quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Convivência, segunda parte.

Na antiguidade, no antigo Egito, para ser mais especifico, se uma esposa deixasse de arrumar as vestes do marido, sua sandália, seu ouro, seus apetrechos de homem, não seria perdoada. Para os olhares modernos, isso seria a prova de um machismo extremista, advindo de uma era cujas mulheres não tiveram espaço nem para respirar... Errado. Não só no Egito, mas, em todas as civilizações, como Grécia, Roma, a mulher era tão valorizada quanto o homem. Ainda há quem discorde, pois há coisas pelas quais a mulher passava que o homem nem mesmo sabia, e vice-versa.

A questão é polêmica. Mas para traduzirmos o sentimento da época é preciso estudarmos um pouco a visão dela e daqueles que nela passaram, e seu comportamento...

No Inicio...

No inicio de nossa civilização, quando não havia esse partidarismo ou mesmo esse fosso religioso em que vivemos, porém em uma época em que o sentimento de religião era maior e mais universal que o nosso, tanto que, em tudo, cabia esse pilar da antiguidade, a mulher e o homem sabiam lidar um com o outro e com Deus. Havia a síntese sa tríade em tudo.

A religião estava no ar, no mar, no céu, no fogo, no homem, em tudo (e ainda está!...). E cada ser, sociedade, civilização entendia isso da sua forma, cabendo-lhes traduzir de maneira simbólica o que religava o homem a Deus. Isso pode ser apreciado em civilizações até mesmo distantes, como a do Peru e do Egito, quão distante são, mas cada qual com seus ornamentos semelhantes, já perceberam?

O simbolismo era fruto de algo misterioso que, regado a lendas e mitos, transportava os seres da época a um conhecimento brando e ao passo fechado, mas que, com o tempo, veio a ser desmistificado por alguns sacerdotes que não conseguiram manter o segredo. Razão: o materialismo era mais forte e o espiritualismo profundo, sem citar a razão de vários filósofos modernos, sendo transformado em algo palpável – como o céu dos cristãos, judeus, etc, os quais não mais se revestem de véus simbólicos, mas de uma realidade tão forte quanto à própria.

E assim, tudo nos emancipava a uma semântica natural, no passado, e nos fazia crer no sagrado de maneira ordenada, harmônica, isto é, todos diferentes e necessários um ao outro, sem distinção de raças, cores, sociedade... Hoje até podemos entender, mas acreditar, de verdade, como a pele do nosso corpo que reveste os ossos, não, não acreditamos, e nisso eles acreditavam e disso viviam.

Deus, para terminar o assunto, era representado, dependendo da civilização, como um Peixe, com o número Zero, com, com o Infinito, e o restante – o que nos cercava – emancipações, formas, geometrias, etc, era o fruto dessa divindade, ou seja, tudo era diferente, mas possuía, na semente, a característica sagrada.

Enfim, a convivência era ordenada por disciplinas universais. O homem com o seu Logus, e a mulher, com o dela. Cada qual com sua essência e característica. Hoje, no entanto, temos outra ordem a ‘iluminar’ nossos passos, e é aí que nos perdemos. O materialismo, o capitalismo, o comunismo, o desenfreado modo reliogioso-político, e demais ismos, além do machismo, feminismo, com os quais lidamos e vivemos, podem ter levado o homem a essa bola de neve, cheia de valores contrários à cortesia, ao amor ao próximo, ao cavalheirismo, mas é difícil de dizer, mesmo porque há uma grande necessidade por trás de tudo por que passamos, inclusive o mal de uma civilização.

O espiritualismo egípcio, a hombridade romana, a filosofia grega, o misticismo maia, hindu... Tudo, de alguma forma, teve seu ápice como cultura, e delas aprendemos muito, contudo não o bastante e, de acordo com as últimas, não aprenderemos tão cedo... E tais culturas tiveram sua decadência, e dela somente nos lembramos.

O homem e a mulher egípcia não foram seres perfeitos, mas sabiam que havia uma ordem universal com a finalidade de organizar o universo, ou melhor, uma ordem total na qual estariam incluídos o homem e a mulher e os seres em sua volta, sem que qualquer ser racional fosse dono disso ou daquilo, nem mesmo dono ou senhor da mulher com quem ele casasse ou tivesse qualquer tipo de união.

Contudo, sabiam de seus papeis. Graças a esses conceitos praticados, todos comungavam os mesmo valores, não precisando de qualquer religião para nortear princípios humanos – a religião era respirada.

A união do homem e dos seus semelhantes está dentro dessa filosofia de vida. Em tudo que se fazia, olhava-se para essa ordem; assim, ao organizar os apetrechos do homem, a mulher não estaria trabalhando para ele, mas sim para o uno, para Deus, de forma que se religasse aquele ato com tudo. O homem se realizava, a mulher idem. Tanto que um dos papeis mais cobiçados pela mulher antiga era fazer as honras ao homem, pois este representava a ponte entre o sagrado e o profano, e fazer as honras aos deuses. Ao homem, cultivar o fogo simbólico da casa, sempre brando, puro, e ser cortês, traduzia um pouco da ordem à qual era obedecida...

E conviver sob esse manto seria o ideal de todo o homem e mulher. O filósofo estava certo, de novo...

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