segunda-feira, 30 de maio de 2016

Ética e Moral, de novo (iii)





Depois de reverberarmos acerca do que é Moral e Ética, depois de salientarmos a necessidade de sermos éticos em determinadas situações nas quais nos sentimos dúbios em relação ao que é ético ou não, façamos uma reflexão acerca do assunto, que, na realidade, nos coloca na parede, nos instiga quanto ao que somos e o que podemos fazer no nosso meio.

Dentro que foi proposto, temos uma ligeira definição do que é Moral e Ética, ainda que sejam relativos e que cabem em nosso bolso. Em nossos pequenos atos, em nossos pensamentos direcionados a projetos, à prática diária de atos que podemos nos levar traduzir o que a circunstância pede.


Enfim, sabemos que da micro e larga escala podemos tratar da moral e da ética como valores que nos surgem como teóricos e práticos, no instante em que visualizamos o passado, não muito longe, e que este passado, enraizado de tendências mutáveis, nos mostrou que a própria moral é mutável a partir do momento em que ela nos serve como meio e não fim; Assim o é a ética também.



Entretanto, se olharmos para trás um pouco mais, e observarmos as páginas clássicas do legado platônico e aristotélico, percebemos que eles não se referem apenas a essa trajetória cíclica e mutável de valores que abraçamos e nos tornamos donos, não. Falam, acima de tudo, de uma grande moral que está acima, ou melhor, dentro de nós, e que não sucumbe a época alguma, mesmo porque se realiza e realiza o homem quando este a idealiza.

Na Grécia e Roma douradas, sem falar no grande Egito, podemos salientar, em determinadas épocas, que deuses mitológicos faziam parte daquelas nações, e traduziam o sentimentos daqueles povos em referenciarem-se em algo maior, transcendente, elevado. Precisavam que suas almas estivem de acordo com o grande Eu Cósmico. 

Assim era a moral. A prática de valores sagrados dos quais os homem retirava sua educação e repeito não somente aos povos, aos deuses, mas principalmente a si próprio. Por isso, haveria de ter sempre os mitos, as lendas, os contos, nos quais personagens heroicos, do nada nasciam, se revelavam donos do mundo, do universo, mas sempre organizando o grande céu.



Hoje, na grande divisão de águas que criamos entre o que queremos e o que é certo, repetimos mentiras que se tornaram verdades, jogamos com vidas, criamos heróis falsos, e morremos sem saber o que fizemos, e assim nasciam atos éticos e morais interesseiros, dentro de tribos, clãs, desconexos com o sagrado, e que nos gerou partidos, e dentro deles mais divisores de sociedades, sentimentos, valores -- palavra que se desconectou do seu real sentido...



Em todas as épocas, claro, havia uma âncora, um sábio, um governante que se poderia confiar atos que religassem com o alto. Tal governante, egípcio, grego ou não, teria que ter por obrigatoriedade um pouco de sacerdote, um pouco de Deus. Mesmo porque, hoje, ao perceber que somos um pouco morais em relação ao próximo, podemos realçar o que realmente somos, na tentativa de alcançar um pouco nosso céu, ainda que não sejamos faraós, governantes, mas donos de algo que pede internamente para sermos morais e éticos.






Voltamos.




domingo, 29 de maio de 2016

Ética e Moral, de novo (ii)





Lembro-me até hoje do dia em que Antônio Carlos Magalhães, eleito eterno patrono da Bahia, como senador, pego em uma grande rede corrupções em Brasília, a ler um relatório que nele constava suas desculpas quanto ao seu envolvimento no episódio, que, naquele dia estarrecia o país, mais uma vez, para variar... “É uma crise moral..,”, dizia, com um ar de rei na tentativa de imacular (ou rasteriamente, tornar pura novamente) a própria imagem, que já estava mais suja que carpete de vira-lata.

Quando dizia isso, acerca da moral, seguia a moral partidária, na qual se encontrava, na qual mandava e desmandava. Ali, em meio a vários colegas senadores, poderia arrancar lágrimas, aplausos, mas não poderia estar nem perto dos princípios que a moral mais básica pedia... Que era a coerência.

