quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Maior Conquista do Homem

Sabe aquele pássaro que voa na imensidão do espaço apenas para ir ao encontro de sua amada? Somos todos. Ele precisa da outra asa, da parte que lhe apraz num universo cheio de outras asas, contudo que não lhe satisfazem. Ele sabe que a real amada o espera entre milhões de pássaros nas montanhas, nas águas, nos picos... Ele sabe, em seu coração instintivo, que ela está reservada para ele, apenas para ele.

Mas, em meio a essa certeza, outra lhe vem. A de que tem que lutar por ela, ainda que seja uma batalha com outro pássaro. Ainda que deva machucar um ser da própria espécie para sobreviver em meio a um mundo cheio de injustiças, o qual não soa tanto como injusto pelo fato de ser pássaro. Lutar vencer e conquistar.



Os homens, numa época distante, eram filhos da cortesia, e as mulheres, damas a serem conquistadas pelo cotejamento. Não éramos pássaros, mas agíamos dentro de uma justiça que nos fazia cavalheiros e damas. Era a liberdade que tínhamos. Nela, o respeito às leis de conquista predominava nos olhos, nos corpo, na alma daquele que sentia afinidade por alguém que um dia, quem sabe, unir-se-ía a ele ou a ela.

Ao homem cabia a parte mais difícil. A conquista. Não poderia ser vulgar, nem mesmo educado em demasia. Sua gentileza deveria ser inclinada àquela lei que diz que “não somos pássaros, nem mesmo outro animal, mas uma espécie que conquista divinamente o seu amor”.

Dentro dessa lei, o homem se aproximava, encantava com seus gestos nobres, ao pegar a mão da dama, levemente a beijava. E se fosse além disso, ela sentir-se-ía ofendida, e a ordem da conquista estaria perdida. Não sendo o caso, um sorriso não muito fora do comum era um breve sinal de que ele poderia prosseguir.

Aqui, percebe-se que ela, a dama, tinha o poder de “manipular”(vamos deixar assim) a situação, mesmo porque ele estaria com intenções segundas, o que não era difícil de perceber, porque seus olhos, gestos, sorrisos estavam caminhando para esse fim. E ela, como uma juíza circunstancial, estava ali para sentir o lisonjeiro comportamento à sua pessoa.

Ela o amaria. Aperceber-se-ía sua graça feminina e seu encanto vaidoso àquele cavalheiro que, de longe, a viu, e ela o percebeu como um pássaro em busca de sua amada. E graças a uma tentativa quase que iniciática, ele fora ao encontro daquela que pode (ria) ser seu amor eterno.

MAS a batalha só estava só começando. Ele sabe que as conquistas são longas, e que seu amor é tão grande quanto, porque a vira e sentira em sua alma que aquela dama era a mulher de sua vida, e teria, daqui para frente, lutar por ela todos os dias, conquistando-a por meio de poesias, palavras de amor, gestos cordiais, o que nunca lhe faltara.

A dama sabia, dentro do seu instinto, que ele a amaria e teria que fazer o possível para que sua presença não se tornasse cansativa quando a visse; sabia que a batalha do homem era muito mais espiritual que material.

Teria ele argumentos internos para lidar com um amor propenso a terminar por algo frio, oculto, insensato?

Naquela época, a época dos grandes homens, dos nobres, da real educação, o homem era educado em escolas cuja cortesia, a gentileza, o respeito aos valores eram principais focos de sobrevivência, porque não poderíamos ser quais pássaros, leões, macacos que gritam, rugem, grasnam em nome do amor...

O homem tinha uma lei, assim como uma lei que rege os animais. O homem, dentro desta, amaria tal quais os princípios humanos, não animais, mesmo porque falamos, pensamos, temos a consciência da grande Lei, e que esta rege a todos. O homem sabia que, para vivenciar seu amor, aquele que partilharia seus afazeres pessoais, e que dar-lhe-ía a sensação liberdade – na lei a que devia obedecer --, teria que olhar para cima, para cima de tua alma, para cima das nuvens dos desejos mais secretos, e saborear o sol, o mesmo sol de sua dama.


Um dia quem saber podemos voltar a ser o que éramos.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Prisão sem Grades



Já diziam os grandes mestres da humanidade que o homem sempre estará preso a ele mesmo. E estavam corretos. Depois de anos, precisei passar pela prática da grande prisão oculta e abstrata para entender o que estavam dizendo. Falavam de paixão, desejo, dor, suicídio, presságios, morte em vida, vegetar, deprimir... E eu era apenas o expectador de tudo. E sorria, e quedava ao chão, cerrando meus dentes pela vitória por nunca estar preso aquele cárcere da alma – o próprio corpo que sente, que pensa, que ama, se apaixona.. E leva a consciência do homem com ele.

E nesse cárcere privado de liberdade incondicional, sofrem os homens deveras por realidades que ele mesmo cria em seu coração, e que adentra em sua alma tal qual formigas em açúcar. São fantasias que corrompem o ser do homem, em nome dos seus interesses mais mórbidos, tais como o sexual, que, embora seja natural do próprio homem, o faz lutar por princípios falhos, como folhas secas ao chão, mais tarde varridas por uma ventania.

Pensei que a vitoria humana se baseasse em ter que conseguir algo ao seu lado, como luxos, matérias, e agradar ao próximo como uma criança que pela primeira vez serve a seu pai. Mas não. Estava enganado – assim como um guerreiro que luta com o inimigo oculto, somos parte de uma batalha mais oculta ainda, aquela que nos diz que somos feitos de carne e ossos apenas.

O inimigo está em nós, esperando o momento para viver o nosso corpo, saciar sua vontade ainda que não queiramos. O inimigo se expressa frio no inicio, e explode em momentos nos quais o desejo, a paixão, a dor e a violência se enraíza por pequenas causas. E percebemos que somos manipulados por nós mesmos, ou melhor, por uma parte de nós que almeja nos tornar monstros sem que sejamos; nos tornar animais, vegetais e ate pedras em comportamentos os quais se revelam em crimes, em agressões, ou mesmo em passeatas nas quais os ânimos dos idealizadores já bastam para matar em nome da paz.

O homem se revela em tudo, ou mesmo se desfaz em tudo. Em atos impensados, em tormentas discriminosas , e se perde em sua própria sacralização. Ele não consegue, graças a essa tormenta, definir sua própria religião ou mesmo o seu ideal. Nele, nesse ideal, se perdem vidas, em educações mentirosas, dentro das quais apenas a estatística importa, dentro da qual a vestimenta e o falar correto são objetos concretos, esquecendo-se de que, dentro da historia, houve mais que uniformes, estatísticas e salas de aula em nome do caráter dos homens. Houve, alem disso. Houve a busca pelo sagrado como a educação maior a que se pode dar ao homem.

