terça-feira, 26 de abril de 2011

A faca de dois gumes

Alguém um dia me disse que “a faca será sempre uma faca, quando usada para seus devidos fins”. Nada melhor do que nos referenciar em máximas, sejam elas modernas ou não, para criarmos caminhos nessa via louca em que nos colocaram desde a infância... E uma delas, essa com a qual iniciei o texto, pode nos levar a várias máximas, há vários pensamentos, há vários caminhos...


O perigo é sempre de quem lê, interpreta e leva para si o que entendeu. Não sei qual a interpretação de cristãos, mulçumanos ortodoxos, xiitas, mas a minha, cuja filosofia ainda permeia como uma das menos preconceituosas (?), entende que a máxima acima nos ensina a respeitar as coisas como elas são. Sua finalidade, seus princípios, sua ideologia, filosofia... Para tudo aquilo que foi feita, dentro de sua natureza...


Também sei que a máxima fora baseada na filosofia clássica, daquela cujo teor sempre devemos ter o cuidado em interpretar, pois sempre se refere ao modo espiritual das coisas, e ao próprio comportamento humano – assim como nos mitos.


Se eu não me engano, já li algo em Platão, em Aristóteles, Plotino e em outros, dos quais saem entendimentos nos quais o homem deve ser o que É, no sentido mais interno possível. Fora desse nível, tornar-se-á um ser que vive de uma personalidade voltada às violações, aos vícios, aos preconceitos exacerbados, às paixões... Ou seja, algo parecido com animal, vegetal, mineral...


Humano é algo mais profundo, é algo a ser atingido. É como se nascêssemos em uma esfera na qual fôssemos lançados por várias vezes até encontrarmos o sentido desse “lançamento”. E quando descobrirmos, também descobrimos o sentido de ser ‘humanos’, porque não seriamos como tal, pois nossa compreensão estaria além-humana. Assim como os deuses que nos compreendem, mas não são humanos; e ao descobrirmos o mesmo, estaríamos em outra estratosfera, assim como eles. Por isso, dizem alguns que Cristo era Deus, que Buda não era humano apenas...


Nos mitos gregos, hindus, maias, astecas há figuras que rondam como seres que vieram ao mundo, se transformaram em humanos, deixaram suas mensagens e se foram, e mais tarde, quando a humanidade estivesse pronta, voltariam. Claro que, como mito, temos uma forma de interpretação, como eu disse no inicio, espiritual, pois estes mitos não foram feitos com base em relações pessoais ou materiais, mas universais.


De volta à faca...


“A faca será sempre uma faca...” nos faz pensar em condições nas quais ela pode estar. Ou seja, depende muito da forma que for usada. Se mato, se destruo, se a quebro usando-a como martelo, deixa de ser faca – um objeto que possui uma lâmina, grande ou pequena, dependendo de sua estrutura e para qual será usada, com um cabo, forte, fraco, usado ou não, mas que seja um cabo no qual possamos segurar e com ele manusear o objeto cortante seja em uma carne, seja em uma salada, seja em uma fruta... Enfim, fora disso não seria uma faca.


Mas a faca, aqui, pode ser um objeto simbólico também no sentido pessoal, destes que podemos visualizar situações em que estamos inseridos. Estou me referindo ao mundo em que nos encontramos, na avalanche de criações que são desvirtuadas pelo próprio homem no sentido de fazê-las objeto do seu próprio desejo... Assim como a internet.


Voltamos no próximo texto.



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