A cegueira de Saramago é genérica. Não querendo defendê-lo, mas, se o expoente luso, prêmio Nobel, bem quisto, etc, ainda engatinha em suas opiniões relativas a tudo que é religioso, com certeza, outros de menos porte – por assim dizer – rastejam, ainda que velhos, nas mesmas pedras até chegarem ao ideal opinoso.
Tradição
A mentira repetida várias vezes torna-se uma verdade.
Não é por isso que devemos acreditar de maneira afincada e eternamente em relatos superficiais de autores, diretores, artistas, entidades modernos. Seus parâmetros serão sempre personalisticos , em qualquer nível – se não houver uma meta de modificação interna.
Hoje, quando nos referimos à “ modificação interna”, é o mesmo que pedir para fazer uma nave espacial, sozinho, e ir à lua. É de uma complexidade incrível. Contudo houve épocas em que não se repetia frases tais, pois era uma forma de vida o ‘modificar a si mesmo’. Não estou falando de cinqüenta ou sessenta anos atrás, mas de dois a três mil anos, quando a humanidade, elevada ao nível dourado de espiritualidade, cultivou valores morais que até hoje, três mil anos depois, ainda ressoam como formigas pisadas embaixo dos nossos sapatos. Valores que suplicam em nossos corações, almas, na consecução de dias melhores para a realização do mundo tão sonhado por todos.
Não há como melhorar um ser um humano de um dia para outro, nem se o deixasse sozinho, em cima de uma montanha, com bons pensamentos, com um nível de espiritualidade máximo, pois precisaria de outro ser humano, o que significa dialogar, trocar idéias, comungar, amar, sorrir, ajudar... ou no pior das entrelinhas brigar, trocar farpas, odiar, chorar... Enfim, trocar experiências para as quais fomos dotados.
Hoje, filhos da modernidade em seu maior cimo, nos distanciamos da verdadeira forma de viver. Algumas comunidades talvez não. Mas noventa e nove por cento, sim. Os gregos do passado revelaram a grande dificuldade humana em seus mitos; trouxeram-nos pensamentos profundos acerca da nossa deficiência em obter nosso cantinho de paz, em nossas almas. Nunca, porém, disseram que teríamos que ter compaixão com nossos irmãos, ou mesmo dar a outra face, literalmente, ou mesmo simbolicamente, mas em todos os mitos (uma palavra distorcida atualmente) nos trouxe as respostas para um dia melhor, baseado em nossas naturezas humanas – o que, com certeza, dar-nos-ia uma estrada repleta de dificuldades, pois somos seres muitos complexos, sendo religiosos, ou não. A própria religião, como diriam, está antes do homem, e Deus, em tudo.
No Egito, obras imensas, ditas como inúteis, simbolizam o poder do faraó, como dizem todos os especialistas; no entanto, nós, e nossa visão de répteis pisados, não temos a mínima prospecção nesse quesito. Por mais que sejamos antropólogos, egiptólogos, historiadores, a nossa visão, a moderna, nos impede de ver o que está por trás de uma pedra, quiçá de uma construção egípcia.
O que nos vem à mente é apenas a visão capitalista da coisa. A visão competitiva, corrupta, materialista, fria, ignorante, romântica e débil – ou seja, é melhor inventar do que buscar saber de onde veio tudo aquilo...
E nessa linha temos uma série de questionamentos que são irrelevados simplesmente pelo fato de não sermos educados para tanto. À luz da Igreja, da política corrupta, dos sistemas laicos interesseiros, das democracias, vivemos sem um pingo de amor ao conhecimento – uma natureza que nos tiraram como se fôssemos cães cujo rabo se castra para não balançar e quebrar a mesinha de centro...
Platão, que bebera nas águas egípcias, assim como a metade dos filósofos antigos, tratou de racionalizar em suas obras o conhecimento aos homens de todos os tempos; porém ainda o direcionam de forma errônea como se fossem fios advindos de um só ponto. Suas obras são, no entanto, voltadas ao homem que quer entender a si mesmo, iniciar seus sonhos em práticas diárias a partir de uma Justiça, de uma Beleza, de uma Verdade eternos – o que, para nós, seria o supra-sumo. Mas o modernismo nos corrompe e nos agride com suas mentiras que viram verdades todos os dias...
