuas andanças,

Em cruas ruas sem ser,

Virei universo infinito,

Ao passo lírico,

Dentro de seu Corpo,


Em você.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Em Nome do Corpo








Antes, com seus vestidos belos, perfazendo seus corpos, com uma silhueta agradável de se ver, com palavras simples, gestos tão femininos que, se fôssemos comparar com os de hoje, seriam deusas. Um chapéu a enfeitar, algumas vezes, em nome de um sol frágil uma pele mais ainda; após um cortejo – um apertar de uma mão, um retirar de um chapéu de um cavalheiro cuja educação aflorava, um simples sorriso meio estampado em seu simples e lindo rosto, era o inicio de uma grande e duradoura relação, a qual por meio de gracejos, cartas diárias, em estilos clássicos, era o símbolo de uma época em homens e mulheres sabiam que seus mundos poderiam ser harmonizados pelo que eram – asas um do outro, e grão de uma natureza eterna.

Hoje, após séculos de existência, com o advento dos aparelhos de musculação, temos uma época em que ambos os sexos demonstram mais amor ao físico do que o que realmente são, ou podem ser. Pois, em algum ponto, houve uma castração de uma educação em que o cotejamento entre os dois, que transmitia os mistérios necessários para uma conquista, se foi. Se não houver o principio moderno de cultivo físico, hoje, teremos problemas nas conquistas amorosas humanas.

Nem mesmo entre egípcios, romanos, gregos, os quais teriam motivos para uma escolha mais especial, a forma de amar não dependia do fator físico, mas de sua educação ante o mundo, ante os deuses; o cotejamento far-se-ia de modo mais específico, menos voluntário por parte da mulher, mesmo porque, à época, o homem já era considerado mais perto dos deuses, e sua forma de viver dependia de alguém lhe fosse fiel, não apenas a eles, mas aos mistérios nos quais acreditava.

O físico, assim, somente em nosso tempo, revelou-se uma necessidade para a conquista. Tão vazio, pobre e sem qualquer meio (ou ponte) para o entendimento do próximo, serve apenas para  impressionar no inicio, e desfazer-se no fim; pois se conhece a força de um sentimento para com o outro de outra forma, ou seja, no dia a dia, no sentimento mutuo para com o outro. E o físico, como satisfação imediata, torna-se secundário, ou seja, para fins sexuais, o que na realidade não satisfaz mais nada, seu tempo, em meio a crises emocionais e psicológicas, tendem  a se esvair no relacionamento....




A beleza da mulher é maior.



Mas isso não impressiona quem vive do corpo, porque encontram sempre um meio de dizer que namoro, noivados, relacionamentos em geral, é coisa para mulher, e não para homem!... Do jeito que as coisas estão indo... Entendam como quiser.

Nosso papel, hoje, como buscadores, que somos, é não deixar atrofiar o modelo antigo de respeito mútuo ao ser humano. O cotejamento  é um protocolo humano que fora extinto com o advento de um modernismo acelerado, voltado para uma personalidade deseducada em relação ao princípios humanos. 

Não deixamos nos enganar, somos tradicionais, nossa tendência é encontrar nossa maior asa, seja ela em forma física, uma bela mulher, com trejeitos específicos, singulares, como um sorriso sincero, característicos, sensíveis, e belos por si, sem o apelo físico, ou mesmo psicológico, no sentido de nos compreender, ainda que tenhamos fraquezas físicas, e espiritualmente, idealizando a mesma estrela que nos guia, a tradição; mesmo porque somos idealistas em tudo, até mesmo no par que nos servirá de asa ao nosso corpo – nosso ideal.

Às Mulheres

As mulheres, por serem agradáveis em sua aparência, devem trazer à tona singularidades naturais, não partindo da força física, ou tentando se elevar, demonstrando seus corpos, como figuras vulgares, que nunca foram. Contudo, o tempo nos mostra que, em meios on-line, a competição de corpos, presa a um vaidosismo, faz com que haja um espetáculo no qual valores que há muito demonstravam na conquista foram mais que atrofiados, foram deixado s de lado, em nome de um tempo que pede o feminismo, o machismo, não homens e mulheres, mas simplesmente um monte de carnes vestidas a disputar um lugar no mundo.

terça-feira, 18 de março de 2014

A Visita de Ícaro



Ícaro: o voo nosso de cada dia.