Com esse exemplo isolado, advindo de alguém que se transformou em uma pessoa pública de poder, que angariou votos em meio a ignorantes, dos quais só se consegue a maioria por ser quantidade e não qualidade; em meio a um sistema no qual coronéis são eleitos e reeleitos, graças ao medo das decapitações sem escolhas, traduzindo sentimentos no voto – seja ele de revolta ou de medo, o coronel, eleito por maioria dos iletrados e românticos, pela corrupção em nome dos santos, morreu como santo.

Não apenas ele, mas idem os grandes coronéis que hoje se assentam no topo piramidal de um sistema que se sente confortável em lembrar que ética e moral são apenas conceitos que se se podem criar de forma estanque quando e onde quiserem... Sem qualquer ligação com seus reais significados...

 A incoerência não estaciona, portanto, em digladiações acerca do indivíduo errôneo, com seu ato mais errôneo ainda, ao jogar a lata de cerveja pela vidraça de seu carro, e nós, a criticá-lo... não. É possível que cheguemos ao consenso de que estamos errados, mas continuaremos errados, graças às tangentes que assumimos quando somos nós mesmos, quando profissionais, donos de casa, até mesmo presidentes, seja de qualquer instituição ou mesmo de um país.

Moral que transcende

Está na hora de falar da Ética e de uma uma moral que nos transcende. Há uma moral natural em que o homem sob suas asas vive, maculado por seus conceitos que ele mesmo cria, simplesmente por não olhar ao seu redor e perceber que a grandeza dela subsiste e se renova a cada instante em forma de sol, chuva, terra, ar, fogo... Uma Ética que subsiste como elementos (ou subelementos) em seu corpo, em suas emoções, em sua intuição e, como micronaturezas, são responsáveis pelo transcender do homem ao céu. O ponto máximo da Ética e da Moral.


Falemos nisso no próximo texto.

sábado, 28 de maio de 2016

Ética e Moral, de novo.





Hoje o assunto é o mesmo de há milênios. Moral e Ética. Vamos tentar colocá-lo de forma natural, filosófica e mais do que tudo coerente com o que podemos ser:  práticos.

E um desses exemplos, da prática, ou na falta dela, podemos citar as grandes e desastrosas imagens de lixos jogados ao léu, destruindo imagens que poderiam ser símbolos de harmonia junto à própria comunidade, à sociedade, ou ao próprio homem, mesmo porque tudo que se faz é um reflexo do que a própria sociedade é.

E esses exemplos se iniciam com reclamações acerca de pessoas que jogam papéis fora de carros, ônibus, trens, e só não jogam das aeronaves porque seriam engolidos pela ventania! Mas, quando nos deparamos com situações gêmeas – de pessoas débeis, ou de educações idem – nos revelando detentores da verdade, reclamamos, chiamos, e até amaldiçoamos aquele ser, que se detém em fazer o que muitos “não fariam”, a jogar fora dos veículos o pequeno maço de papel, com um semblante que nos parece regadores de jardins do Éden...

Porém, em nossas diárias consecuções vitais, nas quais nos batem a preguiça, a raiva, o sono, o frio psicológico, o primeiro passo a dar é esquecer-se daquele débil, que sujou o mundo pelo vidro do carro... E nos transformamos em um outro: o hipócrita que busca razões para fazer melhor que o outro, só que, agora, com uma atitude que soe mais virtuosa..., tipo, “Eu fiz porque estava muito longe da lixeira, mas eu não sou assim não, sempre fui limpo!”.. E a incoerência continua...

Após racionalizar a desculpa – aceita por todos, claro --, continuamos sujando o mundo com ar de limpeza. E quando tomamos essa consciência, continuamos, e se houver um tapete para jogar por debaixo dele o que podemos varrer e leva-lo ao seu destino, fazemos! Contudo, somos limpos, e temos, a qualquer custo, moralizar a casa, as ruas, a sociedade, o mundo...

