quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Viver, uma Arte. A Harmonia

Paz. Tão bela e ao passo complexa.




Ontem éramos homens da caverna que viviam de acordo com suas leis, talvez mais instintivas do que qualquer animal. Antes, a consciência, longe de ser essa que temos – moderada e lúcida – era apenas um meio de finalizar nossas refeições no entardecer, no clarear do dia e no surgir da noite. No entanto, pela certa inocência que nos seguia, agíamos de acordo com nossa natureza e com aquela que estava ao nosso redor.

Atualmente, em razão de nossos vícios, praticados todos os dias graças à modernidade acelerada, na qual defuntos se fazem à media de cada nascimento, esquecemo-nos de nós mesmos, e das pequenas práticas que podem nos levar ao “céu” – ou como diria no estoicismo, à paz.

A paz, como diria Gandhi, por ser maravilhosamente complexa, é difícil de obtê-la. Realmente estava certo o indiano; mas a paz a que se referia Mahatman era a social, na qual seres de diversos países, até mesmo a Índia com a Inglaterra, as quais, à época, eram colonizados e colônia, respectivamente, e que, como necessitavam de um sentimento de integração, união, Gandhi teve razão no que dissera.


Busca-se o bem viver.


A filosofia clássica, no entanto, parte da célula, a menor partícula existente no universo, e gradualmente chega à alma dele. Parte, antes disso, da pequena estrutura interna do homem, vai ganhando espaço, elevando seus subcorpos – físico, astral, intuição, desejos... – educando-os paulatinamente tais quais crianças teimosas que um dia foram ensinadas de maneira errada, mas que agora, do ponto de vista tradicional, podem ser transformadas ao ponto de caminhar sozinhas, e serem melhor a cada dia.

Assim somos nós, em cada gesto, em cada comportamento, temos que nos lembrar dos conceitos clássicos acerca da educação – edutiere (expor o melhor de si) – quando falamos de Harmonia, de Natureza, de Homem e de Universo... Na realidade, tudo está em tudo. Ou seja, já temos consciência teórica do que queremos para uma vida melhor. O caminho, no entanto, às vezes, é estreito, e temos que nos revelar mais fortes do que somos.

Assim, poderemos ser um pouco melhores do que os homens da caverna que, com certeza, viviam em harmonia com a natureza, mas não sabiam lidar conscientemente com as leis naturais, ou seja, se voltássemos ao tempo e, assim que encontrássemos um ser peludo, cabelos grandes, com duas pernas, se alimentando tal qual um animal, e mesmo que nos compreendêssemos, não entenderiam o porquê do sentar-se de modo correto, do falar de modo cortês, do modo de se comportar em relação à sua “esposa”; enfim, por mais que soubessem o que diríamos, não seria nada fácil, pois, na escala da história, os comportamentos mudam, também gradualmente, ainda que percebemos alguns homens que se dizem modernos tratando mulheres como cavernosas...

O ideal, no entanto, age de acordo com a História, ou seja, era mais que natural, correto, homens e mulheres se destratarem há milhões de anos, mas, hoje, se o fazem, é porque buscam desculpas para seus instintos que não evoluíram.

Nós, aqui e agora, estamos a passos na frente de qualquer ser que se subjugue homem com qualificações naturais de animal, ou seja, estamos na busca interna de saber lidar conosco mesmos e com o nosso meio, de modo a encontrar a paz, a felicidade, o céu em nós. E entendemos que não adianta sermos incoerentes em nossa vida pessoal, profissional, familiar, ou em qualquer lugar que estamos e falar coisas celestes, como se fôssemos um Dalai Lama que veio do Tibete ensinar aos miúdos.

A praticidade pode nos levar a responder nossas perguntas mais misteriosas, mais profundas. E quando falo de práticas, não falo em subir escadas de dois mil degraus, ou carregando cruzes nas costas à semelhança de Cristo, que um dia o fez involuntariamente. Não falo em me deitar em camas com pregos pontiagudos, ou ir me deitar ao chão, chicoteando-me, a clamar a divindade, tal qual um escravo que fizera algo de errado... Longe disso. Muito menos clamar qualquer que seja o nome de alguém ou de algo, tão alto, ao ponto de parecer que alguém além-sol esteja me ouvindo...

A filosofia é simples. Em cada sentar, podemos nos harmonizar com a natureza; em cada andar, em conversas simples e sinceras, sem disputas; em cada toque e gesto, regado de compreensão; mais que isso, em cada banho, se feito de acordo e harmonia com a natureza; nada que possa personalizar tais atos, mas sim religa-los a algo maior que nós mesmos, ou talvez, dentro de nós.

Sim... E nessa esfera, vamos entender que o que fazemos é menos importante do que como fazemos. É um passo fundamental para o crescimento humano, pois, a partir dele, daremos outros passos rumo a tão sonhada paz interior.




Fiquem em Paz.

Volto na próxima semana.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Resumo da Caminhada


Separar o que é de nossa responsabilidade.





Sabemos fazer distinção daquilo que não temos controle com aquilo que podemos ter. Sabemos que nas coisas que podemos ter controle estão todas as coisas inatas, as quais criamos, coisas que subjetivamente vivem em nós, as quais dependem de nossas opiniões, de nossas atenção. Ao contrário daquilo que não podemos, e irremediavelmente não temos controle, como certas doenças, ou nosso crescimento, envelhecimento e morte...

Dessas últimas, temos que procurar manter a sobriedade, e saber lidar com elas, pois, como tudo na vida, há coisas que precisam ser reconhecidas como naturais, outras não. Estas nada mais são que, na maioria das vezes, debilidades humanas, pois atrapalham o desenvolvimento, a evolução de cada um. As primeiras são responsabilidades divinas.

