Quando olho para o meu filho,
logo me pergunto, após refletir comigo mesmo, o que ele será quando crescer?...
Será que ele vai gostar, vai se dedicar, estará feliz com o que escolheu ou vai
simplesmente, assim como os jovens atuais, viver pulando de galho em galho, até
que encontre uma profissão que lhe dê suporte financeiro?
Nosso mal, nesse minuto, é
desconsideramos o fator Vocação. Ao observarmos nossos filhos com
características pessoais, não somente uma, mas muitas que nos vão atravessar
com o tempo, percebemos que seus olhos ainda estão voltados a algo flexível e
que nos engana, tapeia, até o dia em que ele nos dirá o que vai ser.
Quando pequeno, com seus oito a
dez anos de idade, aparecem os heróis e com eles as grandes profissões, como
bombeiro, policial, soldado, enfim, profissões que se alojam por deterem
aspectos lúdicos, mas ao mesmo tempo heroicos; contudo, ainda não são
profissões nas quais seu filho irá viver, a não ser que nele, intrinsicamente,
haja uma vocação para tanto...
O que seria a vocação? – Não
gosto de explicar esse termo maravilhoso do modo usual, como nos dicionários,
mas da maneira como aprendi. E o que aprendi é que a palavra vocação vem do
latim vocare, chamar, chamado, ou
seja, quando o seu eu recebe um chamado. E isso independe do lugar, do que
somos, do que temos, e sim da natureza que desconhecemos em nós.
Lá no fundo da alma, do self, guardamos a profissão natural,
aquilo que vamos desempenhar sem lágrimas, sem sorriso falho, sem dor; está
guardado como um filho mágico que ainda não conhecemos, e que nos dará ânimo
dentro de nossa esfera terrestre unida à grande Lei.
A LEI
No universo – esse em que moramos
há milhões de anos, e que mal conhecemos graças ao pouco instrumento físico e
intelectual que temos, trilhões de células nascem e morrem, e outras milhões de
galáxias nascem e morrem todos os dias, com finalidades desconhecidas pelo homem,
mas nem por isso são aleatórias – isto é, de qualquer modo, pois são pontos
naturais e profissionais, pois não
deixam jamais de fazer o seu trabalho seja ele qual for.
Na terra, nesse planeta cheio de
outras milhões de células e átomos que desconhecemos, fazem o mesmo, e estão
tão perto de nós quanto àqueles que somente os grandes telescópios sabem que
existem. Ou melhor, tais células não precisam ser visitadas para serem
conhecidas, mesmo porque não sabem autografar! Vamos brindar as árvores, as folhas,
as flores, o verde, o caule, as raízes, enfim, tudo que ao nosso lado
“trabalha” para a formação de um universo não paralelo ao nosso, mas que também
não se mistura e ainda sim dele precisamos.
O universo humano não é tão
complexo, mas ao nosso ver também não é tão simples, pois, além de deter nossa
evolução, tem o prazer de observar outras evoluções, como a dos animais... E
isso nos faz refletir, pôr os pés no chão, e ver que nossas vocações independem
deles, mas que devemos observá-los com objetivos simples: que ele já a
alcançaram.
E quando digo que os animais são
evoluídos mais que nós, não me refiro espiritualmente, mas em relação à lei a
que obedecem. São seres vivos que não precisam se perguntar quem são, para onde
vão e por quê. Fora os contos de fada, a histórias nas quais há seres estranhos
que comunicam, os animais fazem o que fazem porque são animais e ponto. Nesse
quesito, somos meio confusos, pois o que fazemos e o que pretendemos fazer
(isso por baixo), e o que estamos a buscar, sempre reflete o que somos,
superficialmente, não profundamente...
É da profundidade de que falamos,
daquele poço em que a água brilhante nos ofusca pela sua pureza, pelo seu
gosto; é de seu gosto, do profundo significado que guarda em seu gosto, e
quando provamos nos sentimos realizados, tal qual aquele lobo que fora criado
pelas hienas e que um dia, ao saber que era da alcateia, que era lobo legítimo,
não tinha mais o que buscar.
Nossa busca é incessante, mesmo
porque há desvios que nos faz acreditar que o mais importante é o status, é o dinheiro, é a tecnologia, é
a cultura disfarçada de cobra. Não podemos nos deixar enganar, nem mesmo por um
instante, pois somos filhos de um universo que nos pede que nos encontremos
para a ele encontrar. Temos que voltar a ser o pingo no Oceano, mas para isso é
preciso que nos reconheçamos como pingos, feitos de diversas formas de
oxigênio; mas pingos com suas vocações naturais em meio a um universo que nos
espera.
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