Um sonho que se preza não fala de
ostentações, tiranias ou sistemas falhos. Um sonho que se julga sonho
transforma nosso cotidiano, nossas vidas por completo... E quando atingindo,
desconfie, não é ele, é apenas uma miragem de um interesse feliz, que se passa
na mente e não no coração, no qual mergulha o mais puro dos sonhos,
irrealizáveis por natureza e por isso belo por excelência...
Um sonho a se realizar somente em
nossas mãos, donas de tatos, dos quais sai a terra, sai o ódio e alegrias
passageiras, é nobre, mas não se pode confiar, mesmo porque onde mora a
alegria, lá também reside a tristeza, como companheira de quarto... Aqui, ele,
o sonho, se limita a ser a face do homem que acorda e vai para o campo assistir
a chuva cair depois de tempos, e ao passo, em tempos quentes, ver seus sonhos
se esvaírem como a própria água da chuva, que não veio...
Um sonho pequeno, ínfimo, filho
de nossa grandeza pessoal, é realizável, pois possui elementos físicos e
emocionais, trabalhando em função de nossos interesses em plasmá-lo, como
fantasmas que se foram e nos aparecem no soprar de um vento forte. E por isso
precisamos olhar para cima, para bem alto, onde nossas cabeças e sonhos não alcançam...
Precisamos elevar nossa consciência e transformá-la em escrava de ideais, nos
quais sonhos realizáveis são filhos de peças cuja cortina não se abre por
completo...
Um sonho só é realmente
verdadeiro e belo quando olhamos para o sol, no alto de nossas possibilidades,
no alto de nossos sonhos; quando nos ajoelhamos e percebemos as formigas a
transportar suas folhas, tão pesadas quanto seu corpo, para alimentar a rainha,
a qual, para nós, pode ser, em uma metáfora maravilhosa, nossa alma...
Ao transportar o que de mais
forte e necessário para a rainha, tão protegida em seu formigueiro, a formiga
plasma a meu ver o seu sonho, e o transforma em algo eterno, com fins de
realizações tão naturais, que nem percebe que é um sonho, não se alegrando, nem
mesmo fazendo festas, apenas trabalhando em prol de todas aquelas que se
parecem com ela, e de quebra a própria rainha...
Nossos pequenos sonhos nos barram
a esperança de levarmos nossos reais princípios à alma – a rainha – e fortifica-la,
simplesmente porque nossos interesses, arraigados de momentos “mágicos”, de
hipocrisias escondidas em nossos espírito frio, não nos deixam sonhar. É como
se limitássemos nossos sonhos a uma caverna em que tudo visualizássemos e nos
referenciarmos nela, até mesmo nossos sonhos...
O real sonho nos faz andar em
direção ao fim dela, retirar as fibras presas em nossa pele, os pesos de nossas
costas, a dor de nossos eternos filhos, as pedras de nossa alma, e nos devolve mansidão
natural... O real sonho nos faz sonhar com ele, e em seu caminho nos faz leais
a ele, ainda que somente em possibilidades se encontre.
Que no próximo ano tenhamos em nossos caminhos mais que forças a nos conduzir em direção a sonhos reais, tenhamos fé -- não a fé forçosa, e sim simples e pura -- em prosseguir, pois todos os passos, todas as experiências nos faz conduzir a reflexões, pelas quais chegamos até o mais alto do monte, até mesmo ao céu.
O real sonho é o sol, inalcançável;
porém, às vezes, conseguimos vê-lo e amá-lo.
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