E quando tocamos em responsabilidades, pensamos logo em nossos empregos, famílias, filhos, finanças, esposas, não necessariamente nessa ordem, mas que fazem parte de um universo que adotamos e que, com o tempo, tornaram-se leis inquebrantáveis na vida humana. Não por isso são elementos que podem nos deter para a realização de nossos sonhos, sejam eles físicos ou não. São elementos que, na realidade, para alguns atrapalham, mas que para outros ajudam em tal realização.

Mas se levarmos ao pé da letra alguns mandamentos já expostos, podemos ser felizes apesar de tudo – pois sabemos que responsabilidades, famílias, etc são sempre vistos como barreiras para tanto. E não são. Nada que achamos ser são barreiras, basta distinguir o que é nosso, impor controle, saber lidar com sua temporalidade, com nosso centro, através de nossas vontades, e pronto.

É maçante, com certeza; porém a raiz da felicidade se esconde em pequenos esforços que fazemos diariamente, não de uma hora para outra. Ali, se esconde a alegria, os bons momentos, a pequena brisa que vai e volta. Mas estamos a falar de algo que podemos guardar em nós para sempre, como uma sinfonia que não sai de nossas cabeças ainda que a tenhamos ouvido há anos.

Queremos, apesar dos pesares, sentir a faísca de uma realidade que somente os sábios um dia sentiram, mesmo quando a morte lhes batia a porta. Queremos entender, por meio de nossas visões, ainda que toscas, pequenos mistérios subjugados como necessários em nações cuja prática divina são como ar que se respira.

E mais, descobrimos, até aqui, que somos meio bobos, na verdade, enganados, na maior parte de nossas vidas, por sentimentos desnecessários, os quais se infiltram em nossa alma como lâmina e transformam o objeto real em fantasia. E com esta, fabricamos enzimas que se perturbam, afetando nossas mentes, a nos deixar mais irrefletidos em relação aos nossos objetivos.

A culpa, porém, dessa fantasia não é de um todo nossa, melhor falando, não há nada mais normal no homem do que imaginar, traspassar a realidade e cair em fossos que criamos. Uma prova disso são as expectativas; elas se enraizaram de vez em nosso corpo, dando margem a pensamentos tortuosos e às vezes surrealistas com relação ao que realmente o objeto pode ser.

A expectativa é a forma mais terrível de viver, pois nos faz viver em função dela, sem que façamos algo por amor ao próximo ou por nós mesmos; ela espera sempre algo: como um elogio, um presente, uma vitória... Assim, nos distanciamos de uma pequena necessidade humana, a evolução por meio de nossos atos, sem a espera de qualquer coisa.

Isso, no entanto, nos faz refletir, pensar que podemos viver sem ela. Em cada ato, enquanto não abolirmos a expectativa, não devemos parar. Assim como atos que vêm do coração. Como assim? você me pergunta.

Quando vemos uma pessoa passar mal na rua, quando um velho cai, desequilibrando-se no asfalto; quando qualquer que seja a pessoa, no meio de uma pista prestes a ser atropelada, ou assaltada... Se nossos coração não saltitam, tentando salvá-las, se nossos corações não enxergam a violência pela qual podem passar; se  não quisermos realizar aquele ato puro... alguma coisa está errada. Ou a própria sociedade está.

Mas uma coisa é certa, agir conforme as ações puras é um passo para a compreensão do que é realmente o humano. Assim como uma música que nos para dentro de um carro, quando em coisas vãs pensamos; e quando esta atinge nossas almas, alimentando nosso ideal de beleza e amor, não a personalidade e suas elucubrações loucas.

Uma coisa temos a certeza, se não quisermos entrar em decrepitude humana, se não quisermos ser alimentados diariamente por um monstro real chamado modernismo acelerado, e se não quisermos morrer tal quais os animais que um dia queriam ser pessoas, então façamos algo por nós mesmos, agora. Não esperemos que nos digam por meio de “saídas” inventadas, mas em nós mesmos, lá no fundo edílico da alma, naquele cantinho maravilhoso onde somente você pode meditar, refletir e entender o universo, e a Deus.



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

As Ilusões que Criamos

Viver, uma arte.




É apenas o desenho de uma árvore. Nada mais.


Um dia, quando estava na parada de ônibus, quando de repente me aparece um carro, com duas senhoras dentro – sendo uma no volante, e outra no banco do passageiro --, pedindo informações acerca de certo lugar que, por coincidência, ficava ao lado do mesmo para qual eu ia.

Depois que forneci informações, pedi que me dessem uma carona. Porém, com um olhar de desdém e outro meio sarcástico, senti que não iria com elas, e ficaria ali a espera do ônibus que, em hora e hora, passava...

Eu, depois de tudo, iniciei meu processo de xingação automático, após a poeira deixada pelo carro – que não era nenhuma limusine. Assim, após dias, contei a uma colega minha, enfeitando, claro, a pequena história. E depois de me ouvir, disse-me... “Meu colega, é o seguinte. Não houve nada de errado. Elas simplesmente não quiseram te dar carona, mais nada! Não adianta pensar que foram ofensivas, mal educadas – apesar de parecer – mas não houve nada!”

Após reverberações pessoais acerca do que me falou, pensei, pensei, e vi que ela tinha razão. E isso é raro de se concluir. Na maioria das vezes, damos vazão e razão ao nosso ódio, ou até às nossas razões internas, as quais se harmonizam com nossos defeitos externos, que, sempre, tentam buscar desculpas, para se tornarem vítimas. Eram só duas senhoras que não me deram carona. Ponto.

Aqui, após essa simples história, inicio mais uma caminhada rumo ao nosso ideal. De encontrar meios de tornar nossas vidas belas, como a um quadro dos renascentistas, ou pelo menos tentar. Para isso, nosso passo de hoje é reconhecer as coisas como elas são. Ou seja, para que não soframos tanto quanto crianças que perdem seus pais.