A sacralidade, a que tanto buscamos atualmente, não passa de uma dor em joelhos, recheados de pedidos a um universo cheio de estrelas (ou um ente do outro lado delas) a escutar de fato todas as nossas orações. A sacralidade, em si, morreu. Nós a matamos. Transformamo-la em um ser necessário. Pois o homem moderno --, eu e você que lê esse blog – estamos em uma esfera decadente de valores, inclusive do principal, do amor a si mesmo.

O homem moderno quando vai ao encontro dos seus interesses produz adrenalina, loucuras, empatias, a transformar seu caminho em meras pedras pontiagudas. Não podemos ser assim. Quando se vai ao encontro do sol, seus raios já nos direcionam ao seu caminho, ainda que sob percalços dolorosos; não o contrario...

E nessa tentativa vulcânica que o singulariza em suas buscas, o homem se mostra – sem querer – mais homem do que nunca. Pois sabe que erra, mas que também determina seu presente e seu futuro. Sabe que sonha e que é o único animal que o faz. Sabe que seus olhos não são apenas duas janelas para uma visão ante a natureza, mas portas para um aprendizado tão maior quanto os seus sonhos. Por isso, não consegue parar nunca, não desiste, e insiste seja naquilo que o satisfaz, seja naquilo que o faz viver eternamente, seja naquilo que o faz morrer em instantes. Ele faz da sua busca a sua religião.



 

terça-feira, 28 de junho de 2011

Comunicação. Uma ponte longe demais (fim).

A culpa, em si, não é da internet. Quando a televisão teve seu auge, muitos se prostraram em frente a ela como se fosse um deus na sala de star. Ficavam com olhos arregalados, sorrindo, ou mesmo chorando, pedindo a deus que não terminasse nunca aquele filme ou novela, pois, na realidade, encontraria problemas mais maduros e concretos.

Problemas em que cunhados, mães, pais e filhos são protagonistas e que só transformam o dia a dia em “filmes de terror”. Então é melhor partir para a ficção e dar opiniões relativas ao drama do que se encontrar dentro de uma realidade dentro da qual  não se pode mudar nada – é o que pensamos.

Esse medo tomou conta de uma sociedade que pede para chegar a casa e brincar pouco com o filho, brigar muito com a esposa, e falar mal dos vizinhos. Uma sociedade cujo nível de expectativa financeiro, fisiológico tornar-se peça fundamental para um conflito generalizado.

E dentro desta expectativa, educamos crianças e jovens. As crianças são lançadas num vazio frio, cheio de ódio, e perambulam, instintivamente, com um amor maculado de dúvidas quanto ao que é bom na vida. Não sabem elas que determinados pais seguem o passado, o presente e o futuro de uma educação arcaica advinda dos pais e avós.

Os jovens, que criam potenciais com o tempo, graças a essa “educação”, desandam em leituras, em diálogos, não conseguem se infiltrar em grupos, e quando o fazem, fazem com jovens com o mesmo pensamento, ou seja, vazios de ideias, projetos, iniciativas, apenas com trocas de papos sem nível.

Aqui os pais têm culpa. Contudo não há culpá-los eternamente. Filhos crescem; se tornam donos de si, e são engolidos por ideias de diversos grupos, principalmente políticos. Enfim, se comunicam. Dentro dessa comunicação, podem os jovens buscar o que lhes apraz, contudo, encontram meios – ferramentas – como a própria internet, para lhes frear o processo de interação pessoal. O ciclo se fecha.

Os pais têm um papel primordial. São obrigados a trabalhar a comunicabilidade, a expressibilidade e habilidade do filho em lidar com as pessoas – não fugir delas. Trabalhar uma educação na qual não há como saber adentrar na vida sem um vinculo social e afetivo que não seja o pessoal – seja ele amoroso ou não – fora de internets (sites amorosos), ou mesmo empregatícios (na hora de uma entrevista, por exemplo).

Ensinar que não somos uma ilha cercada de computadores, mas de pessoas que querem nos sentir um aperto de mão, um abraço, uma conquista com o olhar, uma experiência humana além net. Enfim, os pais, se não vierem a educar o filho dentro desse parâmetro social, terão problemas em retirá-los dos computares, e virando expectadores de um espetáculo mórbido: um jovem se transformando em um vegetal.

Comunicação. Uma ponte longe demais





“Comunicar-se é criar pontes”.

Se voltarmos à era das cavernas, veremos homens e seus semelhantes na tentativa de se comunicar de várias maneiras – com gestos, falas, gritos --, com objetivos naturais da sua espécie, um tanto quanto involuida estruturalmente em relação a nossa. Veremos um homem que vive por instinto, por isso a comunicação se limitava a objetivar a caça, à comida, ao resguardo do frio, à proteção da espécie... O que (quase) não diferencia da atual. Mas, de alguma forma, havia a comunicação.

Porém, por serem instintivos, por não terem o racional (razão) evoluído, morriam sem saber o porquê, encalhados em montanhas, em precipícios, isolados das aldeias de onde saíram. Daí a necessidade da escrita. De deixar em cavernas, em rochas altas, até mesmo no próprio chão um pouco do que foram.

Muito depois, sumérios, em escritas cuneiformes, egípcios, em pergaminhos, cujos ancestrais eram de tribos mais evoluídas, transpassaram a teoria comunicativa e conseguiram levar o ser humano a uma evolução sem precedentes... A comunicação não só com outros homens, mas também com o sagrado.

Na realidade, talvez houvesse precedentes, mas não se sabe, ainda, quais foram. Falar da história da comunicação humana é uma tarefa árdua até mesmo para os estudantes, os quais pesquisam, pesquisam e caem em outra realidade, aquela que diz que estamos ficando mudos e esquecendo a escrita.

E hoje, após milhares de anos com o advento da escrita, bilhões de livros foram escritos, milhões de escritores foram consagrados, milhares foram reconhecidos, dezenas sabem escrever, alguns se escondem, e um e outro nasce na certeza de que a comunicação se faz necessária a todos.

Após milhões de anos, datados da capacidade de falar, em qualquer linguagem, menos a marciana, o homem está desaprendendo o que os deuses lhe deram como forma de unir, não apenas pela necessidade, mas para criar a harmonia entre os seres – a comunicação.


Internet

A internet, a maior rede de interação já criada pelo homem, veio para diminuir a distância por meio da interatividade, além de facilitar a vida diária dando-lhe espaço para outra iteratividade, a da família.

Contudo, como uma faca mal usada, a rede mundial de computadores tem sido um meio polêmico dentro do qual alguns só a usam para encurtar a distância, mas outros para distanciá-la ainda mais, desestruturando organizações familiares, sociais, filosóficas, o que vai de encontro ao que a comunicação sempre almejou – a união por meio do diálogo pessoal, como antes o era em uma época em que os computadores não eram tão essenciais.

A distância é um fato, principalmente entre os jovens que possuem uma certa resistência à escrita e, graças à criatividade nata, criam seus símbolos – homens das cavernas modernos? – e disseminam como forma de comunicação (e é) por estarem longe (ou não muito) de seu amigo, namorada, família, criando uma nova era, a era da comunicação fria, impessoal e... necessária.

