Um chamado da alma, que reluz no
cimo de uma montanha gelada, a espera de ser alcançada, inaugurada por uma
bandeira branca, sem cor e sem dono. Porque somos sem cor, sem donos, e no
fundo de nossas pretensões internas, as mais belas, bate um coração transparente,
cuja veia tem uma ligação com o universo, com o mais profundo do cosmos, no
qual o mais misterioso dos seres reside: você.
Assim vejo a vocação... Distante
e ao passo livre de interesses, dos quais surgem a mais belas ideias a respeito
do homem, de seus ideais, de seu caminho. Ideias essas que nascem por segundos
e morrem noutro, mas que jamais serão esgotadas quando direcionadas ao ideal,
simplesmente porque ele é espiritual – nada mais.
Hoje, em meio à crise não apenas
de valores, mas em todos os sentidos, há heróis que se desvencilham de suas
reais profissões nas quais esteve há anos, e que sobrevivera a vários governos,
os quais não foram tão cruéis, entretanto, há sempre um que vai lhe dar todos
os precipícios e vai fazer você pular de um... abandonando aquilo que você mais
ama – a sua profissão, que desde pequeno lutara para ser.
Não se pode falar, atualmente, em
vocação, graças a essa demência política porque passamos, a que assistimos, e
que dela morremos um pouco todos os dias. Vocação, aqui, hoje, soa como uma
brincadeira anormal, sem graça, ou apenas uma brincadeira filosófica, que
reacende as chamas de nosso pensamento em meio às cinzas nas quais passamos
descalços, e depois, voltamos tudo de novo.
Mas... Os valores são utópicos
até o momento em que nos sentimos passiveis de respeitá-los como tal. Se somos
passivos a ficar sentados, morreremos sentados; mas estamos de pé, caminhando,
buscando, renovando para o nosso bem a história nossa que precisa de não
somente ideias, mas de reformas a partir de preceitos antigos, dos quais
grandes nações nasceram, foram maiores que estas que admiramos. Estas que se
mostram civilizadas, porém, desrespeitam a matéria prima: nós, humanos.
A vocação não deve ser um conto
de fada; nem um mito, no pior sentido da palavra, mas um coluna forte, feita do
melhor material, erguida pelo melhor dos homens, e plantada na profundidade de
uma fundação milenar.
Por enquanto, enquanto a grande
montanha é apenas um sonho, sejamos nós mesmos.