Mas não precisamos perder nossos pais para entender que enfeitamos a vida, as coisas, o mundo, com nossos olhares vaidosos, outras vezes tristes, egoísta, apaixonado, sem que percebamos o quanto ele vale realmente. Aqui, cabem as pessoas, nossos objetos, nossa família...

Mais uma vez, temos que separar o que nos dá prazer, daquilo que não nos dá, além daquilo que dependemos, e só assim, podemos lidar com essa questão. Ao separar, conscientizamo-nos de que tudo seu caráter próprio. As pessoas, os animais, nossos objetos personificados... Enfim, não adianta tentar encontrar mais do que nos oferece aquele quadro, pois o resto é enfeite...

A xícara e o filho

A filosofia clássica nos diz que nossas almas são como balões imensos, que tentam voar tão rápido para sua origem quanto a um pássaro perdido que quer voltar para o ninho. Porém, são freados com o peso que o balconista é obrigado a colocar para que não suma nos espaço.  Em vários textos Platão nos ensina isso. E agora, na tentativa de praticar o que a tradição nos ensina, tentemos entender o que significa essa metáfora dos balões.

Ela nos diz que, em razão dos pesos – nossos desejos, nossas amarras, -- a alma não vai. Mais uma vez dizendo... nossas mentes estão voltadas para a matéria, para a terra mesmo; e não podemos mudar isso de um dia para o outro. Epiteto, filósofo escravo, disse que temos que treinar nossos desejos com algo que na teoria desprezamos, mas ao mesmo tempo seja útil a nós. Nesse caso peguemos uma xícara, como exemplo...

O que podemos sentir quando uma xícara cai ao chão? Um pouco de decepção, outro pouco de raiva, e quando pertence a alguém que um dia se foi? Nossa, que coisa hein! É uma maneira de refletir, pois não podemos ficar presos a pequenas coisas que, em nossa vida, são o que são, e nós, como é de nossa natureza, damos tanto valor que caímos no ostracismo em relação a nós mesmos.

Entendemos, daqui para frente, que as coisas são o que são. Uma xícara, por mais bela que seja, um dia, vai cair e se quebrar, assim como a um carro, uma tinta de uma impressora, que vai acabar tão rápido que não vai dar nem tempo de imprimir o que nos interessa.

Depois de tudo, levamos paras as pessoas que amamos – nossos filhos, esposas, irmãos... – de modo que, ao abraçarmos, dizermos bem baixinho “um dia eles voltam à sua origem” – é uma forma educada de dizer “eles vão morrer um dia”. Dessa forma, com o tempo, sofreremos menos e enfrentaremos com serenidade nossas perdas pessoais.


Percebemos, assim, que o nos incomoda nada mais é o que pensamos acerca dos acontecimentos, não os acontecimentos em si. Vamos refletir sobre isso, tentando amenizar nossos males, já que não podemos eliminá-lo por completo. 





Volto sem ilusões.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Desejos. Patrões impacientes

Viver, uma Arte.

Como a brisa em teu rosto.


Já percebeu que, ao passar em frente a uma vitrine de sapatos, roupas, brinquedos..., de repente, levamos alguma coisa, simplesmente para suprir aquela vontade, aquele desejo? Isso acontece normalmente com as mulheres, que compram brincos, sapatos, vestidos, etc, mesmo sem precisar...

Acontece que nossos desejos – não só o delas – são como mestres que mandam em nosso corpo, em nossos instintos, os quais exigem satisfação quase que imediata – digo quase porque sou homem, mas tenho a certeza de que com o sexo oposto a reação seria instantânea... Lá vai cartão, cheque, grana... E a explosão no fim do mês. O bom disso tudo é que sabemos o que nos causa mal, e nos distanciamos. Será?

O desapontamento por não conseguir é real. Aquele incômodo, a angústia por não ter o que queremos, as razões, as meras e simples razões que não explicam nada, e nos deixam pensativos.. Tudo isso nos passa pela cabeça.

Não precisamos disso. A filosofia, essa ferramenta que nos conduz a repensar nossos valores, comportamentos, caminhos, e mais, questionar a respeito do que realmente podemos e queremos, no fundo, pode nos auxiliar nas escolhas do que podemos ou não...

Se pretendemos suprir nossas reais intenções de liberdade, temos que olhar para trás, observar o que temos feito em prol de nós mesmos, no sentido de criar meios  simples (não complexos), e ao mesmo tempo disciplinares, baseados em estruturas psicológicas que deram certo.

E a filosofia – como a maior das estruturas – nos diz que temos que saber lidar com nossos desejos, e como mandante o centro. E este, como mão que manipula a vontade egoísta, deve, por assim dizer, ser alimentado de atos que estejam em harmonia com a natureza, com tudo.

Sei o quanto é difícil, pois estamos lidando com milhões de anos em educação desvirtuada de sua origem. No entanto, somos humanos, e quando queremos nos levantar de nossas camas, o fazemos. Quando temos ganhos a receber, quando ninguém nos segura para realizar nossos desejos, enfim, somos humanos, e pretendemos alcançar, de algum modo, sem a obediência externa e sim interna – aquela que podemos ouvir – a tão sonhada felicidade.

Para isso, precisamos “treinar”, com pequenas coisas, deixando de lado as que não nos interessam, ou melhor, que nos atrasam em relação ao nosso ideal, e uma delas é se afastar daquilo que nos causa mal – ou seja, que nos afasta da paz, do amor, da família, das pessoas que amamos – ou seja, de todos os caminhos que se revelam contrários e sem volta ao nosso.

Saber Evitar

O que está sob meu controle já se sabe. O que não está também. Mas é preciso entender que, se não houver uma prática a partir do seu centro, a determinar os desejos de sua personalidade, nossos passos serão apenas teóricos – e não há passos teóricos.


