quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Justo Plotino

Plotino. 



Depois que terminamos o curso de Filosofia, eu e meus amigos, pelo menos uns seis, concordamos em nos encontrar mensalmente para discutirmos temas religiosos, políticos, familiares, profissionais, enfim, tudo, sempre com aquele prisma filosófico (claro), do qual não poderia se esperar outra coisa senão discussões maravilhosas...

Já no primeiro encontro, Mauro, um senhor cuja esposa é devota da igreja Católica, e seus filhos, um casal, idem, sempre com aquele porte natural de comando, misto com simplicidade e cativo, nos fez refletir acerca de algo importante... De nossos nascimentos.

Depois de inúmeras reverberações de altíssimo nível, o comandante disse, “nascemos porque não somos perfeitos, porque temos ainda que nos aperfeiçoar, e muito”. Ele foi Plo-ti-no! Um filósofo neoplatônico cuja filosofia de vida se refletia em seus atos, em suas falas e em sua consciência, da qual nos fazia refletir acerca do que somos a partir de nossas estruturas internas.

Ele, Plotino, com razão, “levantou a bola” há mais de dois mil anos, e Mauro no fez lembrar dele, quando um dia o filósofo expôs... “Se um homem justo ainda sofre intempéries, é porque, no passado, causou danos a pessoas ou a sagrados, os quais refletem em si. Por isso – conclui – a vida post-mortem existe”...

Diluindo o que dissera no final para não ficar algo tão demasiado logo, falemos apenas das ações e reações às quais subtende na sua máxima acima. Plotino também era grande mestre iniciado, e quando se referia às ações e às reações humanas, não se limitava ao que somos capazes de entender, porém, ao dizer que “um homem justo também sofre suas intempéries”, referia-se ao Uno, ao todo, que em nós reflete, ainda que não percebemos.

Dentro dessa realidade, está o nosso nascimento, simplesmente porque a tendência universal das coisas nada mais é que transformar tudo em Belo, Verdadeiro e Justo, e se há algo (e estamos dentro dessa variável) que necessita desses três elementos, um dia, virá, de forma natural e experiente, ainda que sob espinhos.

Assim, em meio a essa Lei, nascemos, crescemos, desenvolvemos nossos corpos, nossa mente, nossa alma (um pouco), e tentamos entender o espírito por meio dela, e por meio do racional na maioria das vezes quando acreditamos que somos realmente filósofos, mas nada mais somos que meros interlocutores de uma realidade que criamos, desenvolvemos e morremos acreditando ser ela a correta.

Plotino tinha ferramentas para nos alertar ao que somos. Assim como seu mestre anterior, Platão, o qual, mais iniciado ainda, dizia que tínhamos que tomar cuidado com nossas reverberações racionais, porque fabricam deuses imaginários. Os Deuses, segundo Platão, independiam de nossas realizações, imaginações. Sua razão tocava o céu.

E, nós, segundo o mestre, seríamos mais que corpos e mentes, e alma. Nada seríamos se não ligássemos nosso alerta em relação ao que somos, ao nosso Eu. Mas a tendência é entender essa filosofia, mesmo sob a pobreza, riqueza, frieza, maldade, bondade.. Contudo seria melhor se nos infiltrássemos o quanto antes nessa ideologia (de Ideal humano), e buscar por meio do que somos, nessa carne bamba, ou esse corpo bombado, ou mesmo por meio dessa vida lastimável, ou para alguns maravilhosa, entretanto, cheia de mistérios tão naturais quanto o que nos faz nascer e crescer com vistas ao nosso aperfeiçoamento..

É humano tudo isso. Não há aquele que “não pode”. E Plotino mescla em sua filosofia tudo isso quando coloca o justo em meio àqueles que não são, em meio àqueles que nunca serão, e torna a vida daquele tão desesperadora que a qualidade de justo pode, com o tempo, deixar de ser.

Mas o justo, por si só, tem elementos fortes para sê-lo. E quando há o justo, quando se é justo, pode-se viver até mesmo no meio de uma sociedade injusta. Para isso há o elemento que o norteia: o Eu.

Na Evolução

Assim, quando pregamos a evolução, pregamos a verticalidade, que vai de cima para baixo, não a espiral, na qual, como diriam as tradições, crescemos, desenvolvemos, nos tornamos homem, e (mas) por causa de nossas lições que não fizemos, voltamos para baixo. E se repararmos bem, essa lei está em tudo, em toda natureza, não somente no homem...

Há os ciclos universais, históricos, sociais, grupais, e o humano, o qual, por dentro, como uma essência (que é) passa por todos eles, norteando a todos.


E na filosofia de Plotino, quando o justo nasce, o ciclo aparece. 

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