quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Lado oculto da Lua



E sussurramos nas altas estrelas até
A madrugada...
Chamavas-me de louco, e eu,
Roubando-lhe beijos, de amada.
Retirados os véus,
Não só em palavras,
Mas em cortinas,
Em roupas, como almas aladas,
Nos amamos sem valor.
Caímos em devaneios múltiplos
Pela fantasia,
Acordamos e dormimos frios,
No exercício quente
Da alforria.
Não éramos mais escravos,
Apenas governantes da magia,
Derramamos secas bebidas
E moramos no lado oculto da lua,
Fugimos um pouco agonia,
Da dor que nos unia...
Da cor neutra da paixão
Que naquele espaço persistia...

Embebedamo-nos de alegria,
Dançamos a música que se fora,
Apenas a mente nos servia.
Seu corpo, ao som do vento,
Parecia uma paisagem muda,
Até que em seus olhos firmes,
Na tempestade dos meus,
Brotaram frutos doces,
Ao passo de Deus.
Eu morri de amor,
Ressuscitei em segundos,
Corri campos e nadei mares,
Senti-me dono do mundo.

Meu mundo se foi,
Como um divino ateu,
Acordei na noite,
Molhado pelos belos açoites,
E voltei ao sonho meu.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Romanos

Cena do filme "A Legião Perdida"

Eles nasceram com um intuito de guerrear, porque estava em suas veias, ou, para ser mais claro, em suas almas, a própria guerra.  Não tinham a compaixão nossa de cada dia, mas a dos deuses, e, ao passo, a maior das ideias, a de fazer a todos cidadãos do mundo.  Uma família cuja natureza era a certeza da filosofia prática, advinda das maiores e melhores nações que semearam em suas terras simbólicas a eternidade por meios dos valores a que obedeciam.
Aqui cabe ressaltar a que tipo de valor era esse, que, até hoje, tentamos compreender em meio a uma paixão pela batalha, pela reverência e ao mesmo tempo pelo amor à disciplina, à ética, à honra sagradas.
Porém, não se consegue entender as indisciplinas de vários homens herdeiros desse grande trono que reinou durante mais ou menos setecentos anos! Depois de vários estudos, nos precipitamos em opinar sobre esse mistério que abalou a linha da História. Dizemos que até o menor  dos universos sofre com a queda, com o esvaziamento, ou, enfim, com a decadência moral e física que o Destino lhe concebe.
Assim, olhamos para o horizonte e voltamos de costas com lágrimas nos olhos, pois há mais mistérios no mundo do que Deus nas páginas dos homens. E quando voltamos e nos questionamos acerca desses seres, que criaram pontes, criaram instituições, nos deram leis irreversíveis e nos ensinaram a sentir a divindade em forma de deuses-humanos, vimos que a pequenez da vida nos morde como mosquitos, todos os dias, em nosso racional frio e sem espelho.
Nada, porém, nos tira esse legado cultural, filosófico, natural das grandes nações, das grandes civilizações, que, miticamente, traduziram o que não nunca poderíamos com esse sotaque arrogante do modernismo, entender o que se passou com eles, quando vários seres de "outro planeta", como Platão, Aristóteles, Plotino, ou guerreiros como Júlio César Pitolomeu, Alexandre, o grande, Marcos Aurélio, e vários outros ets, nasceram e cresceram, e nunca mais morreram, apesar dos pesares porque passa a humanidade.
Nunca vamos compreender o Mito da Caverna, nunca iremos compreender a Bíblia, nunca, jamais, com esses olhos vaidosos, vamos entender o que aconteceu na época em que as maiores pirâmides foram construídas, ou como construíram, ou menos do que isso, nunca iremos saber se fora realmente verdade o que os grandes heróis nos deixaram, pois, em razão dos “óculos” que nos colocaram desde a tenra idade, somos obrigados a ver escravos, dinheiro e senhores capitalistas a comandar a vida de muitos, onde quer que pisamos...
Contudo, em meio a esse mundo cheio de mágoas de um passado que não se compreende, observamos os clássicos, e deles tiramos conclusões de que somos semelhantes de algum modo aos grandes homens, sejam eles vistos como extraterrestres ou não, sejam eles divinos ou não: podemos entrar para a história cultivar os mesmos valores universais, que um dia desceram como cometas, se transforam em homens, se foram como estrelas e deixaram raios de sol para caminharmos.
E mais, acredito que podemos ser gigantes, tais quais aqueles pequenos-grandes homens que iam às guerras, como se fossem namorar a filha do vizinho; podemos entender que somos eternos, tais qual o uno que mora longe da maior vida, mas também tão perto quanto à brisa que entra em nossos pulmões e sai de nossas almas.




