terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Sal Amargo de Nosso Tempo II

Se a própria Igreja abastece o povo com crendices arcaicas-sem-pé-ou-cabeça, é preciso entender que não é com ofensas que vamos lograr a verdade. Antes de tudo, é preciso que a tenhamos – a verdade – em nossas possibilidades; e mesmo que a tenhamos, o que acho quase impossível – pois até mesmo Buda dizia que da Verdade só temos o rabo, as orelhas, as patas, até mesmo o corpo, todavia não a temos por completo – vamos entender que há uma necessidade por trás das épocas, da história, dos ciclos, de haver uma decadência em determinados setores – no caso nosso, em todos! – pois tudo é cíclico, ou seja, há uma decadência, mas também há uma ascensão, não física, mas de valores essenciais pelos quais vivemos e morremos, e não sabemos, porém.

Uma coisa é certa, Saramago: o povo não é notório do completo saber, apenas alguns. Nem por isso aproveitamos tal natureza e a transformamos em um meio separatista, no qual apenas o racionalismo dos psedointelectuais esconde a ‘verdade’.

Saramago e a Crítica à Biblia

"A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana", dizia o autor de Caim.

Assim como várias bíblias, a Ocidental tem a finalidade de unir, mesmo que de maneira forçosa, todas as nações. Não há como ficar pior, como disse Saramago, pois se falamos de religião, ainda de maneira falha, há de convir que, mesmo com todas as más interpretações, com a falta de base intelectiva, filosófica, histórica, mítica..., sabe-se que pessoas melhoraram e se transformaram dentro do critério Antropomórfico-social religioso, no qual acreditam e morrem por ele.

A fé que tanto demonstram em seus céus, infernos circunstanciais e fictícios relata a falta de cultura, mas também demonstram a credibilidade em algo que não conseguem explicar – ou seja, sem base – o que demonstra a potencialidade humana no quesito Ideal. Mesmo não vendo, crê-se, e se vai à luta, e mais, consegue-se de tudo (fora os Bispos, Pastores ladrões, claro), além da própria simplicidade interna em lidar com seus semelhantes. Isso é incrível.

A Bíblia, por ser um livro sem chaves – cujos textos são vistos como indecifráveis por uns, e literais por outros – revela-se um texto atemporal, assim como todos os textos clássicos. Cheio de figuras míticas, até o próprio Cristo, espelha a necessidade de acreditarmos em algo maior que nós mesmos, de algo que seja grande, de poderes imensos, e que nos castigue no fim de nossos pecados. Ou seja, parece que queremos viver à sombra de alguém como nós. Isso difere muito das bíblias orientais, como a da própria Índia, a qual nos traz lutas simbólicas entre nós, personalidade, e nós, espírito – estou falando do Bagavagita. O livro mais lido e apreciado e seguido naquele país, pelo fato de levar a todos a sabedoria milenar de uma tradição enraigada de conhecimentos deixados pelos antigos sábios. Gandhi citava várias vezes livro na sua luta pela liberdade na Índia inglesa.

O Tao, até hoje, na atual China é seguido como o único livro a ser seguido tal qual as bíblias anteriores. Assim como outras filosofias, enraizadas em outras mais profundas, países orientais se firmam, se estruturam, se espiritualizam e, com certeza, se modernizam sem perder de vista a simbologia a que tanto respeitavam no passado.

O simbolismo de Saramago

Como um autor que despreza o processo histórico, é de se espantar em vê-lo fazendo um livro da altura de “Ensaio sobre a Cegueira”. Para quem leu a república platônica sabe muito bem que Saramago queria induzir o leitor ou expectador (virou filme!) a uma realidade paralela. Por meio de metáforas, desde o inicio conta-se a história de uma cidade cujos habitantes ficam cegos – e aos poucos –, quase enlouquecidos, não conseguem lidar com a situação a que se encontram. Fora a metáfora, é um texto farto de simbolismos os quais nos remetem a nós mesmos, ou a nossa sociedade, que trafega cega sem mesmo olhar o que faz, ou mesmo para onde vai.

Todavia, quando nos dirigimos a uma pessoa que possua ideologismos guardados na manga, fica até mais fácil introduzir uma linha de raciocínio que nos possa direcionar a algo certeiro, relevante; ou seja, é preciso ter um sol, ou mesmo uma estrela que nos encaminhe. E Saramago não tem um sol a nos direcionar. Ele próprio não tem direção.

Os grandes lideres de que lembramos – Luther King, Gandhi, Che Ghevara, entre outros, que nos mostraram energias suficientes para mudar o mundo, foram mortos e, ainda hoje, suas idéias são tão fortes quanto se estivessem vivos. É sempre assim... As idéias que geram melhorias à humanidade são como tochas eternas que iluminam a humanidade. Sem falar nos verdadeiros mestres – Cristo, Buda, Lao Tse, Confúcio, Sócrates... que são as próprias tochas, ou mesmo o sol de muitos. Esses seres especiais não criticaram ou mesmo deterioraram Igrejas e suas religiões... Buda já dizia que a verdadeira religião é aquela que respeita a do próximo.

Saramago na sua cegueira tem um mundo sem pensar; mas que mundo guardaria um homem sem Deus? Como seria comandado um país cujo governante teria medo em falar de Deus? Sim, claro, pois, se eu tenho uma parábola, uma história, um texto simbólico, ou mesmo um conto de fada, devo ter minhas convicções a um mundo melhor! Se, claro, esse texto estiver dentro de um contexto benéfico a um determinado tempo, povo... sociedade... Mas, não havendo essa idéia, para que a simbologia crítica de Saramago? Seria só para criticar as entidades, tal qual um apresentador de televisão visando audiência? Nesse caso nem mesmo a intenção é válida.
Continua...




















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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....