quinta-feira, 8 de julho de 2021

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las" 


A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado. Um sentimento de impotência que, como corvos, sacia-se de tua alma, tão frágil e alvoroçada por tentar entender o que está havendo, além de uma dor leve, fria, quase minúscula ao passo gélida, que transforma também nossa mente em um salão vazio, sem saber o que pensar. Aqui, moram as reflexões, a mais profunda dela, com fim de nos deixar agachadinhos, com medo de levantar e tomar algumas decisões...

Não sou diferente, mas tento buscar as cordas que me jogam, como a dos mestres antigos, que sinalizam a todos os instantes uma verdade simples e ao mesmo tempo dura: “acostume-se com o seu karma, passe por ele alegremente, e contente-se com o que tem ou com o que você perde – e nessa linha, a tua, pode haver perdas”.

Quando se refere a perdas, sabe-se que não fala de algo interno, mas externo com o qual você se entrelaçou durante toda a sua vida, ou não; de um objeto estimado ou de alguém que tanto ama... ou amou. TODOS estão no mesmo pacote. Não há distinção seja ela qual for na visão do Mar revolto. O fim é o mesmo – o quebrar, o desmontar, o morrer, expressões que ainda pensamos várias vezes antes de escrever, falar, soltar entre amigos, família, com aquele receio de trazer elementos que supostamente geramos ao comentá-los.

O fim é o mesmo. Mas o início, não. Nascemos após várias tentativas frustrantes em nos acostumarmos com o que somos (o que somos?). Depois de passear pela vida, chorando, gritando, pedindo como reis, pegos em colos maternos, amamentados pela biologia vital, sufocados por pensamentos acerca de tudo que nos passa, além da grande responsabilidade que nos chega... Crescemos naturalmente, seja dentro ou fora. Nos enamoramos, nos casamos, vem a prole, vem a idade...

As idades, símbolos referenciais de nossas tarefas junto ao sagrado, desvirtuados com o tempo, mal compreendidos até então, vão nos levar ou deter quanto ao nosso papel no teatro vital.

Olhamos o céu, o sol, as montanhas, os animais; nos encantamos como crianças por livros infantis; pesquisamos, nos tornamos especialistas, edificamos prédios, organizamos cidades, presidimos países, e nos tornamos presos reais do que criamos... Enquanto isso, a realidade nos passa junto aos pés, como riachos que são embebidos somente pelos mais humildes, pelos mestres, pelos visionários que a tanto perdemos no passado, ou que um dia fomos...

Depois de saciar-se com a água de tal rio, nos ensinam a sermos mais humanos, mais cautelosos em relação ao que somos e fazemos, mesmo porque temos uma linha a seguir, mesmo porque temos que nos assegurar contra nós mesmos, contra nossa violência física, ou pior, da nossa violência religiosa, que engloba nossas ideologias frias, desumanas, nas quais encontramos viés de assassinos naturais, em nome de entidades que criamos com fins de alevantar somente edifícios irracionais ao nossos interesses.

E quando pensamos naqueles que se foram em nome de tudo isso, é como se estivéssemos dançando sob a cabeça de inocentes enterrados, sem nome, em uma guerra gerada pela necessidade de sermos, um dia, melhores. Não essa guerra, mas a necessidade dela, assim como conflitos naturais entre seres da mesma espécie, com fins de elucidar e resolver questões internas ou pessoais.

O mal, assim, nos julga e o julgamos como necessário

Deus, A Onda Oculta

"É preciso ser forte, antes de tudo, para enfrentar o bicho-papão que se esconde debaixo da cama" (L. Carlos. professor)


Hoje, em tempos pandêmicos, nos quais entes queridos se vão como neve ao alvorecer do verão, se foi meu irmão, tão forte quanto rochas, tão alegre quanto uma criança, a acrescentar mais uma alma ausente, após outras que se foram em tempos não muito idos – minha mãe e meu irmão mais velho – para a dor de uma família que, naturalmente e ao passo infelizmente, acostuma-se com quintessência da alegria e o submundo da tristeza, ou mesmo em sua potência maior.

E agora, escrevo este pequeno texto, enfim, para falar um pouco a respeito de uma outra potência, que vem, que deixa, nos rejuvenesce, nos envelhece, envilece, nos oferece, retira, nos une, nos separa... E sorri ao fundo, tal vilã de um crime que já sabíamos que um dia seria cometido... Porém, do qual jamais nos acostumamos – É o papel das potências, das grandes ondas ocultas, sobre as quais nada sabemos.

