sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A Vertente do Sonho




Um sonho que se preza não fala de ostentações, tiranias ou sistemas falhos. Um sonho que se julga sonho transforma nosso cotidiano, nossas vidas por completo... E quando atingindo, desconfie, não é ele, é apenas uma miragem de um interesse feliz, que se passa na mente e não no coração, no qual mergulha o mais puro dos sonhos, irrealizáveis por natureza e por isso belo por excelência...

Um sonho a se realizar somente em nossas mãos, donas de tatos, dos quais sai a terra, sai o ódio e alegrias passageiras, é nobre, mas não se pode confiar, mesmo porque onde mora a alegria, lá também reside a tristeza, como companheira de quarto... Aqui, ele, o sonho, se limita a ser a face do homem que acorda e vai para o campo assistir a chuva cair depois de tempos, e ao passo, em tempos quentes, ver seus sonhos se esvaírem como a própria água da chuva, que não veio...

Um sonho pequeno, ínfimo, filho de nossa grandeza pessoal, é realizável, pois possui elementos físicos e emocionais, trabalhando em função de nossos interesses em plasmá-lo, como fantasmas que se foram e nos aparecem no soprar de um vento forte. E por isso precisamos olhar para cima, para bem alto, onde nossas cabeças e sonhos não alcançam... Precisamos elevar nossa consciência e transformá-la em escrava de ideais, nos quais sonhos realizáveis são filhos de peças cuja cortina não se abre por completo...

Um sonho só é realmente verdadeiro e belo quando olhamos para o sol, no alto de nossas possibilidades, no alto de nossos sonhos; quando nos ajoelhamos e percebemos as formigas a transportar suas folhas, tão pesadas quanto seu corpo, para alimentar a rainha, a qual, para nós, pode ser, em uma metáfora maravilhosa, nossa alma...

Ao transportar o que de mais forte e necessário para a rainha, tão protegida em seu formigueiro, a formiga plasma a meu ver o seu sonho, e o transforma em algo eterno, com fins de realizações tão naturais, que nem percebe que é um sonho, não se alegrando, nem mesmo fazendo festas, apenas trabalhando em prol de todas aquelas que se parecem com ela, e de quebra a própria rainha...

Nossos pequenos sonhos nos barram a esperança de levarmos nossos reais princípios à alma – a rainha – e fortifica-la, simplesmente porque nossos interesses, arraigados de momentos “mágicos”, de hipocrisias escondidas em nossos espírito frio, não nos deixam sonhar. É como se limitássemos nossos sonhos a uma caverna em que tudo visualizássemos e nos referenciarmos nela, até mesmo nossos sonhos...

O real sonho nos faz andar em direção ao fim dela, retirar as fibras presas em nossa pele, os pesos de nossas costas, a dor de nossos eternos filhos, as pedras de nossa alma, e nos devolve mansidão natural... O real sonho nos faz sonhar com ele, e em seu caminho nos faz leais a ele, ainda que somente em possibilidades se encontre.

Que no próximo ano tenhamos em nossos caminhos mais que forças a nos conduzir em direção a sonhos reais, tenhamos fé -- não a fé forçosa, e sim simples e pura -- em prosseguir, pois todos os passos, todas as experiências nos faz conduzir a reflexões, pelas quais chegamos até o mais alto do monte, até mesmo ao céu.


O real sonho é o sol, inalcançável; porém, às vezes, conseguimos vê-lo e amá-lo.

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