Reclamamos do animal racional, inculto, iletrado, que nunca pegou em qualquer gibi, em livros (nem pensar!), em jornais, a não ser para limpar casa de cachorro, simplesmente porque somos cultos, belos, letrados, somos bem vestidos, e isso nos torna líderes, heróis, éticos, enfim... Nós podemos ser sujos, eles, não.

E a hipocrisia continua... Chega aos palácios políticos, chega às montanhas nas quais o homem, singular em tudo que faz, deixa sua marca. Ali, a natureza, tão limpa quanto os céus, até o momento, recebe a chegada do homem ético, que quer refletir acerca de si mesmo, que encontra Deus em si, que transcende a realidade, encontrando o paraíso; entretanto, depois de descarregar seu arrependimento de ter nascido no mundo velho, despeja seu lixo social no topo do mundo...!


E muitos se perguntarão “ o que esse assunto tem a ver com ética e moral”? – e eu, claro, fico meio nervoso, conto até cem, volto e início assombroso assunto...

Nunca se falou tanto é ética, moral, religiosidade, política, grana, pobreza, riqueza, abandono, e nunca se fez tão  pouco em praticar o que realmente se almeja para entender os conceitos a que me refiro desde o início.

A Ética, depois de tanto refletir e praticá-la, percebo, está a resvalar nas vias abertas de uma sociedade estanque em seus  conceitos. Não se sabe, na maioria das vezes, o que se fala, o que se pede, o que se quer... E ainda sim, somos incoerentes ao que pedimos... Ao que que queremos no mundo. Parece-me uma grande e familiar bola de neve, feita de pessoas hipócritas, incoerentes, sem pais, filhos, mães, enfim, como se um grande esgoto a céu aberto, saindo das bocas, em forma de palavras, calhasse no meio da rua, e todos, sem saber, a pisar, e o produto, a feder, a ficar negro, tal qual piche, a colar sapatos... E assim por diante.

Frear isso é frear uma máquina de uma tonelada caindo de um precipício... Então o que faremos? Bem... se perdemos nossos referenciais, nada melhor do que resgatá-los, na tentativa de melhorar, pelo menos, o banheiro de nossas próprias residências! Ou seja, não há falar em ética mundial, em ética partidárias, em éticas pseudo-filos[oficas, em ética pessoal, se não sabemos nos portar como seres leais ao que queremos ser: coerentes.



Volto com o assunto”

segunda-feira, 23 de maio de 2016

O Dia em que o Mundo (o homem) Mudou


A maravilha do ser humano é ser utópico; mas mais maravilhoso ainda é que dentro dessa utopia temos a esperança de realizá-la.








A natureza se fez no homem, o reconheceu como parte; seus movimentos foram reconhecidos como sagrados e sacralizados pelos elementos que nela há, simplesmente porque ele, o homem, faz parte dela. Sincronizou-se com a Terra, percebendo que seu corpo, etério, nada mais é que uma forma concreta, formada por moléculas, células, líquidos dos quais a própria mãe terra se alimenta quando nela se vai.

Em sua forma mais densa, mais imperceptível, o corpo, elemento natural, que crescera e se desenvolvera com a grande mãe terra, é e sempre foi a parte matéria visível e o homem, hoje, reconhece que ainda que seja visível se vai, tona-se pó, sombras fora do seu alcance. Sabe mais, que suas estruturas, necessárias à humanidade, são relevos, assim como seu corpo, que some na velhice, unindo-se à terra.

Este mesmo homem reconheceu que se apegou ao etério do copo, do mais denso e frágil elemento que nele subjaz, viveu do mais frio e mais enganoso dos seres, o seu próprio corpo, que, interligado aos mais nobres elementos biológicos, tornou-se seu maquiavélico inimigo – do qual vivia, amava, cobria-se e por ele morria...

Sabe, agora e mais do que nunca, que sua terra é seu corpo; que nela se guarda o fruto do qual comerá e dela sobreviverá; mais do que nunca amará o amará, mas somente agora como forma expansiva, abrangente, e alcançará a força e a forma universal de onde vem outros corpos, como as estrelas, entre outros, os quais nunca enxergou, graças ao centro que criara em torno de si – leia-se, de um único universo que acreditava existir.

