sexta-feira, 26 de agosto de 2016

VOCATUDE (ii)






...Esqueçamos o universo por enquanto, ou pelo menos um pouco, pois, a querer ou não, ainda somos o pingo. Falemos mais sobre a juventude, que, como uma avalanche, desce loucamente as montanhas, as geleiras, e invade as geladeiras sem permissão (isso foi fora do assunto, claro).

Mas o que nos apraz agora e sempre é a educação, tão falada e ao mesmo tempo sem conceito, graças ao que fizemos com ela. O que era a porta maior para a vocação, hoje, tornou-se a porta para o “sucesso”, seja ele qual for.

Prova disso são as instituições que lotam suas salas de mocinhos e bandidos e os fazem, no mesmo teto, repensar seu futuro. Qual? Se houver uma personalidade voltada ao bandidismo, não será uma sala ou mesmo um professor super informado que irá mudar seu ideal – roubar, assassinar, ou mesmo ser um mafioso – mas o que me mata não é isso, e sim, quando ele deixa tudo de mão, sendo bom ou mau, para ser um político.

Para Platão, filósofo grego, a palavra político se emprega na essência de cada um. Mas não da forma que vemos. Em sua Republica Idealística, aquele que se incomoda com as algemas, olha para trás, e não deixa de seguir o seu caminho, é o filósofo; mas quando sai da Caverna*, percebe a verdade, o bem e a Justiça, e (o mais importante) volta para auxiliar os seus, aqui, nesse momento, é o Político.

Entre as algemas e a saída, há diversos pontos simbólicos como sabem, porém, ao tratar aquele que “volta” para salvar seus entes queridos e dizer-lhes a verdade acerca do que viu, chama-se de Político, é darmos um “cavalo de pau” e um navio de carga... Por isso nossa dificuldade em entender tudo.

Mas Platão, ao observar o político como temos em mente, nos mostra a sua essência, a sua beleza, após passar pelas intempéries “cavernais” e demonstrar que político tem tudo a ver com vocação natural do ser humano em auxiliar o próximo quando se está em perigo, ou mesmo quando se encontra perdido, seja física ou emocionalmente.

O Jovem atual se encontra assim, perdido, sem atravessar as pontes necessárias para a sua essência. E quando encontra, é possível que sua natureza seja levada a um abismo pior do que a própria caverna, que, a depender do tamanho, ilude como papeis de parede iguais à realidade, ou semelhante a seus sonhos. É covardia.

Em meio aos percalços, encontra-se uma gama de informações distorcidas acerca da própria Educação. Nela, a informação genérica, a propaganda massiva de referenciais pobres e falsos, os quais norteiam gerações, que se deleitam com troféus novos, com falas enrustidas de nobreza falsas, ternos e gravatas engomados, para, em tribunais, abrilhantar o caráter que não possui.


Por essa e por outras, a Vocação deve ser objeto de reflexão. 

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