É um assunto que na maioria das vezes atinge quase que cem por cento das pessoas. O excesso. Por que somos tão excessivos em tudo? Por que sempre queremos mais do que podemos ter, ser, suportar, comer, beber, até mesmo amar?

Se quando colocamos sapatos, devemos encontrar um que se adeque a nossos pés. O mesmo a uma luva, a qual, se não for do mesmo tamanho de nossas mãos, ficará folgada ou apertada demais ao uso diário... E assim, teremos que conseguir outra.

Gautama

Sobre isso, temos diversos temas, entre os quais mitos, lendas, contos, nos quais o excesso é sempre diagnosticado como sendo um dos nossos problemas mais difíceis de enfrentar. E um deles, mito, para ilustrar, mais uma vez, é o do mestre Gautama, o menino que fugiu do castelo de seu pai para iniciar-se, ou melhor para entender a vida, a morte, a doença... (não necessariamente nessa ordem!), o que, de algum modo, nos perturba até hoje.

Segundo a Tradição, Sidarta Gautama, debaixo de uma árvore, depois de anos, sem comer ou beber, ouve ao longe um senhor e seu filho em uma barca a comentar sobre as cordas de um alaúde, o qual, naquele dia, estaria desafinado. “Meu filho, não afrouxe as cordas, podem não tocar; e também não as estique muito, podem arrebentar”...

Gautama, após isso, tornou-se iniciado. Passou diversas tentações ao longo do tempo, e se baseando naquela premissa, a de que o excesso é ruim, assim como a sua falta, viu, como os olhos de seu ser, que o Justo Meio seria a forma pela qual todos os humanos deveriam viver. Não somente, mas que, além disso, toda natureza, possuía um equilíbrio natural, um Justo Meio, no qual estaríamos inseridos, contudo sem que percebamos.

A volta de Ícaro

Outro mito, o de Dédalo e Ícaro, que já fora explanado aqui diversas vezes (os mitos nunca são em demasia), com intuito de demonstrar tal Equilíbrio, que, de alguma forma, afeta nossas razões quando nos vem a realidade.

Dédalo, arquiteto do rei de Creta, fora juntamente com seu filo, Ícaro, aprisionado em um grande castelo da cidade. Depois de passarem meses presos, o pai, engenhoso, teve a ideia de construir asas para ele e para o filho, com vistas a sair pela janela do castelo.

E, conseguiram. Suas asas, tão belas, eram de seda. Contudo, como sempre há um ensinamento a ser transferido aos homens pelos mitos, temos a parte que nos interessa, a do jovem, com a chama no coração, que sempre pensa na liberdade como um meio de se livrar dos males humanos, ou da própria vida, de forma extravagante.

O pai, Dédalo, ao vir o filho embriagado de felicidade pela descoberta, que até então lhe era a saída para os seus problemas, disse-lhe... “Não voe alto demais, o sol pode derreter suas asas, e você cair; e não voe muito baixo, suas asas podem molhar no lago!”.

Não escutando o pai, Ícaro voou em direção ao sol como se fosse um pássaro jovem sem experiências, testando o poder das asas. Antes fosse, pois não tivesse acontecido o que todos sabem. Ícaro voou demais, subiu demais, e esqueceu-se do conselho do pai, o qual via seu filho cair em uma queda sem fim, e desaparecer nas águas, simplesmente pelo excesso de confiança.

Mais um.

Citamos, aqui, por diversas vezes, o Banquete de Epiteto, uma metáfora acerca de nossa ganância diária pelas coisas imediatas. Dizia ele, “esperemos como se no banquete fosse; e nos sirvamos quando a hora for a nossa; e quando chegar, sirvamos somente o que nos agrada, nada mais”.

Aqui, o grego sintetiza as duas filosofias anteriores, nas quais tentamos, na vida diária, trabalhar nossa ganância, nossas doenças internas advindas da nossa falta de espera para as coisas mais simples.