O físico, em sua complexidade, formou pontes em milhões de anos no homem, e com ele o astral, um corpo tão natural quanto o primeiro, por isso chamado de duplo etérico, graças a similitude com que age, quando o corpo sente... E esse corpo, o astral, tão usado como peneira para tapar o sol das nuances físicas, hoje, em meio a um mundo novo – como uma dimensão – alegra-se com os feitos heroicos daqueles que vieram para salvaguardar a paz, ainda que seja por meio de conflitos necessários, mas com um viés natural de uma ponte que refaz a todo instante com fins nobres, tais quais o do corpo...

Nada tão nobre, no entanto, é o homem completo, que vive agora por meio de sua energia em função dos sentimentos que são elevados, por isso, perfeitos. A energia, no corpo vital, aquela que detém a dor, o sentimento de que estamos vivos, será mais vívida, mais forte e ao passo detentora de formas energéticas mais espaciais, nas quais corpo e astral estariam tão plenos de formas e forças que não será (ou seria) preciso de visão...

E por último, aquele que nos faz crer que os deuses existem, sem dúvidas, sem medo, seja ele qual for, em meio a crises ou não: a Mente. Embriagada de racionalismos, agora voltados ao céu, a mente racionalizará até encontrar os mistérios divinos, se voltará a causas mais humanitárias, sem aplauso, sem forma, sem figuras, agora, mais do que nunca, completa...

A mente, a doutrinadora dos outros subcorpos, será o elemento fogo, aquele que, por mais que seja a ventania, estará sempre na vertical, queimando forte, traduzindo o que o homem sempre quis saber das entrelinhas que perduram em seu coração. A mente vai agir como um tufão sagrado em busca do amor real, da virtude, e de todos outros valores que desvirtuamos no passado e fomos obrigados praticá-los ou como eles nos cobrirmos como cobertores pequenos feitos de jornais...


Hoje, não só a mente, mas a terra, o ar, a água, em forma de elementos que vivem em nós, agirão como uma filarmônica, com a maestria do nosso Eu, o nosso maior farol, e farão música ao uno, ao cosmos, harmonizados com toda a semântica que temos direito, como pequenos seres, pequenas formigas, grandes pedras rolantes, ou mesmo animais, mas com ânima, com nows nas veias, desfrutando do sol verdadeiro, do Bem.

domingo, 15 de maio de 2016

A Difícil Arte de Mudar o Mundo (iv) : as orações.




Esses dias, fui à pediatra do meu filho. Lá, em meio a conversações de pais e uma secretária sonolenta que diz adorar crianças, na parede, pertinho daquela televisão a que ninguém dá ouvidos, havia uma tábua, dessas nas quais se colocam inscrições em relevo, e nela uma oração: A Oração da Serenidade.

Começa assim: Concedei-me, Senhor, a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar; Coragem para modificar aquelas que posso e Sabedoria para conhecer a diferença entre elas.

No modificar do mundo, não há apenas modificações estruturais, como se sabe, mesmo porque temos emoções, sentimentos, vontades, tudo isso resumido a uma alma que nos remete a uma reeducação interna, perceptível e direcionada ao Ideal. Sei que falo muito Nele, mas deixo muito pouco a respeito de sua existência, dentro de minhas convicções, o que não exprime exato o que ele significa...

Para mim, o Ideal é uma das mais belas orações que os deuses nos deram como forma de nos fazer um pouco mais humanos; contudo, como tudo que é perceptível, mas dependente de nossa alma voltada à matéria, é muito difícil – nada gratuito. O Ideal, no entanto, não depende dos esforços humanos, das orações humanas, mas Dele mesmo, simplesmente porque ele se confunde com Deus.

As orações, remetidas ao Ideal, são ferramentas naturais e necessárias para a Comunicação entre o ser humano e divindades, de modo a torná-los mais divinos, quando esse elo se faz. Ou seja, há outros meios para a realização humana de modificação do mundo, tornando-o melhor, mas as orações, desde que o homem é homem tem feito com que a natureza humana e universal sejam apenas uma, quando conectadas.

Na oração –  da Serenidade –, como em todas as orações, há uma verdade atemporal que nos diz internamente acerca do que somos e podemos realizar para uma simples vivência interior. Assim como em todas, ela nos traduz um pensamento clássico, mas esta, em especial, nos traz  o que um dia Epíteto e Marcus Aurelius, estoicos, nos trouxeram como a chave principal para a modificação de um mundo...

§  Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar; Coragem para modificar aquelas que posso e Sabedoria para conhecer a diferença entre elas


Como saber o que podemos modificar e o que não podemos? A priori nos parece fácil, mas se nos deparamos com situações práticas, saberemos o quão é difícil. Mesmo que sejam fáceis de identificar, de sentir e ver o que nos cerca, as situações nos mostram os mistérios das realizações, e a partir daí ficamos mais perto dos deuses e nos vemos dentro de uma garrafa na qual só há uma saída... a da parte de cima.

O Ideal, em seu maior som, nos grita como um grande pai devoto do filho. O filho, nós, em meio à flamejante bandeira do desespero, simplifica o momento, olha a seu redor e percebe que nada era mais que uma situação de decisão baseada em preceitos mais que humanos, e ao mesmo tempo tão simplória quanto uma luz que nos chega do sol...

O homem se identifica com os raios que reluzem na natureza, e pede a Deus que o seja da mesma forma em sua família, em sua sociedade e país. Nada melhor do que um homem banhado pelo raio do sol do Ideal, que ultrapassa seus objetivos, penetrando em seu coração, atingindo sua mais nobre vontade de mudar o mundo.

O Ideal humano é aquele o identifica consigo mesmo, dentro de atmosferas nas quais pássaros são pássaros, cães são cães, pedras são pedras, plantas são plantas, mas em sua atmosfera (lei natural) humana não há algo tão simples e completo como as leis minerais, vegetais e animais... Temos o livre arbítrio, um combinador de consciência e a falta dela em um só ser: o humano.

Falaremos do livre arbítrio mais tarde.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

A Difícil Arte de Mudar o Mundo (iii) -- Palavras





Na difícil arte de mudar o mundo, encontramos a difícil arte em lidar com as palavras, com seu sentido, que as vezes não é o literal; com seus meios mais sutis em estravasar, em semânticas, o que realmente significa o que estamos tentando expor.

E nesse limite imposto pela natureza da filologia, encontramos metáforas, símbolos, mitos, os quais nos direcionam a uma neolinguística poderosa, na tentativa, não vã, de descobrir pelos desdobramentos dos idiomas,  pelas suas nuances, o real significado de tudo que queremos... dizer.

E o que queremos dizer, aqui e hoje e sempre, é que quando nos dispusemos a mudar qualquer seguimento que escolhemos, seja ele relevante ou não à humanidade, temos que nos propor de coração em fazê-lo... Até aqui, tudo bem, certo?

Mas nada é gratuito, certo, direcionado, quando se trata de modificar (o verbo aqui é intransitivo, de propósito), reestruturar, criar, e naturalmente o ser humano sabe disso. Sabe, contudo, desdenha e se sente um ser sem responsabilidades – além das que já é – o que o torna separativo de si mesmo, simplesmente porque há ideais a cumprir, forças a atrair, mistérios a desvendar, e, um dia, entender os sistemas nos quais vive.

Parece-nos que os sistemas são uma forma incondicional de modificações estruturais a partir do próprio homem que o cria, nomeia, gerencia, e ao mesmo tempo dele se desfaz. Como um cavalo de Troia que, usado para seus devidos interesses, é construído e deixado de lado, mofando...

Os sistemas, depois de feitos, usados como panos de chão também, onde os pés – nesse caso, o caráter de todos os homens que o idealizaram --, são esfregados, e marcas deixadas, são esquecidos... Lembrados apenas quando estão se perdendo em imagens, as quais, na realidade, refletem a própria imagem do criador.

