sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Tsunami, o Pote e a Paz


Opinião


Muitos já viram um tsunami. Provavelmente muito poucos. A não ser que tenham visto algum VT de uma emissora que tenha conseguido um vídeo amador, que teria, por sorte, filmado a chegada de um. É fantástico! Isso mesmo. Se não fosse algo tão bruto, desesperador, temido e horrível, seria naturalmente fantástico...

Um tsunami, segundo especialistas, é simplesmente o efeito de um deslocamento de uma crosta que fica dentro o oceano, e que, pelo seu efeito, desloca a água para trás, mas que, depois, a faz ir para frente com toda a sua força, como se a tivesse segurado. Nesse intervalo – de recuo – o oceano se finge de morto: nenhuma onda, nenhum pássaro, nada...

Essa paz, segundo especialistas, é um tanto acima do normal das demais, mesmo porque o oceano sempre vive agitado, com a ação dos ventos, e até mesmo da lua. Mas, quando um tsunami se prenuncia, existe um prelúdio de céu, de paz, de silêncio completo: é incrível.

O desbloqueio das águas, no entanto, nesse fenômeno é indizível. A violência com a qual a água lida não tem comparações. Prova disso são países em que houve, em suas costas, a chegada dessas águas refreadas pela crosta, a qual, depois de recuá-las, joga-as com todo impulso para frente...

A água se desfaz nas praias, engolindo tudo que passa, com toda a sua fúria natural e, ao mesmo tempo, refazendo nossa consciência a respeito do que é natural ou não. Do que é necessário ou não; daquilo que nos diz respeito ou não...

E caímos em desvãos humanos a respeito do que somos, desfazendo nossas opiniões a respeito de uma natureza que adormece e se inclina apenas para favorecer o homem.. Esse pensamento, de que somos beneplácitos em tudo, seja por qualquer feito, fenômeno, ou qualquer que seja a atual natureza da Vida, nos faz mais ignorantes do que realmente somos.

Todo ato Natural, ou seja, qualquer manifestação da Natureza – com letra maiúscula – significa que estamos embutidos como se fôssemos grãos de areia dentro de um imenso pote, no qual estrelas, animais, florestas, além de todos os minerais, também se encontram... Além, é claro, desse Oceano metafísico do qual extraímos nossos milagres.

E muitos se perguntam... “Fora desse pote está Deus?” – não, respondo. O pote, a que me refiro, é infinito, sem qualquer possibilidade de intervenção externa... Apenas interna. Intervenções essas que nos aparecem graças a um universo que não para jamais, e que, de alguma forma, reage em algum ponto e mais tarde nos atinge em sua extremidade, infelizmente a intervenções humanas.

Dentro desse enorme “pote”, nada é por acaso. Tudo é organizado, nada é posto de forma aleatória. E quando eu digo “posto”, não queiram entender que “alguém ou alguma coisa” o pôs, o que, com certeza, gera uma confusão em nossas mentes, mas sobrevivemos...!

Não podemos somente (somente!) acreditar que existem forças cruéis ou uma grande força indo de encontro aos nossos atos bárbaros, simplesmente porque nos educamos para isso, desde criança, ou seja, a acreditar que o bem e mal, em algum lugar, duelam para angariar fiéis sem capacidade de discernimento. Nada disso é real.

Devemos partir do pensamento que nos faz refletir acerca de tudo, do todo – do imaginário pote – e da inteligência que mantém essa Organização. O preço desse pensamento é cair em abismos imaginários ou, a depender de nossa consciência elevada, nos elevar em alma, propagando uma busca semântica e prática a um mistério que, como percebemos, muitos já rotulam em suas religiões, em seus estudo físicos quânticos, etc, como Deus, Diabo, elétrons, prótons, os quais seriam consequências de atos advindo de nós, humanos.

Contudo, há aqueles, nomeados filósofos, que no rastro desse mistério desde que o mundo é mundo, modificando o pensamento, a estrutura, as sociedades a passos de formiga, trazendo, independendo da época, homens com pensamentos voltados a esse mistério – o qual sintetiza, segundo a tradição, uma realidade singular que se esconde em nós mesmos.