SEM  a vontade humana, ou mesmo da simples oração, ela, a grande ONDA, vem em nome dos mistérios, desmistificando padres, bispos, anciões, falsos mestres, sacerdotes modernos, até mesmo o mais fervoroso dos fiéis. NÃO adianta, ela simplesmente vem.

Uma grande onda a desfazer nossos feitos, nossas uniões familiares, sociais, religiosas, idealísticas, filosóficas, como um vento que não cessa, sem observar lágrimas ou filhos de pais ou mesmo mães, sem filhos.

NÃO existe culpado ou inocente. Nem mesmo  o pior dos seres humanos, mesmo porque nosso legado tem sido não compreender a VIDA, mas editá-la segundo nossos princípios, nossas normas, regras e organizações, sem prismas míticos ou temperados E formulados pela grande onda – que não para, não pergunta, não responde, apenas É.

Tudo em nome de uma incompreensão massiva, de uma tentativa de redefinir o que somos, para onde vamos, sem saber porque vivemos, amamos, nos jogamos ao próximo e nos vamos sem saber do por quê dos seus motivos, de sua justiça, organização... da própria onda.

É a vontade pura. Leve. Brisa. Lua. Sol. Ar. Fogo. Água Oceânica, filha mais nova de um outro mar, que não ousamos nem mesmo refletir a respeito, ou mesmo sequer temos o grão de sal de sua existência, ou mesmo seu saber. POR ISSO, o fabricamos.

O saber em si é notório do ser humano, que possui em sua alma a possiblidade de ascender às potências, de modo a rever, como um pássaro do alto da montanha, a pequena presa que descansa no galho. MAS não precisamos buscar a presa, e sim olhar para o mais alto ainda... A questão não se encerra jamais pelo fato de que ainda que sejamos parte dela (da grande Onda), buscamos apenas o que nos é inerente como humano – no sentido mais terreno da palavra... ASSIM o objeto do sonho daquela alma sequer foi tocado, mas sondado pelo passado do qual fazemos questão de esquecer... Passado precioso, joia de museu, palavras belas e úteis, em dicionários esquecidos.

Saber, ainda ponte que nos leva a refletir acerca da ONDA OCULTA, de seu papel junto à vida, portanto ao homem também. ONDA sem nome. Sem fé. Sem razão. Sem misericórdia. Sem vestes. Onda que rege a todos e a tudo, até a si mesma, nos faz livres e ao passo presos com suas grades redondas, celas em espiral, com seus vermes sorridentes, ou como dizem, anjos cadentes, tão sérios e pendentes de história e misticismo, ao tempo, cheios de pendências em palavras que não se mostram e se calam, e ao mesmo tempo nos ensurdecem.

ONDA odiosa por nos levar a crer em homens vis, em pensamentos racionais frios; onda bela e justa, por nos acrescentar a palavra morte, da qual temos medo, e em outro contexto, a desejamos tanto... Em nos dizer com seu ATO que somos finitos e ao passo infinito, pois nos faz buscar a riqueza cheia de pesos e a outra, tão leve quanto à pena de uma pomba. Onda que nos acrescenta mitos, cheios de dúvidas e certezas, que arrebata monstros, e nos traz divinos; nos carrega como idosos, nos traz crianças; nos leva animais, e nos traz humanos – tudo em prol de sua continuidade, para que possamos eternamente indagar sua ida e volta, até que sejamos parte dela...

Enquanto isso, choramos e pedimos explicações em nome do que queremos, fazemos e principalmente amamos.

AMOR

Compreender as partículas desse formidável ser sem nome, a junção de cada uma, desde seus objetivos iniciais e finais, com o propósito de vivenciar essa união tal qual são (talvez) o início do conceito  de AMOR.