E os computadores crescem em número. A última pesquisa diz que o Brasil está entre os países com o maior número de terminais no mundo. Isso poderia uma realidade da qual poderíamos usufruir de maneira que não sentíssemos mal, ou seja, se cada computador fosse um meio apenas de pesquisas, de utilidade educacional, visando apenas a melhoria de uma sociedade, tudo certo; todavia, temos em mãos jovens (e adultos) com personalidades sem disciplinas revelando seu lado vil, grotesco, incitando não só a desunião, como também o medo de comunicar-se pessoalmente um com o outro.

Ali, aos se expressar de forma livre, sem leis que os restrinjam, os jovens se sentem mais à vontade com pessoas que conhecem ou ainda não conheceram. E criam perfis (personagens fictícios ou não) em uma esfera da qual não conseguem sair, graças a essa liberdade, a essa (re) educação sem base.

Orkus, Tweters, Blogs...

E na consecução dessa realidade, ainda que irreal, foram criados sites de relacionamentos dentro dos quais jovens são levados a se mostrarem de forma espontânea, às vezes, até demais. Muitos, em orkuts, colocam fotografias mostrando seu talento físico (não confundamos com inteligência!), suas aventuras em paqueras, e mais fotos cujo protagonista – o dono da página – se mostra beberrão, fanfarrão, em festas cujo teor se confunde com um antigo ritual no qual os homens das cavernas gritavam e berravam para obter a fêmea.

Nesse mesmo site, meninas se expõem como forma de se mostrarem ainda atrativas aos homens, aos jovens, a todos. Seminuas, nuas, cheias de charme, propagam o que debaixo das pontes, em boates, em esquinas se vê, apenas de maneira mais contundente e livre – a prostituição virtual, moderna e natural.

A explosão dessa liberdade, seja ela dentro ou fora de casa, tem levado vários jovens a ficarem mudos, pois, quando falam, não conseguem pronunciar uma palavra correta; e quando o fazem, é melhor correr ao computador e baixar a cabeça em nome daquilo que só ele pode fazer, orkutar, twitar ou blogar aos amigos (ou seguidores – ninguém sabe de quê), da sua maneira (e idem seu amigo), relatando suas aventuras.


Volto no próximo texto...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A Distância entre o Bem e o Mal , o legado




"O Homem é um deus e já se esqueceu" - Platão.







Há algo que podemos fazer, como se fôssemos perseguir uma pessoa em meio à multidão. Observar sempre nosso comportamento, nossas palavras, assim como um vigilante-observador que foi pago para ficar em cima de um prédio, atento aos transeuntes que nele entram.


Nosso maior medo é que nesse prédio – nós – entrem pessoas (sentimentos) que não são compatíveis com as leis do edifício, contudo, não há como barrá-los, pois somos “ecléticos” no sentido mais amplo da palavra...

Não há como deixar de sê-lo. A humanidade, para ser mais humana, atualmente, aceita qualquer tipo de valor ainda que não tenha base, linha, norte, lastro... Apenas com a finalidade se ser mais humana.

Ali, naquele prédio, sentimentos de todos os níveis -- bom, mal, frio, racional, passional – se adentram e fazem uma grande reunião com objetivos mais loucos possíveis. Enfim, é o ser humano volúvel, sem a disciplina que tanto deseja, produzindo “castelos” com seus tijolos frágeis, arcando com o ônus de sua natureza volúvel e eclética.

Por isso, na maioria das vezes, por abarcar qualquer morador (leia-se conceito), e dele a prática, desenvolvemos atitudes que se resguardam no mais intimo de nossas almas, e que saem com toda sua força quando está em jogo algo que amamos, ou apenas gostamos. Assim, o mal vai se enclausurando em nossos corações de maneira que não suportamos ver ninguém com aparência humana... Daí as explosões sem sentido.

O mal que se enraíza em nós sem necessidade é o mesmo de sempre. É aquele que se acumula e vira uma ira em forma de palavras, gestos, pensamentos, ofensas, brigas... Com toda sua força.

Não adianta a gentileza bamba, sem aquela seriedade, ou mesmo palavras de conforto, sem o real carinho. O mal espera que sejamos (des) humanos, quando criticamos, quando partimos para discussões bobas, etc, pois ele, que já está ali na plateia dos sentimentos, se levantará e tomará conta de qualquer um... E vai rir de nós quando estivermos chorando por termos ofendido um ao outro.

Passos para uma solução breve.

O primeiro passo é encontrar um ponto firme e forte para as nossas convicções. Esse ponto vai nos nortear e nos levar ao ponto maior – talvez ao Bem a que tanto buscamos. Não queremos nos machucar, muito menos a alguém que amamos tanto, não é mesmo? Assim, façamos uma linha imaginária em nossas mentes – uma linha reta, imensa – e façamos de conta que nela todos nossos valores, sejam eles familiares, religiosos, políticos, são a nossa razão de viver (e são!). Ou seja, tudo que acreditamos ser do bem.

Nela, nessa grande linha (mais reta possível), somos fortes, somos íntegros e temos que seguir em frente, com todas as nossas ferramentas de que dispomos. Porém, teremos que imaginar outra linha, uma linha curva, que passa por cima dessa linha, a primeira; e volta, e vem, e vai, como se fosse uma linha costurando um tecido. Esta seria o mal.

A linha reta seria o bem maior; a linha curva, que passa por cima, que vai e vem, – o mal. Esqueçamos nossas convicções agora, por favor!

Como se pode observar, temos um ideal, temos uma linha natural em nossas vidas, como a educação aos nossos filhos, a natureza humana em defender seus princípios, sejam eles quais forem, como o casamento, família... E por cima de tudo isso, paira o mal.

Mas o que seria o mal, aqui? Nossos próprios conceitos acerca daquilo que acreditamos estar correto. Ou seja, o mal nada mais é que nossa ignorância acerca do bem. Pois, enquanto defendermos premissas relativas, o mal passará por nós e nos fará entender que estamos errados.

Mas a linha reta permanece, pois ela, em algum nível, vai existir, por mais que defendamos nossos valores relativos, não universais. O universo é uma grande linha, e o homem está dentro dele, porém, suas definições e práticas, que vão de encontro às leis universais, o farão sentir a linha do mal.

E, observando de forma micro, a partir desse critério, podemos entender por que sentimos a dor, o medo, a raiva, quando nossos calos são pisados. Defendemos sempre a linha de nossos interesses! E ao defendê-los, sem conceitos universais, trabalhamos para que a segunda linha nos traspasse. Na realidade, não tem como fazê-la parar...

Darma e Carma

Os antigos diziam que temos leis universais de Ação e Reação. Nelas vivemos constantemente como crianças em parquinhos. Sem medo, com medo, com raiva, ódio, desprezo, dor, certinhos, errados... Fabricando, destruindo, desrespeitando, amando, enfim, como em grande parque de diversões brincando além do imaginável.