Aos amigos

O Dia da Laje



Dia em que todos se uniram como guerreiros da terra, do cimento, da lama. Dia em que pessoas simples e fortes determinaram que iriam vencer a maior das guerras, a guerra da laje. E venceram.

Foi assim...
Um grupo de jovens foi convidado a participar da colocação da laje, um misto de cimento, terra lavada e brita fina. Toda ela seria colocada em cima do primeiro andar de minha casa em construção, toda ela seria espalhada, delineada com o objetivo de formar o chão do segundo andar. O trabalho não era para qualquer um...
Contudo, ainda dizem que é um trabalho voltado muito mais à união daqueles que estão ali, se manifestando em favor da grande causa, vencer a guerra da laje – levando terra em carrinhos de mão em questão de minutos, às vezes correndo, às vezes sorrindo; levando até o cimento, que é misturado à água, unida à brita fina, misturados até virar a massa que será levada pelos peões, em um balde, até a parte de cima...
O grupo de jovens que eu convidei para a integração, união e trabalho... No entanto, infelizmente, não compareceu. Assim, o mestre de obras, que possui a visão “além do alcance”, havia preparado um outro grupo, o de guerreiros.
Descendo de suas cavalarias – carros simples – e com suas vaidades em dias, roupas já sujas, meio rasgadas, para enfrentar a guerra, além do diálogo clássico, aquela língua de pedreiro que só eles entendem, tais homens sorridentes, animados, e por que não dizer criados em construção de casas, edifícios, torres..., fizeram uma roda ao redor do mestre pedreiro espartano, seguraram seus escudos, suas lanças, gritavam suas máximas, e iniciaram a maior das orações... O trabalho.
Assim, quem os via dedicados a subir a descer, levantar, cair, falar, se esbaldar em lama de cimento, dizia “esses caras são bons!”. A rapidez, a sinceridade, a força em lidar com seus instrumentos de trabalho, a dação, lembrava-me a palavra vocação.
Dela posso extrair – sem discriminar ou preconceituar – a natureza de cada um onde estiver. E ali, naquele canteiro de obras, seres advindos de lugares diferentes, com objetivos iguais, igualaram-se em ideais, mesmo que involuntariamente, pois fizeram o melhor dos trabalhos, a melhor das lajes.
Pessoas simples, que demonstraram compromisso em meio a um mundo de jovens que se digladiam em frente a um computador que não podem perder a internet, e nela o site, a página, a foto, o recado, senão se infiltram em mundos desconhecidos e ficam mudos. Jovens que não entendem o valor do trabalho, do estudo, da necessidade de cultura, e sequer sabem o que é educação...
Os homens que fizeram minha laje, hoje, talvez, saibam menos do que isso, mas, com certeza, estão mais à frente do que muitos apregoados em bibliotecas virtuais, faculdades de borracha, pois a destreza e o compromisso com os quais se dedicaram naquele dia foi de encher os olhos e o coração de muitos.







Mãe, queria muito que a senhora tivesse visto.
Beijos do teu filho.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Águias Perdidas

 