RESPIRAR esse ar, olhar as estrelas, sentir a joaninha roçar nos dedos, perceber a função das folhas, da flor, dos líquens, dos processos que a formaram, além das árvores, da comunicação sigilosa entre elas, do sorriso nos galhos, além da sabedoria de seus frutos... Da terra horizontal que a ergue ao vertical, para o qual sempre temos a chance de subir. Da bela rosa que, antes de ir, nasce, cresce, se mostra bela em matéria e essência, tão rápido quanto qualquer ser que tenta justificar sua moradia efêmera, entretanto tem o poder de ser mostrar tão belo quanto à rosa, quando busca honrar sua existência em virtudes, moral e práticas humanas, as quais são o princípio de uma reflexão extramundo – quando regados de beleza e amor.

 ANIMAIS

NÃO somos animais. Não estamos sós. SOMOS solitários em nossas cavernas ôcas, cheias de sombras e fogueiras contrárias à realidade e a verdade. É por isso que necessitamos buscar o que está além-religião, além-política, além-vida, e se tivéssemos o talento de visualizar tais aspectos de maneira frugal precisaríamos voltar à mentira e às sombras... Para isso, temos os símbolos – como o sol físico, a água, o vento e até mesmo o fogo, todavia o que nos faz mais próximos à onda é a regência de nossos instintos sobre os quais não temos força.

 ...E a onda nos vem, e lá vamos nós, sem saber para onde nos leva, sem saber por quê.                Ao contrário dos animais – que não precisam questionar a luz e a escuridão – e morrem feliz, questionamos tudo, e nos vamos tristes.

Não precisamos da tristeza ou mesmo da alegria como âncoras, mas vivenciar o que somos, no sentido mais pueril e divino, mais simples e complexo da semântica humana, com finalidades conscientes, sagradas ou pelo menos, com prismas sagrados, pois a onda nos envolve, e ao mesmo tempo nos retira de suas margens, sem mesmo nos deter de seu grande manto oculto.

Não precisamos ser loucos, religiosos, filhos de entidades, presos a dogmas, ideologias, tradições ou modelos que nos fazem bem. PRECISAMOS de nós mesmos, no sentido mais belo da palavra, da música, do fogo em nossos princípios, da brasa talvez como sólida partícula que queima em nossas entranhas nos elevando a seres que devem trabalhar, e muito, para que não sejamos levados e trazidos como turistas desavisados ao que sempre buscamos.

A ONDA não vai parar nunca. Seja em forma de doenças, violências, pandemias, velhice, ou simplesmente em forma de nascimentos incessantes, dos quais nem mesmo a metade conhecemos. PODEMOS, no entanto, trabalhar a beleza, a justiça e o amor – novamente – em nós, com fins de enganar a onda, que sempre acredita levar a todos como rebanhos cabisbaixos de um grande curral. E NÃO somos assim, somos maravilhosamente humanos.

 

 

 

AO MEU MARAVILHOSO IRMÃO

quarta-feira, 17 de março de 2021

Som da Vida

Não queria ouvir o som das bombas, sejam elas de átomo ou de nêutron, muito menos o horror dos gritos humanos ao seu redor. Não quero ouvir tiros de armas de fogo, das armas brancas em entranhas negras, ou mesmo de festim. Não queria ouvir as guerras, o enterro nas terras dos inocentes que nasceram somente  para... morrer.

Não queria ouvir o barulho das árvores ceder às serras frias, cortantes nas veias daquelas cujo sangue verde nos alimenta, nos cede tetos desde o dia que não éramos nem mesmo humanos. Não queria ouvir animais correr no fogo: do pássaro sem ter onde pousar, do leão sem onde reinar, da abelha, sem o mel, zoar.

Não queria ouvir a criança chorar sem a mãe, ou mesmo pai ao lado, sem dar-lhe leite, o amor, a fé, a razão, a paz que lhe apraz. Não quero ouvi-la morrer em braços sem força, sem almas, sem vontade, na beira do abismo incerto.

Quero ouvir o sorriso certeiro humano, nos trabalhos da terra; ouvir o som de suas gargalhadas a colher o alimento nato, e antes que o sol se vai, ouvir o suor de suas veias, caindo na terra agradecida pelo amor a ela. Quero ouvir o sol nascer e morrer nas montanhas, saber o que lhe passa nas entranhas, ouvir suas histórias, façanhas!

Quero ouvir o tilintar do coração humano, ao nascer de uma poesia; da lágrima corrente, seguida da face sorridente, de tão poderosa palavra se lia. Quero ouvir o som das nuvens reunindo-se em torno da montanha, da chuva, dos raios, dos trovões, do correr das formigas para sua pequena e inteligíveis tocas.

