terça-feira, 30 de julho de 2013

Partículas

Partículas de uma grande partícula é o que somos.
 
 
Um dia um grande senhor me disse em sala de aula... “O coração é feito de células, partículas, membranas e de tudo que o compõe, de modo que, se faltar um desses, é provável que o órgão não funcione direito. Então, é possível que algumas células que não fazem parte dele, na falta de uma das originais, tome forma, trabalhe em função daquele órgão, mas não será a mesma coisa...”
Assim somos no universo. É preciso que tenhamos a consciência de que somos  uma partícula ínfima que trabalha em prol de algo, de alguma coisa, aqui e agora, assim como a célula do coração, do rim, do cérebro, enfim, desse corpo imenso chamado universo.
Se somos mecânico, com vocação para tanto, façamos o melhor para que o cliente saia feliz ante nossos olhos. Sabe aquele varredor de rua, isolado, com suas ferramentas de trabalho, a limpar nossas ruas, e com um motivo breve para sorrir; aquele cobrador que dá bom dia quando passamos pela roleta, além do motorista, que, com um sinal de positivo com os dedos, assinala um grande dia para você?
É uma realidade ainda que ínfima, mas possível. Pois somos seres humanos e precisamos nos localizar como aquela partícula fria e isolada e nos tornar a mais necessária das partículas. E quando o somos, ou pelo menos quando nos sentimos assim, a vida é vista com outros olhos. O mundo é visto como um grande órgão no qual várias partículas, em função dele, trabalham, o que é diferente de labutar, ralar, como diria a juventude de hoje, mas sim trabalhar por algo, nem que seja em busca de você mesmo, naquilo que se faz de prático.
A busca por si mesmo, no entanto, inicia-se quando encontramos nosso colo maior nos braços das estrelas. Termina quando fazemos parte delas. E por isso, declinamos, todos os dias, em busca de realizações em nosso nível ou, às vezes, além dele. E graças a essa persistência, por meio de sonhos e questionamentos, nos sentimos um pouco melhor a cada dia.
Não deixemos nos enganar pelas aparências, no entanto. Nossa satisfação, aquela que advém do coração, quando nos sentimos localizados em nosso contexto, pode ser, na maioria das vezes, transitória, pois há argumentos naturais que nos colocam em xeque quando dizemos... “Eu faço aquilo que gosto e estou feliz”.
Depois dessa frase, o universo nos testa e vemos que tudo aquilo não passa de um interesse personalístico dentro do qual a consciência se conforma, se deita e não levanta mais. A prova nos vem quando nos falta a matéria prima: dinheiro. Esse pequeno e milenar artifício de gasto mensal o qual nos faz ser corruptos de nós mesmos, nos colocando à prova do que somos.
E descobrimos que não somos grande coisa. E mais, que a felicidade é passageira, e que a alegria, esse dom de sorrir relativamente, é apenas um churrasquinho em fim de semana como familiares, e que a segunda-feira existe para exterminar nossos dias como ser humano! E o pior, que aquela nossa profissão a que tanto amávamos, nada mais era que uma forma passageira de alegria; ou seja, éramos uma célula fora de nosso contexto – ou um leão domesticado por hienas!...
Entretanto, quando nos sentimos em nosso meio, dentro de nosso grupo, seja ele qual for,  e nos importamos com o seu funcionamento, com as engrenagens, com seus parafusos, ruelas... Enfim, com o seu papel em uma sociedade, país... Podemos realizar, naquele grupo, o que muitos – na realidade milhões – não fazem, que é o pontapé inicial de uma realização interna.
O que precisamos entender é que a humanidade é o nosso universo, e sermos mais humanos é o nosso papel, como célula desse grande corpo.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Um líder para seguir

Sabemos que a humanidade, desde o inicio de todas as civilizações, necessita de um líder. Por quê? Quando olhamos para as estrelas, há sempre a maior, aquela que brilha mais, que torneia caminhos entre as constelações, mas sempre, como um ganso líder que voa e que é seguido pelos outros, a estrela maior aparece primeiro, e se vai.
Assim como a lua, que norteia caminhos, como o sol, que alegra o dia, como a terra, vista pelo astronauta, ao sentir no peito a saudade de casa, um líder deve ser. Feito de confiança, competência, coragem, determinação, além de virtudes, o líder é a ponte inquebrantável entre nossos objetivos e nós mesmos.
Ele, líder, pode estar na multidão, revelar-se, sobressair-se e conduzir a todos, do seu grupo ou de sua sociedade, ou país, ao que ele acredita, ou melhor, ao que todos acreditam ou, a depender do seu poder de persuasão, ao que podem acreditar.
No entanto, não esperamos que ele diga, “eu sou o líder”... E sim em virtude de seus atos, de sua complacência para com seu idealismo, e na força com que conduz suas experiências, trazendo para si as responsabilidades, em meio a dezenas, quiçá centenas de indivíduos os quais, de algum modo, se desvencilham em razão de suas naturezas, ou pelo medo de assumir o que podem,
O líder, por assim dizer, ao assumir o papel do próximo – daquele que teve medo de assumir --, tem outra responsabilidade, a de ser um pouco mestre. Ao sê-lo, entrega apenas a chave para a resolução da causa, sem que necessite leva-lo em definitivo para uma caminhada duvidosa.
 
Passeatas
Ainda ontem, passeatas foram feitas com intuito de levar às ruas o que há muito não se pedia em um país cuja forma de governo, democrático, só beneficia alguns que se julgam justos somente pelo fato de estarem em um lugar mais democrático ainda, para não dizer caverna onde se escodem para não serem presos.
Tais manifestações por um país melhor são necessárias em qualquer país cujo teor de respeito ao cidadão está abaixo de zero... Porém, eventos como esse, maravilhosos, beirando ao fantástico, sem lideres que traduzam a veracidade da manifestação, podem vir ao a cair no vazio...
 