Tais leis, por serem universais, não excluem o homem e seus atos, pensamentos, muito pelo contrário, o faz mais partícipe graças a sua consciência que o faz mais evoluído em relação aos demais seres – pelo menos deveria...!

O Darma, a ordem universal em todos os sentidos, hoje é desconhecido dos homens, porém pode ser vista de maneira micro em nossas sociedades, comunidades, grupos, em forma de leis escritas, feitas a partir de nossos erros, às quais obedecemos para nossa boa convivência, enfim, sempre haverá a necessidade de uma lei a reger nossas vidas, então... Por que não queremos uma que exerça o mesmo papel em nós mesmos? A questão é que a temos. Todavia, sempre naqueles moldes... sempre baseada em nossos interesses.

E se nossos interesses colidem com a grande lei, por que não façamos minileis que comunguem com a lei maior? É claro que em teremos sociais, é difícil, no entanto, uma sociedade é feita de homens, mulheres, filhos, os quais são regidos por aqueles e assim por diante! Então, se amamos nossos filhos, a humanidade, e queremos uma sociedade justa, por que não aceitamos uma lei que engloba todos os valores culturais, ou simplesmente universais?

Se somos a própria sociedade, o próprio mundo, a própria humanidade, por que não começarmos daqui pra frente enlarguecer o caminho do bem e do mal em nossas ações? É dificil, é. Mas podemos olhar nossos antepassados e entender que a maioria tinha uma linha a seguir ainda que os males daquela sociedade fossem mais fortes que suas próprias ideologias, mas, mesmo assim, continuaram e seguiram seus caminhos, sorrindo, amando, perdoando...

Platão disse um dia “Um dia fomos deuses e nos esquecemos”. Então sejamos um pouco da divindade, perdoando, amando, subtraindo o mal, aos poucos, em nossas vidas. Ou nas pequenas eloquencias que nos levam ao grande mal.

E quando olharmos outro ser humano, ainda que não conhecemos, lembremos que ele está dentro nosso contexto de vida, e partindo para uma nova experiência de vida, seja ela boa ou ruim; e mesmo que seja de uma classe social dita inferior, que seja culturalmente vazio, comunguemos os mesmos sentimentos – não ideias, pois somos diferentes, com caminhos diferentes, mas, com certeza, nos encontramos no final de uma reta, aquela reta, a universal. Alguns apenas mais vagarosos que os outros, a defender seus “princípios”, o que retarda um pouco a realização de alguns ideais, e isso nos faz iguais, pois em relação à divindade, estamos todos muito atrasados.

E a única certeza que nos paira, agora, é que nossos corpos, sem a “frialdade inorgânicas e nossas razões” será corroído pelo vermes racionais da terra, estes asquerosos seres da vida, porém tão justos no que fazem. Lembre-se disso em uma discussão...

terça-feira, 21 de junho de 2011

A Distância entre o Bem e o Mal



Não há distância. É o que posso dizer. Os dois caminham juntos como o amor e ódio, luz e escuridão, paz e guerra. Uma fagulha apenas separando-os. Tão estreita quanto às lâminas de Cuzco – fina distância entre um bloco e outro, feitos na cidade Peruana pelos maias. Dizem que somente uma lâmina passaria entre os blocos da pirâmide...

Assim eu vejo, dentro de minhas experiências com pessoas dotadas de amor, o qual, na realidade, se desmonta pela mínima desconfiança, ou mesmo por menos do que isso. Mas será que o amor [dentro do que achamos que é] é um ser tão volúvel a ponto de se desestruturar com pequenas linhas de pensamentos que o levam a sair de sua esfera de paixão, carinho, paz, humanidade...? E muito mais?

Bem...Então, temos que rever nossos conceitos sobre o amor. Ou mesmo dar outro nome a esse sentimento que decai à medida de nossos interesses. Porque, se somos dotados de amor é ódio, qual é o que se sobressai? Temos que dar espaço a um deles, não que eu esteja propagando ideias acerca do mal, mas é preciso que saibamos lidar com os sentimentos, dar voz àquele ser que nos quer mais humanos, mais fértil em compreensão, entendimentos, e não àquele que nos faz separatistas. Há, em nós, algo de belo por mais bruto que sejamos! O inverso não nos interessa.

O que nos resta, por assim dizer, é buscar uma maneira de aumentar a distância entre o bem e o mal. Não podemos deixar que nossas naturezas interesseiras, desequilibradas, frias, egoístas, tomem conta de nossas almas na hora de tomarmos uma decisão. Pois geralmente as decisões são tomadas depois de bem pensadas, portanto nos cabe o amor, a compreensão, a humanidade, não o inverso. Claro que há corações magoados, que não suportam a frieza da vida, e se vingam em suas ações, mas depois se enclausuram sozinhos dentro de suas garrafas, nas quais lembranças de um passado de tropeços, desumanidade, solidão são focos de conversas intermináveis em bares, acompanhados de uma loira (cerveja).

O bem e o mal são relativos. Não absolutos. Platão falava de um Bem absoluto do qual podemos extirpar apenas o sol como grande exemplo dele. O sol ilumina a todos, a tudo, com ou sem maldade, a toda humanidade, sem mesmo nos perguntar “quem merece o meu raio?”, não é mesmo?. Esse é apenas um risco do que o mestre nos legou acerca do Bem, o mal seria a falta daquele. Mas o nosso bem diário se manifesta em decisões rápidas, dentro das quais dança o mal e seus elementos mais ocultos.

Dentro do nosso bem -- o relativo --, as incertezas de apertar a mão de alguém, de falar com a pessoa solitária nas ruas, do abraço quente nesse frio interminável, pairam como nuvens ainda mais ocultas. É por isso que o mal prevalece em determinadas horas, minutos e até segundos quando não o desejamos, pois o ‘nosso’ bem, para quem não sabe, já vem com uma máscara invisível de maldade. E passamos batidos na desconfiança, com aquele sorriso frio, sem cor. Passamos ao lado da criança que chega sorridente, porém o nosso bem a vê como uma maltrapilha e mal educada e suja a ponto de desvencilhar-mos da pobre criatura desejando nunca mais vê-la.

Contudo, como bem, que é, vem em nossa mente que “aquele sorriso” maroto a fez bem e que não mais é preciso dar-lhe mais nada, apenas isso, e pronto. O nosso bem, no fundo, é hibrido com o mal e não sabemos quanto.


(Volto no próximo...)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sol Frio


*

Dedos ruídos por lábios tremidos,
Em tempo de corroer as mãos,
Coração vencido, subtraído,
Por um frio místico sem razão...



*

Corpo encolhido com medo
Dos ventos fortes na alma,
A que obedece a vida em segredo,
Que tece seu ninho com calma.