É preciso buscar ser harmônico. Assim como uma música que toca ao fundo de uma paisagem bela, que retrata o pôr do sol; como uma brisa que faz bailar uma árvore fina, pela manhã; como uma lágrima que transborda ao ouvir uma sinfonia... Não há nada que possa tirar isso do ser humano. Não adianta ser brusco com um ser (nossa persona) que foi transformado no que é em séculos; mas é possível, por meio das tensões naturais – como da onda que vai e vem, em razão da luminosidade da lua; como farfalhar da selva, do espreguiçar de uma criança... – não a tensão do homem que quer, a qualquer preço, mudar alguma coisa em prol de si mesmo...

Para nós, que queremos ser humanos e felizes, temos que evitar buscar a dor ao prazer interno.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Viver, uma Arte. Reconhecer o Mundo


Reconhecer o que as coisas realmente são.
 Passo fundamental.




...Sei que soa um tanto quanto egoísta, como diria alguém que lê ou escuta tais princípios, “E.. eu poderia ajudar alguém?.. Estaria me metendo na vida dela, se eu fizesse isso?”. A questão não é essa. E sim tomar aquilo que é seu como algo que é realmente seu; e o que é do outro é dele, só isso. Não tem nada a ver com auxilio ao próximo, e sim de responsabilidades, daquilo que lhe compete.

Pode-se ajudar em todos os sentidos se o quiser, no entanto, não podemos abraçar causas maiores que nossos braços, pois já temos causas e consequências em demasia. Um dia um grande amigo e professor me disse... “Já nascemos com caixas de abelha em nossas mãos, e desde pequenos sabemos lidar com nossas abelhas. Agora, pegar outra caixa cheia de abelhas somente porque temos pena...?”.

É uma grande responsabilidade, mais uma vez repito. Vai nos sobrecarregar de certo modo mais do que já o somos. Isso não tem nada a ver com não ajudar. Se quisermos fazer um favor a um amigo, emprestar dinheiro, por exemplo, que o façamos, mas não podemos nos acostumar a isso, pois criamos uma dependência dele para conosco. E, por tabela, nos sentiremos responsáveis por mais um ser que poderia, com suas próprias mãos, independentemente de nossa ajuda, encontrar um meio, uma saída...

Tal meio e saída são caminhos que ele mesmo encontrou, dentro de suas possibilidades, não da nossa. Assim, dando argumentos para que, com suas ferramentas, encontre e realize seus objetivos, e mais tarde tomando consciência de que pode ser feliz por si mesmo, não pelo outro.

Mesmo e apesar de tudo, o primeiro passo, o de saber distinguir o que é nosso, ainda bate em nossas portas, como criança querendo ir ao banheiro, pedindo respostas ao que não foi suprido na prática. E prosseguimos, mesmo assim, porque sabemos que o mistério das práticas revela-se no dia a dia.

Reconhecer as aparências...

Epiteto, grande escravo que mais tarde se tornou um grande estoico, nos dizia que, se nos acostumarmos a olhar as coisas pelo que elas são, não teremos problemas em firmar mais um compromisso com a liberdade, com a felicidade que tanto buscamos. Por que o filósofo diz isso?

Em primeiro lugar, Distinguir o que é nosso, em segundo, controlar aquilo que nos compete, e depois, reconhecer as aparências... Aqui, nessa última, percebe-se que estamos tentando moldar nossas personalidades, elucidando as figuras diárias a que temos acesso. É um exercício interessante, se o perceber, pois tudo que percebemos, tocamos, objetivamos, tem uma semântica natural que colocamos, independentemente do que realmente a “coisa” é.

Ou seja, damos um uniforme (uma roupagem...) ao que vemos, ouvimos, percebemos com os nossos sentidos. Um cego, por exemplo, sempre imagina como são as coisas, não o que elas são, dando assim roupagens o tempo todo ao mundo dele. Nós, pelo menos os que querem ver, podemos ver as coisas como são, tocá-las, respeitá-las, não ludibriando nossas mentes, trazendo à tona características, às vezes, mais do que infindáveis.

Mas que fique claro uma coisa: esse exercício é somente àquilo que nos desagrada. Devemos tomar muito cuidado como isso... Como por exemplo, quando aparece uma pessoa cujos trajes são de um sobrevivente das ruas, enfim, de uma pessoa pobre.

Esta mesma pessoa, um dia, vem pedir-lhe uma informação acerca de um ônibus, ou qualquer coisa parecida, mas que lhe surge de repente, do nada. Bum! Aí, você pensa... “É um assalto!!”, achando que a pobre pessoa é uma ladra.. Ou mesmo um pedinte.

Depois de tudo, pelo rosto da pessoa, pelo constrangimento e ofensa que meus olhos passaram a ela, a pobre lhe diz “calma, moço, eu só queria saber se o ônibus tal passou...”. E você, com vergonha de ter sido um destruidor de princípios naquela hora, diz... “Me desculpa, minha senhora, por favor. Seu ônibus, por acaso, não passou...” – e na tentativa de jogar-se no meio dos carros de tanta vergonha, vira-se, olha-se para o chão e prossegue a vida, tentando entender o que aconteceu...

O nome disso é, segundo a filosofia indiana clássica, produto kama-manásico, do qual saem pensamentos obtusos, que se realizam em razão de inconscientes coletivos que já estão enraizados em nossa alma.  Ou seja, a sociedade nos faz pensar que qualquer pessoa que use trajes inadequados em lugares idem (além de outras formas de pensamentos) vem a ser indivíduos que passem pela nossa desconfiança, não confiança interior. O medo, o pavor de assaltos, unidos a isso, nos faz mais desumanos.


Vamos então esvaziar nossas mentes para que não sejamos árvores com frutos preconceituosos, pois temos que ser felizes observando o próximo, dando margem para que ele se aproxime de nós, sendo ou não pedintes, bem ou mal vestido, contribuindo com o Ideal.