Em Casa
O líder, dentro de casa, ao chegar, deve ser o espelho da casa, assim como a líder, quando apenas ela possui a vocação. Organizado, disciplinado, o abrigo em que mora deve ser limpo, cheirando a paz e ao mesmo tempo força, para melhoria de tudo que está ali, inclusive das pessoas que lá moram.
Um líder, no entanto, quando sente a necessidade de elevar-se, eleva seus membros, assim como um sacerdote moderno, que, em casa, faz questão que seu filho o seja, porque sabe que o espiritual é o caminho. Aqui, cabem os reais padres, pastores, bispos – muito poucos – anciões, os quais sentem o caminho dentro de si, tanto quanto os lideres de fora.
Roma Antiga
Na Roma Antiga, havia os grandes generais, e falar de liderança sem falar neles, é falar de amor, sem falar em união. Júlio César, general dos generais, a cujo nome César fora dado aos demais generais, inclusive aos Czares, vem de César, russos,  foi, em minha visão, o maior líder de todos os tempos.
Andado espirituoso, complacente com suas palavras, decidia, em plena batalha, o destino de seus homens. Sabia que sem eles a realidade era outra, assim também, sabiam seus soldados, que o mesmo seria sem Júlio César. Cheio de uma ética que transcendia palavras, César impunha fortaleza, semeava esperanças, colhia coragem em suas experiências, e, graças a sua religiosidade, tinha humildade em orar em direção ao sagrado, sempre antes das batalhas.
Houve um dia, quando soldados do grande general estavam sem soldos por vários meses, estes ficaram revoltados com o mestre, que, naquele instante, não sabia o que dizer àqueles grandes homens, que sempre o seguiram, por muitas lutas. A revolta, no entanto, dera mais forças a Cesar, o qual, com sua grande educação romana, fez com que todos o amassem mais ainda.
César, ao sentir o moral dos homens baixo, subiu no parlatório das reuniões, e se deparou com mais de quientos homens revoltados, pedindo aumento de soldo e mais terrenos, senão não participariam de nenhuma batalha. Olhou, levantou o braço direito, em sinal de silêncio, o que fora respeitado, e disse “Soldados, queria muito satisfazê-los, hoje, nesse momento. No entanto, temos batalhas a serem vencidas. O que posso dar-lhe, agora, em nome dos deuses, é algo maior que seus próprios soldos. A vitória”... E saiu.
O discurso, simples e rápido, não teria sido diferente dos outros discursos do grande general, se não fosse a palavra soldados. César sempre se referiu a eles como “amigos de batalha” – nunca como soldados... – Assim, presos às palavras do grande homem, todos, sem exceção, correram em direção a ele e pediram perdão, e juraram, novamente, morrer por ele. Era um sinal de admiração mútua, de amor ao grande líder.
 
Ramsés e a Batalha de Kadesh
Outro grande homem que nos trouxe um aprendizado notório dos grandes avatares, foi Ramsés II, um grande faraó e líder em sua época. Hoje, estampada em relevo nas construções egípcias, a Batalha de Kadesh, na qual o faraó se seus soldados, contra os hititas, liderado por Muwatali, outro grande líder, lutam ardentemente, traze um fato inesquecível a todos os admiradores da história mundial.
Ramsés, que em campo aberto, sentiu que seu inimigo era em maior número, viu seus homens literalmente correrem pelo lado oposto da batalha e ficarem, de longe, observando o inimigo ceifar a vida de quem ficava. Porém, não contavam com a força sobrenatural de Ramsés, que tinha a seu favor os deuses.
Naquele instante, em um momento de paz interna, ainda que fosse em meio a uma luta armada, Ramsés, com um leão e um cachorro de estimação, pediu aos deuses que não vacilasse naquela hora. Sua oração elevou-se ao mais alto dos cimos e alcançou seu mais intimo ser; assim, olhando para trás, vendo seus soldados intimidados, viu-se como um ser além de si mesmo.
O faraó, que há muito enfrentava exércitos de todos os níveis, pegou seu carro, e com seus cavalos na rédea, leão e cachorro ao lado, saiu, em nome de Seth, nome também de seu pai, e começou a ceifar cabeças de vários homens do exército hitita.  Dizem que muitos daqueles soldados, ao sentirem a fúria do faraó, correram em direção oposta, e sequer tentaram duelar com o grande homem que ali fazia história.
Depois disso, muitos de seus soldados voltaram e o clamaram como a um deus.
 
Um Líder para seguir
Antes de ser um líder, deve haver coerência, sensatez, referenciais. Os lideres, por mais voltados ao que faziam, na antiguidade, tinham seus referenciais, e, maioria das vezes, religiosos. Assim como o papa, um líder da igreja católica que se baseia em Cristo em sua palavras e atos, os grandes homens, antes de serem realmente lideres, possuíam, em si, a religiosidade, não confundamos com o que chamamos de seitas atualmente, nas quais muitos charlatões são chamados de lideres, mas sim com sábios, conhecedores de um universo que, para nós, é apenas motivo de reflexão. Homens que se mostravam líderes em seus atos, em suas palavras, e em suas influências diárias na vida das pessoas. Isso, repito, antes de serem lideres.
Hoje, com poucas aulas, nos tornamos lideres; com gravatas belas e um terno de linho, com uma casa de três a quatro andares, influenciamos, sem mostrar nosso caráter, pessoas de todos os tipos, e muitos, incrustados em sua pobreza de espirito, usam a inveja e se desonram a si mesmos ao seguir, como diria um grande escritor do livro Revolução dos Bichos, estes porcos e vacas.

