sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Águias Perdidas

 

Há muito tempo, impérios se firmaram sobre ideias grandiosas de domínio do mundo, de construção e evolução dentro das sociedades, e muito mais, da própria humanidade. Sabe-se que essas civilizações tiveram um corpo, desenvolveram, mas caíram com o tempo, assim como tudo que nasce, cresce e morre, entretanto, para muitos, tais civilizações ainda que com características aprazíveis ou não, reencarnam como uma grande alma em “corpos diferentes”, e tentam se manifestar, imporem-se, e recomeçarem seus sonhos, ou a depender, nossos pesadelos...
Para quem não sabe do que estou falando (ou pelo menos tentando), eu vou lhes dizer, estou me referindo a Roma, ou Persa, entre outras, e por que não dizer da Alemanha, em seus tempos áureos. Da Alemanha, nem tanto, pois, quando se fala em auge, sempre nos direcionamos a alguém (nesse caso, ou país) em sua mais alta forma seja ela educacional, material ou espiritual.
Esta última potência, Alemanha, no entanto, depois da Primeira Grande Guerra, só esteve em seu auge quando um ditador iniciou seu processo “civilizatório” baseado em premissas genocidas – exterminar povos. Isso, na realidade, não chega a ser desenvolvimento, ascensão, evolução. É o mesmo que dizer que a máfia – seja ela em qualquer sociedade – conseguiu seu auge. Talvez no material, mesmo assim, eliminando muitos adversários, por meio de disciplinas e ordens que ela mesma – a máfia – honrava todos os seus compromissos.
E é, apesar de tudo, elogiável, pois coloca no chão várias instituições, quando se trata da matéria disciplina. Porém, não passa disso. E a Alemanha, em busca de renovar-se no contexto mundial, à época, agiu como a máfia. Em termos de disciplina e honra a seus interesses, ela foi notável. Eliminava seus adversários, destronava governos, quebrava regras para se manter nas nuvens, e nunca perdeu sua estrela: ser dona do mundo...
Enfim, em nome do mal, não se pode falar em ascensão. O mal – como diria Platão – é o que separa. O amor é tudo aquilo que une. Não podemos fugir de nossos ideais. Fica mais simples. E impérios se formaram em cima desses ideais, porque a premissa era muito forte, e ao mesmo tempo, soava ser mais fácil conseguir... e era.
Disfarçado de interesses humanitários, surgiu o ditador. Abriu fábricas que foram necessariamente fechadas, em uma época em que a Alemanha, país cujo alimento pós-guerra chegou a ser indecifrável o preço de tudo, dada a inflação pós-guerra, havia praticamente falecido aos olhos do mundo; ele trouxe a todos a esperança de renovação, de fortaleza, honra e dignidade. Palavras fortes que cabiam como uma luva até mesmo para uma pessoa depressiva, o mesmo a um país em decadência financeira e moral.

Nascendo com tais premissas, honrosas, em principio, o ditador conseguiu chegar ao auge de suas ideias. Transformou seus interesses homicidas em um sentimento quase que coletivo. Muitos o apoiaram, outros, ainda que fossem contra os obsurdos, tiveram que se calar. O fato é que o silêncio dos bons foi primordial para que a maioria interpretasse que o ditador teria feito toda a Alemanha submissa a seus interesses. Não fora dessa forma.
O grande ditador buscou a raiz dos impérios romanos, gregos, egípcios... Chegou a copiar – do seu modo – o símbolo antigo egípcio de criação do mundo, como os dois s, intitulado suástica; a reverência romana, um pouco mais berrada ao modo nazista, foi a que chegou mais perto se não fosse o nome do ditador no fim da reverência “ave”, a qual tem uma particularidade tão sagrada quanto qualquer sol visível. Em tudo, o ditador copiou, além da disciplina romana, a maneira de lidar com o adversário, a educação – ainda que sem nexo – sobre a morte, fez com que a Alemanha fosse o império quase completo.
O ditador, graças ao um ideal falho, de separatividade, de dores e massacres de povos, foi derrotado pela união de vários países com outro ideal: o de união. Mas para isso, teria que destruir a rota do mal pela raiz, se infiltrando pelas margens, até conseguir destronar o monstro – que se suicidou...

Roma, a águia.

O  que faz um império ser odiado? Por que nos lembramos mais dos benefícios romanos do que os malefícios aos bárbaros? Roma era uma ideia de integração não só civilizatória, mas universal. A prova disso é que há histórias nas quais se diz que Roma era tão respeitada e, à vezes, amada por alguns adversários, que estes se rendiam, antes mesmo que o grande exército romano chegasse. Outras vezes, sorriam, e mais outras, temiam. As notícias corriam como a brincadeira de telefone sem fio. Contudo, não eram guerreiros de brincadeira, e sim pior do que uma realidade.

Massacres houve, tomadas de cidades indiscriminadamente, também, porém, sabe-se que os reais genocídios vieram após a Primeira Guerra Mundial, quando mortes em massa de inocentes começaram a transferir o desejo real do homem atual. Dos antigos podemos dizer que havia tomada de países com intuito de transferir sua cultura e seus ideais ao mais fraco. E Roma o fazia.

Civilização: conceito.

Falar de um império completo é tentar entender os conceitos de moral, ética, civilidade, humanidade, e Roma, um grande império formado por diversas culturas, concretizou-se, na prática, após séculos, em a maior do Ocidente.

Nela, todos os conceitos cabiam. Religião, família, política, civilidade, humanidade, justiça... Já eram praticados em todos os campos, de maneira que todos tinham suas obrigações e deveres como cidadãos, e aqueles que se tornavam também o tinham.

Hoje, não é somente Alemanha do passado que não tinha seus conceitos, mas muitas outras de hoje, as quais são potências, não possuem civilidade, humanidade, justiça, religião, dotados como pontos principais para a consecução de seus fins progressistas. Pelo contrário lutam contra qualquer um que o tenham.



> Voltamos no próximo texto >

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....