E quando nos referimos a sistemas, pensamos nos ditatoriais, nos tirânicos, nos democráticos, nos quais a palavra – como de inicio falava – perde o sentido, e ao mesmo tempo sua sacralidade e poder. Perde o poder de mudar, simplesmente porque ela, a palavra, usada como meio de consecuções políticas e pseudo-religiosas, se vai.

A própria palavra é usada para trazer à tona os sistemas, os rios de materialidade fria nos quais o menos informado é obrigado a viver, e mais tarde obrigado a amar. Não há como ser indiferente a esse outro rio; porém, temos a consciência, esse ser místico que nos faz ver com outros olhos o “o rei nu” de cada sistema.

A semântica destas palavras, assim como o próprio universo, deve ser lida com olhos internos, assim como no passado, com seus mestres, que, em meio a um mundo em crise, em qualquer tempo, nos fazia ler ainda que fôssemos ignorantes – o que, no passado, era uma qualidade – um pouco da natureza.

O mundo é outro, inclusive o das palavras heroicas, das palavras que nos revelam fielmente o que somos, e tentam nos impor um mundo melhor por meio de seus significados históricos, clássicos por assim dizer, e nos conduzir a um mundo melhor... As palavras devem, assim como no passado, virem do coração e ao mesmo tempo serem elevadas, partindo de inicio de nossas escadarias internas e galgar o mais alto degrau do homem.

Não há receitas. Devemos deixar os sistemas passarem. O que nos faz melhores hoje, agora, e por um bom tempo, é matéria trazida do fosso frio do pensamento coletivo, dentro do qual todos nós estamos enraigados, ou mais, a depender da palavra que se usa em cada cultura, apenas um ato para nos fazer compreender um risco no Oriente.


É certo que nossos atos, na maioria das vezes, são tão fortes – e são – quanto palavras soltas e incoerentes (ou que ficaram com o tempo), sem nexo, e que deságuam no mar e se transformam em gotículas como qualquer outra em um oceano cheio de nada... Mas a palavra dita de dentro da alma descontaminada, como filha pura que nasceu em meio a uma floresta paz e borboletas, vai fazer mais sentido que um ato incoerente...

Esse é o modo de mudar o mundo com as palavras. Assim como subir uma montanha na tentativa de alcançar a lua, na loucura de alcançar o céu com um esticar de braços, ou no grito ao um raio para que ele cesse... A dificuldade humana em resgatar o mundo por meio delas é visível.


Contudo... (há sempre, graças a Deus, esse contudo), a fagulha de uma esperança que reina através dos tempos, por meio de uma palavra que persiste em fazer o homem confuso em seu realizar e que, às vezes, dá certo, e que deixa, na entrelinhas, outra esperança, a de um mundo melhor... É a palavra Amor.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

A Difícil Arte de Mudar o Mundo...(ii)

"O que não me mata me faz mais forte" F.N.





Mudar o mundo não é apenas buscar a paz. Muitas das nações nas quais houve guerras, destruições em função de conflitos milenares, são hoje, ou foram no passado, exemplos claros de que só se chega à paz por meio de conflitos – mas conflitos naturais, não forçosos, com vistas a genocídios, extermínios em massa seja de qualquer espécie; a guerra quando ultrapassa suas próprias barreiras, busca questões já resolvidas, e nela se há a progressão de regimes gerados pelo mal, podemos dizer que não se dá mais o nome de guerra...

Nas Termópilas, lugar em que se deu a grande batalha dos Trezentos, junto com os Dez Mil de Xerxes; em Salamina, lugar sagrado na antiga Grécia, na qual houve a última das guerras entre gregos e persas; Guerra do Peloponeso, na qual as Cidades-Estados gregas tiveram seus desmanches, comandados por vários heróis, entre eles Sócrates, nosso filósofo, quando soldado... Podemos dizer que nunca houve tamanho massacre, formas de assassinatos, contudo, sem que muitos irão discordar, sempre houve o que podemos chamar de romantismo ideológico, pelo qual guerreiros se foram e heróis nasceram e jamais foram esquecidos.