 

 

 Ao líder de cada um.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Educar a si mesmo é Educar a Humanidade.

"Educar é viajar no mundo do outro, sem nunca penetrar nele. É usar o que passamos para transformar no que somos"

Augusto Cury







Hoje, em meio a passeatas, a modificações estruturais de um país, sempre nos surge a possibilidade de questionamentos básicos, do tipo, será que vale à pena ir às ruas, gritar em nome de uma política melhor para nossas escolas, saúde e transporte? Será que vale à pena colocar nossos filhos, ainda meio sonsos em compreender o mundo, em passeatas mirins, apenas para que, mais tarde, ele tenha consciência do que realmente podemos fazer quando a política se assemelhar à opressão, ou a um regime democraticamente confuso quanto ao que necessitamos?

- a resposta é sim. Sempre. No entanto, devemos ser coerentes ante a nossa política do dia a dia, na qual exige muito mais de nós do que do governo. Estou falando de nossa educação, seja ela básica ou transcendente. Tal política, talvez, esteja tão oculta aos nossos olhos, que não saibamos examiná-la, praticá-la, pois estamos muito ocupados com o que fazem com nossos filhos em escolas, com nossos irmãos e pais na saúde, ou com nossos amigos, no transporte.

E o que fazemos com nossos filhos em casa?... Qual o tratamento que damos aos nossos irmãos e amigos, nesse cotidiano?... Questionamento bobo, contudo essencial, básico, para se iniciar o que chamamos de pequenos atos que podem mover o mundo.

Política humana

Já tive exemplos, inúmeros, de pessoas que não sabem lidar com seus filhos, tenho certeza que os leitores deste também o têm. Como, por exemplo, a história de um menino que queria descer as escadas rolantes de um shopping e não queria fazer outra coisa senão isso. Os pais, maduros como manga pequena, não sabiam o que fazer.

Como dois anos e meio, o rapazinho gritava, se esperneava e se sentia o dono da situação graças ao “cala boca” bem baixinho dos pais, que se sentiam medrosos e constrangidos pelo que passavam frente a todos.

Mais

Há exemplos de criaturas mirins, que se sobressaiam em suas lojas preferidas, simplesmente porque passaram por perto dela, e os pais, às vezes com outro plano de gasto, tiveram que comprar quase toda a loja, senão a criança ameaçava a chorar, seguida se gritos e quedas no chão.

E mais

Há exemplos de crianças que caem de edifícios por falta de uma palavra forte dos pais, que acreditam que nada vai acontecer com elas. E mais, de crianças que aprendem a falar palavras ofensivas e que não se intimidam quando nelas batem. Muito pelo contrário. Sorriem...

Todos esses exemplos são exemplos de política. Não é apenas a política de partidos que vai mal. Há algumas que só dependem de nós, e essa é uma delas. Ir às ruas? Fazer passeatas? Quebrar monumentos? - Não. Decididamente não. Meios há de aprender a lidar com isso, ou melhor, com o ser humano, seja ela criança, adolescente, adulto, idoso... E conosco mesmos.

E grandes homens do passado sabiam disso. Pitágoras de Samos um dia disse, “Eduque as crianças e não será necessário castigar os homens”. E Platão, “Não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de cria-los e educá-los”, além de Aristóteles, “A educação tem raízes amargas, mas seus frutos são doces.”... E o que dizer do “Conheça a Ti mesmo e conhecerás o universo”, de Sócrates?...

Esta última, com certeza, mais abrangente e sintetiza a maior das realidades educacionais pelas quais devemos passar e entender, pois, nela, não só a educação, mas também o sentido de nossa existência estão embutidos como forma de obrigação para a resolução final de nossas buscas, sejam elas em relação à política, à religião... por isso ela possui esse tom forte, real, humano, sábio e ao mesmo tempo simples de entender, o que é diferente de... Praticar.

Nessa máxima, muitas verdades se encerram. Ela sintetiza não só uma realidade, mas uma busca de muitas gerações há séculos, não só descrita por Platão na boca de Sócrates, mas em muitos livros clássicos, como a bíblia cristã, a bíblia hindu, além do livro dos Mortos Egípcio, Maia... Ou seja, não é de Platão para cá, mas de muito mais.

O que quero dizer com isso? Que não é de hoje que o ser humano tenta fazer suas revoluções, e por elas toma decisões, faz guerras, modifica-se, alimenta-se, perdoa, dá amor, recebe, purifica-se, cansa-se, torna-se mal, arrepende-se e chora, e volta, e se mata pelo que acreditou ser.

Quero dizer que muitos nasceram donos da verdade, outros tiveram que encontra-la com suas ferramentas naturais, se apoderar dela, e morrer sem saber o que era verdade. Outros, que nasceram, cresceram e morreram sem saber o porquê da vida, como pescadores que foram ao mar, não trouxeram nada, não comeram nada, e dormiram com saudade dos peixes.

Dizer que há aqueles que nasceram especiais, porque, como diriam na tradição, já vieram de outras encarnações à procura da verdade, e ao encontrar sua sombra, sabiam que ela nada mais era que inalcançável, e nos deixa vestígios, em forma de humildade e sabedoria.

Pequenos Atos, Pequenas Mudanças

A verdade, no entanto, quando adquirida de forma relativa, nos engana. Sempre nos vem o sentimento de que sabemos de tudo, simplesmente por lermos, aprendermos e intuirmos, já sabemos de tudo sobre tudo. É importante dizer que se ela, a verdade que defendemos, não possuir nenhum referencial, de preferência do alto de nossas possibilidades, será como uma ferramenta de destruição humana.

