quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Portas e Segredos


Já perceberam que sempre temos que abrir portas, fechar janelas, abrir caixas, fechá-las; abrir portões, entrar, fechar novamente... Não é isso? É sempre assim. Em nossas vidas, dentro de nossas possibilidades, há sempre portas, portões, cujo tamanho varia de pessoa para pessoa, de maneira que cada uma tenha sua liberdade de abrir ou mesmo pensar a vida toda em traspassá-la. Mas o tempo não lhe dá muitas alternativas. Havendo uma porta, ou mesmo uma pequena fresta, entremos, mesmo que o medo se sobreponha além de nossos cabelos.

Ter medo em abrir portas é de natureza humana, mas deixá-la entreaberta dando passos para trás, não; apenas o pânico, filho do desespero, nos torna assim. Mas não estamos aqui para falar do medo ou mesmo pânico, ou de qualquer fraqueza, e sim dos segredos que guardam portas, portões, os quais, em nós, precisam ser repensados como figuras literais do dia a dia.

Sabemos que existe um simbolismo – na realidade, uma metáfora – por trás das palavras a que concebemos diariamente, e porta é uma delas. Quando nos referimos à porta, temos um manancial de possibilidades a adequar em nossos meios. Uma delas, sabemos, refere-se a possibilidades reais de entrar em algo, em alguma coisa – não necessariamente em uma casa, igreja, enfim, e sim em algum emprego, em algum grupo, em uma sociedade específica, dentro da ideologia de cada um.

Explico: quando sua mãe diz a Deus “Ó meu pai, quando é que o senhor vai abrir uma porta para o meu filho?...” ou “Esse emprego é a porta para o seu futuro”... E assim por diante. Aqui, o termo não se perde, pelo contrário, começa a adquirir um teor além-palavra, de acordo com nossos interesses.

Pode-se, ainda, transcender conceitos dentro das próprias civilizações, as quais diziam que, na, maioria das vezes, para o jovem iniciar-se, deveria passar por várias portas (e degraus), o que não deixa de ser uma realidade dentro das pequenas iniciações pelas quais passam os jovens atuais – não necessariamente nas religiões, mas dentro do âmbito humano mesmo, em que portas, nesse caso, seria o elo das experiências nas quais, a cada maturidade, ele, o jovem, traspassaria com a dificuldade (ou não) que lhe é própria...

E o segredo além-porta? É como se o próprio Mistério estivesse à espreita, te esperando na primeira abertura de sua porta. Primeiro nos vem a dor no estômago, depois o passo que se revela frio, sem medo; depois , o segundo, o mais difícil, levando-o a repensar seus valores, seja pelo que decidiu, seja pelo que deixara no passado, ou mesmo no seu lado. O terceiro te mostra que são atitudes simples, sem a dor que pensou que teria... Daí para frente, portas se abrem, portas se fecham, portas se ocultam... mas sempre estarão lá, a nossa espera.

Temos que aprender a ler, no dentro de nossos grãos de vida, o universo que nos ronda, encontrar meios, dentro de nossas caixas, casas, cavernas, uma compreensão mais aprofundada do que somos, assim, palavras, atos, pensamentos serão mais que palavras, atos e pensamentos. Talvez, não sei, sejam instrumentos para a compreensão de algo que se resguarda em nossos corações (ou fora dele!), a fim de almejar, no simbolismo, seja das palavras, dos atos, dos sorrisos alheios (ou mesmo em sua violência), seja do próprio universo, o conhecimento pleno.

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....