segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pontes


As pontes são construídas com apenas uma finalidade: unir. Mesmo de maneira metafórica, somos obrigados trazer seu real significado – o de unir. Pontes pequenas, grandes, médias, todas, todas com objetivo único frente a uma vida com milhões de significados e propósitos, como se fosse o próprio homem.

Frente aos animais, com suas leis já embutidas, e plantas e pedras, com reais significados de pontes, o próprio homem será a maior delas, assim como foi no passado – retratado pelos faraós, reis, rainhas – com a finalidade de unir o seu universo aos deuses; unir seu povo a Deus. Talvez seja essa a razão dos avatares – seres iluminados que vêm à vida dos mortais e deixam sua mensagem, ainda que simbólica, aos seus discípulos.

As pontes servem para nos aproximar mais das pessoas – dos amigos, dos irmãos, dos pais, mães e quem sabe... Filhos. Nesses últimos não haveria de tê-la, pois já somos, pelo menos, psicologicamente ligados a eles, mas nem sempre é assim. Há inimizades, confrontos, guerras, problemas familiares que avançam com a falta de dinheiro, compreensão, etc... E levam a nós pensar e repensar nossos caminhos, que descaminhados, cheio de pedras, desorganizados, a separar um do outro.

Entre casais, geralmente se escrevem livros sobre o que pode ter dado errado num grande relacionamento que durou anos, mas não se soube equilibrar até o fim da vida; fala-se de curtos relacionamentos os quais, com semanas, se desfazem, morrem à mingua na saudade. As pontes, aqui, são a religião, a filosofia, os idealismos, às vezes até o sexo – mas este não serve para a vida toda. Não há como.

A maior ponte talvez seja aquela que se encontra em nós, em um lastro de experiência pela qual temos que passar, assim, fomentando mais nossa estrutura psicológica, física e astral, nos dispusemos a qualquer ambiente e pessoa. Mas isso não quer dizer que temos que ser masoquistas e, apenas em busca de experiência, ficar com alguém que não queremos. É ser forte, mas também burro. Nesse caso cria-se pontes a todas as pessoas de todos os níveis, mas é possível que não se encontre a felicidade ao lado do ser que se quer amar. Portanto, é bom criar pontes naturais, aquelas que a própria vida nos dá em forma de vida difícil ou fácil – esta última é mais difícil de se receber, pois não se constroem pontes com argilas molhadas, mas com tijolos e cimentos de primeira!

Dizem os grandes mestres que estamos no Antacarana da vida. Significa dizer que estamos em pontes nas quais sempre estamos pendendo para o lado material e espiritual. Sempre em situações difíceis o homem, para conseguir o seu objetivo, clama o seu santo em particular. O herói, também homem, antes de prosseguir com seu ideal de vida, ajoelha-se à natureza e pede a Deus coragem, pois o medo de perder a vida, o medo da dor, o medo de perder seu companheiro; de perder seu exército...Vem à tona. A ponte se faz mais forte quanto o próprio herói tem a certeza de que a morte nada mais é que a própria vida enrustida de medo, e que a enfrentando seu ideal não morrerá: então ele parte e vence, e consegue o primeiro passo para o espiritual.

As pontes desde criança nos perturbam. E ajudam. Os passos para enfrentar as sombras da vida, como a própria noite e seu mistério, que relutam em nos afastar das mínimas realidades; os caminhos tortuosos que nos fazem desistir de prosseguir; as próprias pessoas – algumas nascidas para o mal – servem de barreiras e nos fazem até desistir das pontes. A própria vida, às vezes quando mal compreendida, é uma vilã.

As pontes, quando frágeis, são meros instrumentos de medos e traduzem uma realidade pela qual passamos todos os dias – isso no psicológico, no físico que geram uma sensação de “eu não sou nada, deus é tudo”, desvirtuando todas as possibilidades do próprio ser humano ser o que é: tão forte quanto qualquer árvore na chuva, ou mais que isso. Elas, nossas pontes, quando feitas de cimentos fortes, tijolos idem, detalham a simplicidade por que passamos por todas as formas de problemas, sejam filosóficos, sejam religiosos, familiar, vitais, como se fossemos crianças a olhar a montanha-russa com medo, mas sempre querendo nela entrar. E quando olhamos lá de cima, vimos que o problema não era a montanha e sim nós.

As pontes – quando para elas olhamos – ainda sentimos um pouco de medo de traspassá-las, pois nelas se resguardam um pouco de nós, um pouco desse grande mistério chamado homem.

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