Plotino. |
Depois que terminamos o curso de
Filosofia, eu e meus amigos, pelo menos uns seis, concordamos em nos encontrar
mensalmente para discutirmos temas religiosos, políticos, familiares, profissionais,
enfim, tudo, sempre com aquele prisma filosófico (claro), do qual não poderia se esperar
outra coisa senão discussões maravilhosas...
Já no primeiro encontro, Mauro,
um senhor cuja esposa é devota da igreja Católica, e seus filhos, um casal,
idem, sempre com aquele porte natural de comando, misto com simplicidade e
cativo, nos fez refletir acerca de algo importante... De nossos nascimentos.
Depois de inúmeras reverberações
de altíssimo nível, o comandante
disse, “nascemos porque não somos perfeitos, porque temos ainda que nos
aperfeiçoar, e muito”. Ele foi Plo-ti-no! Um filósofo neoplatônico cuja
filosofia de vida se refletia em seus atos, em suas falas e em sua consciência,
da qual nos fazia refletir acerca do que somos a partir de nossas estruturas
internas.
Ele, Plotino, com razão, “levantou a bola”
há mais de dois mil anos, e Mauro no fez lembrar dele, quando um dia o filósofo
expôs... “Se um homem justo ainda sofre intempéries, é porque, no passado,
causou danos a pessoas ou a sagrados, os quais refletem em si. Por isso –
conclui – a vida post-mortem existe”...
Diluindo o que dissera no final
para não ficar algo tão demasiado logo, falemos apenas das ações e reações às
quais subtende na sua máxima acima. Plotino também era grande mestre iniciado, e
quando se referia às ações e às reações humanas, não se limitava ao que somos
capazes de entender, porém, ao dizer que “um homem justo também sofre suas
intempéries”, referia-se ao Uno, ao todo, que em nós reflete, ainda que não percebemos.
Dentro dessa realidade, está o
nosso nascimento, simplesmente porque a tendência universal das coisas nada
mais é que transformar tudo em Belo, Verdadeiro e Justo, e se há algo (e estamos
dentro dessa variável) que necessita desses três elementos, um dia, virá, de
forma natural e experiente, ainda que sob espinhos.
Assim, em meio a essa Lei,
nascemos, crescemos, desenvolvemos nossos corpos, nossa mente, nossa alma (um
pouco), e tentamos entender o espírito por meio dela, e por meio do racional na
maioria das vezes quando acreditamos que somos realmente filósofos, mas nada
mais somos que meros interlocutores de uma realidade que criamos, desenvolvemos
e morremos acreditando ser ela a correta.
Plotino tinha ferramentas para
nos alertar ao que somos. Assim como seu mestre anterior, Platão, o qual, mais
iniciado ainda, dizia que tínhamos que tomar cuidado com nossas reverberações
racionais, porque fabricam deuses imaginários. Os Deuses, segundo Platão, independiam
de nossas realizações, imaginações. Sua razão tocava o céu.
E, nós, segundo o mestre,
seríamos mais que corpos e mentes, e alma. Nada seríamos se não ligássemos
nosso alerta em relação ao que somos, ao nosso Eu. Mas a tendência é entender
essa filosofia, mesmo sob a pobreza, riqueza, frieza, maldade, bondade..
Contudo seria melhor se nos infiltrássemos o quanto antes nessa ideologia
(de Ideal humano), e buscar por meio do que somos, nessa carne bamba, ou esse
corpo bombado, ou mesmo por meio
dessa vida lastimável, ou para alguns maravilhosa, entretanto, cheia de
mistérios tão naturais quanto o que nos faz nascer e crescer com vistas ao
nosso aperfeiçoamento..
É humano tudo isso. Não há aquele
que “não pode”. E Plotino mescla em sua filosofia tudo isso quando coloca o
justo em meio àqueles que não são, em meio àqueles que nunca serão, e torna a
vida daquele tão desesperadora que a qualidade de justo pode, com o tempo,
deixar de ser.
Mas o justo, por si só, tem
elementos fortes para sê-lo. E quando há o justo, quando se é justo, pode-se
viver até mesmo no meio de uma sociedade injusta. Para isso há o elemento que o
norteia: o Eu.
Na Evolução
Assim, quando pregamos a
evolução, pregamos a verticalidade, que vai de cima para baixo, não a espiral,
na qual, como diriam as tradições, crescemos, desenvolvemos, nos tornamos
homem, e (mas) por causa de nossas lições que não fizemos, voltamos para baixo.
E se repararmos bem, essa lei está em tudo, em toda natureza, não somente no
homem...
Há os ciclos universais,
históricos, sociais, grupais, e o humano, o qual, por dentro, como uma essência
(que é) passa por todos eles, norteando a todos.
E na filosofia de Plotino, quando o justo nasce, o ciclo
aparece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário