segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Reviver

Toda manhã, antes do nascer do sol, me empenho em respirar fundo e me elevar ao máximo, para quando o sol vier, sentir seus raios mais fortes do que de costume. É uma sensação divina, pois parece-me que tenho só a alma, sem todas aquelas parafernálias de costume – zangas, choros, loucuras.... – enfim, a contaminação da terra ao homem.

Quando o astro vem, sinto-me triste, porque sei que não fora o bastante minha dedicação inicial a ele, além da dedicação final que nem sempre com ele coincide. Não há importância, fazê-lo de referencial a minhas possibilidades já é o suficiente para me tornar um pouquinho melhor como ser humano, que também, em sua essência, pode nascer, crescer e desaparecer ao longo do grande ciclo a que tanto se obedece.

Assim, prossigo. No trabalho, dedico toda minha alma aos deuses que acima de mim estão, brilhando tanto quanto o disco solar que assola-nos com seu calor de costume; sorrio às pessoas, tento entrar no mundo delas, extirpar o que há de bom em cada uma, e nelas entender seus conceitos de amor e verdade. O mundo delas está em divergência com o alinhamento dos astros, do universo, de Deus...

O meu também. Contudo, em minha empreitada para saber a verdade, desloco-me até o submundo de cada ser, mergulho em suas raízes e sentimentos, compartilho sua dor, revelo-me vulgar e volto à superfície – não se pode mergulhar tanto. A vulgaridade pode fazer parte do ser humano às vezes por escolha, às vezes pelo desequilíbrio entre o que é certo e errado, escolhendo o errado.

Minhas escolhas estão feitas. O sol é a minha escolha. No declinar da cabeça, não vejo o chão, mas meu coração em chamas, a pedir mais amor ao homens, compreensão entre eles, paz a cada ser que nasce e a cada ser que morre – sem deixar de trabalhar um só instante, internamente.

E nesse labor, meu sol se esconde como o sol da tarde. Configurando o céu em um cenário divino, meu ser descansa, deixando minha alma mais leve, suave e fraterna. O laranjado das nuvens prova que o deus esférico está se indo, mas também está se pondo em corações como o meu, que não dorme, batendo todos os dias em busca de desvendar o mistério da vida.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Educação Religiosa


Muitos dos colégios atuais, segundo pesquisa, são a favor da educação religiosa em salas de aula. É certo que tal educação, com relação a outras “educações”, é necessária, para fins informativos, não formais. Digo isso justamente porque há paises nos quais há essa preocupação – de impor a religiosidade em sala de aula --, no entanto, mesmo com a boa intenção, não conseguem frear o desmantelo de uma sociedade.

Não sei se é com esse motivo – ideal talvez — mas exemplos nos diz que a direção parece oposta ao da ideia original. A cada dia, a violência em sala de aula aumenta, mesmo em países cujas estruturas são de primeiro mundo. É de se imaginar que, aqui, no Brasil, não seria diferente, mesmo porque não somos levados a acreditar na educação como meio de evolução de uma sociedade – caso contrário não haveria problemas de professores, alunos largados, salas quebradas... Enfim, como é que podemos pensar em refletir sobre ensino religioso se não acreditamos nem mesmo na educação?

A educação, como modelo básico da credibilidade, como meio de sustentabilidade de um país, deve ser, acima de tudo, de tudo mesmo, o pensamento do governante. Nela, sabemos que se encaixa a filosofia, a família, a religião, a ética comportamental, o respeito ao trabalho, à condição humana... E assim por diante. Ou seja, respeitar o próprio desígnio da educação é a meta de cada um. Cabe ao governante levar a prática nas estruturas escolares, na experiência de cada professor, na formalidade tradicional, que sempre considerou a educação como meio natural de harmonização do homem com o próximo (e meio ambiente).

A religiosidade, hoje tratada à parte pelos especialistas, governantes, virou educação também, porém não da maneira tradicional; o que nos faz repensar o que seria religião, educação, e outros conceitos que foram transformados em cinzas pelo modernismo, ou marginalizados, quer dizer, quando necessitamos, o pegamos e levamos para dentro de nossas casas, tal qual crianças abandonadas, contudo sem conhecer suas raízes.

A Educação, como ponte entre o comportamento humano e suas consecuções objetivas, virou educação religiosa. Não há outra forma de reconhecer, senão dessa forma. Realmente um abstracionismo fora do comum...Isto é, duas forças, assim como duas potências num mesmo espaço, o que nos dá margem para conceituá-las de qualquer maneira sem que saibamos quem realmente são.

Educação religiosa deveria ser, já que se criou esse seguimento, uma única forma de se educar, em todas as classes. Levando ao aluno a tradição de várias nações que um dia adquiriram conhecimento e transformaram milhões de pessoas durante séculos. Ainda, levar a ele a natureza da causa e consequência naturais, com as quais lida desde criança, mas, com a advento das novas educações, fora apagado, extinto, e dessa forma retirado do seu âmbito humano... Todas religiões nos trazem essa filosofia, e por isso é natural a todos os seres humanos entenderem isso, não apenas os jovens. Estaríamos assim a falar de uma re-educação voltada a todos, até aqueles que se acham conhecedores dela (de toda educação).

Levar aos alunos a reflexão acerca de si mesmo e de seus atos, por meio dessa grande lei (causa/efeito) seria tão necessário quanto sua passagem pelo mundo. Além dessa filosofia, fazer com que sua política comportamental mudasse dentro dos parâmetros Éticos e Morais – também incessantemente ventilados pela tradição grega, a qual nos deixou, visivelmente, legados culturais, políticos, religiosos, familiares, sociais, etc – mas que sempre fazemos vista grossa, por sermos tão falhos na interpretação do que é realmente valoroso a todos.

Falar sobre Deus incessantemente, também, e direcioná-los ao respeito que cada cultura tinha uma com a outra nesse quesito, nunca dizer que “sobre Deus não se discute”, pois estaríamos fugindo de uma outra natureza, a nossa, a que se esconde em tudo, em nós mesmos. Dizer que Deus é uno, e se esconde em todas as estruturas inatas (e natas), nas quais até o próprio homem se insere. Dizer que Deus não é (jamais), e sim que é; não deixá-lo conceituar as divindades, pois estaríamos vulgarizando a própria existência humana, universal, mítica, e a todos aqueles que um dia nos passou com sua real religiosidade tais informações.

O comportamento humano depende essencialmente da religiosidade. Objetivos materiais, psicológicos, financeiros e principalmente espirituais não seriam reais objetivos. É como se houvesse letras em uma partitura sem notas musicais. A música é a religião da letra; flores sem o perfume, noite sem a poesia; o dia sem o sol, e daí pra frente... O homem, em todas as suas atividades, precisa de algo que o religue, o eduque, o direcione em seu caminho (fora os descaminhos), levando em conta sempre suas experiências individuais a fim de um crescimento vertical, acima de tudo. Cada um dentro de suas limitações, claro.

A educação religiosa, ao englobar toda educação, teria a responsabilidade natural, não forçosa, em fazer com que todos os jovens observassem a realidade atual e, com o tempo, modificá-la, crescendo e desenvolvendo, vivendo sob a sobra da maior de todas as responsabilidades, a de que ele é hoje o que plantou ontem.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Abrigo Eterno

Um dia uma filósofa disse: temos que encontrar naquele cantinho da alma um lugarzinho feliz, onde sempre possamos nos refugiar e nos sentir bem. Acho primordial essa máxima, pois o que realmente precisamos é de um lugar interno, no qual, ao fechar os olhos, nos encontramos com nossa parte divina, aquela parte que nos revela a humanidade, como em uma oração.

Mas a filósofa, mais profundamente falando, nos convida a entender o mundo em que vivemos, de maneira a observá-lo e tentar localizar, por assim dizer, algo melhor do que aquele ao qual ela se referiu no inicio.

Hoje, cheios de lugares maravilhosos, o mundo nos leva a contemplar abrigos naturais, mas também abrigos feitos com a estética baseada no grande desejo do homem de descansar e viver bem, de acordo com parâmetros atuais – tecnológicos, psíquicos, amorosos... – enfim, de acordo com sua personalidade, a qual demonstra nuances.