Sabemos que, em pequenos atos, quando acordamos, ou quando dormimos, quando estamos solitários, a verdade reina, pois passamos a sermos nós mesmos. O espelho às vezes é testemunha disso, mas não se encerra aqui a verdade.

Ela é a parte da natureza que devemos estar sempre em sintonia, ainda que saiamos na maioria das vezes para conversar, sair com os amigos, falar com a família, ou seja, ela se faz apenas quando referenciada naquilo que realmente somos, lá dentro de nós, e isso implica dar um cavalo de pau em um navio se aceitarmos ir atrás dela.

Teremos problemas, pois o que realmente somos ainda é uma sombra, uma opinião, um segredo divino, mas o que nos sobra é a simplicidade de pequenos gestos, que mais tarde podem virar gestos humanos dantescos, do quais saem homens incríveis, que, com certeza, sofrerão em defender a si próprio ou a humanidade...

Cristo foi um deles.



quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Que sou?






Leão ou Hiena? 










É de se questionar acerca de Deus, dos deuses, de nossos papéis na terra. Questionar o porquê de nossa vida, de nossa morte. Para onde vamos, por que viemos; por quê? O que somos?... A realidade desses mistérios nos seduz há séculos e nos é respondida de acordo nossa educação, em nossa época. Ou seja, assim como tais perguntas nos eram respondidas na Idade Média pela Igreja, hoje, nos são respondidas, também, pela Igreja, o que não nos desvencilha de ser seduzidos – mesmo sem as fogueiras – a um arcaísmo sem fim, tal qual no século das Sombras.

Não nos prolonguemos em críticas. Vamos iniciar um processo de reformulação desses questionamentos, mas com premissas ocultas, reveladas por contos, lendas e mitos. A começar pela antiga Índia, local em que muitos inciados deixaram resquícios de sua sabedoria em fábulas.

Tais fábulas, como sempre, com o papel não apenas de responder os mistérios humanos, tinham como finalidade fazer com que o homem refletisse acerca de seu papel no mundo e no universo, assim como diante de si mesmo.

E uma das que mais me impressiona é a do Leão que fora adotado por hienas.

Uma vez, na grande selva, um filhote de leão, filho de uma última leva de grandes leões da África, fora deixado pela mãe, que morrera em troca de sua proteção. Um grupo de hienas, no entanto, vilãs e inimigas declaradas daquela raça, em vez de matá-lo, resolveu levá-lo para o esconderijo, educando-o, segundo o que eram, hienas.

E o filhote cresceu. Observando, assim, seu físico, seu comportamento, seu rugido, enfim, seus modos frente ao que seus pais adotivos eram. Contudo, o grupo de hienas nunca haviam falado ou queriam falar sobre sua infância, pois seria muito difícil dizer a ele que, além de ser um leão, era, também, por natureza, um dos maiores inimigos delas...

Mas não puderam esconder por muito tempo. O pequeno leão, que já não era mais tão pequeno, um dia, em nome de seus instintos, fora caçar. E de longe, via seus pais – hienas – comer o que restava da caça dos grandes animais com jubas e patas grandes (!), e serem obrigados por estes a correr de medo.

Um grande nó se fez em seu coração. Não sabia, agora, mais do que nunca, quem era. Será que seus pais eram aqueles que o haviam criado, educado, amamentado, e lhe dado tudo até então?.. Ou aqueles seres brutos, de juba, com patas imensas a correr atrás de outros animais para suprir suas necessidades instintivas?...

Um grande leão, depois de ver o pequeno adotivo estático a observar o bando, teria lhe perguntado “quem é você, meu irmão? Por que não está correndo como todo mundo em busca do seu alimento?”

Síntese

Assim como em todas as culturas que se foram, a carga simbólica em todos os contos e fábulas era enorme – e ainda o é. Mas isso não nos faz menos reflexivos. Ao contrário. A profundidade do que foi exposto pela história, talvez, nunca saberemos, mas, a priori, entendemos que se trata de uma fábula que nos remete a nós mesmos, ao que somos, ao pensamento intuitivo em torno do que mais subjaz a nós. O Espírito.

O leão, com certeza, somos nós; e as hienas, o mundo em que vivemos, a sociedade, a cultura, os meios e modos. Ou, como diria o sábio, seria nosso corpo, com o qual nos identificamos e acreditamos, desde criança, que nos encerramos nele, e somos ele (E isso nos remete a outro mito!).

E por pensar que somos a realidade que nos circunda, nos fechamos para os mistérios humanos, quiçá universais, nos deixando mais longe do que realmente somos. Ou seja, o leão. E por que leão? Em todas as culturas, o leão é um ser solar, que vem de sol, que ilumina a todos, e mais profundamente falando, o Bem.

Seríamos o Bem? Não necessariamente, mas teríamos, em nossa possibilidade, o reconhecimento consciente do que seria, isso quer dizer racionalmente, pois como diria Platão, na República, não há como, em nosso nível, entender o Bem, então fiquemos com o exemplo do sol, o que nos serve de parâmetro simbólico para reflexão.

Continuando... E quando nos encontramos conosco mesmos – o que veio a ocorrer com o nosso protagonista na fábula – é como se todas as perguntas inconscientes fossem respondidas de pronto. E tudo isso apenas em breves palavras... (aqui, o porquê da iniciação).

Ao nos depararmos conosco mesmos, e isso depois de várias revoluções físicas, como nos mostra o Bagavagita, a bíblia Hindu, nos deparamos com Krishina, o Cristo, em nós, o que há de mais sagrado e puro no homem. Ou seja, não é por intermédio de teorias ou práticas intelectuais que chegamos a Verdade, mas por meio de reflexões que nos levam à prática. 