Volto sem rodeios.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Viver, uma arte. Sob o Meu Controle.

Consciência do que nos compete. Semente essencial.




Desde pequeno somos levados a abraçar diversas responsabilidades. Quando pequeno, eu já tinha aquela vocação natural de ajudar os outros. Essa vocação, no entanto, começou a se extinguir de meus hábitos ao saber que tudo que abraçávamos tinha um preço a receber ou a pagar. Acho que todos somos assim, e por isso talvez os jovens de hoje fogem de pequenas responsabilidades, com receio de pagar pelo que fazem, mas de receber... não.

Mas também somos levados a entender que há momentos na vida que temos que abraçar causas alheias de modo a sobrecarregar nossos ombros, já cansados de outrora, e nos acostumar com isso. No entanto...

Pela tradição, para a busca de nossa felicidade, somos obrigados a tornar a alma mais leve, mais livre. No texto anterior – quando me refiro ao principio básico natural de todos – a distinção entre aquilo que podemos controlar (interno) e o que não podemos (externo) nos mostrou que é fundamental ter essa consciência, e principalmente a prática dessa lei.

É bom entender que até mesmo os grandes homens, que poderiam ser rebeldes, e jogarem tudo para cima, tinham a consciência de que Liberdade era seguir a lei natural da vida, e, quando governantes, levavam tal hábito ao povo, transformando seu país em paraísos terrestres. Assim era o Egito.

E ao falar de leis naturais, nos assombramos, pois o que conhecemos nada mais é que uma série legislações voltadas ao comportamento humano, com finalidade de respeitar a máquina, o estado, não o ser humano, a natureza; e se o há, mostram-se distorcidas, estanques, frias, sem aquele “link” com o passado.

De volta ao nosso Ideal.

O próximo passo, segundo as entidades clássicas, é ocupar-nos com o que podemos controlar. É um passo e tanto, porque vai nos levar a repensar os valores fúteis dos não fúteis. E nossa natureza, na maioria das vezes, ao saber a diferença, ainda preferimos os fúteis... Por isso, adotamos referenciais, e o nosso, aqui e agora, é sermos livres (no sentido filosófico) e felizes, baseando-nos na tradição.

E a tradição nos diz que ocupar-nos com o que podemos controlar é o segundo passo para céu. É só imaginar-se dono de uma manada de cavalos. E você, um grande fazendeiro, tem quilômetros de chão só seu. Rico, poderoso, cheio de empregados, sempre à espreita, contando, de longe, quantos cavalos tem, resolve sair e deixar seus empregados tomando conta de tudo; porém, ao chegar, percebe, com o olhar que só o dono tem, que vários cavalos, numa manada de três mil (!), já não estão mais entre eles...

Ao questionar os empregados, fica sabendo que alguns se mandaram pelo deserto, outros morreram, mais alguns roubados, enfim, que, de algum modo, não tem como trazê-los de volta. Tudo se transforma em pesadelo, e você não consegue lidar com a situação, acreditando que nunca poderia ter acontecido tudo aquilo em anos de criação, e começa a adoecer, e os empregados começam a sentir o mesmo, e se demitem; os cavalos, um por um, começam a adoecer, e a maioria morre...

Perceberam que a diferença entre a responsabilidade e aceitação natural das coisas estão fora de sintonia? Se ele levasse em consideração certos fatores que acontecem na vida, assim como nós o aceitamos, poderíamos irrelevar o ocorrido, ou se precavendo, remediando, contratando mais vaqueiros, enfim, fechando todas as possibilidades de um acontecimento semelhante no futuro...

O vaqueiro se descontrolou internamente, desacreditando em si mesmo, naquilo que lhe competia -- fazenda, cavalos, empregados... -- deixando que uma bola de neve se fizesse em sua alma, adoecendo sua alma em razão de seu descontrole.

Claro que a imaginação é falha, mas tudo isso tenta explicar que, se temos a consciência do que está sob o nosso controle, ou seja, que há inúmeras possibilidades naturais que possam modificar nossas vidas a qualquer momento, podemos ser mais firmes e fortes, e livres de dores e rancores que nascem circunstancialmente lá dentro de nosso peito.

Se mantivermos controle ao que no compete, não teremos problemas com outros – amigos, irmãos, -- e não criaremos, em nosso meio, uma realidade imutável, a partir do que não podemos controlar. É preciso atenção nesse aspecto, pois isso equivale a não fazer nada que não somos obrigados e que não nos compete – mesmo abrindo mão de pequenos valores, que, no passado, acreditávamos ser tão importante para nós...


Deixe os cavalos irem embora. Daqueles que não querem ir cuide bem.



Volto sob controle.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Viver, uma Arte – Distinguir o que é Meu (ii)


Distinguir o que é meu. Sabedoria.




...Como eu havia falado, não é gratuito qualquer que seja a decisão em relação a uma personalidade viciada em desejos terrenos, pois o que mais lhe compraz é viver de suas próprias regras profanas ou fugir da simplicidade que se assemelha ao espiritual. E este, ao contrário do que muitos comentam por aí, não precisa ser em meio a gritos ou a tentativa de entortar corpos para “conversar” com Deus...

Tudo é uma questão de compreensão, sensibilidade, sobriedade. Pois se sabe que até mesmo os grandes homens do passado – inclusive o próprio Cristo, -- não chegava a lidar com Deus, seu Pai interno, como um menino clamando o pai de longe, a ouvir seus berros e realizar seus desejos de paz, amor, etc.

A praticidade, talvez a que chegue mais perto de alcançar os valores humanos e divinos, por meio da integração, trabalho, lealdade e virtudes diárias, é o melhor dos gritos às divindades – qualquer uma delas. Claro que não devemos descartas as orações, meio pelo qual muitos religiosos pedem a Deus proteção, e firmeza no dia a dia, mas esta não seria grande coisa se não houvesse os conflitos do mundo – do nosso mundo.

