“(Quem me dera ao menos uma vez) Acreditar que o mundo é
perfeito e todas as pessoas são felizes” (L. Urbana)
Ainda que estejamos em um trem no
qual maquinista falta; no qual, em seus vagões, pessoas cheias de ódio ou com alegrias frágeis,
e com tristezas contínuas, embarcam sem informações ou com informações
manipuladas acerca do vagão, se misturam, de um lado, criam partidos, de outro,
criam até religiões, com o intuito de parar o trem e dar-lhe um novo rumo..
Ainda que estejamos em uma
pirâmide política na qual somente os da cúpula se beneficiam com a vista do
provável céu; se beneficiam com a política que é criada somente para o próprio gosto,
que para os da base não passa de desgosto, e se revelam sensíveis quando estão
perdendo espaço...
Na pirâmide, a base sente fome,
sente dor, sente a falta de educação, de uma grande cultura, na qual seus
valores deveriam ser respeitados e levados aos extremos do respeito, porém, em
meio aos enganos, ao interesse às avessas, que avança a trincheira do mal
caratismo, as informações, até mesmo o conhecimento relativo, natural a
qualquer cidadão, chegam em forma de mentiras, ou verdades mesquinhas, das
quais não se tira nada...
Ainda que abutres voem sobre
lixos contaminados, que outros abutres, sobre nossas casas, abram suas asas e
nos tomam a amor à vida; ainda que nossas vidas sejam apenas um mero e
reflexivo ponto de interrogação na pauta dos eleitos; ainda que tudo –
desinteresse, pobreza (todas), homicídio, genocídio, assassínio, desgosto,
guerra... – seja o nosso almoço, nossa janta se resume em cantar músicas com
suas letras dúbias, reflexo da cultura, cultivada por uma geração, e ao que
tudo indica tão vitalícia quanto ao mal que vive nos dias de hoje...
Ainda que se nasça de costas para
a verdade, para o bem e para a beleza; que tenhamos algemas duras desde criança
nos machucando, porém, com dores às quais nos acostumamos de geração em
geração; ainda que sombras consequentes de uma fogueira além de nossos olhos
são nossas verdades, nossa beleza, nosso bem, tentamos, em reflexões medidas,
entender o porquê de tanta manipulação...
Ainda que haja um herói que nos acorde, ou tente nos levantar e ver que as algemas são
ilusões, que as sombras nada mais são que artifícios simplórios para ludibriar
os mais incautos, os sem ideais, os sem vida... ; ainda que tenhamos esse herói,
essa figura forte em virtude, a nos encaminhar para a saída dessa grande
caverna, a nos mostrar o sol divino – ou a face de Deus;
Ainda que tenhamos forças a nos
levantar, retirar as algemas, mostrar nosso poder de indignação, de modificar
as estruturas em nome de uma humanidade que nascera com seus direitos em ver
além-nuvens, ainda que chova, e que raios caiam como provas da existência do
mal, temos que levantar... temos que sonhar... realizar, e não deixar que
sonhem por nós.
“Às vezes parecia que de tanto
acreditar em tudo que achávamos tão certo, teríamos o mundo inteiro, até um
pouco mais, e faríamos florestas no deserto... E diamantes de pedaços de vidro”
Ainda que labirintos se fechem
com monstros psicológicos em nossas mentes, em forma de entretenimentos forçosos,
nos quais a dignidade, a moralidade são artigos de luxo, ou escárnios em forma
de nudez, baixarias, feminismos, machismos, a tornar-se produtos de venda aos
pobres de alma, mente e corpo..
Ainda que não possamos retirar o
fruto da árvore proibida, de um sistema que insiste em dizer que o fruto, por
mais maduro que seja, por mais puro e belo que seja, por mais... Ainda que tal
árvore seja a nossa salvação a abrir nossos conhecimentos, nosso amor ao Belo,
ao Bom e ao Verdadeiro, nos esticamos como a raposa (da raposa e a uva), em
tentativas vãs, notórias de heróis que não admitem a derrota... Nem mesmo o
engano... Temos que morrer assim, na busca desse fruto.
Ainda que voemos entre o sagrado
e o profano, e não sabemos deles a diferença; ainda que pulemos da grande torre
com vistas a nos salvar, com asas de seda, com olhos na matéria, cegos ao
espírito, a Deus, e ainda sim loucos pelo sol, pelas estrelas e pelo paraíso
que em mente criamos; ainda que caiamos na matéria, nas ruas sujas de nossas
almas corrompidas, na lama de uma religião, política, sociedade e filosofias
vãs, que adentram em nossas portas sem permissão...
Temos que nos inclinar à reta
desse voo, sem que caiamos na decadência real, da pobreza real, seja ela
psicológica, física ou mesmo material; rever nossos conceitos acerca do que é
política, religião, liberdade, amor, paz, dignidade, ética, moral, real, ou
não... Retirar a poeira do mal de nosso corpo, ainda que fique alguns resquícios,
tomar um banho nas águas do passado, da Tradição, caminhar junto aos mestres,
que são pontes menos dolorosas entre os mistérios e Deus.
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