quarta-feira, 21 de junho de 2017

Pássaros sem Ninho,o Fio Condutor.

continuemos...




Noutro texto, falamos sobre o grande "Fio de Ariádne", do Mito de Teseu e Minotauro, ao qual se referiam os gregos, ao observar a profundidade da problemática humana, que é a tentativa eterna de encontrar meios para resolver seus problemas internos. Mais profundamente, esse mito nos relata -- além de observar os eternos conflitos diários com seu Eu -- e, mais provavelmente, a vontade humana de encontrar o fio condutor para a eterna juventude...

Não a juventude bela, que desfaz compromissos, realidade e finda com a morte prematura em ideais relativos e falhos, não. A juventude a que alude o grande mito é mais uma obra de arte, que se formata no humano quando do seu despertar para o ideal, para o espírito, para si mesmo -- para a parte a que Platão chamaria de Nows no homem. Um pedaço do universo sobrevoando sua consciência e por consequência seus atos, seu caminho.

O Fio da história justifica-se por ser a vida, a passar pelos mais misteriosos poros do mundo, inclusive do próprio ser humano, que, como uma pérola marinha trazida pelos exploradores, é colocada junto a outras, formando um colar. Esse mesmo fio, delicadamente, passa por dentro de nós, a religar-nos com outras pérolas, diferentes, porém, com o mesmo ideal, conhecer-se a si mesmo, dentro do que a natureza a elas legou (ou a nós).

A beleza de encontrar o minotauro, enganá-lo, dissuadi-lo, ou mesmo matá-lo, faz parte de uma prática natural e humana, quando buscamos entender o que somos e nosso papel junto às divindades; quando se percebe que tal busca, ainda que claudicante, às vezes desenfreada, é uma realidade, ou seja, ainda que não a vemos, a sentimos com alma, e nos revitalizamos à medida que enganamos esse eu animal (mino), que, em tradições, se esconde dentro de cada um.

De volta à prática

É prática habitual observar o próximo, de modo a obter opiniões sobre ele; é prática, ainda, nos submeter a temperamentos e comportamentos, baseados em premissas falsas, das quais não podemos aprender nada, mas, ainda sim, batemos na mesma tecla. Se escolhermos nos deter apenas no que podemos mudar -- como escolhas pessoais, opiniões, compras de objetos, sentimentos fúteis, estaremos inclinados a derrotar o mal que nos assola desde o dia em que nascemos.

Por que isso? A felicidade não é uma conjectura, nem mesmo uma aposta abstrata; porém, é preciso que tenhamos em mãos elementos básicos para progredir em direção a ela. O fato de continuar com preocupações vis, pueris, natas de uma família ou sociedade que ama sofrer, seremos apenas mais um em meio a uma multidão que se arrasta pelo vento de um sistema que toca uma flauta enfeitiçando a todos, em nome de tudo que é frio e escuro.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Pássaros sem Ninho, o Reflexo

continuemos...






É preciso que tenhamos, antes de tudo, antes mesmo que qualquer avanço em relação aos horizontes, quaisquer que sejam, amor. Sem ele, como diria um velho filósofo, nada vale à pena. Então dentro de nossas premissas anteriores, nas entrelinhas, temos que ressaltar a semântica perfeita que nos levará a sermos um pouco mais humanos. 

Qualquer ato, passo, pensamento, gesto, deve ter a singularidade do amor. Kalil Gibran, filósofo indiano, disse um dia que o vinho que tomamos teria outro gosto se não fosse feito com amor. Assim o é em outras práticas habituais que jamais deixamos para trás quando acordamos e dormimos. Sim. O filósofo deve ter essa magnitude em relação às pessoas e a si mesmo, antes de mais nada, a si mesmo. Mesmo porque tudo se inicia de dentro para fora.

Todavia, quando se inicia a separação do joio e do trigo, dentro de si, de modo a mudar seu relacionamento, seu comportamento pessoal e suas atitudes frente à violência natural da vida, vai se posicionar como um ser tomado de consciência -- como diria uma grande professora, "o roçar entre o espírito e a matéria". Não vai de forma involuntária, sem sentido, tomado por opiniões que desmistificam conceitos e destroem caminhos. Não.