Há muito tempo, impérios se firmaram sobre ideias grandiosas de domínio do mundo, de construção e evolução dentro das sociedades, e muito mais, da própria humanidade. Sabe-se que essas civilizações tiveram um corpo, desenvolveram, mas caíram com o tempo, assim como tudo que nasce, cresce e morre, entretanto, para muitos, tais civilizações ainda que com características aprazíveis ou não, reencarnam como uma grande alma em “corpos diferentes”, e tentam se manifestar, imporem-se, e recomeçarem seus sonhos, ou a depender, nossos pesadelos...
Para quem não sabe do que estou falando (ou pelo menos tentando), eu vou lhes dizer, estou me referindo a Roma, ou Persa, entre outras, e por que não dizer da Alemanha, em seus tempos áureos. Da Alemanha, nem tanto, pois, quando se fala em auge, sempre nos direcionamos a alguém (nesse caso, ou país) em sua mais alta forma seja ela educacional, material ou espiritual.
Esta última potência, Alemanha, no entanto, depois da Primeira Grande Guerra, só esteve em seu auge quando um ditador iniciou seu processo “civilizatório” baseado em premissas genocidas – exterminar povos. Isso, na realidade, não chega a ser desenvolvimento, ascensão, evolução. É o mesmo que dizer que a máfia – seja ela em qualquer sociedade – conseguiu seu auge. Talvez no material, mesmo assim, eliminando muitos adversários, por meio de disciplinas e ordens que ela mesma – a máfia – honrava todos os seus compromissos.
E é, apesar de tudo, elogiável, pois coloca no chão várias instituições, quando se trata da matéria disciplina. Porém, não passa disso. E a Alemanha, em busca de renovar-se no contexto mundial, à época, agiu como a máfia. Em termos de disciplina e honra a seus interesses, ela foi notável. Eliminava seus adversários, destronava governos, quebrava regras para se manter nas nuvens, e nunca perdeu sua estrela: ser dona do mundo...
Enfim, em nome do mal, não se pode falar em ascensão. O mal – como diria Platão – é o que separa. O amor é tudo aquilo que une. Não podemos fugir de nossos ideais. Fica mais simples. E impérios se formaram em cima desses ideais, porque a premissa era muito forte, e ao mesmo tempo, soava ser mais fácil conseguir... e era.
Disfarçado de interesses humanitários, surgiu o ditador. Abriu fábricas que foram necessariamente fechadas, em uma época em que a Alemanha, país cujo alimento pós-guerra chegou a ser indecifrável o preço de tudo, dada a inflação pós-guerra, havia praticamente falecido aos olhos do mundo; ele trouxe a todos a esperança de renovação, de fortaleza, honra e dignidade. Palavras fortes que cabiam como uma luva até mesmo para uma pessoa depressiva, o mesmo a um país em decadência financeira e moral.

Nascendo com tais premissas, honrosas, em principio, o ditador conseguiu chegar ao auge de suas ideias. Transformou seus interesses homicidas em um sentimento quase que coletivo. Muitos o apoiaram, outros, ainda que fossem contra os obsurdos, tiveram que se calar. O fato é que o silêncio dos bons foi primordial para que a maioria interpretasse que o ditador teria feito toda a Alemanha submissa a seus interesses. Não fora dessa forma.
O grande ditador buscou a raiz dos impérios romanos, gregos, egípcios... Chegou a copiar – do seu modo – o símbolo antigo egípcio de criação do mundo, como os dois s, intitulado suástica; a reverência romana, um pouco mais berrada ao modo nazista, foi a que chegou mais perto se não fosse o nome do ditador no fim da reverência “ave”, a qual tem uma particularidade tão sagrada quanto qualquer sol visível. Em tudo, o ditador copiou, além da disciplina romana, a maneira de lidar com o adversário, a educação – ainda que sem nexo – sobre a morte, fez com que a Alemanha fosse o império quase completo.
O ditador, graças ao um ideal falho, de separatividade, de dores e massacres de povos, foi derrotado pela união de vários países com outro ideal: o de união. Mas para isso, teria que destruir a rota do mal pela raiz, se infiltrando pelas margens, até conseguir destronar o monstro – que se suicidou...

Roma, a águia.

O  que faz um império ser odiado? Por que nos lembramos mais dos benefícios romanos do que os malefícios aos bárbaros? Roma era uma ideia de integração não só civilizatória, mas universal. A prova disso é que há histórias nas quais se diz que Roma era tão respeitada e, à vezes, amada por alguns adversários, que estes se rendiam, antes mesmo que o grande exército romano chegasse. Outras vezes, sorriam, e mais outras, temiam. As notícias corriam como a brincadeira de telefone sem fio. Contudo, não eram guerreiros de brincadeira, e sim pior do que uma realidade.

Massacres houve, tomadas de cidades indiscriminadamente, também, porém, sabe-se que os reais genocídios vieram após a Primeira Guerra Mundial, quando mortes em massa de inocentes começaram a transferir o desejo real do homem atual. Dos antigos podemos dizer que havia tomada de países com intuito de transferir sua cultura e seus ideais ao mais fraco. E Roma o fazia.

Civilização: conceito.

Falar de um império completo é tentar entender os conceitos de moral, ética, civilidade, humanidade, e Roma, um grande império formado por diversas culturas, concretizou-se, na prática, após séculos, em a maior do Ocidente.

Nela, todos os conceitos cabiam. Religião, família, política, civilidade, humanidade, justiça... Já eram praticados em todos os campos, de maneira que todos tinham suas obrigações e deveres como cidadãos, e aqueles que se tornavam também o tinham.

Hoje, não é somente Alemanha do passado que não tinha seus conceitos, mas muitas outras de hoje, as quais são potências, não possuem civilidade, humanidade, justiça, religião, dotados como pontos principais para a consecução de seus fins progressistas. Pelo contrário lutam contra qualquer um que o tenham.



> Voltamos no próximo texto >

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....