Quero ouvir o som do azul quando a chuva passar; da manhã que se esconde por trás da noite, quando esta se vai. Quero ouvir as miríades dos raios quando o arco-íris brotar! O nascer de suas cores, do sabor de cada uma! Quero dançar no sol, ouvir meus pés na terra; e na dança, ouvir a música divina do Amor, que multiplica a alma humana em duas, em três, em tudo.

Quero ouvir o som do amor nas teclas de cada ser que compõe a vida, sem o qual não há som, não há nada. Quero ouvir o som de Deus sorrindo, do gargalhar da floresta, do sorriso da vitória, das preces na noite. Quero ouvir o elo entre o humano e o divino, entre a vida e a morte, entre a paz e a vontade.

Quero ouvir o som do indizível, do inaudível, do despertar do nada, do tudo, dos mistérios que se foram, dos que se formam, dos sábios que dormem e que acordam sempre quando são chamados ao Mundo.


quinta-feira, 5 de novembro de 2020

A Consciência: fora do abismo

O fundador da Psicologia Analítica, o grande Carl Gustav Jung, em várias de suas obras, nos expõe conceitos explicativos a respeito do Inconsciente Coletivo e do Inconsciente Individual. Os dois, segundo o psicólogo, podem ter sido apenas nomeados por eles como tal, mesmo porque já haviam em forma de estruturas mais fixas, como os arquétipos no passado.

Todos inclinados a 'explicar' a saga humana, desde a tenra idade até o final da vida. Segundo Jung, para entender os arquétipos, no entanto, deve-se compreender as histórias míticas que norteiam cada cultura, de modo que reunidas como linhas paralelas, as quais se encontram em um só ponto no final, vão delinear o que somos, ou pelo menos explicar o enredo humano.

Nesse ínterim, Jung deixa bem claro que, para compreender tais conceitos, sejam de arquétipos, sejam de Inconscientes, é preciso entender que a consciência é parte do todo humano, não aleatória ao indivíduo, muito pelo contrário. Desde cedo, pode-se dizer que temos a percepção dela através das funções mentais.

Primeiro, antes de tudo, por meio do aspecto emocional, sem o qual não há como visualizar o que podemos ou não trazer à psiquê (alma), e de alguma forma restringir ou não o que se acrescenta à consciência. Isto é, como uma pequena estrada que se torna edificante com o tempo, a consciência se inicia e se torna forte. Ou mesmo como muros, feitos de tijolos fortes, desde o início, e terminam como tal. Entretanto, quando se fala em consciência é preciso entender que não se faz apenas caminhos e muros, mas algo que, a depender do Inconsciente passado, o coletivo, pode haver mudanças ou não.

Aqui moram os contos, os mitos, e as histórias tradicionais nas quais a humanidade teve a singularidade única de passar. Hoje, a exemplo, o Egito não é mais o mesmo, porém, há, ao mesmo tempo, na alma coletiva -- não na mente dos atuais habitantes,--, o grande respeito de um país que foi no passado potência espiritual, e até, em algum momento, estrutural e simbólica. Assim, em várias outras culturas nas quais nem mesmo a educação se aproxima do que fora antes, hoje, podemos dizer que ainda resguarda um elo com o passado. Incrível.

Jung, voltando, demonstra que a Consciência é a razão para qual se vai a consciência individual, e também coletiva. Ou seja, quando nas histórias passadas ou mesmo atuais, houver algo que religue com a Alma (Talvez o Nows platônico), há a realização sagrada de cada um.



Volto depois.




quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Consciência: a Falta de Escolhas

Zeus, o maior dos deuses do Panteão grego, não era apenas uma divindade inventada para o ocupar o lugar em um mito. Todo indivíduo, assim como o indivíduo nórdico para a figura de Odin, sabia que suas estruturas internas dependiam daquele ser 'inventado', daquela figura, a qual, assim como centenas de outras da História, mesmo porque um 'inconsciente' já o tomava em relação aos deuses, ao sagrado, a si mesmo.

Por isso, os sacrifícios, as homenagens, ou melhor, a prática voltada àquela figura, que, misturado a evidências, às circunstâncias, ao que poderia ou não ser explicado, teria que continuar... Ou seja, o grego, o nórdico, o romano, ou mesmo o egípcio não acreditavam que tudo era desígnio apenas de uma natureza pessoal, porém, mais profunda, enraizada em preceitos não só históricos, mas racionais, no sentido de compreender uma Razão na qual o próprio homem não pudera jamais explicar.

