quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Meta Física iii

Falei em equilíbrio no último texto quando me referia ao corpo físico, e até fiz alusões acerca de pessoas que são mais físicas do que espirituais. Na realidade, até mesmo o mais inteligente dos seres, sabe muito bem que é uma tarefa árdua separar as duas partes -- corpo e emoções (ao que chamamos espírito, as vezes, ignorantemente). 

Para nós, seres físicos, falar em espírito se torna algo difícil, mesmo porque, ao contrário da educação passada que recebiam os discípulos tradicionais, somos voltados ao que mais nos dói, e isso pode ser físico, financeiro, social, emocional, mas nunca espiritual -- mesmo porque o espírito não dói. O que mais nos dói, o que mais nos interrompe nossa ascensão, nos faz mais apaixonados, mais diluídos em seres que não saem da caverna corpórea. E isso nos alimenta.

Isso, no entanto, nos faz refletir: "será que somos apenas isso?" (físico!), e nos aproxima de algo que há milhares de anos foi o início de uma grande jornada rumo ao Terceiro Andar de nossa alma. Entretanto, o passado, aqui, andou mais do que qualquer ser humano atual. Nosso maior mal é e sempre será a teoria, a falta do agir, perceber com o próprio tato interno que há realmente algo mais profundo do que aquela imagem que nos sorri na manhã de Natal. Imagem pela qual somos apaixonados.

E por isso nos vem outra imagem, ou melhor, outra história que nos conta acerca dessa prisão, a Caverna de Platão, do Capítulo VII, de A República, a qual faz alusões acerca de uma grande caverna na qual estão homens e mulheres acorrentados, embriagados com sombras refletidas na parede, graças a uma grande fogueira na parte de trás de seus corpos, a queimar e iluminar aquele ambiente, o qual, para eles, é tudo. E por que não fazer esse tipo de alusão quando falamos de nossos corpos físicos?

É possível que haja uma forma de educação proposital que nos alimenta em torno de nossos de nossos ideais frágeis, também ajustados somente para lidar com nossas fragilidades, nunca com nossa fortaleza. É possível que o amor que sintamos hoje não só pelo nossos físicos, mas também pelo que não conseguimos como ele seja fruto de uma grande educação proposital, dada por aqueles que sabem que se desviarmos os olhos da parede -- ou voltar os olhos para o Espírito, o próprio ser humano mudará.

E muito.



 

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