Não é fácil fazer leituras simbólicas da vida, ainda que tenhamos experiências para tanto. É preciso que tenhamos uma alma pura, voltada ao cimo da grande montanha que, por incrível que pareça, subjaz em nós. Mais. É preciso buscar mais profundamente o que está por detrás de nossos movimentos, os quais, na maioria das vezes, não coincide com nossos ideais de espírito. Muito pelo contrário. Nossos atos soam como galhos se queimando em grandes chamas, sem proveito algum de sua essência.
Ler a vida é algo maior que nós mesmos, porém, tornar-se-á, no limiar de nossa existência, o fruto que nos falta a árvore, ainda que seca, pálida e fria. Vai nos faltar cobertor, e dele vamos atrás. No frio, talvez morreremos, no calor, estaremos exaustos, na subida das pequenas montanhas, teremos medo, e a terra, cuja observância se fará pouca, lamentará a falta de fibra humana, pois sua vontade lhe faltará.
Olhará os pássaros e tentará voar tal qual aquele pequeno ser que sorri nos telhados e se balança como que uma criança brincalhona, com os pés invertidos à cabeça, pendurando-se em busca do perigo, que, para ela, é apenas lúdico. Abraçará a primeira árvore, e não vai conseguir entendê-la; vai chorar como filho a uma mãe que se foi e não teve como pedir-lhes desculpas por não ter-lhe cuidado as folhas e os frutos.
Sua leitura da vida será vã. Seus olhos, por mais abertos que estarão, não vão ver o amor e a harmonia entre os seres, graças a sua contemplação de si mesmo, de seu corpo, de suas ideias, de seus passos quadrados que não deram em nada. Apenas mais separatividades.
Para ler a Vida, é preciso esquecer-se que a Morte é o fim; que sua ideias são válidas quando contempladas de seu egoísmo; para ler, sentir, praticar, respirar a Vida, é preciso esquecer-se de conceitos formulados em faculdades ou de faculdades que tiveram origens em conceitos. Olhar-se no espelho e dizer, 'Até mesmo os grandes se foram, mas nunca nos abandonaram; então nunca abandonarei meu ideal'
Para ler a vida, é preciso humildade não cristã, cerrar-se os olhos, escutar seu coração, os poros de seu corpo; encontrar pensamentos válidos ao silêncio, perdoar a si mesmo, iniciar os primeiros passos em prol da alma, e entender que seu espirito existe, é imortal, e que somos a montanha, os pássaros, tudo... Contudo, só teremos essa certeza se nos encontrarmos como parte Dele.
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