terça-feira, 26 de julho de 2016

Ave, César! (fim)

Cont.





César foi o pingo que se mostrara uma cachoeira. Dentro do que era, um homem comum, que dizia ser um semideus, em nome de uma genealogia misteriosa, na qual teria, segundo a lenda, vindo de deuses, revelando-se um pingo que brilhou mais que outros, por saber que, em meio a falsidades, à corrupção, a caráter duvidosos, poderia ser mais, um oceano, ou mesmo uma cachoeira da qual poder-se-ia, em nome do conhecimento eterno, a água da qual beberíamos sempre que tivéssemos na dúvida sobre o que somos e podemos.

E tal cachoeira que deságua em mares, oceanos e toma conta dos mais difíceis poros dos continentes, é revitalizada pelos mais sábios, todos os dias, com fins de nos trazer a sabedoria eterna do que podemos fazer quando nos confrontamos com situações naturais de um César (calma, ele é ele!), junto aos estudos, junto à família, ou em relação ao que devemos respeitar ou não no mundo.

César, para isso, tinha uma visão dantesca de seu mundo -- o que não temos. Enfrentava males, como a própria doença, epilepsia, tal qual um menino que cai e levanta e vai jogar seu futebol. Enquanto nós, choramos o tempo inteiro em nome de um sentimento que pedimos ao próximo para que tenha para conosco: a dó, a pena, etc.

A César, general, que possuía o dom da palavra, oratória, além de saber lidar com os desapercebidos de inteligência, comungava com os seus generais, soldados, a ideia de Roma, que, ao entender dele, e de muitos, prevalecia acima de qualquer um, até mesmo de sua pessoa. Por isso, ao entrar em uma batalha, a certeza de que Roma estava sendo defendida, os ancestrais estavam sendo defendidos, que suas famílias estavam em suas mãos, não havia outra consequência senão a vitória. Claro, que antes disso, temos as estratégias formais, nas quais abrangeria toda sabedoria do general.

A nós, quando nos deparamos com situações gêmeas, em confrontar o inimigo, não temos estratégias. Corremos logo para o chão e rezamos, implorando a Deus que o elimine de nossos caminhos. E se ocorrer o contrário, da batalha vencida -- na maioria das vezes pelo medo, ou por falta de planejamento -- colocamos a culpa no inimigo maior: o chifrudo!


Pequenas Histórias de César.

Há histórias contadas por Plutarco nas quais César fora o maior protagonista, pois se revelava sempre dono de si, como a um deus que tinha a certeza de seu presente e futuro...


Dizem, nessa pequena história, que o general Júlio César foi tomar um determinado país, em um navio cujos homens o admiravam, e nele, nesse navio, dormia como um anjo em seu "camarote". As nuvens se formaram, o tempo se fechou e começou a chover, e a chuva transformou-se em uma tempestade, e por consequência o barco começou a pender de um lado, de outro, e seus homens começaram a ficar preocupados, até que o comandante, afoito, foi avisar o general em seu descanso.

"General!", grita o marinheiro mestre, ao descer no quarto, acordando César, e o irritando. "O navio, senhor, está alagado e estamos quase afundando, e acho que vamos todos morrer!". Foi quando César, com o rosto amassado do sono, sentou-se e disse "Não, não vamos morrer, comandante,,,", e aquele, irritadiço, perguntou, "Por quê não!?"... E o general, meio dormindo, disse, "Porque eu sou César". E voltou a dormir como um anjo...

Dizem que César e seus subordinados não só chegaram ao local destinado, mas venceram e voltaram no mesmo navio... 

Aprendizes Eternos

A confiança nos bastaria em nós mesmos se soubéssemos nossos limites e nossa competência junto à natureza que nos cerca. César, por acreditar que era um semideus, e para muitos o era, não possuía estratégia física para o medo, para o desespero, ou para mal dos homens que é a loucura em forma de ignorância, Ele se bastava para todas as formas de medo, e as enfrentava, colidia com elas e prevalecia em nome de seus ancestrais, além dos deuses, os quais lhe davam forças.

Se não há essa força, essa forma de lidar com externo, temos que buscar outros meios, como referenciais um tanto quanto maiores que nós, ou imediatos. Nosso azar é que nosso lado passional sempre fala e resmunga, e acaba por vencer a batalha, nos incitando a nos recolher, voltar para baixo da cama, e chorarmos.


Outra história.

Dizem que César foi capturado por piratas, quando fora a uma residência de um senhor que seria, mais tarde, o seu mestre em oratória. No meio do caminho, foi sequestrado, levado a passar meses com homens ignorantes, brutos, e de pouca valia -- como são na maioria das vezes os piratas.

Assim, pediram ao comando geral de Roma mais de 20 talentos (não sei bem quanto seria hoje), o que fez César ficar irritado, dizendo ... "Vocês não sabem quem sou eu?", levando a todos a dar gargalhadas, quando dissera-lhes o nome, pois não acreditavam nele. Depois, enfim, pediram mais 30!

Passando meses, a caminho, César com sua forma de expressar com os inimigos de Roma, era claro em ofender-lhes, sem medo algum, o que para os piratas tanto fazia, pois não compreendiam muito o que falara. Passados os meses no mar, César já estava até a gostar da companhia, e dissera-lhes, "Gosto muito de vocês, por isso vou enforcar-lhes sem sofrimento!" -- o que significava que, antes de dar-lhes a punição, corta-lhes-ia a garganta...

E aconteceu. Após ter pago o resgaste, a comando de César, todos foram atrás dos raptores e os alcançaram. César cumpriu a promessa. Todos foram degolados. Mas, antes, tiveram suas gargantas cortadas para não sofrer...


Mais aprendizados

A cultura romana não acreditava em pena, dó, paixão pelos seus inimigos. Mas acreditavam em leis paralelas que colidiam com as de Roma, indo de encontro à ascensão mundial da cultura da cidade. Por menor que fosse a fagulha, ou o grão de areia nos olhos dela, tinha que ser retirado, pois estava indo de encontro aos seus ideais.

Nossa cultura, da qual tiramos o temor a Deus, isso literalmente, que nos retira de forma prematura nosso papel ante as divindades, nos faz presos a valores que, como dizia Nietzsche, "Mataram Deus", e nos reprime a leis naturais da vida -- ainda que tais leis sejam duras aos nossos olhos. E Roma, ao ver dos romanos, era divina, e tudo que ia de encontro a ela, ia contra as leis naturais e divinas.



Há mais histórias desse grande general, que se tornou o maior deles, mesmo depois de séculos.  Histórias nas quais nos deparamos e nos encontramos como pequenos generais que somos, ou acreditamos ser. Se não, olhemos para ele como um herói, que chegou ao ápice de seu heroísmo quando se defrontou com uma Roma decadente, cheia de vícios, mas que, graças ao que fora em batalha, a nos deixar uma educação de combate, cravou a estaca da confiança, da bravura, da coragem e nos fez respeitar a tradição, o mais importante de tudo, pois, dizem, César era de tal forma tão elegante, tão feliz e digno, que fascinava a todos pelo respeito não só às damas, mas também aos cavalheiros da época.

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