E hoje, por meio de pequenos atos, o que para nós já são iniciações a curto prazo, nos questionamos o tempo todo, se somos leões ou hienas.






Mais revoluções à vista!

terça-feira, 9 de julho de 2013

A Odisseia da Minha Ilíada




















Manhãs em Mim


“Nosce te ipsum” * Sócrates.

Manhã adentro do sol,
Estrela única do dia,
Suspiro teu calor somente,
E uma semente em mim se cria.

Nasce a esperança da vida,
Em simples formas que vão,
Da célula mínima que se foi,
A maior temperança, meu coração.

Meus passos, na terra molhada,
Criam fôrmas como pão,
Brilham num sol fugidio,
Os deuses, enfim, criam uma canção.

Manhã adentro do sol,
Minha alma se foi vadia,
Voltou santa como Ontem,
Renasceu quieta por um dia.




Re-Nascer em Mim



Meu ser se revolta e volta ao tempo,
Nas lhanuras e fúrias de um vulcão,
Corta frívolo o dia pelo meio,
Amanhece em meio à multidão.

Solta o Verbo divino
Em nome do uno em formação,
Cria demônios no espaço e sem passo
Forma raízes na divina imensidão.

O Dia, filho de um deus em aluvião,
Cospe cometas e terras,
Miríades em estrelas velhas,
De repente, a escuridão.

E Chorou o pingo da chuva,
Sorriu o sol sem cor,
Abriu feridas cruas,
Fechou-as em nome do Amor.

Eis a beleza que nasceu,
Em Berço sério sem Prometeu,
Sem as brumas do frio belo,
No corpo da deusa que se deu.

E um vento quente das narinas de Deus
Se fizera e formara o vento,
E de tua lágrima,
Oceanos em contento.

E da solidão eu nasci, em verdade,
E em verdade, vos digo,
Que da saudade, além do mundo,
Nascera meu corpo, meu abrigo.


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*Conheça-te a Te Mesmo.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

De Volta à Iniciação...



Iniciação egípcia: um ritual do passado que assegurou uma sociedade melhor.



... Tudo que fazemos, hoje, ou a depender de quem faz, pode ser um processo iniciático. Claro que temos que entender o que seja isso, senão esbarramos em conceitos mais uma vez desvirtuados pelo presente. Processo iniciático nada mais é que um processo pelo qual passamos para mudar o que em nós pede para mudar. É, na realidade, uma necessidade àqueles que um dia buscaram, de alguma forma, entender algum tipo de mistério. No passado, “iniciático” só poderia ser relacionado aos discípulos que eram voltados a busca divina, misteriosa, ou universal...

Pitágoras, Platão, Cristo, Zoroastro, Plotino, Anaxágoras, Anaxímenes, dentre outros, muitos outros, passaram pela iniciação dos mistérios sagrados e nos deixaram legados incríveis, os quais, até hoje, nos iluminam nas horas vagas, ou, com finalidades didáticas, nos fazem refletir acerca do que somos e do que a sociedade é feita. E muito mais.

Estudamos, aqui, nesse blog, várias escolas iniciáticas, nas quais e pelas quais grandes homens passaram e soubemos, teoricamente, da real necessidade de tudo isso, mas, sempre, em nós, fica aquela perguntinha que se sobressai nas horas em que nos sentamos no pequeno sofá de casa, com a luz amena, a escutar nossos pensamentos... “Será que o mundo moderno é assim em razão de não existir mais rituais tais quais os do passado?”...

Talvez. Vimos, aqui também, que no Antigo Egito, a necessidade de buscar a Deus por intermédio das iniciações era quase que um processo automático aos sacerdotes, aos faraós, pois não se podia governar sem a ajuda dos deuses. E aos sacerdotes, a iniciação tornava-se mais idealística pelo fato de manter as forças naquilo que se fazia, e ao povo que era governado.

Depois dessa recopilação, podemos dizer que uma iniciação no passado fez com o período em que eram realizadas fosse melhor, mas organizado, mais forte e, com certeza, mais voltado às raízes humanas. Podemos dizer mais: a religião, de antes, tão vasta e respeitada por todos, fazia brotar nas esferas políticas e familiares uma organização estruturada em valores universais, não individuais.


No entanto, temos atualmente movimentos que ainda persistem em dizer que seguem regras semelhantes às do passado. Não acredito, pois é preciso entender que as raízes, quaisquer que sejam os movimentos, por mais bem intencionados que sejam, não são as mesmas, pois os frutos já nascem capitalistas, voltados a interesses escusos, os quais se revelam em roupas, carros, moradias, em viagens... Totalmente diferentes daqueles que se preocupavam com o  materialismo, ou com a forma de pensar moderno em relação à própria filosofia de sua instituição.... 

Vamos nos fechar, assim, com a Tradição, que nos passou reais conhecimentos, legados à humanidade, que até hoje pedem e insistem para que o homem olhe para trás ou para si mesmo, no sentido de se transformar e melhorar o seu meio.


Partindo dessa premissa, nos perguntamos, e hoje, o que fazemos para melhorar a nós mesmos dentro de uma sociedade, ou até mesmo dentro da família? Será que a iniciação é o único meio pelo qual toda uma estrutura pode se erguer e se transformar?

Boa pergunta...! No Antigo Egito, ainda em fins de uma época dourada, quando os grandes faraós resguardavam aquele país, sabiam que, apesar de tudo, a culpa pela decadência era do próprio homem que não levava os rituais a sério. Diziam que os rituais faziam com que o homem entendesse mais os mistérios acerca de si mesmo, respondendo-lhes os questionamentos internos, e assim os respeitando, de modo a levar-lhes ao próximo – ou à própria sociedade em que estavam, a praticidade baseada em preceitos sagrados.

