Já faz algum tempo que não postamos nada nesse nosso "querido diário" filosófico. Na realidade, mais do que isso, vejo uma grande necessidade de passar àqueles irmãos filósofos (ou àqueles que ainda não buscam ser e sei que um dia o farão) uma forma de tentar entender o porquê de nossas semânticas tão mal direcionadas.
O que quero dizer é que sei que todos os dias nos surgem questionamentos, mistérios, frutos simbólicos de nossas lutas diárias, nas quais aprendemos de tudo um pouco, até chorar de verdade. Por que digo isso? somos hipócritas, assim como ondas de filmes de ficção, que não matam ou mesmo engolem ninguém. Não há um dia que não nos expressemos como governadores de algo, como filhos de reis e rainhas, ou mesmo como meros seres divinos que vieram ao mundo para salvar a humanidade... Quem sabe.
Esse grande defeito, assim, caminha como pedintes mentirosos, a deixar pessoas pensando que somos humildes, simples, filhos de Deus. E quando nos passam tarefas, pequenas e bobas, nos transformamos em gigantes zangados ou, de repetente, donos da situação. Quem somos nós?!
Uma viagem de um homem aventureiro, em meio a um mar turbulento, o fez cair em uma ilha imensa, cheias de criaturas pequenas, do tamanho de um brinquedo infantil, foi amarrado, escravizado, mas, depois de perder a paciência, soube lidar com os mini encrenqueiros, os quais, após o combate vão, viram que o "gigante" era do bem.
Assim o levaram a vencer batalhas, a recuperar territórios, a viver em função daquela ilha, que, segundo eles, era milenar. Mas o suposto gigante tinha que ir embora, mesmo porque seu lar não era aquele, ainda que estivera quase preso pelo amor dos pequenos. Pegou seu barco. Foi embora.
Em meio a lembranças, no grande mar, seu barco começara a sentir que havia outra grande onda que pudera ser maior que a primeira, que o levou aos pequenos homens. A onda, agora, o empurrou para mais longe, tão longe que não conseguira, mais um vez, voltar. Caiu assim, em outra ilha.
O aventureiro agora não sabia onde estava... Quando de repente foi pego por um gigante cuja altura não se pudera nem mesmo medir com os sentidos. Por fim, foi levado. Adotado como "um brinquedo" que fala, viu que, ao contrário dos pequenos, com os quais tinha uma grande amizade, não sabia, nesse episódio, se a sorte o sorriria novamente...
Tudo lhe aconteceu. Foi então que, um dia, uma senhora muito simpática o atendeu e o entendeu. Sabia que a conversa seria em tom mais ameno, de modo a tentar convencê-la que seu barco o deixou nas ilhas do pequenos e depois naquela, que nem mesmo sabia o nome.
A simpatia em vê-lo explicar toda sua aventura, deu-lhe passaporte para seu mundo. A mais simpática das gigantes, sensibilizada, moldou um pequeno barco e com sucesso fez do 'seu' pequeno aventureiro um comandante e tanto. Seu nome, Guliver.
Não se sabe em que ilha vamos aportar quando acordamos, mas podemos entender que de tudo se pode encontrar, isto é, de pessoas pequenas, grandes, mal humoradas, amigas ou não, sinceras, malditas, como se um leque infindável de seres fossem palhas desse grande leque, que é a própria vida. Não posso pensar que não sou parte dele, mas também não posso nem sequer acreditar que sou melhor ou pior de que ele!
Assim como Guliver, aportar em ilhas nas quais somos grandes e de repente pequenos, é uma forma de aprendizado natural que a própria vida nos impõe. Se somos arrogantes, que tenhamos motivos; se somos hipócritas, idem. Não tenhamos, porém, que sê-lo em todas as ocasiões ou até mesmo em ocasiões trocadas, nas quais podemos ser o que somos e outras que não.
Não é "complexo", não, não é. É uma forma idealística de ser, de caminhar, de desviar do que não somos, pois se cairmos nessa ilha jamais sairemos.
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