*


Braços tolhidos no manto
Que não sabem se esconder,
Brigam ferozes num bolso,
Num segredo quente por viver...



*

Meus pés cansados de nada,
Gélidos qual picos dos montes,
Esperam lacrados na terra,
O sol despertar no horizonte.


*


... E os olhos sorriem teimosos,
com lágrimas frias no rosto,
A pedir a Deus os leve embora,
Pois vira o sol do homem nascer com
Desgosto.]






À frialdade dos homens

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A goteira


Na maioria das vezes, quando se tem uma telha frágil, em uma casa frágil, onde os moradores relapsos, ou sem condição de cuidar de sua estrutura, deixam uma pequena goteira escapar por uma rachadura, sabemos muito bem que, se dela não cuidar, teremos uma infiltração maior, e mais tarde a casa pode ser vitima de uma enchente, e, dependendo do morador, pode-se até nela nadar, sem qualquer sentimento de culpa.


Isso serve de parâmetro para todos os nossos princípios, sejam eles sociais, familiares, científicos e filosóficos. Se no limiar de nossas vidas aprendemos e praticamos nossas experiências, sejam elas de fundo bom ou mau, estamos prontos sempre a enfrentar o que nos vem lá na frente. Contudo, nossas naturezas não são bem assim... Erramos, erramos e erramos...

Se partirmos do principio que todas nossas experiências nos valem a posteriori, tudo bem, mas a priori fica sempre pendente de quem as pratica, quem as exerce de forma séria e com vontade.

Estou me referindo à carapaça que surge em nós, depois de anos de vida. Ela poderia ser forte o bastante para que não sofrêssemos mais, ou mesmo forte o bastante para que não passássemos mais pelas virulências da vida, emocionalmente.

É, mas não é tão fácil assim. O homem se apega ao próximo, às suas dores, e, ao mesmo tempo, deixa de proteger o que aprendera no passado. Isso nos faz humanos em demasia, porém nos cria dores em excesso, medo em excesso, o que nos torna enclausurados em nós mesmos.

Precisamos ser fortes com o tempo, deixar de sermos avalanches emocionais ou simplesmente racionais em excesso. Neste último, talvez tenhamos menos dores, contudo nos faz menos humanos. A emoção nos faz humanos, mas não se pode deixar “vazar” muitas goteiras desse teto. Pois iremos sentir dores até mesmo antes do ocorrido – é o que acontece às mulheres, a maioria, ao se depararem com problemas que estão prestes a acontecer.


O racional em excesso nos traz um conforto mentiroso, pois, em nome de uma personalidade que não se interessa muito pelo próximo, o que se faz nada mais é que ficar mais racional ainda... Esse é o perigo. O racional, em excesso, nos transforma em máquinas urbanas pelas quais se passam notícias por mais desumanas que sejam e dela não tiramos nada, apenas passamos a diante como se não fosse conosco. No fundo é.

Quando acontece um acidente no qual há vitimas, muitos simplesmente se acovardam em tentar saber de suas minúcias, pois nada ali lhe interessa: “não é da minha conta” / “não foi com ninguém que conheço...”, enfim... De tanto fecharmos nossas mentes em função de experiências mal fadadas com pessoas, deixamos de perguntar pelo próximo, pelo vizinho, pelo filho do irmão, pelo próprio irmão... Aqui, a telha está fechada às goteiras, porém ficamos menos evoluídos, porque, de alguma forma, deixamos escapar outra goteira... A do desamor.


Por isso, temos que filtrar o que há de bom em nossas vidas, por mais difícil que seja. As experiências são moedas cujas faces não se anulam, muito pelo contrário, nos traduz uma realidade da qual participamos a cada segundo, e temos que levá-las ao centro de nossos princípios, como telhas fortes, firmes, feitas de estruturas indeclináveis e humanas.

A telha, firme, suportará tempestades, ciclones e até mesmo chuva de meteoros. Não deixará passar o racionalismo exacerbado, o emotivo excessivo – assim, as dores serão amenas, as lágrimas, enfim, terão duração; o coração sofrerá à medida de seu corpo, e a alma será mais humana.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Morador do Terceiro Andar (fim)

“A Dor Ensina”

Já dizia Sindartha Gautama, o jovem que se transformou em Buda, o iluminado. Gautama transformou-se num sábio depois de entender a relação entre nascer, crescer, morrer, entre a causa e as consequências de tudo em frente ao Todo.

Depois de buscar por meio de questionamentos acerca da vida – nascimento, crescimento, envelhecimento e morte – e não conseguindo junto a seus pares (pai, mãe, mulher...), saíra de sua mansão, de noite, e fora em busca de respostas. Assim, já no inicio, conseguira ver um senhor idoso já com a face enrugada à beira dos seus oitenta anos. Algo que jamais poderia ter visto, pois queriam (sua família) que o jovem estivesse sempre com a ideia de que o mundo era eterno, jovem e belo como ele.

Mas a alma do jovem guerreiro jamais se contentaria com aquela cena e fora embora. Depois de muitos anos, o jovem se tornou símbolo iniciático do Oriente. Tornou-se Buda, o iluminado.

Em seus escritos, ainda míticos para nós, Buda retrata a necessidade do nascimento. Para ele, nascer se tornará uma necessidade ao humano, pois temos muito que aprender com a vida, no sentido de saber quem somos nós, a partir de premissas universais, não religiosas, políticas, sociais, mas principalmente universais, as quais direcionam a humanidade e o resto dos seres.

O crescimento, sendo físico ou psicológico, daria ao homem estrutura para a consecução de seus fins internos, ou seja, espirituais. O crescimento baseia-se nas experiências por que passamos, contudo teríamos que fazê-lo hu-ma-na-men-te, o que para nós soa como se fosse um mistério. Aqui cabem nossos valores a que tanto um dia a humanidade respeitou --, ética, moral, respeito, amor... Os quais sintetizam um crescimento voltado ao sagrado, à verdadeira religião – de religare – religando o homem a Deus (ao Todo), auxiliando seu próximo, a natureza como se fosse uma obrigação semelhante ao andar do dia a dia.

A morte, pelo que me consta nos escritos budistas, também seria uma necessidade, não apenas ao humano, mas a todos os seres. A questão é apenas fática em nosso meio porque somos questionadores, sentimentais, educadores e isso nos faz ter medo daquilo que não vemos, ouvimos ou praticamos. A morte não se pratica, não se vive, mas se vê em forma de corpos decompostos sem a “alma falante”. O que traduz nossa maior indignação. Se não podemos saber para onde vai a alma, como saberemos para onde vamos?

Buda fala de reencarnação, assim como muitos antes dele. A reencarnação vem ao encontro da evolução humana na roda cármica. A cada “volta” em um corpo diferente, o homem teria que ser mais humano, até voltar a ser divino.

E quando se fala em ser humano, fala-se em ser humano pela ética universal, amor universal, moral universal, ainda que seja pela dor, paixão, vivência, dependência ao sagrado, ao Todo, não de forma branda, mas dedicada com a finalidade de ser o que sempre somos, lá no fundo de nossas almas, o morador do terceiro andar.