O sábio

Antes tínhamos uma visão mais aprofundada acerca do que nos ocorria, ainda que houvesse aqueles que se adiantavam em dizer.. “Foi coisa dos deuses”. Sabia essa pessoa que a realidade a ser pronunciada era mitológica, ou seja, por trás dessas palavras, havia a credibilidade nos símbolos. Esta tão importante naquela época. Por quê?

Os símbolos eram vínculos naturais entre o homem e os deuses. Sabiam que o homem possuía algum dentro de si que pudesse fazer essa conexão. Com o tempo, essa conexão vem nos servir de meio para pouca compreensão acerca do que nos ocorre – por isso a literalidade quando vemos fenômenos às nossas margens.

A partir daqui, a necessidade do nascimento do sábio para nos dizer o quanto precisamos nos olhar no espelho e entender o que está ao nosso redor, nos atencionar a realidades além do nosso próprio nariz, corpo... E elevar a razão.

O sábio, tradicional, sabe que há fatos que se realizam por si só, mas também sabe que há outros de cuja realização é culpa do ser humano. No entanto, não se fragiliza, não desdenha, não cria, não empobrece seus conceitos. Para ele, um tsunami, que vem depois de uma calmaria, nada mais é do que uma grande metáfora ligada ao comportamento do grande universo e ao homem.

Para ele, o próprio homem possui a calmaria em seu universo, mas também possui um tsunami que o derrota ou não, que o deprime ou não, contudo o ensina que seus atos devem ser referenciado a forças maiores que ele próprio... E descobrir, nesse contexto, que ele não é o centro do universo, mas que o possui, em si, além de suas possibilidades.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Eu e Você*




Eu sou um homem, a mais elevada das criaturas,
quando preso a ti, mulher, o mais sublime
dos ideais.


Eu sou o cérebro, tu és meu coração.
O cérebro fabrica a luz,
O coração, o Amor.


A luz fecunda,
O Amor ressuscita.


Eu sou forte pela razão,
e tu és invencível pelas lágrimas.


Minha razão convence,
tuas lágrimas comovem.


Eu sou teu homem,
capaz de todos os heroísmos!
E tu, mulher, de todos os martírios!


O heroísmo enobrece,
o martírio sublima.


Eu serei sempre seu código,
e você, meu evangelho.


O código corrige,
O evangelho aperfeiçoa.


Sou também o seu templo,
e Tu, o meu sacrário.


Ante o templo, nos descobrimos,
Ante ao sacrário, nos ajoelhamos.


Eu penso, tu sonhas.


Pensar é ter no crânio uma larva,
Sonhar é na fronte uma auréola.


Sou teu oceano,
e tu, meu lago.


O oceano tem pérola que adorna,
em teu lago, a poesia que deslumbra...!

Eu serei sempre tua águia que voa,
e tu, mulher, meu rouxinol que canta,


Voar é dominar o espaço,
cantar é conquistar a alma.


Enfim, sou onde termina a terra,
e Tu, minha vida, onde começa o céu!












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*parafraseando Vitor Hugo.

sábado, 6 de junho de 2015

A Árvore Humana (iii)

Aos poucos nos verticalizamos.




Depois do nascimento de meu filho, joguei para trás todas as formas de entender a educação por meio de outras crianças e iniciei um processo mais lento e mais didático, além de prático, de perceber o que significa crescimento, seja ele em qualquer nível.

Vi e vejo que, para o meu filho, existe uma forma singular de crescimento, e tenho a certeza de que todos os pais percebem o mesmo em relação aos seus filhos; mas isso não é importante, mas sim participar e tentar encontrar o nosso real papel nesse pequeno contexto.

O papel do pai, o mais prático, é fazer o filho se jogar em meio à suas provas, percebi. Ao passo que o da mãe, a dona daquele que dela saiu, é fazer-lhe carinho, trazer-lhe afeto, amor, de modo que, se for de maneira mal dosada, atrapalha a parte do pai. E vice-versa.

Mas a questão aqui, na realidade, é saber a dose correta, como se preparasse um boneco a lidar com o mundo. Com muito amor materno, ele esquece que a vida tem, por meio das pessoas, uma outra dose...de dor. Com muita prática em lidar com a vida, como se fosse um pequeno robô, pronto a responder às perguntas, em lidar com a agressividade alheia, pode o grande rebento ser um perfeito profissional, sem qualquer meio em lidar com o lado humano da vida. E esse lado é o lado que conta...

