quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Legado Humano II

... Ainda na esfera natural, temos que supor, como se fosse uma teoria bastante irrealizável, utópica, que somos dotados de bons dons. De refrearmos atitudes frias, grosseiras, instintivas; sabendo é claro que somente os animais vivem delas! Olhar a própria vida como se fosse uma batalha, sendo dentro de nós ou não. E que a expressão ‘dar passos’ signifique tanto quanto a vinda do messias (sei lá qual), não adotando expressões chulas, depressivas, natas de uma sociedade que quer elevar-se acima de qualquer razão. Não, não podemos ser negativos. É mais uma das expressões infelizmente que teremos que adotar nessas trincheiras contra nós mesmos ou contra todos que se instalam à margem de nossas casas e ficam nos degradando à medida do possível, com atos e gestos também natos; mas por que eu disse “infelizmente”? A vida deveria ser programada para nos embutir somente o que nos valesse à pena... Que utopia maravilhosa!

Ainda na esfera n..., podemos nos inclinar a irrelevar problemas casuísticos, e fazê-los amassar como folhas-rascunhos. É possível, é provável. Tanto que há pessoas que são visivelmente amigas, suntuosas, amáveis, belas no que fazem e dizem. São dotadas de uma alma apaziguadora. Nelas se revela a possibilidade de sermos bons, realmente bons, ainda que por motivos individuais, circunstanciais... Interesseiros... Mas o que importa é que temos a ferramenta básica para ser tanto quanto melhor do que somos agora, e se não o somos, como diria Marcos Aurélio, filósofo, paremos de falar bem do próximo e nos juntemos a ele em bondade, amor, justiça... Sejamos iguais a ele!

O legado humano é imenso e ao mesmo tempo cheio de nuances das quais tiramos todos os dias aprendizados; contudo, um aprendizado, para uma vida de sessenta, oitenta e até mesmo cento e vinte anos, é muito pouco, por isso acreditam os grandes homens que somos eternos, tais quais o pôr do sol, a grande chuva, o grande espírito, tais quais os perfumes que embriagam a terra... Enfim, acreditam que somos parte dessa roda que não para em nome da busca pela perfeição eterna e Divina; não teríamos, claro, chances de sermos divinos se não tivéssemos essa qualidade de eternos, se tudo que é divino é eterno!

As batalhas também são eternas

Hoje, temos visões de céus e infernos culturais, dos quais tiramos idéias simbólicas e ao mesmo tempo damos credibilidade semelhante a algo que realmente existe. O perigo de dar credibilidade em algo que nos limita a compreensão é simplesmente viver dele e levá-lo a nossas vidas quais roupas, quais sapatos e chinelos. Não nos faltam exemplos...

No cristianismo, o céu, a espera do homem que será julgado, lá mesmo, ou sei lá onde, reflete-se cheio de pessoas dotadas de uma bondade ao extremo, sorrindo um para o outro, tomando banhos de cachoeiras, dormindo em travesseiros dourados, de seda – ah, as cachoeiras são mel. Pessoas de bem com a vida e-ter-na-men-te...

E aí? Será que nasceram todas elas divinas iguais a Cristo, que, ao nascer ainda não o era, e sim Jesus? Nem Sindarta Gautama fora Buda desde criança! Mas o que quero dizer com isso? Que a perfeição é uma possibilidade, mas temos que entender que não nascemos santos, apenas dotados de qualidades e defeitos com os quais trabalhamos nossa vida, tão cíclica quanto as rodas de uma carroça...

Trabalhar nossos defeitos e canalizá-los em forma de potencialidades e elevá-los é algo tão natural quando o bote de um tigre numa gazela. A questão é que perdemos a essência dessa batalha, desse lado humano de lidar conosco mesmos.

Não nascemos divinos, portanto, fica a critério de cada um superar a si mesmo em cada cortina de sua ‘encarnação’, do teatro que vida nos oferece. Sejamos bons atores, já diziam os gregos! Vamos eternizar cada cena, em nossos diálogos, atos, ainda que falhos, corrijamo-nos!

As batalhas nunca são as mesmas; nos parecem guerras, às vezes, mas são apenas pequenas batalhas, espelhos de nossos atos, falas, pensamentos...
Quem sabe um dia nos tornamos, dentro de nossas possibilidades, um Cristo, um Buda, Confúcio. Lao...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O Legado Humano

Às vezes vejo na mídia milhares de pessoas defendendo a paz, caminhando quilômetros de distancia, gritando “queremos paz”; outras, “queremos Justiça”, “nossos direitos” – não estão errados. Além dessa linha, há os idealistas de plantão que se cadastram em sites de organizações não governamentais, e, no outro dia, tentando suicídio em nome de peixes, de mares poluídos, de caças predatórias – não estão errados.