Na Antiga Roma, lugar em que escolas iniciáticas fluíam, a prática era tão maior quanto à dos gregos, que um dia beberam na água dos sacerdotes egípcios, mas que foram os romanos que foram às batalhas e nos ensinaram como guerrear com os deuses no coração.

É assim, com os deuses no coração, que sempre devemos trabalhar, levantar, sermos pertinentes, para que nossa revolução seja certa. Abrir nossas mentes, deixar um pouco de lado nossos conceitos musicais sobre o amor, deixar de mão a justiça interesseira, que só serve quando estamos com a conta corrente recheada; além da verdade, ética, moral, humildade, paz... Conceitos estes que nos constroem desde que somos crianças, e que, por interesses culturais, familiares, e que por gerações invadiram nossas vidas.

É preciso abrir a mente, mas também o coração, essa ponte entre o homem e Deus, saciar nossas almas de música, nosso corpo de paz, e encontrar em nós um pouco do que há muito procuramos e não sabemos o quê, e por quê.


Um Mestre, Por favor...

Não temos elementos para uma iniciação, mas temos nosso mestre interior. Ele vai nos reger e nos fazer seguir pelas calçadas mais íngremes da vida, tais quais sonhadores diante do sonho. Nosso mestre, podemos dizer, um dia nos irá aparecer e dizer “estava me procurando? Pois eu nunca estive longe de ti!”.
E, em forma de raios de sol, no abrir de uma janela, atingirá nossas almas como a uma lança, e, como um doce na ponta da língua, sentiremos a natureza de seus raios, quentes, explodindo e nos transformando em larvas ambulantes em nome de Deus.

O mestre, em sua grandeza, irá nos revelar a natureza de nossa vocação, pelo modo mais simples e belo, ou seja, o que somos e qual ferramentas usaremos para nos manter independentemente do que podemos ou sabemos fazer.

Esse grande ser, que regenciará nossos atos, traduzirá nossas angústias, revelará o porquê delas, seus enigmas em torno de tudo que nos indignamos, e de nossas decisões, que um dia foram aleatórias, mas que agora terão uma direção...



Para cima, e avante!

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O Início de uma longa jornada.


Buscar o passado é a busca de si mesmo.






... Assim como Mozart, muitos na tradição tiveram que passar por processos idênticos para se chegar a um consenso sobre si mesmo. Estranho não? Um consenso sobre si, baseado em premissas das quais alguém, de longe, um dia aprendeu a lidar com a sabedoria do equilíbrio, e dizer a mim ou a ti o que fazer com nossas vidas rs.

Na realidade, esse Consenso sobre Si, sabemos, não é algo fácil, visível, concreto. É um conjunto de características pessoais voltadas a meu centro – ao ser. Esse, que subjaz a tudo que entendemos por personalidade, caráter, os ilumina, os rega, a depender do mestre que encontramos... E Mozart, o grande compositor, iluminado pela prudência divina, foi regenciado por um que tinha como princípios a grande sabedoria egípcia.

No passado, com receios de uma decadência, muitos discípulos foram iniciados às pressas, o que os transformou em renegados do saber, deixando os degraus da iniciação pela metade. Prova disso foram alguns padres que, ao tentarem se iniciar, ou quando completamente iniciados, preferiram cair em devaneio pelo clamor da massa, desfazendo-se dos princípios que um dia aprenderam e maldizendo-os.

Outro exemplo foram as tumbas egípcias, que, no passado, eram encontradas apenas em vales de reis e rainhas, e que, no fim da grande civilização, foram encontradas urnas, como múmias mal feitas, em templos que, antes, eram para formação do individuo. Templo iniciáticos.

Por outro lado, nem todas as civilizações foram depredadas com o tempo pelos novos sacerdotes*, houve várias escolas de iniciação – como já fora explicitado aqui – que conseguiram manter a tradição de levar o vacacionado à espiritualidade. E quando dizemos espiritualidade, não nos referimos apenas a um cubículo fechado em que alguns falam besteiras, colocando a cabeça do individuo em uma cuba de água, recitando versos de um livro antigo, e pronto... pode seguir.

Falo de algo maior. E nada melhor para falar disso do que a própria tradição, que um dia levou vários indivíduos a sabedoria, ensinando-os os mistérios divinos, com base no que a humanidade necessitava – valores.

Tais valores foram encerrados na própria natureza, e buscados pelo mais simples meio universal a que se pode trazer ao homem, a oração, a comunhão com os deuses, o entendimento universal, a propagação genérica a todos, com vista ao bem comum.

Porém, como salientou o grande faraó Sesostris III “O Criador quando sorriu fez aparecer os deuses, e quando chorou, fez aparecer os homens”. Dizia quando seu reino estava ao ponto de ser tomado por forças desconhecidas, ao mesmo tempo frágeis em conhecimento, o que as fez distanciar-se da grande civilização por tempo indeterminado.

Atualmente, vivemos do que sabemos, e o que sabemos é muito pouco acerca do que um dia souberam os grandes homens em grandes civilizações. Porém, não nos faz menores a época por isso, e podemos resgatar, com o que sabemos acerca do passado, e referenciar, tentar internalizar e harmonizar, com todas nossas forças, o tudo com o nada, pois, se no passado apenas alguns puderam exercer o discipulado, é de entender que a nossa versão de melhorar nossas vidas baseada em preceitos clássicos vai significar um modo diferente de pensar e de agir com relação a nós mesmos.

