Ontem em uma conversa que tive com uma amiga, percebi que nós, pessoas de bem, temos um caminho longo a percorrer em termos de solução a uma sociedade que cai ao abismo sem que haja alguém que possa salvá-la.
Conversamos acerca de comportamento frente ao uso da internet – sites de relacionamentos, liberdade de expressão, de comportamento, vida alheia... – assunto este que não queria internalizar pelo fato de me causar um tremendo desconforto.
Ela, essa querida amiga, tem um site de relacionamento no qual há fotos dela com diversas poses sensuais, as quais são restritas “apenas” aos seus milhares de “seguidores”, o que, por ela, é algo normal – não só por ela, como também para a imensa maioria que já embutiu tais comportamentos em uma sociedade decadente que aceita qualquer coisa, menos o plausível.
Há de convir que essa amiga, hoje desempregada, com marido e uma filha, tem talentos para tanto e passa por situações que, no entender de muitos covardes, é conflituosa, e, por isso, se infiltra na rede mundial a conversar em bate-papos informais que geram, em mim, mais desconfortos ainda só de pensar em que se baseiam para “dialogar”.
Sem o segundo grau, sem experiência mínima em empregos formais, não tem muito que oferecer a não ser sua beleza externa, a qual está disponível em seu Orkut....
Lá, cheio de homens e mulheres com intenções aquém-maduras, se revezam em destruir ideologias, juventudes, inteligências, paz... com palavras chulas, pensamentos idem, regados a fotos – mais de quientas, com meias palavras, meio pensamentos, meio-humanos, como inteiros vegetais animados apodrecendo sem que o dono do jardim perceba.
Sem critérios ou mesmo sonhos, ela prossegue, temivelmente, em defesa de sua atitude em meio a um mal visível: “o Orkut não me faz mal, muito pelo contrário, me faz bem, pois o que me faz mal são as pessoas com quem vivo...”. Assim, ela se defende, levando os olhos ao céu tal quais patrícias da corte que não pisavam ao chão, sem que houvesse um tapete vermelho para tanto.
Se eu disser que esse é um caso à parte, estaria errado. A própria pessoa que não tem uma ideologia partidária, religiosa, familiar, filosófica a seguir pensa da mesma forma. O mundo para ela nada mais é que uma curtição, na qual se apronta de tudo, graças aos meios que dão a ela propriedade para transmitir sua “inteligência” física, a qual se desgastará com o tempo e a ela restará apenas poemas chulos de seguidores que manipulam a parte pélvica em nome de fotos que serão lembradas apenas em banheiros masculinos, pois nem em álbuns de família poderá mostrar... A mamãe dela, que a criou como a neném mais linda da família, esqueceu-se de educar a cria para o lado espiritual da vida...
Agora, como um lindo vegetal que anda, sai às festas sem a concessão do marido, sem se importar com a educação da filha, e se diz uma leoa, cujas garras não deixam ninguém domá-la... (?!).
Mas isso, infelizmente, faz parte de uma juventude revoltada, cheia de vícios vistos como virtudes, pois não cheiram maconha, mas bebem whisky até caírem ao chão; não se prostituem, mas se mostram em sites de relacionamentos como vendedoras de corpos; não se apaixonam, mas beijam qualquer garotão, e se deixam levar para a cama como em filmes americanos que dão corda à juventude que não pensa; falam em educação, em amor, falam de emoção, mas desprezam as palavras do pais, dos maridos, dos filhos, da família... São realmente onças, ou melhor, plantas.
Hoje, em detrimento de uma educação que não os leva a refletir seus comportamentos, uma educação na qual não se pode visualizar seus erros, na qual o correto é tão bambo que fica mais certo correr para o errado.
Não sei se a injustiça aos políticos soltos, aos religiosos corruptos, aos parentes pobres que são presos por roubarem balinhas em mercados fazem parte da revolta desses jovens, mas sei que a avalanche na qual estão me surpreende todos os dias, quando ligo o computador e vejo, em notícias, o que um adolescente de dezessete ou uma menina de vinte e oito anos são capazes... Não cabe aqui salientar.
Porém (graças às adversativas!), se se tem uma visão ampla do bem – não precisa ser do grande Bem --, temos condições, claudicantemente, claro, frente a esses jovens, que não engolem qualquer assunto “quadrado”, de trazê-los a esse mundo e dizer por que estão errados e que existe uma ordem a ser seguida. Caso contrário, tudo que fizessem não teriam consequências danosas...
Dizer a eles que a vida é uma lei a qual deve ser obedecida – aos poucos – e que, nas mínimas coisas, existem leis que regem aquele canto, em qualquer lugar. Dizer a eles que, embora haja interesse de outros de destruírem o mundo moralmente, não quer dizer que o temos da mesma forma, pois somos diferentes em evoluções, em crescimento – e crescimento não tem nada a ver com criticas exacerbadas ou mesmo desconfiguração física ao um mundo que já se deprecia demais por dar valor ao nu, ao sexo, às drogas, aos vícios em geral.
Dizer que somos mais que isso. E mostrar-lhes uma juventude em caráter quando se nega o mal aos sites, às revistas, aos filmes, aos maus homens, estes para os quais se trabalha quando dizemos não ao bem.
Ainda que morramos tentando, dizer-lhes que liberdade não tem nada a ver com viver a vida de qualquer maneira, dizer-lhes que justiça se sente, se eleva, se transforma e que nos faz dar valor ao próximo. Dizer-lhes que amor não é ser mesquinho, ao se ver no espelho triste a beleza de um corpo. Amor é expansão não restrição. Amor é vida, em todos os sentidos, não é morte em sites, por meio de diálogos que contaminam e geram desamor, tristeza, revolta, suicídio...
Eu amo, por isso escrevo. E tento levar às mentes fortes, ainda que utopicamente, ideias valorosas que sempre norteiam os fortes. Mas é dos fracos que precisamos, pois são eles que se julgam corretos em num mundo que também se julga correto – esse mundo velho.
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