O filósofo, revestido de vontade, em sua tentativa de religar-se com o mundo, com o cosmos, vai tropeçar, vai levantar, mas continuará em sua luta interna e constante quando do dia em que levantou e disse "isso é meu e eu posso mudar; aquilo não é meu, e não posso mudar".

Dentro dessa senda, precisamos entender que o único instrumento capaz de nos auxiliar na busca pela felicidade, verdade, beleza.. É a própria filosofia, o fio de Ariádne.


Voltamos depois.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Pássaros sem Ninho, em Prática.

... continuemos.





"O mestre é você mesmo", já dizia um grande filósofo moderno, com conhecimentos baseados na tradição platônica. A certeza disso nos vem em forma de referencias que visualizamos de dentro para fora, quando nossa gana maior é a verdade, a beleza, amor, harmonia e a eternidade. Ao mesmo quem busca o lado oposto do caminho: miséria, pobreza interna, interesses, vaidosismo, violência em seus níveis mais práticos, seja verbal ou físico; ou seja, há mestres nos dois lados, e podemos dar exemplos cinematográficos, como os jedis (leia-se jedais), os quais tinham mestres em direção à força, enquanto outros, em paralelo, ao lado negro dela.

A força, aquela que sobrevive em nós, é uma faca de dois gumes, e temos que saber lidar com ela em todos os níveis, pois se não soubermos cairemos em devaneio de amor pelo errôneo, pelo mal, pela separatividade, por condutas naturais ao ser humano, porém, que nos distanciam não só do real caminho, mas da estrela que perseguimos como buscadores, que somos.

Entretanto, ao contrário do filme, não precisamos nos ambientar em cidades de ficção ou nos aventurar com inimigos fantásticos com fins de entender ela, essa força, esse dom que nos torna maestros, mestres ou discípulos em alto grau. Não. Aqui e agora, podemos trazer à tona valores de todos os níveis (humanos e não humanos) e tentar distingui-los com o que temos, mais uma vez, referenciados nos mestres passados. 

Para quem se aprofunda nos mistérios, ocultos (exotéricos ou esotéricos), para aquele que olha o passado como os olhos tradicionais, e busca a felicidade, além da própria verdade, sabe que a primeira premissa é... Saber lidar com o que temos na vida. Separar o que podemos mudar daquilo que não podemos. Esse é o primeiro passo. Um pequeno passo que pode diminuir as dores, ao passo fazer com que tenha, dentro da atitude prática, ter a última das dores, a qual fará aquele que separa o "joio do trigo" realmente dentro do campo do conhecimento.

Próximo passo, mais práticas.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Pássaros sem Ninho, a lição.




...Agora pouco, por meio de um site de uma revista semanal, fiquei sabendo sobre um incêndio em Londres, Inglaterra, em um edifício de pelo menos cinquenta andares, dentro qual havia centenas de pessoas na hora do horror. Vamos refletir profundamente acerca da vida e na morte. Unir todas as nossa forças sensoriais e emiti-las àqueles que nasceram de novo -- os sobreviventes, e aos que se foram, mesmo porque estes iniciam, de alguma forma, uma nova jornada.

Voltando ao assunto.

Eu havia falado do Ideal ("I" maiúsculo mesmo, porque se refere ao maior grau humano de possibilidades, o espiritual), que se encontra em borras de café, na natureza de um mapa, na fragilidade de uma cachoeira que cai, da nossa participação involuntária Nele, tais quais um fio de cabelo em meio a vários outros cuja percepção não é imediata, mas faz sentido em seu papel.

E quando os mestres se referem a Ideal, da forma mais infinita possível, e ao mesmo, mais interna, estão se referindo ao próprio, que se manifesta concreta e ocultamente, seja em forma de cachoeira, seja em forma de comportamento humano com vistas à Beleza, ao Bem e à Bondade...seja na problemática existencial entre humanos e humanos, seja na tentativa de estabelecer contato com os mistério do céu e do inferno, os quais norteiam como metáforas frias o eu do homem, em tudo.

Por isso, com essa visão (mais amplificada do que essa, claro), mestres que se foram fisicamente produziram em suas humildes vidas (às vezes, não tão humildes) um legado que se nos direciona ao caminho deles, um caminho sem volta, dentro do qual, por mais difícil que seja em sua jornada, ao pisarmos, ficamos com ele em nossas almas. Essa era a intenção.