Nas guerras antigas – de Roma, Grécia, Esparta, entre outras nações em tempos antigos, -- nas quais a guerra fazia parte das veias dos homens,  -- crianças de doze a quatorze anos eram iniciadas à batalha, e nela sabiam morrer.

Aqui, a guerra era a mãe e o pai do rebento, e nela e para ela se educava, se dedicava, e passava por provas que, com certeza, hoje não se compreenderia. Eram em provas, além de práticas, nas quais enfrentavam touros, leões, a guerreiros mais fortes e valentes que o menino.

Se dissermos que tudo era feito em homenagem aos deuses, estaríamos sendo breves em demasia. Porém, poderíamos falar um pouco dos mitos, das lendas, que eram relatos de um passado tão distante quanto o próprio homem...

Relatos de heróis que nasceram salvando povos, de heróis que nasceram de deuses, e que foram imitados em batalhas, renascendo em histórias ao redor de fogueiras, muito depois.


A nossa história pode ser contada de forma mais simples, revivendo os grandes mitos, tal qual um grande herói do passado. 

sexta-feira, 5 de junho de 2015

A Árvore Humana (ii)


Elas se comunicam com a sua grandeza.


Na cultura Egípcia, um tanto mais complexo o estudo da iniciação, havia os deuses, potencialidades existentes em culturas diversas, os quais eram responsáveis pelo sustento espiritual do homem, que, por sua vez, era de seu povo.

Para o faraó o povo era seu filho, ou mais que isso. Era parte  dele. E faria o possível para trazer os benefícios materiais e espirituais à sua sociedade. E como ponte entre os deuses e o seu povo, o faraó deveria ser iniciado nos mistérios, e por isso fazia  comunhões iniciáticas em templos fechados – comum a todos os estudantes dos mistérios – nos quais mudava até mesmo de nome...

Na Antiga Grécia e em Roma, e sacerdotes e sacerdotisas, com suas vocações, passavam pelo sacrifício (sagrado ofício) em deter-se aos deuses incriados. Contudo, devia-se ter a natureza para tanto, ou seja, desde a tenra idade, o candidato à iniciação já possuía um chamado da alma para sua função de protetor da Entidade ou entidades.

Em culturas ameríndias, tivemos a honra de estudar a forma como eram feitas as iniciações. Todas elas, ao contrário do que percebem os estudiosos, não eram com guerra individuais ou coletivas, mas por meio de guerras simbólicas, nas quais o candidato à iniciação teria que passar por uma prova também simbólica – e passava.

Depois de anos, em suas decadências, percebe-se que várias tribos se guerreavam entre si, ou guerreiros até a própria morte com fins iniciáticos. Aqui, como já se mostrou em vários livros, cabeças são retiradas e outros membros, como o coração, eram oferecidos aos deuses, como se fossem senhores humanos à espera dos servos...

Sabemos que a distância entre a realidade de uma simbologia perfeita e a literalidade é imensa quando se desvirtua um símbolo. E quando me refiro a símbolo, mais uma vez, me remeto a uma universalidade que representou, durante muito tempo, uma religiosidade maior e melhor.


Isso, no entanto, não nos distancia da compreensão teórica do que foi a iniciação. Mesmo porque podemos, com um breve esforço, praticá-la, dentro de nossas possibilidades.

A Árvore Humana

Na Antiguidade, um dos símbolos da busca do Homem.



Em várias nações do mundo antigo, praticou-se a iniciação. Ato pelo qual o indivíduo conhece o sagrado, depois de destituir-se do mundano, do mal, da persona.... Enfim, ato que serviu de ponte entre o homem e Deus. Assim como no Antigo Egito, na Antiga Grécia, Roma e civilizações ameríndias, o homem moderno tenta, por meio de outras formas de iniciação, alcançar o sagrado. Porém, com parcas ferramentas, ou com ferramentas corretas, e com pouca sabedoria, tenta mover o pequeno mundo, que o desloca, paulatinamente, contra seus ideais de espírito.

Sim, o homem moderno possui essa grande ideal. O de Espírito. Todavia, em sua natureza de esquecimento, com relação aos símbolos – seja pelo medo, seja pela cultura que adquiriu, pela apologia à persona --, não consegue atravessar a ponte do Conhecimento.