O Morador do Terceiro Andar (ii)

“Aquilo que não me destruir me tornará mais forte”




Mas os problemas jamais tiveram esse objetivo, todos eles têm um propósito – nos elevar para o andar de cima! Ao encontro do morador do terceiro andar! Contudo somos chorões, pedintes, mendigos mesmo do dia a dia, clamado ajuda aos céus, às pessoas, ao mundo e nos embriagamos da melhor bebida para esquecer o que nos roça a alma.

O que nos roça a alma, lá no fundo, é a vontade de entender o que passa conosco, o que somos e para onde vamos com tantos fios, teias, algemas amarrados em nós. Estes são os nossos maiores problemas, tentar entender o porquê deles. Poucos sabem, no entanto, que, a cada passo que damos e levantamos, nos tornamos mais forte, mais preparados (pelo menos metade de nossa raça!), e seguimos para o maior deles: a morte.

A morte, pela falta de respostas, hoje ainda é o maior de todos os nossos problemas, pois nos reduz a humanos! Não há por onde correr. Ela, em nossa visão, extermina todas as nossas possibilidades de sonhar, de viver o máximo que pudemos, em amar em demasia, em conseguir o que não conseguimos em vida... Enfim, ela se torna o mal ao qual temos que obedecer. Mas a morte, talvez, seja um desses mistérios os quais residem no terceiro andar, ao lado daquele morador.

Fora esse “bicho papão”, é o “não viver” que nos atormenta. A falta de algo que nos eleve a personalidade, ou mesmo de algo que nos massageie o ego, como elogios, aplausos, sorrisos, abraços etc, nos faz menor do que acreditamos ser quando pendentes estamos de energia interna.

Não podemos depender de fatores externos para ser feliz. Temos todas as ferramentas possíveis para tanto. Alguns dizem que temos deuses e demônios em nós, e realmente os temos. A questão é saber entender cada um e saberemos de pronto que, até mesmo os demônios fazem sentido em nossa alma. Claro que depende do que chamamos demônios, pois somos analfabetos nesses termos e acreditamos que são seres que se infiltram em nosso “espírito” com finalidades tremendamente terríveis.

Sócrates, o maior filósofo grego, tinha um Daimon com o qual dialogava e lhe dava direção na descoberta da verdade. Enfim, cada um entende como lhe apraz o significado de tudo. Embora, de Sócrates para cá, houve uma derrocada dos conceitos, e hoje temos preconceitos em relação a tudo, principalmente depois da demanda cristã.


A ignorância como vivência



Temos sim que citar os grandes antes de qualquer empreitada filosófica. Sócrates talvez tenha sido o maior filósofo, mas depois dele houve seu maior discípulo, Platão, que continuou sua ideologia e racionalizou conceitos que, na época, eram proibidos citar. Para tanto, usou dos mitos. Dentro deles, falou acerca da imortalidade, da Justiça, do Amor, da Verdade, da Educação dentre outros conceitos que ajudaram o Ocidente a refletir e avançar nesses conceitos ainda que não saibamos.

Acerca de nossos problemas o mestre Platão dizia que sofremos por ignorância. É claro que temos que discorrer sobre isso. No quesito, devemos entender por ignorância aquilo de que não sabemos ou daquilo que fazemos questão de não saber, em razão de nossos interesses simples ou complexos – como, por exemplo, o medo.

O medo é como se fosse uma atmosfera criada em torno de nós – de cada um – com a finalidade de nos proteger dos males (entende-se por males tudo aquilo que não queremos entender por nos fazer mal), de nossos atos, de nossos pensamentos, de nossas más educações, de nossos segredos maléficos, de nossa vida cotidiana... Enfim, o medo, nesse caso, nos protege de algo de que não se pode proteger. Essa é a maior de nossa ignorância.

Outro exemplo, tentar fazer com que nossos filhos não sofram, com doenças, com os males do mundo; o que podemos fazer, de antemão, é simplesmente minimizar tais consequências advindas de uma causa desconhecida, outra conhecida, mas sempre iremos nos perguntar “por que nossos filhos?!” a Deus. E, antes de tudo, buscar compreender que somos humanos e que, se persistimos em nada saber a respeito de nós mesmos, sempre iremos sofrer mais ainda.

A sensação de que temos uma áurea impenetrável nos faz parecer supermans (ou supergirls!) com relação a tudo que detestamos. Não adianta... Somos cegos, somos ignorantes, somos humanos. E não há nada que nos faça ver a realidade da vida a que tanto nos clama para aquela visita no terceiro andar.


Volto para finalizar...

O Morador do Terceiro Andar

Aos meus sobrinhos queridos






Hoje, em meio à pressa do dia a dia, entre atropelos de corpos em terminais rodoviários, por pessoas tão apressadas quanto o metrô, quanto o ônibus, quanto o táxi... não enxergamos as necessidade vitais das quais temos que, realmente, viver. E sob o manto do desespero em chegar a nossa casa, fazer comida, ou mesmo descansar da cara dos chefes, passamos por cima dos mais simples valores a que devíamos ter pressa em entender... O manto humano, aquele que nos aproxima mais do que somos.

O manto humano é o espírito que navega entre nós a espera de um contato elevado, assim como um morador de um andar – vamos dizer do terceiro – pedindo que alguém se manifeste em seu favor, ligando, sorrindo, ou tentando encostar seus dedos pela janela desse andar tão “alto”, a fim de que, pelo menos, percebamos sua existência.

Contudo, prosseguimos em nossa empreitada pelo descanso após o trabalho, ou pelo trabalho melhor, nos distanciando de nossas obrigações com o morador do terceiro andar. E nos intervalos da vida, nos vêm os jornais, as novelas das seis, das sete, das oito, enfim, programações e atividades que nos desviam de nossas obrigações espirituais.

Mas quais nossas obrigações espirituais? Se somos espirituais, temos apenas que ser nós mesmos. Não nos confundir com nossas debilidades! Não somos debilidades, muito menos nossas educações! Somos mais que isso. Somos um pouco do que nos guarda aquele morador, que guarda preceitos divinos desconhecidos pelo homem.

Contudo, apesar de ser no terceiro andar, parece-nos uma distância cósmica, pois no trajeto entre ele e nós possui uma série de percalços dentro dos quais podemos nos elevar ou nos degradar, depende de cada um.

Porém, se somos afastados pelas intempéries diárias, não quer dizer que devemos seguir esse empurrão para baixo, pois, dentro delas, podemos trabalhar nossa espiritualidade. Não há outra forma. O ocidental, todavia, não tem o privilégio tibetano, chinês, ou japonês, os quais já nasceram com uma força magnífica interna com possibilidades de transpassar barreiras naturais, as quais para nós seriam castigos advindos de outros planos (Deus ou Diabo); o ocidental vê infernos em tudo!