As turbulências.

Desde o inicio, falamos em revolução. E, agora, pretendermos fazê-la em nós, enfim, manter o equilíbrio, ou seja, entender a parte mítica do violeiro que no barco junto com seu filho disse “filho, se as cordas estiverem frouxas, não tocarão; e se apertadas demais, vão se arrebentar”**... Ouvir, em nós, vozes inaudíveis acerca de nossos defeitos morais e éticos; fazer com que nossos corações estejam abertos à Verdade, e entender que o mal nada mais é que uma necessidade, apesar de que, na maioria das vezes, o próprio homem o faz de “pão de cada dia”.

E assim, como Cristo no deserto, encontraremos Infernos se fazendo de céus, e como Buda, em sua iniciação, choros e desesperos em nome do nada, para que possamos voltar ao arcaísmo das ideias. Ele, diante disso, sorriu.

E falaremos em referenciais e sua necessidade em nós. Buscaremos no próximo nossos defeitos e, em nós, ainda que seja uma eternidade, tentaremos consertá-lo. E quando nos referir a Amor, à Paz, a Verdade, a Justiça, a Humildade, a Preconceitos, a Dor, a Vida, enfim, a Deus, nos remeteremos aos conceitos clássicos e vamos fazer com que todos eles sejam ladrilhos de nossos caminhos eternos, cuja eternidade começa agora.





A revolução vai depender de cada um.


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*cristãos que iniciaram suas crenças desfazendo a história
** lenda budista


quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Vocação como Ponte


"Um coração que nasce para ser livre nunca se deixa escravizar. E, mesmo quando perder a liberdade, ainda conserva o orgulho e ri do Universo"




Mozart.  Vocação e iniciação.




... Mas o mestre filósofo, iniciado nos grandes mistérios sagrados, possui chaves para racionalizar o que pensar.  O que significa isso? Saber expor de maneira simplista o mais complexo de uma experiência, contudo, o faz de maneira simplista com agravantes simbólicos, ou seja, sem que percebamos que a estrutura, a que se refere, possui pontos profundos, que somente aos iniciados podem ser revelados.

Blavatsky*, uma teosofista que passou a dominar tais estruturas, dizia que Nows era a parte interna do homem, aquela para qual devíamos nos refugiar (falta de uma palavra melhor...), pois o que estaria na base humana eram bases personalisticas, como o físico, o astral, os desejos, instintos, até mesmo a parte psicológica, se não levada ao cume de nossas consciências, seria parte da base.

No entanto, se tais atributos no homem fossem levados ao Nows – Deus no homem – seriam como ferramentas trabalhando em prol da elevação humana, desde o físico à moral. Para isso, no entanto, argumentos apenas não seriam louváveis para a consecução do ideal, mas a prática, e para isso – dizia ela – em Ocultismo Prático - “mata o pensamento”. Pois sabia que o homem atual deixava-se levar pelo racional e este refletindo a parte “debaixo”, por assim dizer, jamais veria a parte de cima.

O certo, assim, seria trabalhar, agora, em prol de uma sacralidade interna, com ferramentas que os próprios deuses lhe deram na personalidade, no físico, alimentando a alma diariamente com forças que a própria natureza nos dá, antes mesmo de nascermos. A vocação, antes de tudo, segundo os mestres, seria uma delas...


Mozart

E trabalhar uma vocação, ainda que esta não esteja de acordo com uma sociedade, ou que muitos já a estejam dessacralizando, é difícil. Até mesmo Mozart, o grande compositor, embora estivesse em uma época na qual muitos compositores estivessem se formando, outros cujo estrelato o influenciou, tivera que se sobressair ministrado por um pai exigente.

Mozart, prodígio, com suas sonatas mais pródigas ainda, fora descoberto pelo genitor aos seis anos de idade, quando ainda fazia suas necessidades fisiológicas na cama e brincava de cavalinho na sala. Seu pai, também compositor, viu que o filho nascera para a música quando lhe dera o primeiro papel. Pois nele salientava notas como o “Chico Xavier mirim”, o que o assombrou.

Feliz da vida, começou, juntamente com sua filha, que também possuía certo dom para a música, não gênia como o irmão, mas eloquente no piano, saíram para a Europa a demonstrar o que o mundo já ouvia em Hardyn, Christian Bach, porém não em um menino com idade tão ingênua.

Mozart via aquilo como uma grande brincadeira, porém, não muito, pois seu pai Leopoldo Mozart o pedia para compor e compor ao ponto de chegar ao extremo de seus limites – coisa que não acreditava o pai, “ele não tinha limites para a música” --  e assim, foi ficando adolescente, em busca de um emprego de músico nas cortes.

Em suas caminhadas, descobrira um grande homem, que mais tarde poderia vir a ser seu mestre, aquele que faria com que toda sua obra fosse voltada para o sagrado, pois acreditava que o menino prodígio fosse o Grande Mago, ou seja, aquele que, com sua obra, diminuiria o materialismo do mundo, ou que pelo menos fizesse com que a consciência em relação a nós mesmos mudasse.

Thamos, seu mestre, que, segundo autor Cristian Jaq, seria um dos últimos maçons a seguir a risca a filosofia da entidade, encontrava-se com ele às escusas, sempre o podando, levando Mozart a criar obras inesquecíveis, ao passo que, à época, não eram muito compreensíveis, pois eram como enigmas ao ouvido, mas revelavam mistérios da alma humana. Mozart não sabia, mas estava se iniciando, indiretamente, nos mistérios sagrados.