Nas “nossas guerras” – a Primeira e a Segunda Grande Guerra, além de outras, como a do Vietnam, além das patrocinadas por Inglaterra e França, no final do século passado, além das atuais, pelos Estados Unidos, Rússia, e por finalizar a da Síria com a qual ninguém se importa, percebemos que nações não se edificam, caem, morrem... Além de trazerem consigo regimes traiçoeiros.

Ao homem também que quer mudar o mundo, sua sociedade, seu grupo, sua família, cabe entender que guerra – pessoal ou não – sempre vai constar no currículo da alma como forma de melhorar sua estrutura interna. Não há meios pelos quais não se conseguir a paz, senãopela própria vontade, pelo próprio amor, pelo acreditar, ou mesmo pela... guerra.

Tanto que a tradição nos faz entender que não há crescimento sem problemas, ou seja, em forma de degraus, de dor, de conflitos – internos ou não – não só temos que ter consciência disso, mas partir de um princípio que nos faça lutar em torno de ideais que nos elevem, e nos faça melhores.

Como progredir com esse ideal?


Volto com mais ideias.

A Difícil Arte de Mudar o Mundo..

"Pare de admirar e torne-se o admirado", Marcus Aurelius, general-filósofo.

"Quer mudar o mundo? Comece por você mesmo!", Gandhi.





E assim nascem os heróis nos quais nos baseamos para caminhar nosso caminho longamente em favor de uma mudança mundial. Heróis que se jogam no fogo, na larva, dentro do vulcão, somente para ver o sorriso infantil, ou mesmo assistir à primeira alimentação de um indigente... Para ver assistências de perto, criando formas não apenas estruturais, mas  também latentes com vistas a modelar pequenos tijolos que um dia serão grandes edifícios inquebrantáveis do Bem..

Esses, filhos do primeiro herói -- daquele em que seu sucessor se baseou e criou essa fagulha eterna de mudança, ou pelo menos a vontade dela, nos modelam todos os dias. Daqui, nascem os idealistas para um mundo melhor, em forma de mecânicos a advogados, pedreiros, marceneiros, juízes, os quais, com seus pequenos atos, refletirão a mudança que um dia será realizada.

Ela, essa tenra tentativa de mudar, em forma de gotícula, transformar-se-á em outras várias e assim sucessivamente, até se tornarem uma cachoeira imensa de realizações mundiais. Lutar é preciso. Ir em frente muito mais. Entrar na prática diária de consecuções, sejam elas no lavar de um copo, seja no estacionar de um carro, todas elas, como uma pequena pedra, demonstrarão seu poder de reflexo no grande rio da vida. 

Contudo se deve fazê-lo com amor. Um dia nosso Kalil Gibran disse,,, "Temos que cuidar bem das uvas, envolvê-las com amor ao nossos pés, para que o vinho seja perfeito"... E assim, como uma metáfora ou não, no vestir de um terno, no cuidar de uma casa, de um filho -- aqui nos parece mais complexo --, no acordar, com uma oração nos olhos, quando o sol nos vem pela manhã, no respeito às chuvas e suas tempestades, no buscar de uma paz,,, E no fazer coerente de uma guerra, enfim, em tudo que nos leve a uma mudança estrutural baseada em preceitos elevados.

Contudo, como diria Gandhi, "Seja a mudança que você quer no mundo!", e revele-se um sonhador prático. Não é difícil. Apenas respiramos uma atmosfera de hipocrisia, tristeza, egoísmo e doenças advindas do mal que nos toma; apenas. Somos mais fortes que isso. Somos divinos e temos a divindade em nós. Temos Deus e os deuses em uma eterna balança justa com o mal, com a qual comungamos valores dos quais tiramos diariamente o que podemos ser ou fazer. 

O Bem e a Justiça podem ser mais pesados nessa balança, mas é preciso entender que nada é impossível, é só deixar a parte inexorável do seu Eu sintonizar-se com o externo. Compreender isso é que difícil. Mas a prática não.



Volto com mais ideias!




A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....