Por isso, temos a Filosofia...

E a rolar o texto anterior, eu havia dito que o mais importante é saber distinguir o que é meu ou não. O que está sob o meu controle o não. É o primeiro passo para entoar uma vida tranquila e livre. Contudo, para muitos, inclusive para este que lhes escreve, saber lidar com esse principio após uma certa idade, é dar cavalo de pau em um cruzeiro marítimo, o que significa que para a maioria seria tão difícil quanto...

Não interessa. Se estamos com a finalidade de sermos felizes conosco mesmos, pratiquemos essa oração diária, a meditar sobre o que está sob o nosso controle e o que não está.  Como diriam os tradicionais, levar esse inicio de principio como se renascêssemos aqui e agora. E só depois de aceitarmos esse fundamento, podemos dar mais passos em direção ao nosso ideal.

E o que está sob o nosso controle? Como distinguir?

Qualquer coisa que nos vem de fora. As amizades, as paixões, os desejos de riqueza, nossas economias, nossos sentimentos... Aqui, neste último, de algum modo, somos tomados pelos instintos, os quais, ainda que tenhamos pensamentos voltados ao Bem, e fazemos de tudo para realizar desejos nesse aspecto, eles, os instintos falam mais alto.

Mesmo assim, a tentativa de lidar com ele, controlá-lo, já é algo inerente à tentativa de ser feliz consigo mesmo, que é o nosso ideal. Não nos desgastamos com ele e iniciemos do mais módico meio de domá-lo. Como? Dando ao instinto somente o que é dele, mas somente filosoficamente falando, ou seja, não satisfazer loucamente, com a um cão sem dono, criando mais consequências para uma personalidade que está se iniciando, que está se moldando...

E se pretendemos ser feliz, vamos ouvir a voz interna de Deus, ou como diriam os heróis do passado, dos deuses; então, que façamos da maneira mais simples possível. Tal tentativa já nos faz um pouco mais divinos.

A Distinção

Nossas opiniões

Todas elas estão sob o nosso poder, contudo, as levamos como se fossem parte de nós, como se fossemos parte dela, tal qual um pêlo de cachorro, que vai para onde o animal for. Não podemos ser assim... Se a opinião está sob o nosso controle, quer dizer que podemos mudar a qualquer hora, a qualquer minuto. Ser inflexível nesse ponto é perigoso.

O que nos traz repulsa

Nosso ódio, nossas repulsas, sentimentos que, como garanhões, saltitam tentando nos desfazer de nossos simples objetivos, quiçá ideal.  Tais sentimentos são obtidos no decorrer de nossas vidas, e isso é manipulável, mutável, remediável, ou seja, são inatos. E se o são, por que possui-los como a um filho em nós? Até mesmo os filhos, até certa idade, estão sob o nosso controle.

Influencias diretas

Se somos influenciados, cuidado. Se influenciamos, idem. Nada é mais triste do que um homem que não busca seus reais valores e com ele leva milhares de pessoas a acreditar em filosofias superficiais. Tais valores são meros papeis de valores, pois nada trazem no fundo, tão vazios, pobres e relativos. Tais influencias podem ser mudadas, buscando trajetórias internas das quais grandes homens do passado nos deixaram, por meio de livros, músicas e poesias clássicas, que um dia levaram o homem à humanidade.

Não está sob o nosso controle...

A morte. O crescimento. As mudanças físicas. Onde nascemos. E mais, se represento algo grande ou insignificante na opinião dos outros. Isso não posso mudar. Se sou o que sou, não posso de deixar de ser apenas porque me veem de modo contrário. As mudanças de visão das pessoas com relação a mim, mudam por si mesmas; não porque eu quero. Se houver essa possibilidade, não será absoluta.

Enfim, as coisas externas não dependem de nós; as internas sim.





Volto com mais beleza e arte.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Viver, uma arte. Distinguir o que é Meu.



Nossa natureza é ser feliz.


A filosofia sempre foi um meio pelo qual as pessoas se questionam para a compreensão do meio em que vivem. Foi mais. Foi um meio natural de participar da vida sempre visando     à prática correta dos valores tradicionais, ainda que com todas as intempéries servidas pelos deuses, com vistas ao crescimento humano.

No entanto, tal crescimento se revela vertical demais, ao passo das necessidades externas, as quais visamos ou somos educados para obtê-las. Explico. A parte interna, a alma, esse ser que pulsa em nome dos céus, que preza a terra graças aos nossos desejos, vontades mal direcionados, fica um tanto quanto distante de nossos reais valores.

E, por falar em valores, como os praticamos? O que seriam? Seriam partidários? São natos ou inatos ao homem? Por que deve haver os valores?...

Quando a alma ouve uma música clássica, a certeza de que chegou à sua origem é muito forte, pois ela se sente inclinada a degustar de cada instrumento, como se fosse uma criança presa a um desenho animado, a fazer-lhe graça, pela simplicidade e amor. A música, a poesia, quando voltadas ao belo, têm essa perspicácia de atingir a alma, e esta o céu...

Todos valores – éticos, morais, virtuosos, etc... – são atemporais, apartidários, natos (nascidos da natureza), que servem, desde que a primeira partícula se expôs ao universo, para a compreensão espiritual do todo.

Contudo, não se faz de imediato essa compreensão – mesmo porque somos humanos, e isso significa que questionamos, temos dúvida, erramos, caímos, levantamos, entramos para o mal, somos injustos, voltamos a sermos justos, percebemos nossos erros, e sentimos a necessidade de nos elevar internamente e externamente...