E quando me refiro aos símbolos, não me detenho em pedras em forma de pessoas, as quais, mais tarde, são vistas como santos, santas, ou mesmo pequenos objetos resguardados com vistas à tentativa de descobrir para que servem...  Não. Me refiro à Natureza – e cabe aqui o conceito mais vasto e potente que se pode sustentar em nossa mente egoísta, e que possui, em sua estrutura, os símbolos.

Contudo, esconde-se no mais singular mistério humano uma série de iniciações, nas quais o próprio homem deve, por obrigação, manter-se. O que fica, no entanto, em nós, é um passado no qual muitos homens de valor se transformaram, mudaram, e se revelaram depois da verdadeira iniciação. Mas isso não nos faz reflexivos contrários ao que podemos fazer em relação a nós mesmos, ainda que nosso universo seja com outros olhos, ou, como diria o filósofo,  moderno...

O que nos faz mais atrás de uma realidade não muito semelhante ao passado, é exatamente isso. A modernidade. Dentro dela, no entanto, voltamos nossas almas ao clássico. Nos apaixonamos. Admiramos. E queremos ser um... Sábio. Iniciado. Conhecedor dos mistérios do universo e de Deus.



Podemos nos deter ao simples. E daqui a pouco falamos sobre isso...

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Tempo de Despertar...






Um filme maravilhoso, Tempo de Despertar, conta a história de um médico dedicado, personagem de Robin Wilhan, e de um paciente com uma doença crônica, mais ou menos parecida com All Zeimer, ou mais grave que esta -- representado aqui pelo gênio Robert Deniro -- que se encontram em um hospital em que vários pacientes, com doença semelhantes, um dia, despertam, voltam a viver, e do nada  ficam bons.


Mais adiante, o grande médico, na tentativa de passar aos curiosos o que havia acontecido, -- pois, todos eles, de uma hora para outra, voltam ao estado normal -- não consegue entender o que se passara antes! Porém, sem explicações, eles voltam ao estado anterior, como num milagre ao contrário...


Em crise


Estamos passando por uma crise econômica sem precedentes. Governo, estados, municípios, além da própria sociedade, em desequilíbrio total, tentam com projetos, leis, medidas provisórias, reverter o que num passado não muito longe fizeram de grotesco, como medidas milionárias em prol de partidos, de empresas que a preço cru cobravam mais tarde o que pagavam aos deputados e senadores. E, como consequência, falta de recurso para não somente à Educação, Saúde e Segurança, mas também às famílias classe medianas e pobres, as quais se tornaram em pouco tempo miseráveis concomitantemente.


A crise se formou por culpa de poucos, como se era de se esperar. Mas isso é um fator histórico: quando a pirâmide fica sem o seu cume, não há mais ligações com suas verdadeiras obrigações. Todavia, antes desse pensamento secular, mais do que reflexivo filosoficamente, volto minhas palavras ao mais agudo dos pensamentos: o da vontade.


Se observarmos bem, bem mesmo, o que nos falta é a nossa vontade voltada a uma realidade para qual não temos olhos. Projetos pessoais, projetos reflexivos acerca de nós mesmos, do que podemos fazer, se podemos fazer, qual a real meta desse projeto, se é ou não um projeto... Ou seja, a crise, em primeiro lugar, deve ser um conceito voltado ao que podemos ser, fazer, e realizar.


Não adianta fazer parte de uma obscuridade, se sabemos que, em sua essência, são apenas revestimentos simples de papeis de parede com fins de nos ocupar desnecessariamente. Claro que, se acreditarmos que não há crise, não há, mas é preciso que tenhamos, como principio, um conceito mais forte do que é crise.


E se nos colocarmos como personagens secundários dentro desse contexto, também seremos alvo, mais tarde, de uma pedra que pode cair em nossa cabeça pelo simples fato de abnegarmos nossas obrigações para com o que estamos a vivenciar. Isto é, também somos protagonistas-culpados pela existência de um país fraco, de governantes idem, e pela crise que se alastra...


Mais tarde, depois da tal consciência, revitalizados, conscientes, presos ao chão, saiamos de nossos edredons e começamos a ter ideias naturais de seres humanos que querem mudar alguma coisa, ou algo realmente válido, como... o mundo! Sim, mesmo porque a crise é mais que institucional, é humana.


Estamos passando por uma crise de humanidade.


A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....