terça-feira, 26 de abril de 2011

A faca de dois gumes II

Hoje, quando pegamos uma cadeira... Nos sentamos, mas há que se pode acrescentar que, na maioria das vezes, subimos nela e trocamos lâmpadas. Isso não a faz menos cadeira do que ela é. Dependendo da circunstância, pode sim nos servir de suporte para alcançar algo, ou mesmo consertar algo. Mas fazê-la sempre de suporte...


Assim, somos obrigados a trabalhar nossos conceitos. O que é uma cadeira? “Uma peça de mobília que é um assento apoiado sobre quatro pés, com braços – partes fixas para nos apoiars”, bem, na maioria das vezes, é assim. Com o advento de várias formas modernas, fica difícil dizer se ainda possuem quatro, três ou duas pernas, mas... cujo objetivo é nos acomodar confortavelmente.


Isso seria não só a definição de cadeira como, também, o objeto em sua justa natureza. Isso quer dizer que, se fugisse desse conceito, segundo a tradição, não seria mais cadeira. Aristóteles exagera quando diz que “quando o galo morre deixa de ser galo”, mas deixemos o Ari de lado. O mais importante é entender que tudo que se cria é criado a partir de uma necessidade justa, e para ela se adéqua. Platão sempre dizia que as coisas já estão feitas, apenas as plasmamos do Mundo Perfeito, do Mundo Real, o que seria, resumidamente, o Mundo das Ideias. Mas deixemos o mestre de lado também...


O que se faz na realidade é transformar a vida no que ela não é. A vida seria a nossa faca que está sendo usada de maneira desvirtuada, direcionada apenas aos nossos prazeres. Mas a vida não é nossa? Bem, se eu pudesse rejuvenescer, voltar aos vinte anos, pensar no que eu fiz, retardar meu envelhecimento... Se eu pudesse escolher as ferramentas da vida antes de nascer, se eu pudesse escolher as pessoas com quem eu trabalho – mas não sou patrão --; se eu enfim... colocasse o que eu poderia fazer, passar, viver.. etc, etc... a vida, sim, seria minha, mas não é... Eu apenas tenho um corpo, que se deteriorará com o tempo, tenho uma personalidade que vai se desenvolver, e, no máximo, passar por situações dantescas, humilhantes, errôneas, falhas, maravilhosas, mas sempre de acordo com o ponto de vista dela, pois tudo que passamos se torna relativo quando se está de acordo com nosso ponto de vista... Não de acordo com o que ela realmente é. Mas a personalidade pode ser ou não esquecida com o tempo, isso nos faz mais vaidosos, nos elevando ou nos depreciando de vez.


Já pensou nisso? Claro que sempre esbarramos, se seguirmos essa linha imaginária, com o conceito de liberdade, o qual já elucidei nos textos anteriores, pois sempre achamos que a vida é igual um presente dos deuses para fazermos o que bem entender dela, mas não é assim... Há, nela, uma evolução – e não estou me referindo apenas à vida humana – mas posso citar milhões de células que evoluem, de sistemas, de universos, cosmos dos quais somos parte e nem sabemos!


Posso salientar a evolução física em nossas vidas, a evolução da consciência humana, até mesmo de comportamentos, coisas que estão em nossa frente, mas não refletimos no sentido mais simples da palavra.


Se as coisas evoluem, por que não evoluímos em entendimento relação aos prazeres humanos?



Volto no próximo texto.

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