Necessidade estas, no entanto, meio capengas já faz tempo. Pois o homem atual tornou-se caçador de si mesmo no sentido mais literal possível, tentando exterminar todas as possibilidades de ascensão de si próprio, deixando-se reger pelo capitalismo e outros ismos, os quais lhe dão mais conforto – ainda que passageiros. Sem falar em seu racional, ferramenta poderosa, que, antes, servia de elevação, busca de conhecimento, integração, e hoje, beira a terra, ao chão propriamente dito, e simbólico.

Mas (sempre há um Mas), em meio a esse lixo metafórico e quase certo, pessoas há nesse mundo que reverenciam a vida, e se preocupam em lidar com os valores, tornando-a um pouco melhor. Seja por meio da filosofia, essa ferramenta maravilhosa de busca ao conhecimento, à verdade, seja por meio de grupos religiosos dentro dos quais se respeitam questionamentos, e mais, respostas; há sempre homens de bem, mulheres de bem, que, guerreiros do dia a dia, seguem aquele Algo por meio de tarefas simples, a deixar, como caracóis, brilho em seus caminhos...


O primeiro passa para nos tornarmos caracóis.

Distinguir o que é nosso.

Já que há buscadores nesse mundo, pensemos na grande filosofia do passado, com intuito de levar a nós mesmos, por meio de atos simples, inerentemente humanos, a felicidade que tanto buscamos.

Então,

Se visamos a felicidade, em qualquer meio em que estamos, no trabalho, na família, nos estudos, debaixo da ponte ou não, temos que saber distinguir o que é realmente nosso. Não é algo gratuito, mas também é algo podemos dizer... “É humano”. Pois não se vê isso em outras espécies, graças a cada uma delas já existirem religados às suas naturezas.

Nós também, contudo, como diriam os indianos mais tradicionais, “temos o Kama Manas”, uma espécie de subcorpo, que não se satisfaz de um dia para o outro. Muito pelo contrário. Ele, o Kama Manas, por ser chamado de a mente egoísta, ou individualista, deve ser domado e levado, assim como um pequeno cão a aprender a lidar com o mestre, o dono, ou melhor dizendo, com o que mais subjaz ao ser humano.

E quando tomamos decisões do tipo: quero separar o que é meu do que não é meu, é como se ligássemos um botão de alerta, pois nossa personalidade, educada por princípios errôneos, vai gritar baixinho a depender do que estamos pedindo a ela, por isso, vamos iniciar com o que mais pediram os grandes filósofos. Vamos distinguir o que é nosso.




Volto com mais filos.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Viver, uma Arte.


Saber viver. A maior meta.




A tradição Ocidental é sempre deixada de lado, quando se comparada às filosofias do Oriente. Muitas vezes, desdenhamos o pensamento platônico, socrático ou mesmo de Epiteto, o grande escravo, que um dia revelou-se um dos maiores estoicos de todos os tempos, sendo, até mesmo, mestre de Marco Aurélio, o general-filósofo

Mas não estamos aqui para comparar, ou desdizer filosofias, comportamentos, nem colocar na balança o que o Ocidente nos deixou em relação ao Oriente. Estamos aqui para trabalhar-nos no sentido de dizer a todos que a vida vale à pena, e pegar filosofias, sejam elas de Confúcio, Lao Tsé ou mesmo Sócrates, com o intuito de mostrar que todas elas foram-nos direcionadas com um sentido... De dizer que a vida é uma arte.

Ponto sustentável

Para os grandes da época, para os clássicos pensadores, a alma seria o ponto sustentável do homem, pela qual se conseguiria encontrar a paz celestial por meio da virtude, da moral e da ética. Muitos filósofos viveram intensamente tais valores e foram perseguidos em suas épocas, no entanto, nunca deixaram de relatar suas experiências, como o grande Marco Aurélio, em suas batalhas, Epíteto, após sua iniciação, aos discípulos; Platão, após a morte do mestre, em suas obras...

Todos de alguma forma, até mesmo o grande Confúcio, filósofo oriental, necessitou explanar sua sabedoria em uma época “sábia”, para não dizer difícil, mas que fora suficiente para que nos deixasse legados os quais sintetizam outra necessidade... a de nos conciliarmos conosco mesmos a partir de princípios idealisticamente fortes.

Traçar metas

O que nos falta, então, é traçar uma meta, um objetivo, com vistas a melhorar nosso meio, a partir de valores que todos os filósofos nos deixaram. Assim como os grandes do passado, tudo deve ser feito a partir de nós mesmos, ainda que demore, pois, nem todos os planos, por mais fantásticos que sejam, nem todos os projetos mirabolantes, são agraciados de um dia para o outro – muito pelo contrário. Aprendemos que, se o projeto é material, podemos visualizá-lo, vê-lo terminando, assim como a construção de uma casa...

Se há em nossos planos objetivos (metas) sociais, como construir uma empresa, traçar sua filosofia empresarial, contratar empregados, demora um pouco mais – ou até mesmo podemos desistir dele; contudo, se há ideais em nossos horizontes, como tentar entender os mestres do passado, os valores atemporais que nos deixaram, precisamos entender que não é algo gratuito, pois teremos que deixar pelo caminho muitas coisas... até mesmo nosso caráter mal informado acerca do que somos.

Enfim... O que pretendemos não é uma meta, projeto, objetivo, mas um ideal, que vive lá fora, pulsando em nome de uma natureza bela, a espera do homem. E esse grande ideal pode ser vivido, aqui e agora, em nossos meio, dentro de nossas possibilidades, seja no trabalho ou como diria um grande professor, dentro do banheiro – por que não?

Ao Bem

Enfim... se temos algo em nós que tenta progredir em direção ao bem, e se nossa meta é viver em prol de uma vida bela – ou pelo menos tentando – mesmo com elementos que temos atualmente, pensemos um pouco nesses pais que receberam do grande espírito essa missão, a de nos fazer filhos a caminhar em retas naturais e humanas, mesmo com todo capitalismo que nos circunda; mesmo com todas as falsas políticas, religiões, humanidade, honras que nos rondam como insetos em busca de uma luz.

