QUANDO criança, tudo se aflora. Ao viver do instinto, sentimos o medo mais forte, as dores, a tensão... Mesmo porque estamos em um mundo do qual não nos lembramos mais. Um mundo novo, no qual temos que nos readaptar. Assim, depois de muito tempo, nos tornando mais familiar a ele, vamos perdendo as características de criança medrosa, instintiva... Nunca deixamos tal sentimento de lado, pois ele nos acompanhará sempre.
Na fase adulta – depois de amadurecidos – perdemos a grande oportunidade de lidar com esse sentimento que nos vem adjunto tal qual “pêlos de um cachorro”, como diria um filósofo. Saber direcioná-lo, concatená-lo aos nossos elementos físicos, psicológicos, de maneira que saibamos dele usufruir é a nossa vida.
O medo, pois, diz a tradição, é bom. Ao contrário do que aprendemos, o medo não é aquele sentimento que nos faz estáticos frente às situações mais difíceis; não é, ainda, o temor em escala maior ou menor, o qual nos faz correr de nossos problemas – sejam eles concretos, abstratos...
O medo seria uma energia que corre o seu corpo, tal qual uma adrenalina (hormônio) pura, o qual nos direciona em favor de nossos caminhos, como se tentasse nos ensinar a nos lidar com o livre arbítrio a que estamos acostumados a vivenciar de forma esporádica.
O medo, assim, nos faz encarar a vida de forma prática. Em passos simples, olhando para um lado e para o outro, como se estivéssemos pisando em cascas de ovos, o medo te diz, às vezes, por meio de uma dor pequena abaixo do fígado, por meio de uma tensão que te toma repentinamente, ou mesmo por um pequeno assombro... “É por aqui, é por ali”...
Um exemplo típico de aprender acerca do medo é tentar visualizar (imaginar) uma criança em frente a uma montanha-russa, levada pelo pai ao parque de diversão. Ao se deparar com aquela coisa toda, cheia de ferros, com pessoas gritando desesperadas, mas sorrindo... A criança, por incrível que pareça, tem o corpo travado, dizendo “não vá, não vá...”, pois, para ela, é um dos maiores mistérios a ser desvendados. Todavia há uma voz maior que diz “vai”.
E ela chora, pede, lacrimeja piedosamente dizendo “pai, eu quero ir”. Sabendo que há a possibilidade de se machucar, apesar do seu pai estar com ela; sabendo que, apesar dos sustos, vai se divertir tanto quanto qualquer pessoa de lá de cima; porém, sabendo que, vencendo esta etapa, vencerá outras... Os primeiros passos dela são dados, para frente (não para trás). Isso é o medo.
O medo a fez questionar acerca do momento e não voltar a ideia de subir a montanha-russa. Nela devemos nos espelhar. Pequenos exemplos nos tornam heróis; pois há situações em que o próprio herói teme, no entanto prefere dar os passos frente à batalha, a vencendo.
Há situações, no entanto, em que confundimos medo com pavor, medo com desespero. Sim, há essa possibilidade. Contudo, em maior escala, o medo deixar de ser medo, para ser pavor, desespero, o que é uma realidade para a maioria das pessoas que se trancam dentro de casa com medo de assaltos. É o caso de milhões de pessoas desarmadas em uma sociedade em que somente assaltantes, criminosos, traficantes e chefes de milícias têm “direito” a andar armados.
Um dia encontrei uma senhora que ia pegar um elevador. Ao descer dele, deparei-me com ela dizendo “você vai subir?”. Eu, educadamente disse “Não, fico por aqui mesmo”. Olhando para mim, meio triste, ela disse “Ah, que pena, eu pego a escada, então”. Encucado, perguntei para qual andar ela iria. Ela tornou: “vou para o segundo”.
“É apenas um andar, daqui para cima, pois estamos no primeiro, por de ficar sossegada, nada vai acontecer”, disse eu em tom aprazível. “Não, não...!”, disse ela. “Eu tenho problemas em ficar em lugares fechados!”. Era a síndrome do pânico...
Assim, entre milhões de pessoas que têm o mesmo problema, a humanidade se vai com doenças criadas pelo século do pavor.
Hoje, por muito menos, há adultos que dormem com a luz ligada; há ainda aqueles que, mesmo adolescentes, dormem ao lado da mãe ou da avó; há aqueles que não conseguem viver sozinho, por isso, não conseguem se afastar da família. E muitos outros exemplos de que não se tem notícia no passado.