Podemos vivenciar esses “infernos”, transformando-os em pequenas obrigações naturais pelas quais temos (repito, temos) que passar. Não há outra forma de elucidar os mistérios da vida, das pessoas, dos próprios problemas, sem que seja por vias divinas – assim como não há como tentar entender o andar de cima, sem que claudiquemos nos andares inferiores.


“Nada pode acontecer ao cavalo que não seja do próprio do cavalo”.


É simples, mas somos formados pela complexidade cotidiana, em entendimentos humanos e espirituais. Para todos os sofredores, tudo que nos acontece é um castigo advindo das duas maiores entidades universais – Deus ou Diabo. Não há como escapar delas! Se algo de bom nos acontece... Deus é o “culpado”; se algo de mal... Enfim, dependendo da pessoa, grupo ou mesmo sociedade, somos especiais ou amaldiçoados!

Nada é humano, nada é para aquele que cometeu a imprudência, por menor que seja, pois não aceitamos nossas consequências ou mesmo nos lembramos das causas que assim nos fizeram débeis ou física, biológica, psicologicamente cármicos.

Há algumas de que lembramos, outras não. As que lembramos, não aceitamos. Das que não lembramos, também não aceitamos. Porém, aceitamos quando algo acontece ao vizinho, pois sabemos de cor sua vida, e, assim, o que pode lhe acontecer...

Na realidade, vivemos como pequenos observadores de vidas e de suas consequências, seja na natureza física ou, como dito, com pessoas próximas, mas não aceitamos quando ocorre conosco – aí, a ajuda divina! “Socorro, Deus!”; “Me ajude, Deus!”; “Ajude minha filha, meu filho, minha esposa, a mim...” – Assim por diante...

Tudo pode nos acontecer. Não há seres especiais. Há alguns seres (elementais, ou anjos) que tomam conta de nós até uma determinada faixa de idade, mas, depois, tchau e bênção! Mas nada pode nos ocorrer que não seja da esfera humana. Não somos cavalos, macacos, nem mesmo deuses, portanto, o que temos que fazer é nos preparar e sermos fortes, usando todas nossas ferramentas naturais, as quais já nos é dada com o decorrer de nossas experiências vitais. Por isso, por falta destas, damos uma de imaturos frente a alguns problemas, pois há alguns que realmente nos destroem!












sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ah, como eu queria mudar o mundo!

Queria mudar o mundo, mas não posso. Dizer aos jovens que a vida não é apenas a busca de prazeres insensatos, aleatórios, quentes, físicos e suicidas. Dizer que a vida é um emaranhado de leis guiadas por uma lei maior, dessas que a gente não compreende e quando o fazemos não sabemos explicar. Dizer que o mundo não é tão ruim do ponto de vista humano, pois, ainda que sejamos os culpados pelas mazelas nele apresentadas, podemos mudá-lo, não nos mudarmos de cidade, de país ou mesmo de mundo, quando desejamos sair dessa esfera, acreditando que há outra melhor... Mas mudar nossa atitude frente a ele, ao mundo.

Dizer que somos responsáveis pelo nosso destino, mesmo quando não temos o caráter para guiá-lo. O universo não perdoa nem mesmo as crianças, pois já está inserida dentro do seu contexto, quiçá os jovens que possuem uma mentalidade mais consciente – pelo menos era pra ter – a mais que as crianças, embora haja jovens que se indignam em crescer e se transformarem em serem adultos e estacionam no tempo, assim como há alguns adultos que o fazem, e não aceitam os grisalhos, buscando sempre o comportamento da fase antecessora – a adolescência.

Claro que é uma fase maravilhosa, mas é preciso dosar as experiências de maneira que, se for tóxica, amorosa, etc, que se possa sair dela sem maiores danos. A questão é que sempre os conselhos são apenas palavras que se vão como flechas sem acertar ninguém; são fumaça que dissolvem no ar após a calada da noite, quando vem a lua e as estrelas.


As experiências são "apenas" degraus em que devemos subir sem olhar para trás senão nos apaixonamos por ele e ficamos eternamente presos àquele que deveria ser apenas um... Degrau.

Nós nos apaixonamos por tudo, menos pelas leis a que devemos obedecer. As leis, segundo a juventude, são parte de um ritual que foi feito apenas para barrar sua vivência junto aos outros jovens. Não. Não é. As leis são formas de critérios não casuais que existem pela necessidade de haver uma retidão em tudo, em todos os lugares. A exemplo disso, até mesmo as mais terroristas das organizações é obrigada a fundir leis nas quais elas a obedecem – explodindo uns aos outros. Mas não estamos nos referindo a leis criadas por homens e sim daquelas voltadas ao bom senso comum a todos, ou seja, o que é bom pra mim é bom para todos, não a lei que diz “o que é bom para mim é bom para mim”, e pronto.

Dessas leis somos obrigados a obedecer, às vezes, quando o governo nos lança taxas de juros altíssimas no mercado barrando inflações e o poder de compra da maioria, mas não de uma camada, a minoria, que não sabe o que é inflação, juros, pobreza... As leis, aqui, só existem quando querem...

Aqui, graças a essa falta de leis, a essa elite, somos obrigados a reconhecer que existem os imitadores, aqueles que se subjugam ricos, mas são pobres; se subjugam intelectuais, mas não sabem bater um prego; aqueles que vivem de tudo, mas não conseguem suportar a dor da vida.

Na juventude, os olhos brilham na certeza de que as leis funcionam, às vezes, somente para ela. E com a ajuda divina, vão a festas, bebem de tudo, se embriagam, caem nas ruas, acordam cheios de dores, e continuam na certeza de que Deus vai lhes perdoar – Gregório de Matos amaria essa juventude!


Assim, se vão os princípios dos jovens, que se enamoram pelo nada – internets, sites de relacionamentos, livros inúteis, amigos idem – e propagam suas ideias ao vento como a fumaça do cachimbo dos caciques da paz, no caso deles, dos jovens, da morte.

Isso me faz lembrar uma autora que nos dizia que, se não vivermos nossos ideais de humanidade, é como se estivéssemos mortos em vida. Então... Haja covas coletivas kkkk! Pois não se vê outra coisa senão o devaneio de seres que se julgam corretos sem ao menos viverem a prática do amor, da paz, da vida, da ética, da moral... Dessas coisinhas, sabe, que constroem impérios, mas, na falta de um deles, destroem uma civilização.

São jovens cujo brilho no rosto saltita de energia para mudar o mundo, para deslocar o eixo da terra por amor à sua pátria, e, assim, vão às ruas, marcham em favor da paz, contra os massacres coletivos, contra isso, contra aquilo, contudo, são meros seres desnorteados, sem o mínimo de educação que os faça não ser aquilo que são contra. E no futuro, lá estão outros jovens lutando pelo mesmo motivo, contra aqueles que um dia foram às ruas contra outros... Enfim, é uma cobra de duas cabeças indignada tentando entender seu rabo. Ou seja, estamos indo às ruas na tentativa de mudar a nós mesmos rs.