A única luz a que devemos buscar é a da vida. E tentar entender, ainda com nossas parcas ferramentas, tudo que nos ocorre sempre à luz da filosofia, a incorruptível filosofia clássica, a qual, mesmo após dois mil anos, demostra força o suficiente para responder os complexos questionamentos humanos.


Reunir esforços internos com a finalidade de melhorar nossas vidas, nosso entendimento acerca do universo, da natureza... Ser mais humano, mais feliz. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O Sol da Justiça








Quando o desânimo nos vem pela manhã, sem aquela vontade de levantar, sentindo o corpo mais pesado do que nos dias anteriores, percebemos que há algo errado. Ou trabalhamos demais no outro dia, ou nossos problemas querem nos arrastar para debaixo do chão, ou simplesmente enfiar a cabeça dentro dele, como avestruzes

Quando não há forças, unido à falta de objetivo, a cabeça tentar buscar meios para ficar alojada em si mesma, e assim, encontrar desculpas dentro de uma série, que há muito tenta transbordar nessas horas vazias. O abismo se faz.

Caímos como crianças e não levantamos como adultos velhos, os quais não queríamos ser nem em sonhos; e percebemos que chegamos ao fim do túnel, cansados, sem uma palavra que possa nos resgatar a autoestima.

... O que nos aconteceu?

Castelos de Areias em demasia. A insensata busca pelo concreto, pelo físico, pelo material, sem aquela força que há muito nos deram, a chamada espiritualidade. Nela, poderíamos (e podemos) erguer castelos internos, nos erguer, nos transformar, e se perdemos por um instante nossas metas (ou objetivos), ela nos refaz do nada.

O mal não é a busca, mas a insensatez de uma busca. Todos, de algum modo, em algum nível vamos atrás de alguma coisa, não adianta mentir, e dizer que não somos materialistas, pois somos mais que isso: somos incrivelmente doentes.

No entanto, se não houver uma meta, um objetivo que nos direcione, não adianta:  deve haver algo que nos sustente internamente. A cena da cama é uma entre milhares que se repetem com pessoas que não conseguem estabilizar-se financeira ou psicologicamente, pois não possuem uma luminosidade que, por sua vez, antes de tudo, teria que ser educada para a consecução de seus fins, principalmente materiais, pois a matéria por si mesma não é nada.

Prova disso é quando a maioria consegue “realizar” seus sonhos de conforto: querem mais e mais. Sem falar naqueles que possuem profissões que um dia tanto sonharam, até o salário, porém lhes falta algo. Daí a corrupção, as quadrilhas, a máfia...

Em outros, no entanto, sobram espiritualidade – essa moeda tão esquecida pelo homem – em histórias de pessoas simples que encontram malas de dinheiro, e a primeira coisa que pensam é devolver. Muitos se questionam a respeito disso; é como se estivéssemos a falar de seres extraterrestres que encontram dólares, reais, euros em quantias exorbitantes e... ponto, devolvem sem a mínima dor.

A única dor que fica é a do ser humano que necessita de um pequeno raio de sol. Não desses que se abrem a janela, e lá está um grande circulo maravilhoso. Não. Não é deste que falo. Falo de uma fresta que há muito nos incomoda e nos faz refletir acerca de tudo que nos cerca, dessa organização infinita da qual participamos e que é refreada pelas circunstâncias conflituais da vida.

No entanto, se déssemos ouvido a esse pensamento, se pudéssemos ver essa fresta, se pudéssemos sentir esse pequeno sol, que nos alimenta de respostas puras e ao mesmo tempo nos consome se não o alimentamos... Mas é apenas por um instante.

É como se em meio a uma turbulência lembrássemos uma palavra que foi dita para ser encaixada em contextos semelhantes àquele porque passamos, e quando tal palavra é lembrada, sorrimos, e percebemos que não passa de uma ilusão revestida de beleza ou até crueldade, mas não deixa de ser ilusão...

E quando entendemos que toda aquela ilusão é uma necessidade? Aí iniciamos um nascimento, o nosso, pois sabemos que também somos parte dela, e trabalhamos por ela, pois o universo, tudo ao nosso redor, depende do que fazemos, e quando não nos levantamos e pesados estamos, e voltamos a dormir, deixamos de entender parte de uma infinita leva deles que se subjugam secretos.


Os mistérios


Deles não se descobrem nada de modo racional. Apenas em atos insensatos de homens e épocas mais insensatos ainda; depois disso nos vem a ânsia de correção -- como diriam os antigos, do Darma em cada um -- de uma linha entre os deuses e os demônios, e por ela passamos, como se fossem andarilhos. Muitos, por assim dizer, caem para o lado do mal por falta de referenciais; mas a maioria, entre idealistas, religiosos, filósofos, e homens de bem que anseiam pela paz, pela justiça, descobrem que nossa natureza é passiva de elevar-se por meio da resolução dos mistérios que se encontram em todos os momentos de nossas vidas.

Descobrem que, mesmo como ilusão, a injustiça, o desamor, ou seja, a separatividade criada pelo homem, nos serve de elevação, pois funcionam como degraus na maioria das vezes, contudo, também como monstros que nos devoram e nos corrompem... 

Por isso, ao acordar, levantar, tornar-se um homem que luta em prol do bem humano, é levantar em favor do ideal humano, este pelo qual nascemos com a tendência (que nos é tirada pelo capital); mas, ao nascer de novo, aqui e agora, para a realização de nossos pequenos objetivos, materiais ou não, podemos começar, sempre, pois o sol da justiça nasceu conosco, em algum lugar de nossas almas.








A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....