Aprendizado

Um dia, um filósofo disse, “se um dia ficarmos tristes, que tenhamos a tristeza das pedras; se um dia tivermos a tensão, que seja a das árvores, dos mares, dos ventos”. Sei o quanto é difícil, pois somos uma mistura de sentimentos voltados ao nosso imediatismo, e nossa tendência é deixar de lado o que mais interessa, nosso espirito, nossa consciência em relação a ele, nossa paz e felicidade a que tanto almejamos desde que descobrimos o quanto necessitamos delas.

Sei o quanto tentamos nos harmonizar com esferas mais intimas de nossa natureza, e não louvamos o trabalho em função disso, porque sempre desistimos. A desistência, no entanto, está em nossos planos, assim como também a volta ao trabalho, à tentativa de conseguir nossos objetivos, pelo mais simples motivo que seja.

E sabemos quanto é necessário caminhar em função de algo que seja maior que nós mesmos, caso contrário estaremos indo na contramão do que somos: humanos! Nas mínimas coisas, nas maiores e nas mais complexas, enfim, até naquelas em que questionamos nossos limites, porém, se sabemos, temos a obrigação de sermos um pouco de Dédalo, entender que existe a necessidade de planar no meio, pois passamos nossas vidas sendo Ícaros, mesmo com o maior dos mestres ao nosso lado...

O aprendizado nos pede para sermos vigilantes, eternos, para impedir essa tendência, ainda que humana, de voar demais e queimar nossas asas. Vamos olhar de longe a nós, e perceber o que Buda percebeu ao longe, ao ouvir o pai e o filho na barca, ao afinar o alude... “não afrouxe as cordas demais, podem não tocar; e também não as estique muito, podem arrebentar”...

O exercício nosso de cada dia deve ser moral. Sem esse treinamento, o excesso nos vem. E em termos práticos já temos ideias do que seja isso, nas compras supérfluas, extravagantes, variadas, em nosso comportamento frente aos amigos, aos irmãos, pais... Mesmo assim, nosso ideal será sempre a estrela no fim da curva.


Vamos olhar ao sol dos mitos, aprender que Alaúdes, Cordas, Asas nada mais são que nós, na tentativa de encontrar a real Felicidade.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Cuidados com a Razão

Viver, uma Arte.



Mr Spock. Baseando-se sempre em premissas universais.




A tradição sempre nos é um oceano no qual podemos tirar dele todas as provas para um mundo que necessita de sabedoria. E quando nos referimos à sabedoria, é como se nos remetêssemos aos grandes do passado – Zoroastro, Sócrates, Platão... – dos quais sempre podemos aprender a nos portar ante aos valores que tanto pensamos, refletimos, e dentro de nossas possibilidades praticamos.

Ao mesmo tempo, pensa-se nos grandes anciões do presente, velhinhos experientes, dos quais um diálogo de meia hora nos ensina um pouco acerca do modernismo com vistas a obedecer a regras um tanto quanto antigas ou mesmo no dá chaves com finalidades de abrir horizontes para os quais pensamos em alçar.

E hoje, em um dia tão dúbio, em que nuvens não se sujeitam a nos dar soluções  imediatas de uma chuva, se virá ou não, pensamos na razão, novamente. E mais, pensamos no passado, mais especificadamente, em Epíteto, o grande estoico, que, escravo, não se deixava dominar por opiniões, ou mesmo críticas a seu respeito. Um exemplo.

Epíteto diz, “tenhamos que cuidar da razão; não deixemos que ela se submeta ao escárnio da vida”. Assim, como as nuvens, as quais não nos dão ainda respostas acerca da chuva, apesar do tempo mais que nublado, porém quente, a palavra do estoico nos faz pensar na razão, que, a depender de quem a usa, faz com ela se sinta outra ferramenta, menos aquela que nos propicia a praticidade filosófica necessária.

Ou seja, “é como uma faca”, como diria um mestre, “não se pode sair por aí cortando qualquer coisa, ou a usando para fins aquém-faca!”. A razão é uma ferramenta humana. Ela sobrevive em meio a uma personalidade e um logos interno, nos quais age como uma criança que não para de subir ou descer.

A grande razão é a nossa ferramenta não apenas para a opinião – como sempre a vemos – mas principalmente para alçar voos, na tentativa de encontrar-se consigo mesmo. Por isso, devemos zelar por ela, tendo amor ao que ela é, sempre assim, tendo-a como um corpo que não queremos machucar, desviando de socos, ou simplesmente um pé, de cacos esparramados no chão.