Haja o que houver, temos que ser frios e calculistas na consecução de nossos ideais. Não olhar para trás, ainda que estejamos lá, em forma de mãe, de pai, de filhos, de amor à pátria, de mudança do mundo... de uma educação... – pois desse mundo, não devemos nada! – temos que ser, no sentido mais literal da palavra, guerreiros! Lutar quando lutar, até o fim da batalha, auxiliando quem deve, eliminando quem deve... obedecendo quem deve, enfim, depois disso, seguir em frente, com amor à espada, ao escudo, menos à guerra, pois haverá outras, sempre, em todos os sentidos, tentando nos destruir interna e externamente – a interna é como se fosse por um vírus que nos adentra em nossa alma sem pedir, com todas suas armas, nos matando devagar, sussurrando nossos defeitos em nossos ouvidos, de maneira que, aos poucos, caímos em meio a batalha ao som de marchas fúnebres.


"É preciso muito tempo para se ser jovem"!

Como eu queria mudar o mundo!





segunda-feira, 6 de junho de 2011

(Des) Ordem do (I) Mundo

Gritos de horror, diários rasgados,
Almas quebras, confianças caladas.
Sóis escondidos, luas minguadas,
Filhos calados, mulheres chorando.

Homens sem filhos, mulheres no chão.
Gritos sem gritos, dores paradas.
Perguntas em demasia, respostas no ar.
Amores imperfeitos, traições, canções,

Pedras, muros, fogo!
Amor em desamor, paixões mortas.
Duelo de palavras... Adeus!

E me veio a educação reinar,
Como filha da alma distante,
Que me viera como errante,
Em minha casa sossegar.

O fogo ficara brando em adeus,
Coração quebrado tal vidro,
E nas dores sem amigo,
Fiquei em criança ao lado teu.

Ainda há cinzas a se apagar,
Dos fogos que criei,
Da paixão que nem sei,
Da guerra que não há.

Se morri em vida não sei,
Mas vegeto sem aquele olhar,
Que me dera razões para uma guerra,
Poque dela fiquei cego de amar.

Batalhas, escudos...



Eu sempre sonhei em minha vida, um dia, ser agricultor. Um desses caras que levantam cedo, vão para a agricultura cultivar seu alimento e do próximo. Mas, a partir de disciplinas que me deram hoje, talvez eu acordasse tarde e a terra ficasse sem os devidos cuidados para receber a semente... E a semente, esta tão importante quanto à terra, levaria tempo demais para ser o que deveria ser – um grão de arroz, de feijão, melancia... Ou seja, o que tenho hoje, como ferramentas para lidar com a agricultura, far-me-ia morrer de fome e ao próximo.

Tudo isso claro foi exposto de maneira óbvia com a finalidade de mostrar o não óbvio: uma metáfora por trás de tudo, demonstrando parte do que devo ou não devo ser como humano, quando regado um projeto, um ideal, seja ele físico, mental, psicológico, e é claro, espiritual. Este último é o mais difícil a nós, que sempre o confundimos até mesmo o físico com o espiritual; o emocional com o físico, e o psicológico também com o espiritual...

Nada melhor do que nos informar acerca do que cada parte representa. No material, ou físico, um exemplo a ser dado é aquele que, ao correr uma maratona, precisamos nos preparar durante anos, pois, a depender do físico, que pode possuir determinadas dificuldades em subidas ou descidas, pode sentir câimbras ou dores enormes, e parar no meio do trajeto, por isso a necessidade de treinar.

No emocional, temos que ser fortes. O guerreiro espartano era sujeito a experiências terríveis que o faziam desistir, mas a maioria deles não só conseguia como também levavam para a guerra e praticavam em plena batalha. Era mais ou menos assim: não se podia, na treino, que era, às vezes mais forte a luta do quem em qualquer campo, deixar cair o escudo – símbolo de resguardo do companheiro, do próximo, daquele que poderia salvar a batalha. Então, sob gritos e socos de generais, o pretendente guerreiro – que não comia há dias – sucumbia ou partia para cima do “inimigo” com virulência, sem que o escudo caísse. Caindo, era sujeito a pontapés, ou mesmo a chibatadas até a morte.

O campo emocional do guerreiro, nesse caso, deveria se conter com os berros, com os socos, com as dores, de maneira a traduzir quase uma iniciação prévia à batalha. Ao contrário do nosso emocional, voltado às paixões, aos nossos interesses materiais, as quais não passaram por nenhuma educação para a “batalha” da vida, que nos traz experiências nas quais sucumbimos ou heroicamente sobrevivemos.

Justamente por não termos essa sorte espartana em lidar com nosso físico, com o emocional e quiçá espiritual, partimos para a vida desarmados. Aqui, dentro dela, somos crianças que só sabem o nome do pai e da mãe, clamamos a Deus a todo instante, chorando e chorando...

Assim, quando a situação nos toma, ficamos presos como gorilas em zoológicos, com fome e cansados de gritar e sermos incompreendidos. Ou, às vezes, sabemos lidar com a situação, tentando levá-la à mente, preparando até mesmo o físico (pois ele sofre com tudo), sorrindo a tudo, entendendo que tudo aquilo porque se passa é uma esfera passageira, não um monstro, ou mesmo inferno. É simplesmente a falta de experiência.

Assim, passando pela intempérie, intuindo, podemos passar por batalhas diversas, nas quais o guerreiro principal, nós, se eleva com as pancadas, com os socos, desvia das flechas, das balas, enfim, dentro de nossa capacidade, vencemos nossa guerra.

No espiritual, após o físico, astral, emocional, todos os tipos de experiências pelas quais passamos, se tornam meramente brisas, quando estamos voltados ao espiritual. Aqui, é difícil de falar, pois me faltam experiências e me sobram opiniões.

O espírito não depende de nada, pois ele é o que é. Todas as nossas experiências passadas, presentes e futuras vão para ele, apenas para ele, porque ele é o ponto principal onde todas elas se unem – como várias retas diferentes que, no final, encontram.

E o físico, voltado ao espiritual, sente, mas segue adiante como se nada houvesse nele; e o astral se funde com o emocional forjando espadas em experiências pequenas, médias e enfim grandes, para serem fortes o bastante para se reconhecer como elo entre o homem e Deus.

No espiritual temos a compreensão da vida, das pessoas, de tudo – até mesmo das batalhas porque passamos. Todas elas, no fundo são formas naturais de vidas que, sintéticas, nos mostram o quanto somos sem conhecimento, sem amor, sem nossos princípios, os quais deviam ser forjados desde a infância, tal qual qualquer guerreiro.

Ainda, nesse elemento – opinando, claro – olhamos de cima, como do alto de uma pirâmide (e dentro de nós), e vivenciamos a razão de tudo que nos cerca.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....