Muitos nem entram e nem se arrependem, mesmo porque já sabem que terão que mudar. Terão que dar suas forças mas íntimas, abdicar de valores, encontrar meios internos para resolver questões pequenas e imensas, as quais baterão em suas portas, diariamente. Não adianta, se observarmos com olhos de guerreiros medrosos, jamais faremos nada, nem mesmo daremos passos em direção a nada, e assim darão por nós. As consequências desses passos alheios serão nossas ou dos que farão esse favor por nós?... Difícil questão.

A partir do próximo texto, vamos tentar expor (e enfrentar) alguns tipos de trabalhos práticos em direção ao Ideal, de modo a nos unirmos aos mestres, que, hoje, riem de cima de suas montanhas, com um sorriso fácil, e ao mesmo tempo com lágrimas em seus corações à espera de uma mudança humana em direção ao conhecimento nato, deixado em forma de pistas que somente um buscador, um amante da sabedoria, pode encontrar.

E você, ama a sabedoria? -- Então, não percamos tempo!



terça-feira, 13 de junho de 2017

Pássaros sem Ninho, em sua defesa.






...Não nascemos castrados para nada, nem mesmo para o nosso melhor sonho, o sonho impossível. Não me refiro àquele de conseguir ser, mas simplesmente ser, em aspectos mais filosóficos da palavra. A palavra que nos remete a repensar nossas consequências frente ao que desejamos ser e às causas proporcionadas por isso. É por isso que temos que ser introspectivos, reflexivos após cada dia, cada noite, sempre com vistas a concretizar nosso maior sonho: de nos mudar para melhor, pelo pouco que somos ou pelo muito que recebemos dos deuses.

Muitos se perguntam, como? Há inúmeras saídas (ou devo dizer entradas?) para o renascimento interior. Alguns, com seus já ídolos de infância, ou mesmo seus "avatares" naturais, como aquele pastor que descobriu seus problemas naquela leva de confissões quentes ou aquele padre que se joga em sua vocação distorcida somente para angariar fiéis, com mais confissões, em nome de Deus, enfim... Cada um busca aquilo ou aquele que manipula seus corações (ou alma?), consciente, pela falta de ideal em um mundo que se esvai pela falta deles, de idealistas, no sentido mais espiritual do termo.

Mestres do passado já diziam que somos idealistas, de ideal, no sentido mais arquetípico e interno da palavra, com propósitos naturais. humanos, humanitários, universais, e por isso belos por excelência. Não precisamos entregar nossos problemas ao próximo, ainda que o próximo seja aquele ancião de barba longa, vestimentas brancas e palavras sábias... Nada disso faz o homem conhecedor do mundo, da vida, ou mesmo portador do conhecimento nato... O ideal precisa ser reconhecido em nós mesmos, antes que seja tarde. 

Um dia um grande mestre disse que o ideal pode ser visto na borra de um café, no fundo de um copo, quando resta depois que o tomamos. Podemos vê-lo em um mapa, quando o colocamos de cabeça para baixo, quando a razão pede para voltarmos na sua posição anterior; outros um dia disseram que tudo está em tudo, desde o momento que levantamos, até o momento em que dormimos, aqui, segundo eles, há o religare, a união de tudo... desde as pequenas sombras que não se encontram, ao pensamento concreto que não se vê.

Os únicos complexos somos nós. Esse tal de livre arbítrio em escolher entre o que somos e o que realmente somos nos torna mais complexos ainda -- no entanto, mas humanos.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Pássaros Sem Ninho, a volta



Em nome de dois destinos, assim, o homem transita na terra, coligada às grandes terras, à galáxia inteira e ao infinito: a  felicidade e a liberdade. Grandes autores, como Platão, Aristóteles, Sêneca, Plotino, se lançaram como versos em poesia para nos trazer significados tão simples e ao mesmo tempo tão complexos de realizar. O porquê disso, sabemos, nada mais é que nossa ainda mais complexa  personalidade, na qual pairam a vaidade, o egocentrismo, e seus subelementos (hipocrisia, interesse, etc), os quais são tão fortes quanto os elementos que os geram. 