Assim, como uma criança que pula na piscina no ombro do adulto, confiando em si mesma; assim como uma pequena águia que desce desconfigurada da árvore; como um menino que vai para escola sem a presença dos pais, pela primeira vez... Assim como em outros exemplos, o medo vai nos direcionar em nossa caminhada rumo aos nossos ideais.
Na fase adulta – depois de amadurecidos – perdemos a grande oportunidade de lidar com esse sentimento que nos vem adjunto tal qual “pêlos de um cachorro”, como diria um filósofo. Saber direcioná-lo, concatená-lo aos nossos elementos físicos, psicológicos, de maneira que saibamos dele usufruir é a nossa vida.
O medo, pois, diz a tradição, é bom. Ao contrário do que aprendemos, o medo não é aquele sentimento que nos faz estáticos frente às situações mais difíceis; não é, ainda, o temor em escala maior ou menor, o qual nos faz correr de nossos problemas – sejam eles concretos, abstratos...
O medo seria uma energia que corre o seu corpo, tal qual uma adrenalina (hormônio) pura, o qual nos direciona em favor de nossos caminhos, como se tentasse nos ensinar a nos lidar com o livre arbítrio a que estamos acostumados a vivenciar de forma esporádica.
O medo, assim, nos faz encarar a vida de forma prática. Em passos simples, olhando para um lado e para o outro, como se estivéssemos pisando em cascas de ovos, o medo te diz, às vezes, por meio de uma dor pequena abaixo do fígado, por meio de uma tensão que te toma repentinamente, ou mesmo por um pequeno assombro... “É por aqui, é por ali”...
Um exemplo típico de aprender acerca do medo é tentar visualizar (imaginar) uma criança em frente a uma montanha-russa, levada pelo pai ao parque de diversão. Ao se deparar com aquela coisa toda, cheia de ferros, com pessoas gritando desesperadas, mas sorrindo... A criança, por incrível que pareça, tem o corpo travado, dizendo “não vá, não vá...”, pois, para ela, é um dos maiores mistérios a ser desvendados. Todavia há uma voz maior que diz “vai”.
E ela chora, pede, lacrimeja piedosamente dizendo “pai, eu quero ir”. Sabendo que há a possibilidade de se machucar, apesar do seu pai estar com ela; sabendo que, apesar dos sustos, vai se divertir tanto quanto qualquer pessoa de lá de cima; porém, sabendo que, vencendo esta etapa, vencerá outras... Os primeiros passos dela são dados, para frente (não para trás). Isso é o medo.
O medo a fez questionar acerca do momento e não voltar a ideia de subir a montanha-russa. Nela devemos nos espelhar. Pequenos exemplos nos tornam heróis; pois há situações em que o próprio herói teme, no entanto prefere dar os passos frente à batalha, a vencendo.
Há situações, no entanto, em que confundimos medo com pavor, medo com desespero. Sim, há essa possibilidade. Contudo, em maior escala, o medo deixar de ser medo, para ser pavor, desespero, o que é uma realidade para a maioria das pessoas que se trancam dentro de casa com medo de assaltos. É o caso de milhões de pessoas desarmadas em uma sociedade em que somente assaltantes, criminosos, traficantes e chefes de milícias têm “direito” a andar armados.
Um dia encontrei uma senhora que ia pegar um elevador. Ao descer dele, deparei-me com ela dizendo “você vai subir?”. Eu, educadamente disse “Não, fico por aqui mesmo”. Olhando para mim, meio triste, ela disse “Ah, que pena, eu pego a escada, então”. Encucado, perguntei para qual andar ela iria. Ela tornou: “vou para o segundo”.
“É apenas um andar, daqui para cima, pois estamos no primeiro, por de ficar sossegada, nada vai acontecer”, disse eu em tom aprazível. “Não, não...!”, disse ela. “Eu tenho problemas em ficar em lugares fechados!”. Era a síndrome do pânico...
Assim, entre milhões de pessoas que têm o mesmo problema, a humanidade se vai com doenças criadas pelo século do pavor.
Hoje, por muito menos, há adultos que dormem com a luz ligada; há ainda aqueles que, mesmo adolescentes, dormem ao lado da mãe ou da avó; há aqueles que não conseguem viver sozinho, por isso, não conseguem se afastar da família. E muitos outros exemplos de que não se tem notícia no passado.
Assim, como uma criança que pula na piscina no ombro do adulto, confiando em si mesma; assim como uma pequena águia que desce desconfigurada da árvore; como um menino que vai para escola sem a presença dos pais, pela primeira vez... Assim como em outros exemplos, o medo vai nos direcionar em nossa caminhada rumo aos nossos ideais.