Não estão errados, porém, ainda que sejam pessoas que se jogam em nome do bem possível, ainda que estejam sendo provavelmente heróis de uma grande causa, há de convir que há medidas menos extremas e simples que podem, antes da paz, antes dos peixes, dos mares, salvar o mundo: os gestos, as falas, pensamentos...

Hoje, com continentes falecendo em nome da debilidade humana, não podemos voltar e nos manter frios frente às consequências que nós próprios criamos, desde o dia em que somos seres ambulantes, crianças desnaturadas, sem pais. Seria, com certeza, dar cavalos-de-pau em navios. Então continuemos em nossa tentativa vã, mas sempre voltados a novas soluções, tais como...

Começar de novo, deixando os buracos antigos para trás. Assim como o nascimento de uma flor em meio a um cerrado, como o pingar de uma chuva, que mais tarde se transformará em uma grande cascata, numa grande cachoeira. Começar novamente, sim, desde o inicio, em meio a tiros de bazuca, a guerras desordenadas, criadas por interesses políticos. Não inventar, e sim recomeçar e tentar obedecer a leis que já existem, que nunca prestamos atenção pelo fato de olharmos o bastante nossos umbigos.

O sair pelo portão da casa, olhar o vizinho, tentar entendê-lo com o passar do tempo. Criar meios – pontes – de comunicação ainda que sejam com gestos, olhares, e, como um jardim que precisa ser regado, a água da bem-aventurança vem bem devagarinho. Mais tarde, a gentileza do aperto de mão, a conversa, e quem sabe uma cerveja...

Com o passar do tempo, a natureza se encarrega das gentilezas a que obedecemos, das formas éticas – tão em falta em nossos dias – da cortesia, que nos é inerente. Vamos deixar os “contudos” pra lá... Vamos dizer que, em meio às guerras, estamos vencendo, trazendo um ser ao nosso circulo, e, principalmente, quando estamos dispostos a ajudar. Sem medo de dizer “em que posso ajudar, amigo?”, ao precisar de nós. E, se não dispusermos de elementos práticos-concretos, que nos venha à alma o grande abraço, o aperto doído de mão, a piada refinada... Ou mesmo o ouvir.

A guerra lá fora é bem maior, mas, por falta de humanidade, de amor ao próximo, não há vencedores, por mais que queiramos. Teremos apenas ruínas e recomeços tristes se não tivermos em mão uma nova trilha, um novo mundo. Para isso é preciso que regamos uma nova paz, uma nova justiça, sem medo da verdade, do amor, o primeiro dos sentimentos.

Vamos defender os mares, os tubarões-voadores, os golfinhos; defendamos, mais, o meio que nos circunda, caso contrário, nada terá valia, nada sobreviverá, se não houver mais defensores de seres humanos.

Para o Bem de Todos


Se soubéssemos o que nos seria bom, já de pronto, causar-nos-ia menos problemas desde a infância até a idade da morte. Mas não temos bola de cristal. E se a tivéssemos, a quebraríamos. Ou a própria natureza o faria. A Natureza se encarregou de nos fazer “recordadores” de um passado que está em nossas possibilidades. Não de vidas passadas. De nossos passados, nos lembramos muitas coisas quando jovem, ou quando fazemos exercícios mentais para tanto – o que é bom; porém ainda nos resta muita coisa a ser lembrada, e muitas, com certeza, a ser esquecida. Mas, mesmo assim, queremos entender o porquê de nossas mentes, às vezes, nos deparar com raízes nas quais refletem nossas imagens de maneira desvirtuada, trazendo aquela sensação de dejavour – acho que vi esse filme...

Muitos simplesmente não ligam, fazem pouco caso, e deixam pra lá.É óbvio que não é preciso nos preocupar com lembranças de passados de maneira a ficarmos estacionados em frente à vida qual estátuas móveis, dessas que se encontram nas ruas, com a finalidade de levar dinheiro do transeunte.

Mas o passado, para o bem de todos, é como um som de uma flauta; como uma essência criadora de novos caminhos, não como forma de estações, que nos fazem ficar parados. Longe disso.

O passado, assim como tudo na vida, deve ser levado em consideração, mas para ser refletido dentro de nossas convicções, criando meios para fortalecê-as – sempre filtrando o que nos fez humanos ou pelo menos um pouco.

Não fiquemos, assim, a bisbilhotar nossas vidas – nossas próprias vidas – investigando feridas doloridas, com intuito de fazê-las doer mais ainda. Não é bom para ninguém e nos faz regredir ao degrau mínimo de nossas involuções, o que também é um fator humano, porém, evoluindo, sim, seria o critério mais adotado desde o dia em que tomamos nossas consciências de homens que devem se fortalecer e fortalecer o mundo.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....