É raro, por isso é difícil. Um exemplo disso são leituras que fazemos acerca de tudo. Sempre queremos ler para praticar a maior de todas as nossas funções realizadas pela razão: opinar. Não é errado, porém, a própria razão, semelhante a uma faca, deve demonstrar a que veio, ou mesmo o que é.

Do livro, vamos extrair o que podemos. Das experiências, idem; ao mesmo tempo, no entanto, podemos transformar nossas vidas, tentando harmonizar o que sabemos, ou mesmo acreditando naquela premissa que diz “você está indo pelo caminho correto”, ir embora como um peregrino pelo deserto metafórico da vida, ou mesmo em meio a uma multidão que sequer entende a razão da palavra... Razão.



Virtude

Mas por que esse cuidado todo com a razão? Com ela conseguimos chegar mais facilmente ao mundo da virtude, o qual é um dos mais importante para o humano. Platão diz “o homem virtuoso se satisfaz por si só”. Mas não chegamos a ser virtuosos, e sim enganados pela personalidade que se satisfaz com elogios, com aplausos, e com festas em sua homenagem. O que, na realidade, é natural, mas, ao passo, desviamo-nos de tal mundo (o virtuoso) se nos acostumamos às honrarias.

A virtude se encaixa em nossos atos quando religados ao todo, ao bem, ao sagrado, à Vida, de modo que não saibamos racionalmente. Mesmo assim, somente pela razão se concebe tal estado. É como se atravessássemos uma ponte belíssima e depois de a atravessarmos não mais nos serviria. A razão, nesse caso, serve de ponte à virtude.


Trabalho de formiga

E quando observo formigas na labuta diária para a consecução de seus objetivos, vejo o quanto somos tão minúsculos quanto a elas. Nós pensamos, sentamos, refletivos, nos emocionamos, e, de repente, trabalhamos. No caso das formigas, não se pensa, se age. A única diferença é que serão sempre formigas; sempre.

Nós, humanos, podemos evoluir em nossas atividades, ainda que essa seja feita sempre se modificações, pois o que mais interessa é o nosso caráter frente ao que fazemos, ou seja, sempre ‘olhando para cima’, em um ato que somente o humano é capaz, trabalhar a passos de formiga para o encontro com ele mesmo.


Universo

Quando dizemos que uma pessoa tem razão, normalmente é quando ela tem em si a propriedade do assunto, seja racional, seja religiosa, seja filosoficamente a partir de premissas relativas entre causa e efeito. Não nos enganamos. Razão é quando partimos de premissas universais para concluir o que pretendemos. Não pode ser diferente.

Uma prova disso está nos livros de Platão, em seus diálogos. Ele ‘usa’ a razão para se chegar a conceitos universais, ou melhor, ele já tem um referencial, o qual já ilumina o diálogo dos participantes, mas eles não sabem. Assim, com o passar do tempo, entendem que foi uma estratégia do filósofo para se chegar ao que realmente queriam. A verdade.



Enfim, aqui, agora e mais tarde, podemos refletir sobre isso, e quem sabe, dentro do que somos, de nossas ferramentas divinas, podemos chegar ao que queremos – no sentido mais elevado possível, não relativo – ao outro lado da ponte.



sexta-feira, 14 de março de 2014

Árvores, Sonhos, Vida, Morte...




Ontem, um construtor eu vi. Vi na poeira lírica de uma cidade que nascia a todo preço, inclusive ao seu. Vi em seus olhos um horizonte nascer, uma família crescer, máquinas sem fantasias elevar bacias, emborcar outras. Nele, nesse inigualável ser, vi a ignorância e sabedoria juntas, no entender de tudo, no desprezar do belo, do justo, do real. Ao passo, nesse homem, nascia a união de verdades que jamais nasceriam um dia em alguém... Filhos poderosos, unidos pelo riso, pela paz, e graças a sua companheira, ao amor.

E desse construtor, dos seus olhos, saiu um homem, não sábio, grande e forte, sorridente, menino. Amigo, irmão, humano, amável, sem virtudes, contudo. Minto. Havia uma virtude. Sua família. Dedicado, sério, professor, doador, filósofo paterno. E com ela, o hoje e ontem se fundem em belezas morenas e brancas, em rochas e batalhas vencidas.

