domingo, 27 de setembro de 2020

Vivendo o Mito (2)

 ... Como assim, em nossa educação? (pergunta o menino de queixo caído). O mito, como já expus, é uma ponte ao fantástico mundo desconhecido pelo homem. Entretanto, temos que saber construir essa ponte, aceitar que ela é parte de uma outra estrutura que nos faz conscientes de nossas responsabilidades como ser humano: a evolução de cada um, com vistas à humanidade.

Não adianta querer construir pontes com ferramentas belíssimas, de primeira qualidade, se nossas ideias beiram ao ridículo. Nascemos com tais ferramentas, cada um de nós -- e isso temos que aceitar. Ou seja, muitos são propensos a ser mais inteligentes, fortes, interessados do que outros, porém, não é matemático que façam pontes nos sentido mais simbólico que o mito propõe. Os mais simples, menos vantajosos no quesito inteligência, podem ser tão sábios na maneira de lidar com suas ferramentas do que os primeiros -- É a corrida da tartaruga com a lebre!

O que me vem à mente agora é que 'Não somos perfeitos', e nem seremos! Mas a questão não é essa. Se o mito fala de cada um, de maneira simbólica, em uma linguagem quase que iniciática para alguns, porque temos que mudar nossos ritmos, nossas vidas, se estamos bem, aqui, nesse mundo, como nossas vidas, com nossos amigos? Por que que eu iria querer mudar minha vida, meu mundo?... 

Isso me lembra também um livro chamado 'A Revolução dos Bichos', no qual animais de um celeiro entram em luta com seres humanos e conseguem vencer. Mais tarde, sem referenciais qualquer, os mesmos animais começam a se comportar como os humanos anteriores, em pensamentos, em atos, em tudo... Enfim, qual o motivo de uma luta sem referenciais, ou mesmo qual o nosso fim neste mundo se não temos pretensões maiores do que nós? pretensões que, quando a visualizamos, não só nos norteiam como também nos modificam, no melhor sentido da palavra?

Não faz sentido. E é nisso que, hoje, apostamos: no 'sem sentido'. 

O Faz Sentido, por outro lado, é uma expressão dúbia, mas estamos a falar de mitos, nos quais, em épocas remotas, só tiveram um sentido: o de evoluir, transformar-se em um Homem melhor. Não cabe aqui pensar em mitos gregos, egípcios, romanos, entre outros, sob o prisma de nossa irreverente educação socialista, capitalista, extremo-direitista, comunista... Não. É mexer com a espada que há milhares de anos foi enterrada em uma pedra somente para nomear um rei que salvará nosso mundo...E que, em sua homenagem, inventamos outra espada, outra pedra, e a retiramos graças aos nossos interesses, seja lá quais forem...

O mito foi feito, na realidade, para que não houvesse deturpações de uma realidade mais profunda, mais específica (desculpe o termo técnico), mas é preciso que tenhamos pelo menos uma visão mais respeitosa em relação a ele e aos demais contos, histórias, folclores, enfim, que foram construídos com finalidades mais interessantes do que a que contamos para o nosso filhão... 

O mito, quando exposto demais, assim como um hieróglifo sagrado, encontrado nas pedras do Vale dos Reis, pode perder seu sentido. As  vezes, é melhor deixar em seus respectivos lugares, na profundidade da terra, naquele subterrâneo no qual fora deixado propositalmente pelos sagrados homens do templo, do que desenterrá-lo e deixá-lo morrer nas opiniões de uma época que se julga tão forte quanto às demais.


Eu duvido.




 

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