A própria iniciação de Mozart, podemos dizer, foi uma revolução na música clássica, a qual, desde 1756, em diante, não se pudera ver ou ouvir coisa igual. E não menos do que isso. Quem a ouve, hoje, sente um pouco de luz refletir na alma, ao ponto de ser você mesmo. E esse é o ideal da música, da real música. A revolução de Mozart gerou outras revoluções.





Volto com mais vocações.



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*Helena Petrovina Blavatsky

terça-feira, 2 de julho de 2013

Revolução... O legado de cada um.


A primeira e melhor vitória é conquistar a si mesmo. (Platão)




Quando acordamos, pensamos muitas vezes em voltar para a cama e não levantar mais. Certos pensamentos nos fazem retroagir, e a escutar a parte de nossa personalidade que colheu no dia anterior apenas destroços. Levantar, pedir aos deuses proteção, assim como em uma guerra. É o dia a dia de muitos que se sentem oprimidos pelos próprios seres humanos, que em volta, todos os dias, estão. Só esquecemos uma coisa... Também somos seres humanos.

E quando tal pensamento se ajusta em nossos mundos de modo a nos revelar homens que não tem medo do levantar, do sorrir, apesar dos pesares; de sufocar pensamentos frios e débeis, de imagens de seres vis que nos rodeiam; de buscar, pesquisar e entender que somos parte desse mundo tal qual aquele se subjuga melhor que outro, aí temos uma micro revolução.

Objetivos

É notório de cada um ir atrás de seus objetivos e por eles fazer algo – e disso posse dizer-lhes de camarote – cria-se uma energia, um núcleo natural de potencialidade interna, ultrapassando até mesmo certas dores que se acumulam no intestino. Mas quando esta passa a ser no coração, filtro maior dos homens de bem, não tem como não sentir a necessidade de realizar algo maior que nossos objetivos.

Ao se realizar o objetivo, ou quando o alcança, vem o um vazio a ser preenchido pelo glorioso sentimento de paz. Uma paz, no entanto, que se esfria com o tempo, pois não se pode dizer que tudo que queríamos está ali, diante de nós, ainda que seja  um castelo. Nossas mentes, corpos, astral, alma, tudo se revela inquieto como se fossem crianças loucas a brincar em parques num domingo.

Por isso, quando se diz que morremos querendo realizar o irrealizável é verdade. Não conseguimos deter-nos, e a esperança de nos modificar vai por água abaixo. Tudo deve ter um aprendizado, nas mínimas coisas, caso contrário, estaremos nos detendo apenas no superficial e dele retirando apenas alegrias passageiras, as quais não queremos – e sim a felicidade real, regada a sabedoria, amor, beleza e verdade.

O silêncio de uma revolução


Partir do individuo, sempre. Um filósofo um dia nos disse “Se o pai de família vai bem, a família vai bem; se a família vai bem, a sociedade também vai bem; e se a sociedade vai bem, o país vai bem...” – tudo, pressupõe-se, parte do homem. Assim começamos a reverberar acerca de nós mesmos, como grandes interrogações ambulantes, e nos deixamos levar pelas abjeções do mundo, como copos loucos por vinhos, a encontrar somente água suja em forma de músicas, artes, culturas em geral, baseadas em personalidades que nascem e crescem em nome de si mesmas.
  
Mas isso sempre houve, e sempre haverá, o que precisamos é entender que o processo de revolução material é feito pela quantidade de pessoas dispostas em dominar um território, um país, um mundo, e mais tarde não saberemos o tamanho do monstro; por outro lado, temos a revolução silenciosa, a qual, fora dos critérios de massa, ao passo necessário a ela, que equivale a traçar planos coletivos, baseados em premissas individuais.
O Individuo
Quando me refiro a indivíduos, trato não apenas da pessoa, mas ao que a tradição trata internamente cada um de nós. Individuo, antes de tudo, é aquele que não se pode dividir, indivisível. Algo que subjaz nossa compreensão.

Quando Platão nos ensina, em sua República, acerca do comportamento do individuo, refere-se ao que mais internamente possuímos, não externamente. Quando nos remete aos guardiões, a mesma coisa. Homens filósofos, incorrompíveis, fortes, os quais detêm todas as formas de violência mundana.

Para quem estuda o mestre filósofo, sabe que seu racionalismo fez com que reis tentassem erguer repúblicas tais qual a dele, porém, em razão de trabalhar o homem, de fazê-lo erguer-se contra as lhanuras dos sistemas, foram barrados pelos interesses da época.

MAS, ainda que houvesse essa possibilidade, Platão teria que revelar segredos na prática, pois o que se resguarda em seu livro, por meio de mitos, é irrealizável. Por isso, melhor seria, assim como em outros livros clássicos, como os de Plutarco, levar para si, buscando mudar, por meio de ferramentas naturais,  o que não se pode mudar em sistemas – a não ser que este seja celeste.

Mundo das Ideias

Dai a ideia do Mundo das Ideias Platônico, do qual podemos externar o que não compreendemos, mas nos sentir um pouco vaidosos por tentar. Nele, a perfeição, a mais justa, como diria um grande professor, um circulo mais que perfeito teria falhas no Mundo das Ideias.

Dentro dele, segundo Platão, o homem seria apenas sombras com a necessidade de ser concreto. Contudo, o seu individuo, a que tanto cita em sua república, estaria nesse mundo, pois seria o invisível perfeito, ao contrário do visível imperfeito – falava da personalidade, dos desejos, das vontades relativas, do profano advindo do mais baixo de seu ser. Não seria uma tese, um projeto, um fim...

Mas o que os hindus chamariam de Krishina, o que os cristãos chamam de Cristo, o que os budistas chama de Buda. E Platão chama de Nows no homem.





Daqui a pouco, mais revoluções.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....