No tecnológico, pode-se demonstrar um abrigo (uma casa, mansão...) voltado ao homem cansado: no bater às mãos, uma na outra, a luz se acende; um pequeno botão, ao lado da primeira parede, poderia acender ou apagar, mas este, ao girá-lo em sentido horário e anti-horário, nos faz ver uma luz amena ou mais forte, dependendo do movimento que se faz. Um controle remoto, em cima de uma pequena mesa inútil, vigiando uma televisão de setenta e duas polegadas, não serve apenas para ligar o aparelho, e sim ligar um aparelho de som, com seis caixas de dois metros embutidas nas paredes da casa, no qual se liga, também, o fogão à gás, lá na cozinha de cinquenta metros quadrados, onde quadros modernos, iguais aos da sala, predominam apenas para colorir o ambiente... E outras facilidades mais traduzem o conforto buscado pelo homem atual. Contudo só se esqueceu de que a luz também é artificial, e pode faltar em algumas horas, assim como a sua paciência para esperá-la. Mas não tenhamos pressa, há técnicos para tudo no mundo...!

No psicológico, o homem tem várias salas cheias esculturas sentido, como essas modernas que parecem mais uma rosa, parecem mais um jardim, parecem mais... Uma planta. Parecem, mas não são. Ainda nesse terreno, a sala do abrigo possui livros de psicólogos freudianos, além do mestre na arte da psicologia, Freud. A dono do abrigo fala muito, tem muitas respostas para tudo, mas tem muitos problemas de ordem psicológica, no trabalho, na família...

No amoroso, como todos aqueles que são apaixonados, seu abrigo mostra-se perfeito para morar, para viver, mas, como toda personalidade apaixonada, vai ao encontro da moda, do amor passageiro, da paixão. Na sala, há quadros de família, de filhos, cadeiras confortáveis, outras não; a vida do dono deste abrigo é tão volúvel quanto o vento que muda toda hora de direção.

Claro que há abrigos nos quais podemos sintetizar sempre a personalidade humana, a máscara grega, em que mudança é a palavra de ordem. Simplesmente para que se possa sentir-se bem, sempre em consonância conosco mesmo, seja baseada na moda, seja em nossos vícios, virtudes... Mas sempre levada a mostrar o que temos dentro: a vontade de estar bem com nossa alma.

E foi a partir daí que veio a necessidade de a autora (filósofa) levar-nos a refletir acerca do que temos em nós, sob esse manto chamado corpo, sob essa personalidade que nunca para de refletir sobre o que se guarda dentro dela mesma. É para isso que serve o racional: pensar, refletir, meditar acerca do que é elevado em nossas vidas. É com ele que se pode constatar que queremos algo melhor em todos os sentidos, mas algo que dure, que seja eterno.

Quando a autora nos fala de alma, fala-nos daquela parte que nela se guarda o melhor de nós, a parte que “pensa” no espírito – ou seja, em nós. Na alma há lugares em que a personalidade se fixa, e não consegue sair. São coisas da moda, da vida externa, dessas coisas que estamos cansados de falar, viver, sofrer, calar, apaixonar... De coisas que nos destroem, mas que são válidas, no entanto não é desses lugares que conseguimos filtrar o que é realmente necessário para entender o abrigo, o real abrigo, aquele para o qual devemos ir sempre que sentimos necessitados quando estamos desesperados e inclinados ao mal. A autora está falando de um lugar (apenas) onde se pode dormir e acordar em paz; onde flores podem ser vistas com olhos cerrados; onde o amor é real, a paz é real!

Todavia há caminhos que nos podem retirar desse grande abrigo que se resguarda em nossa alma. É o caminho da dúvida. Acreditar que esse abrigo existe é o primeiro caminho. Depois, buscá-lo na medida de suas necessidades internas e externas, pois sabemos que todos a temos... É só meditar envolto a músicas clássicas, a quadros e estátuas míticos; onde se possa sentir o silêncio.

Os abrigos naturais são necessários ao homem, no entanto também são passageiros, pois podem se perder em nossa consciência fria e problemática, por isso, desde já busquemos o que temos em nós, como forma de viver uma vida melhor, mesmo que seja tão difícil visualizar o abrigo dos sonhos. Mas como dizia outro grande filósofo “Se está em nosso caminho, está mais perto a cada passo”.


Filos.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....