E não menos que uma dama, antes desses dois homens, nasceu. Rosto cansado, mão enrugadas, pele fina como folhas velhas. Seriedade, verdade, amor eram os lemas desse ser, que um dia nascera e morrera, e se fora como poeira em desertos cuja ventania era parceira. Além do sorriso que nos alimentava a alma, suas palavras se revelavam o combustível de quem a conhecesse...  

E a tríade se formou novamente no céu
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Árvore da Vida

Assim a vida é, como folhas que, junto ao fruto, nascem e crescem, amadurecem, ainda que verdes, se tornam velhas, e belas, experientes, respeitadas, e caem ao chão em nome de uma natureza que pede outra em seu lugar.

Assim é a vida. Uma árvore imensa – representada de cabeça para baixo, no passado – a simbolizar a raiz que viera do céu, e seus galhos, frutos, folhas, a cair em uma terra à espera de suas sementes.

E nessa grande Vida, quando tais sementes caem na grande terra, embebecidos pelo amor divino, começam a germinar em seu colo nossos pequenos passos, até crescermos e amadurecermos – como frutos terrenos – e quem sabe dessa experiência retirar o que o amor divino pediu. Vida.

E quando a Noite Vem

Na noite, quando olhamos ao céu, estrelas tomam conta de nossos olhos, e nestes uma vontade de chorar e acreditar em lendas passadas, nas quais diziam que morremos e viramos pontos luminosos, a tomar conta dos homens, ou mesmo daqueles que amamos.

Como eu queria acreditar que morrer nada mais é que uma experiência que não podemos contar (ou podemos?); acreditar que é apenas um intervalo de vida, dentro da própria vida, em nome de um descanso merecido, ao passo sem consciência – pelo menos esta que nos faz sentir a dor de uma partida.

Dizem, no entanto, pelo menos “os que vêm da morte”, o que Lázaro teria dito ao vir da suposta morte, quando Cristo o ressuscitou, era verdade... “Não senti nada. Era como se nada estivesse mudado”... Mas outros, no entanto, teriam falado de possíveis anjos, os quais, em forma de borboletas, o levaram para lugares além-consciência, e que, por essa razão, voltaram melhores e sem medo da Grande Partida.

Tradição

Não sei, é preciso que tenhamos mais exemplos, mais opiniões acerca do que está lá, por trás das cortinas misteriosas do grande Criador. Não podemos, no entanto, viver (em ou) de opiniões, mas de pessoas que um dia, no passado, pelo fato de respeitarem a tradição divina, ocultaram ou transformaram em mitos explicações que um dia poderiam ter sido dadas como hoje o fazem...

Os romanos, os campos Elísios; os Egípcios, o eterno Chacal a nos preparar para o grande julgamento frente aos deuses e assim por diante.

Mas não o fizeram talvez por isso, quer dizer, pelo fato de tudo cair no desacreditar humano, pelo fato de homens respeitados, de caráter elevado, quase que espirituais, em um único dia de sua vida, cometer um grave erro, seja ele qual for, e ter sua filosofia de vida sem qualquer credibilidade do dia para a noite...

O passado, suas organizações, seus homens souberam lidar com isso, com a fraqueza humana, com suas tendências ao mal, e sua luta pelo cimo da sabedoria, o qual, até então, pouquíssimos souberam subir, e muitos menos o fizeram pelo fato de serem tão humildes quanto puros, e graças a esse estado de pureza, nunca serão esquecidos.

Sonhos

E quando observo o ontem, e vejo que dele nada aprendi, tento não chorar por dentro. Difícil. É como se um diário longo passasse por nossos olhos, mente e alma, na tentativa de nos ensinar (naquele instante eterno) o que nunca entenderemos como filhos da nada que somos.

E ao observar, por meio de meus olhos internos, o que não posso por eles ver, parece-me que tudo se esvai, até mesmo a esperança (esse mal eterno da humanidade, segundo dizia Nietsche) que me faz sangrar em seu nome somente para me sentir bem, aqui dentro, e dormir como anjo, acordar como menino e voar como um pássaro experiente por cima das árvores, que um dia fui.




Á tríade

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....