Por fim, não havia o "vou fazer porque eu quero", e sim, pelo menos na maioria de seus atos, o que as divindades aceitavam, e Zeus, assim com Osíris, entre outros, de um Ocidente esquecido, "permitia", ou melhor, religava-se àquele.

Para cada ato, trabalho, oração, havia um ser no Oculto, tão explanado pelos grandes do passado, e hoje pelos descendentes destes, os quais, em vias modernas, tentam encaixar a consciência tradicional de volta ao seu eixo. Não é fácil. Estamos em outros tempos, em lugares cujas palavras ou o seu jeito de se encaixar nas orações, além de seus significados, caiu, sem falar nos templos passados, nos quais crenças passadas nada mais são do que homens presos aos seus interesses e pedras frias, a espera do passado.

A consciência, a meu ver, se mudou. Foi para um caminho mais estreito, cheio de irrelevâncias e ao mesmo tempo sem respeito algum. Antes, por mais simples e banais que pudessem parecer, nossas obrigações para com a 'linha imaginária' da consciência não era tão falha: tínhamos uma relação, um equilíbrio cantados, transformados em educação (do edutiere: de dentro para fora), em símbolos, fossem eles naturais ou criados com tais finalidades, mas eram tão sagrados e firmes quanto esse presente em que se nascem verdades em cada canto, em forma de igrejas e homens sem sabedoria...

A maioria dos homens, claro, não eram sábios à época, entretanto reverberava em forma de palavras nas fogueiras, nos livros, ou, antes, em hieróglifos, nos quais apenas o que 'se deveria' ensinar estava lá, não o que era fútil, desnecessário, ou mesmo com o fins de resguardar aos reais apaixonados pela verdade, os quais nasceram e morreram por ela. 

Estamos longe de sermos sábios, mas sabemos que nossa consciência, hoje, norteada por histórias interpretadas à luz da política, e da pouca religião entre os homens, nos faz adormecer a alma e nos inclinar ao espírito dos amos de uma grande caverna..



Volto depois.



Consciência: à sombra de Deus

Na antiguidade clássica, muitas das nações estiveram sob o manto de divindades que atuavam quase que diretamente no cotidiano daquele povo. Havia várias, não uma, mas várias às quais se prestavam serviços sagrados, e para as quais sentimentos, emoções, guerras, conflitos de todos os níveis eram levados -- e por que não dizer elevados.

Não havia uma brecha na qual não se podia fazer um pequeno sacrifício, ou mesmo uma interpelação seja ela de qual nível fosse; tudo era, de algum modo, em nome Delas. Isto é, tinha uma direção, uma forma clara (e quase visível de) condução daquelas consciências ao alto, ao sol, às esferas mais misteriosas de que se poderia imaginar.

Os mitos, para isso, foram elaborados. Em suas manobras necessárias para compreender e elevar a consciência coletiva daquele povo, graduados religiosos -- os sacerdotes --, como fiadores do tempo, mestres eternos, imortalizaram o universo, com participação dos deuses e humanos, em histórias que não apenas contam os passos humanos em direção ao sagrado, ao profano, mas principalmente a si mesmo.

Tudo se tornou um elo muito forte entre o homem e Deus, ou entre os seres mortais e os deuses imortais até então. Para quem já ouviu ou leu a respeito das várias culturas (Egito, Roma, Grécia, Persa, Alemanha, entre outras), sabe que, à época em que se falavam de deuses, todas elas possuíam uma casualidade relacionada ao seu modo de vida. Mas, a que mais se tornou potência nesse quesito, pelo menos desse lado do Ocidente, foi a Grécia.

Nela, vários mitos serviram para contar, como uma grande metáfora, a história da Humanidade, do homem, e sua participação vital no planeta. Há, claro, os mais detalhistas, além de criteriosos; há os filósofos, os sociais, os religiosos, enfim, pode-se trazer à tona qualquer elemento dentro de uma de suas histórias, que nossa consciência, de alguma maneira, tangencia ao que temos hoje.

E o que temos hoje?

Temos uma grande divindade que não admite histórias, nem lendas ou mitos para que possamos compreendê-la melhor. 