Saramago é apenas mais um sujeito filho dessa dificuldade imensa em chegar ao espiritual, ou menos que isso. O racionalismo moderno e suas nuances maravilhosas nos faz acreditar que somos tão espirituais quanto nossos pais e mães, e nossos mestres antigos. Mas o grande autor luso deveria saber de uma coisa: não somos.
Tradição
A mentira repetida várias vezes torna-se uma verdade.
Não é por isso que devemos acreditar de maneira afincada e eternamente em relatos superficiais de autores, diretores, artistas, entidades modernos. Seus parâmetros serão sempre personalisticos , em qualquer nível – se não houver uma meta de modificação interna.
Hoje, quando nos referimos à “ modificação interna”, é o mesmo que pedir para fazer uma nave espacial, sozinho, e ir à lua. É de uma complexidade incrível. Contudo houve épocas em que não se repetia frases tais, pois era uma forma de vida o ‘modificar a si mesmo’. Não estou falando de cinqüenta ou sessenta anos atrás, mas de dois a três mil anos, quando a humanidade, elevada ao nível dourado de espiritualidade, cultivou valores morais que até hoje, três mil anos depois, ainda ressoam como formigas pisadas embaixo dos nossos sapatos. Valores que suplicam em nossos corações, almas, na consecução de dias melhores para a realização do mundo tão sonhado por todos.
Não há como melhorar um ser um humano de um dia para outro, nem se o deixasse sozinho, em cima de uma montanha, com bons pensamentos, com um nível de espiritualidade máximo, pois precisaria de outro ser humano, o que significa dialogar, trocar idéias, comungar, amar, sorrir, ajudar... ou no pior das entrelinhas brigar, trocar farpas, odiar, chorar... Enfim, trocar experiências para as quais fomos dotados.
Hoje, filhos da modernidade em seu maior cimo, nos distanciamos da verdadeira forma de viver. Algumas comunidades talvez não. Mas noventa e nove por cento, sim. Os gregos do passado revelaram a grande dificuldade humana em seus mitos; trouxeram-nos pensamentos profundos acerca da nossa deficiência em obter nosso cantinho de paz, em nossas almas. Nunca, porém, disseram que teríamos que ter compaixão com nossos irmãos, ou mesmo dar a outra face, literalmente, ou mesmo simbolicamente, mas em todos os mitos (uma palavra distorcida atualmente) nos trouxe as respostas para um dia melhor, baseado em nossas naturezas humanas – o que, com certeza, dar-nos-ia uma estrada repleta de dificuldades, pois somos seres muitos complexos, sendo religiosos, ou não. A própria religião, como diriam, está antes do homem, e Deus, em tudo.
No Egito, obras imensas, ditas como inúteis, simbolizam o poder do faraó, como dizem todos os especialistas; no entanto, nós, e nossa visão de répteis pisados, não temos a mínima prospecção nesse quesito. Por mais que sejamos antropólogos, egiptólogos, historiadores, a nossa visão, a moderna, nos impede de ver o que está por trás de uma pedra, quiçá de uma construção egípcia.
O que nos vem à mente é apenas a visão capitalista da coisa. A visão competitiva, corrupta, materialista, fria, ignorante, romântica e débil – ou seja, é melhor inventar do que buscar saber de onde veio tudo aquilo...
E nessa linha temos uma série de questionamentos que são irrelevados simplesmente pelo fato de não sermos educados para tanto. À luz da Igreja, da política corrupta, dos sistemas laicos interesseiros, das democracias, vivemos sem um pingo de amor ao conhecimento – uma natureza que nos tiraram como se fôssemos cães cujo rabo se castra para não balançar e quebrar a mesinha de centro...
Platão, que bebera nas águas egípcias, assim como a metade dos filósofos antigos, tratou de racionalizar em suas obras o conhecimento aos homens de todos os tempos; porém ainda o direcionam de forma errônea como se fossem fios advindos de um só ponto. Suas obras são, no entanto, voltadas ao homem que quer entender a si mesmo, iniciar seus sonhos em práticas diárias a partir de uma Justiça, de uma Beleza, de uma Verdade eternos – o que, para nós, seria o supra-sumo. Mas o modernismo nos corrompe e nos agride com suas mentiras que viram verdades todos os dias...
Saramago é apenas mais um sujeito filho dessa dificuldade imensa em chegar ao espiritual, ou menos que isso. O racionalismo moderno e suas nuances maravilhosas nos faz acreditar que somos tão espirituais quanto nossos pais e mães, e nossos mestres antigos. Mas o grande autor luso deveria saber de uma coisa: não somos.