Muitos iniciam vários projetos, dentre eles o de iniciar uma
guerra: entrar em conflito com várias nações, ou mesmo apertar o botão que dá acesso
àquela arma que vai intimidar o mais próximo país. Antes disso, claro, outros
projetos mais simples, como o de fazer uma ponte que vai ligar duas cidades, ou
mesmo um túnel que interligará duas nações que há muito foram inimigas...
Tais projetos, entretanto, são de uma complexidade incrível
quando comparados a outros, nos quais o próprio homem tem papel fundamental
para realizar-se, ou realizar sonhos antigos. Falo de olhar, com olhos macros,
a própria situação na qual se encontra, e que, dentro dela, se perde, por ser o
protagonista, e por isso não enxerga.
É como se estivesse em um redemoinho, ou em um furacão, ou
mesmo se afogando em lagoa rasa, na qual só se observa quando alguém de fora
diz.. “fique de pé”, arrancando gargalhadas de ambos. E é assim que nos
comportamos com nossos problemas, com nossos projetos falhos, os quais são
vistos pelo empreendedor como algo maravilhoso, porém só se vê, atrás das
cortinas, a bagunça com que é feito...
É preciso ter olhos macros. O projeto, em si, deve ter em
sua medida o respeito ao que ele vai enfrentar. Se de uma obra grandemente
arquitetônica, se de um filho que vou querer no próximo ano. Assim, na medida
que visualizo as probabilidades, as possibilidades, e principalmente as razões
por que é feito, posso pensar em planejar, não iniciar...
O planejamento é algo que vai me fazer colocar na pauta, na
mesa, no mapa, na planilha ou mesmo em uma conta bancária o que tenho para
iniciar meu projeto. Fora isso, não posso começar nada. Seria uma falta de
respeito se o fizesse. E o respeito a si mesmo e a outrem é a primeira promessa
a se fazer antes de lidar com o que irás fazer.
E assim, depois da probabilidade, das possibilidades, do
planejamento, estamos acreditando que o projeto vai ser feito. Errado.
Esquecemos que temos uma palavra que nos pode fazer desistir ou continuá-lo:
paciência... Isso mesmo, paciência. É provável que nosso projeto, seja ele qual
for, dê tudo errado no início e até mesmo no fim. É preciso, antes de tudo, ser
paciente, passivo não. Passivo vem de paixão... E quando nos referimos a esse
substantivo, ficamos passivo, devagar, tristes até.
É preciso ter paciência, mesmo porque vamos errar, cair,
levantar, voltar nosso plano anterior, e até mesmo desistir de continuar
(espero que não), mesmo porque um projeto nada mais é que algo que nos pede
algo físico, pessoal, força, mas nunca nos pede humanidade... (será??).
Muitos dizem que Deus criou o mundo, graças a um grande
projeto que só Ele, em seu pensamento divino, sagrado e misterioso, pôde fazer
o que fez; e outros mais entendidos dizem que nada foi feito por alguém, mas
que há uma harmonia de elementos que jamais se viu e jamais se virá, e talvez
por isso pensem que “alguém” o criou... E esse alguém, perfeito, tanto quanto o
Universo, criou todas as possibilidades e probabilidades causais, com as quais
a gente se espanta até hoje...
Para muitos, tais causalidades são mistérios; para outros, é
o mistério divino que provoca o homem que tanto quer ser Deus e não pode. Eu
fico com as duas! Mas a minha real
opinião mergulha nos aspectos mais íntimos da filosofia, na qual resposta há na
medida em que buscamos algo maior que nós mesmos...
Ideal
E quando me refiro a buscar algo maior que a nós mesmos,
também falo de um projeto, mas de um maior, melhor, real, com estruturas mais
fortes, firmes e que possamos nele nos agarrar. Um projeto no qual as bases
humanas de amor e paz, de vida e temperança, se evidenciam como espelhos e
imagens, diante dos quais somos não somente protagonistas, mas tão interligados
com o espelho, com a imagem e ao mesmo tempo conosco mesmos, que esquecemos o
conceito de projeto e lançamo-nos a um maior: ideal.
Neste, tão simples e ao passo tão complexo, o homem se
realiza, se vangloria, se torna um pouco Deus, mesmo porque o encontra em si
mesmo. No Ideal, esse que encontramos até mesmo em uma borra de café, no arrastar de uma centopeia, no brio dos olhos do
cético, na complexidade de um ato simples, ainda em tempos difíceis, o ser
humano se vai e se joga em um mar de mistérios, os quais são descobertos a cada
passo, a cada levantar.
No Ideal, essa linha imaginária que nos faz movimentar o
planeta, que nos faz observar o sol por meio de uma fresta frágil, quase
diminuta, e ao passo suficiente para enxergar um pouco de nós, podemos
encontrar outros raios, o da Sabedoria.
Enfim, gostaria de dizer que nada é tão difícil quando se
quer, até mesmo compreender o Ideal. E quando me referia a projetos no início,
penei para aludir acerca do Ideal, pois, somente com esse grande ser que nos
cerca, qualquer projeto pode ir além dele mesmo... E o homem saber disso.