Dizem que os sábios, os conhecedores dos mistérios ocultos, não precisam ler grandes livros, nem mesmo viver entre os homens para se integrarem em comunidade, ou sociedade, para aprender a lidar com a vida. Eles leem na Natureza o comportamento simbólico do Todo -- de Deus. E essa Energia que perpassa quente nas entranhas psicológicas desse homem-Deus, não é a mesma que conhecemos...
Contudo, como diria a tradicional sabedoria, temos a eternidade, temos o Tempo, temos nossas vidas, dentro da grande Vida, para aprender o que somos, para onde vamos e porquê, tudo em nome de um conhecimento que nos aclara os sentidos, alma, em direção ao grande Espírito.
O sábio não nasceu sábio. Ele já viera do grande Darma -- linha imaginária da qual se retirou as grande leis do passado, principalmente na Índia clássica, -- que o julgou e o fez um homem-Deus. Ou seja, dentro de uma tradição, podemos filosofar a respeito do que foi feito por ele, seja como homem, seja como pai de família ou um profissional -- sapateiro, lavrador, agricultor... -- sempre com um intuito de elevação interna, em sacrifícios (sacro ofícios), ou mesmo em batalhas pessoais, em guerras consigo mesmo, vencendo o mal que dele foi exigido.
Provas temos de avathares como Buda e Cristo, que venceram a si mesmos, e provaram de sua coragem dentro de suas realidades, dentro de circunstâncias que homem comuns, as vencendo, tornam-se deuses de um momento a outro. Não foram, entanto, homens normais tais seres que são lembrados diariamente por seus fundamentos --- palavras, ensinamentos, superioridade -- foram serem que já vieram de tentativas e práticas evolutivas.
Temos que vencer o nosso mal constante, sem alimentá-lo. É o que fazemos. Alimentamos um cão, e queremos nos livrar dele. Uma filosofia perigosa que pode nos fazer perder nossa sensatez e direção ao sagrado. Se não queremos o mal, não o praticamos; se não queremos maçãs, não a comemos, se não queremos bananas, não devemos plantá-las...
Isto é, se queremos vida, pratiquemos a vida, se queremos a paz, que a pratiquemos, se queremos amor, por que não deixemos de falar nele, e começamos a entendê-lo? São premissas que no passado eram tão simples quanto visitar um jardim; mas tornamos tais questões perigosas, dentro de sistemas que pedem hipocrisia para viver . A verdade se tornou supérflua. Não nos liberta tão facilmente...
A Verdade se tornou moeda de troca: me mostre a verdade e eu te darei minha casa, minhas moedas, minha vida! Não somente a verdade, mas também o próprio Amor, que, como um Deus abandonado, observando de longe os horrores em seu nome, foi relativizado, individualizado, morto por nós nas ruas, nas canções, em nossos sentimentos, em tudo..
Como diria Kalil Gibran, filósofo, "O Amor, ele pode te abraçar, mas, cuidado, em sua cintura, guarda-se uma adaga que pode te ferir".. Aqui, ele critica o amor do homem, que virou uma arma contra ele mesmo; mas ressalta, "Não diga 'eu tenho amor', e sim o Amor me tem", pois, na verdade, estamos dentro de um conjunto universal de partículas cuja semântica nada mais é que unir o Tudo ao Todo. E nós, ignóbeis, não entendemos, pois matamos o real Deus, que, segundo o grande Platão, foi um dos primeiros deuses a surgir.
Enquanto não somos sábios, vamos ler mais clássicos, tentar interpretá-los na medida do possível, tentar criar uma ponte entre eles e nós, dentro de nossas vidas, com uma praticidade natural, sem dor, sem esforços, sacrifícios, nos sentido cristão da palavras, mas com muito amor, desejo, vontade e alegria -- assim como faziam os construtores das grandes pirâmides.
Vamos construir a nossa, devagar, sem pressa, levando tijolo por tijolo a nossas almas, com fervor de um herói, com ideal de um romano! Ainda sim, iremos cair, levantar, tentaremos desistir, porém, uma voz divina do grande Espírito, a grande voz do ideal, irá sussurrar em nossos ouvidos e voltaremos como formigas incansáveis, incompreensíveis aos olhos comuns, e, enfim, seremos, dentro de nossas possibilidades, um pouco sábios.
Precisamos deixar o relativismo de lado. Busquemos o infinito dentro de nossa alma. Ele vai nos levar a universos imensos, nos quais nunca imaginamos estar.
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