terça-feira, 1 de setembro de 2009

Vida e Morte, lados de uma mesma moeda


Diziam os antigos que a morte é apenas mais uma vida, um complemento de nossas vidas, regada a mistérios e indagações. Não há nada melhor que iniciar uma conversa baseada na tradição. E principalmente uma que se refere à Vida, algo que, infelizmente, é mal interpretado atualmente.

É falso afirmar que somos detentores únicos da vida, pelo simples fatos de que andamos, falamos, respiramos, amamos... É falso afirmar que a morte é uma penumbra misteriosa que serve apenas de complemento ao nosso viver, ou mesmo o fim de nossa existência.

Vida e morte se interligam por uma linha tão sutil, a qual temos medo de compreendê-la. Ao relacionar vida e morte em uma mesma frase, temos a impressão de que estamos falando de coisas opostas (talvez), desarmônicas... Não. Pelo contrário. Falar sobre as duas é falar de uma coisa só: Vida, com V maiúsculo. Essa que engloba uma totalidade megauniversal, que transcende todos os conceitos humanos.

Por isso, falar do metafísico (além do homem) é tão difícil. E por isso que somos marginais do conhecimento; do real e palpável conhecimento. Nada mais. Se tentássemos relacionar esse todo em nossas educações, não teríamos medo de, pelo menos, começar uma pequena convicção.

Mas justamente pelo fato de não conhecermos é que escutamos teorias e nela acreditamos, principalmente de clássicos como os livros cristãos, indianos, chineses... E não estamos errados, mas, já que é um assunto que beira o metafísico, devemos entender que não sairia gratuito ou mesmo coloquiais determinadas explicações – como ir para o céu; ir para o inferno; cachoeiras de prata, de ouro; sete loiras, embaixo de cascatas, à nossa espera; tronos divinos; presentes divinos... E assim vai. Não se pode compreender o imensurável com nossos corações e mentes, sem sair do chão.

Tudo isso poderia ser resumido em uma só palavra: mitologia. Em todas as civilizações, mitologias explicaram um universo – principalmente, nas civilizações gregas e romanas -- no qual apenas uma lei existe, e dentro dessa lei pairam potencialidades organizadas, cada uma com sua vocação – vamos deixar assim – dessa forma, teríamos o Darma – difícil de explicar, pois se refere a uma organização além de nossas compreensões, as quais podem ser resumidas dentro de nossos dia a dia, mas não de maneira tão organizada; todavia somente para entendermos quão necessitamos dela.

Tal organização (Darma) seria vista, de acordo com a tradição, como uma linha divina (para nós, Deus); para deixar bem claro o quanto que é difícil explicá-la, sabe-se que até mesmo o Caos faria parte dessa Lei.

A Vida nunca começou, segundo a tradição. Ela sempre existiu (incluindo a morte). Para o raciocínio humano, a vida começa quando alguma coisa materialmente lhe aparece aos olhos. Seja uma rosa, uma criança que vem ao mundo... Ou até mesmo uma pessoa desaparecida que há muito não se vê. A morte se explica pela falta. Quando nos vamos materialmente, quando desaparecemos dos olhos do próximo; quando uma flor murcha, quando um animal se vai... Etc.
Mas a morte, esse ser indubitavelmente misterioso, seria apenas uma forma de desaparecimento de uma determinada civilização, sociedade, povo, homem, até mesmo um fio de grama, os quais voltariam com a mesma essência, no entanto sem a mesma estrutura com a qual veio da primeira vez. Ou seja, como um ciclo que nasce, cresce, amadurece e se vai, é a vida. Interminável.

No nosso nível, difícil entender, mesmo porque fomos dotados de várias culturas dentro das quais cada povo foi educado. Culturas nas quais até hoje, simbolicamente, respeitam as tradições de há milhares de anos; por outro lado, outras que, em razão de períodos escuros passados, titubeiam na busca torta pela verdade.

Hoje temos a Terra, a Água, o Ar, e o Fogo, cada qual agindo de maneira diferente em diversos pontos do universo. Desses elementos, pré-socráticos tentaram nos passar a origem de tudo, de maneira simbólica, pois, ainda que fossem elementos palpáveis, não teriam apenas funções meramente visíveis dentro do contexto universal. E realmente tinham razão. A vida não se explica em um caderno de anotações.

Assim o foram vários filósofos, entre eles Platão, Aristóteles, Plotino, e mais tarde, nossa querida professora Blavatsky, que, em meio a educadores orientais, reuniu sua doutrina acerca da Vida em vários livros (Doutrina Secreta I, II, III... etc). Antes disso, Buda, Confúcio, Zoroastro, iniciados – o que significa que são seres que possuem apenas aparência de humanos... E são mais que isso – traduziriam a Vida em suas escrituras. Por falar nisso, Cristo não nos deixara nada.

Sócrates já dizia que nada sabia, por mais que fosse o maior sábio de sua época. Imagine nós, aparentes sábios, com raciocínios super lógicos, mas tão impuros quanto panos de chão na lama, na tentativa de traduzir as estrelas, o sol, o universo sem seguir as pegadas dos grandes homens que, com certeza, vieram para facilitar nossos caminhos, nossas vidas. Imagine nós, pinta de cientistas que ‘descobrem’ tudo, ‘inventam’, mas que, no fundo, sabem que nada pode ser inventado, descoberto, revelado, mesmo porque já o fizeram no passado. É só estudar um pouquinho da história do Egito.

Um povo que soube traduzir mistérios vitais e segredá-los à medida que seus passos iam progredindo; contudo, o ser humano decai, e com ele sua época, seu mundo, seus valores. Tudo que nos resta são provas de que somos ignorantes. Por incrível que pareça eles também achavam que eram! Então, o que somos?

Para eles, Deus era tudo. Para nós, apenas o que nos interessa. Para eles, não havia nada que fosse por acaso; para nós, somos o centro de tudo que nos acontece e nos cerca. Para eles, a vida era tudo que estaria fora e dentro de nós. Para nossa espécie, vida nada mais é que o respirar de um ser humano...

No passado, a vida era comemorada em todos os seus aspectos; hoje, muito mal em nossos aniversários...

Aprender a lidar com a vida, sem que tenhamos medo da morte, é buscar entender as duas de maneira que saibamos a priori uma coisa: nosso corpo físico é mortal, até mesmo o do grande herói do passado que governou décadas, enrugou, envelheceu, se foi... Mas para isso é preciso entender que a vida é cíclica e que nossa essência é eterna, tal qual a de todo universo, que nunca termina.









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