Volto depois.

domingo, 25 de outubro de 2020

Consciência: reta ação ou centro?

Consciência; com ciência, ciência, centro... Com centro. Não é à revelia das palavras que vos escrevo nesse pedaço de espaço o que há para entender, de início, o significado de nosso assunto, que, durante nossas vidas, nos instiga a questionar o porquê dela, da consciência.

Como no início fiz uma colocação de um significado, interposto por dicionaristas, baseado em premissas psicológicas, não filosóficas -- longe disso --, achei por bem trazer à tona algum elemento que, na visão dos grandes do passado, da tradição, na qual palavras não eram subjugadas, mas acertadas em raiz, produziam um efeito maior e melhor do que acreditamos hoje... A exemplo da palavra coragem: "moral forte perante o perigo, os riscos; bravura, intrepidez...", ou seja, a semântica acorda para um lado em que o sol está forte, mas não para os dois lados da cama. 

Tais sentidos dados às palavras, atualmente, corrói o que de início eram, e produzem o que raramente é; no caso de 'coragem', posso dizer que no passado longínquo, ela era interpretada como algo mais subjacente ao que temos na alma, o coração -- de onde vem o verbete. Nosso coração, como sabemos é tão indecifrável quanto qualquer estrela não vista, e há os que tentam de alguma forma entrelaçá-lo a outros adjetivos, tão passageiros quanto.

Assim como coração, consciência, essa que temos, nos direciona ao centro, esse indecifrável centro para o qual tentamos obter forças e prosseguir. Entretanto, mais do que o coração, nosso centro é escondido, invisível, quase que abstrato e por isso inventamos centros externos. A prova maior é a dor que sentimos quando um ente se vai. Não há nada que nos faça mudar de opinião, seja ela filosófica, moral, social, ou pior, religiosa, ou até mesma política na medida que nos sentimos sozinho com aquele vazio de respostas, as quais são direcionadas apenas aos nossos interesses particulares. 

Nosso maior problema talvez seja esse: esperar que nos ocorra algo desse tamanho para que possamos direcionar nossas possibilidades de compreensão do mundo e a nós mesmos, e entender aquele momento... Na realidade, não sei se é esse nosso "maior problema", mesmo porque temos tanto, que somos obrigados a elencá-los na maioria das vezes e nos questionar o porquê de não fazermos mais e mais esse exercício natural da espécie humana.

Meu primeiro exercício para descobrir o "que é consciência" talvez tenha sido há mais de quinze anos, em uma sala de aula, em que havia professores sérios trabalhando nossos conceitos acerca das palavras e do poder que elas exerciam no passado e quando realmente eram levadas a sério. A palavra 'consciência', lembrou nosso genitor de almas, tem origem no centro de cada um, do próprio homem, e do universo. É como a razão, que trabalhada com vistas aos conceitos universais, se torna racional, não intelectual, como sempre pensamos...

Consciência, quando trabalhada, quando percebida como uma necessidade humana, se torna tão grande quanto qualquer significado. O maior exemplo disso talvez tenha sido a própria História humana que, ao passar dos séculos, nos demonstrou que a consciência humana está sempre direcionada a algo maior do que o próprio homem. 

Aqui cabe salientar o que Jung dizia acerca do Inconsciente Coletivo, com o qual o ser humano segue sem saber. Desde o nascimento, infância, juventude, envelhecimento e morte. Segundo Jung, iluminados pelo Inconsciente, o homem não vive no deserto, muito menos em mares esquecido. Vive o homem dentro de uma busca universal pelo valores que a própria natureza lhe dera desde quando seu surgimento. 

Assim, a grande Consciência nos trabalha, nos delega exercícios naturais, os quais são vistos por nós, na maioria das vezes, como castigo dos deuses, ou mesmo de Deus. Porém, não se verifica a elasticidade natural da própria Consciência que nos joga de um lado para o outro, de modo a nos fazer conscientes d'Ela própria.

Tão forte e inclinada a nos fazer certeiros em seu conceito, mas indiferente ao que realmente somos, a Consciência não pensa, não manda, não ordena -- apesar de fazer parte de uma Ordem, mesmo assim ela é algo sem atributos, e ao mesmo tempo forte e clara tanto quanto um rio não descoberto pelo homem.



Voltamos.



A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....