Nosso ideal de felicidade e liberdade, no entanto, se torna um tanto quanto distante quando irrelevamos o refreio desses elementos e subelementos, mesmo porque tudo que nos implica sair de nosso meio no qual está nossa zona de conforto – ainda que relativa --, além de nos desestabilizar fisicamente, emocionalmente e ou psicologicamente, nos faz crer que somos únicos e especiais aquém das estrelas. Chega a ser incoerente ante ao que pretendemos.

Refrear significa parar, não continuar com algo ou alguma coisa; deixar de mão, coisa que a indivíduos tais como Platão, filósofo grego, não era possível, e por isso, pela busca irrefreável à felicidade e à liberdade, se tornou um dos maiores filósofos já citados desde sua época até nossos dias. Não menos do que ele, temos Aristóteles, que fora um tanto quanto mais midiático, relativo, palpável, e por isso mais próximo da ciência, das sociedades, deu passos realmente muito grandes em prol da felicidade e da liberdade ao mundo. Contudo, por ser tão palpável, tão concreto quanto seu mestre, Platão, se tornou obsoleto e esquecível em vários quesitos, e um deles foi a busca pelos ideais semânticos humanos, os quais estavam sempre em pauta na vida do autor de A República.


Após eles, aos tradicionais filósofos referidos, muitos se jogaram na mesma neblina, e viram, por meio de seus símbolos mais modernos, não mais com a profundidade de antes, meios para  a consecução da felicidade e da liberdade. E isso nos foi dado de forma apaixonante por vários modernistas, que, salientando, de acordo com sua visão, nos transpassou o que muitos queriam ouvir ou melhor sentir, que era o poder da libertação (diferente de liberdade aos tradicionais), da renovação, da nova política aos governados (aqui já contaminado por Aristóteles), da nova submissão aos homens de poder, enfim... Uma felicidade e Liberdade tão fora de compasso quanto o próprio homem.


Voltamos depois.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Pássaros sem Ninho

Aos Mestres Passado.





A vida humana nunca ficou tão frágil de um tempo para cá, tentando realizar sonhos, procurando obter por meio de seu esforços o conforto, a paz, a interação, a harmonia, sempre com vistas à felicidade, ao amor, e a tudo que lhe impõe valor. Entretanto, como buscadores desenfreados pelo relativo, se assusta ao perder, aos poucos, o que conseguiu a vida toda. Pudera, unido ao um Sistema que edifica-lhe valores feitos de areia molhada, a sonhos pequenos de grandeza.... Posso dizer, por experiência, que ainda estamos longe de nossos ideais de felicidade, longe de nossos ninhos.

Se olharmos mais à frente, podemos antever o futuro, tão impróspero, tão seco, cheio de máquinas voadoras, armas super eficientes, roupas ultra elegantes,  até mesmo em determinados setores do mundo a fome esquecida... Todavia, se olharmos para nós como uma sala ou mesmo como uma casa que precisa ser mobiliada, veremos um vão imenso, sem nada, com ecos por todos os lados, refletindo nossa imagem, nossa dor invisível.

Por que não temos a tendência em nos mobiliar. Desculpe. Mobilizar, nos mexermos em função desse vão, a tentar preenchê-lo com algo que realmente nos importa, em vez de pensar somente em futuros que se repetem, os quais, por si só, mais tarde, devem ser mudados... transformados... E isso, a depender de quem os comanda. Ou seja, ele, o futuro, não precisa ser cheio de máquinas voadoras, pessoas elegantes, ou mesmo cheio de equipamentos de última geração. Não. Pode ser agora. Hoje. Nesse minuto.

O ontem um dia já foi o agora, e o hoje, de alguma forma, foi o amanhã de muitas gerações! Então o amanhã pode ser hoje. E agora, não temos carros voadores, nem mesmo armas de última geração como em filmes de ficção científica. A fome existe, a miséria nunca foi tão vasta, pessoas inocentes nunca foram tão vítimas, homens nunca se desentenderam tanto, o populismo é a arma dos incautos, e a paz nunca esteve tão longe... Ainda que não tenhamos conflitos em escala mundial.

É preciso que tenhamos referenciais, uma estrela para qual olhar sempre que tenhamos dúvidas quanto ao que devemos fazer quanto ao nosso papel na sociedade, no mundo, no universo. Simplesmente porque estamos dentro de um cosmos imparcial e ao mesmo tempo justo com qualquer ser vivo que nele se encontra..


Voltamos na próxima semana.

Boa Sexta.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....