sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A Admiração do Homem

"Duas Coisas povoam a mente com uma admiração e respeito sempre novos e crescente... O céu estrelado por cima de nós e a lei moral dentro de nós"

(Imamnuel Kant)





... Não querendo continuar, mas já continuando o assunto a respeito dos mestres, tema sobre o qual se nos dedicarmos teremos uma linha infinita de enigmas e aprendizados, queria completar, ou tentar, entrelinhas, fazer entender o que muitos se perguntam... "Por que nos admiramos tanto com o próximo?". Julio César. general romano, com seus quarenta anos de idade, após se deparar com a estátua de Alexandre (o Grande), olhou nos olhos dela e chorou. 

O grande general, que havia conquistado várias nações com suas estratégias perfeitas, admirava o grande menino, que, com dezoito anos, já havia conquistado mais da metade da Europa. Seus olhos buscavam a grandiosidade que fez daquele conquistador um dos mais influentes guerreiros do mundo... Julio César, claro, o admirava.

Hoje, com o nascimento de heróis cotidianos, nos perdemos em debates, em ânsias por admirar alguém e acabamos por cair em diversas formas de admirações. Sabemos, nos entanto, que precisamos dela, com o fim de crescer, ainda que materialmente, e ser algo que desconhecemos em nós. Ou seja, a própria admiração não é um mal, mas uma faca de dois gumes, com a qual podemos elevar nosso Eu ou destituí-lo de suas razões naturais.

Nietzsche dizia que a felicidade era o maior bem que procurávamos, mesmo quando em pessoas depositávamos nossos objetivos. Por outro lado, tínhamos Schopenhauer que dizia que teríamos que ter cuidado com o fruto que comemos, se não temos notícia da árvore do qual veio. Os dois estão corretos quando se referem à felicidade e  à desconfiança, mesmo porque o que nos paira em relação ao mundo é sempre uma grande dúvida. Mesmo assim, caminhamos para o abismo sem olhar para o chão.

Platão dizia que o único conhecimento que nos faz prosseguir é a seleção prodigiosa de tudo que fazemos, pois só assim temos uma visão do que somos. Aristóteles, seu discípulo, preocupava-se mais com motor que nos conduzia a escolhas, ou seja, depois de a própria consciência individual ou coletiva se manisfestar, teríamos o resultado como uma somatória natural do que poderíamos ter ou ser.

O que vejo, no entanto, talvez, também o resultado do mestres do passados, os quais sintetizam a realidade humana; porém, entre eles, fico um pouco mais com Nietzsche, que possui uma visão um tanto moderna em relação aos modernos, e (fico) muito mais com Platão, que, em suas obras, principalmente "A República", que devemos esmiuçar, desde as pequenas coisas, até as maiores, com o fim de desvendar o porquê de Tudo.

Não é uma procura casuística, pelo contrário, o ser humano tem isso nas veias, e é isso que o faz prosseguir em relação aos demais animais, os quais, em suas próprias leis, trabalham, mas não descobrem realidades por trás dela, voluntariamente. Ao contrário de nós, que, em nossa busca, seja ela da poeira que nos cobre ou mesmo amor e seus enigmas, andamos, provamos, admiramos, tudo em prol de um Algo que nos burla internamente...

A alma é a resposta disso tudo. Mesmo quando admiramos alguém ou vamos ao encontro dele ou dela, quer dizer não é algo factual, emblemático, acidental, mas enraizado em nosso EU. E muitos irão se perguntar.. "Mas por que temos que admirar alguém?", ainda que tal pergunta seja claramente racional, ela trabalha para o consenso interno do homem, com vistas a descobrir esse mistério, que pode ser respondido da seguinte forma... "Temos divindades em nós, e queremos encontrá-las, contudo, não podemos apreciá-las, por isso admiramos um pouco delas quando refletem em algumas pessoas".



quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Homens, Mestres, Leões...



Nessa constante busca de si mesmo, percebe-se que o homem, desde criança, precisa referenciar-se em alguém, como o pai, o tio, ou mesmo na falta deles, o irmão. Sabemos que nestes a busca é quase instintiva, sem rumo, sem a busca pelo aperfeiçoamento interno, mesmo porque, tudo que se faz por instinto, em qualquer idade, é meio perigoso -- deve-se ser uma busca consciente, voluntária, dedicada e com amor. 

As primeiras buscas não tem um valor filosófico talvez. Pois retratam mais uma admiração externa, baseadas em atos, comportamentos, feitos, dos quais, a depender do herói, pode-se levar em conta; mas observa-se que há uma necessidade humana, principalmente do homem. em seguir, caminhar nas mesmas pegadas daquele que um dia foi ou mesmo é visto como seu admirável professor ou mesmo mestre.

Não podemos, no entanto, deixar perceber que tal ato é um tanto quanto simbólico, pois não se admira por acaso, não se ama alguém por acaso, não deixamos nossas coisas para trás e seguimos alguém por acaso, como fizeram já vários discípulos em todas as épocas -- não por acaso. Não.

A natureza, em si, demonstra isso; no comportamento das plantas, do animais, na formação do universo, em tudo há um seguimento idêntico ao do homem que está prestes a ter um mestre. No reino animal, por exemplo, o leão não é o rei por acaso, quer dizer, ele não foi eleito, não houve uma democracia que o fez forte, belo e semelhante a um sol que rosna. Ele, assim, como as sequoias, é profundamente repeitado pelos demais e até seguido. Mas nós não. Levamos tempos para nos tornarmos um leão. Até o leão leva seu tempo para sê-lo!

Porém não é juba do leão, de seu significativo rosnar que devemos nos impressionar, apenas os animais da selva, os quais não sabem o valor profundo da natureza e não sabem reverenciá-la como tal, porque são parte dela, assim como nós, na nossa. A questão se aprofunda, na realidade, quando percebemos que tais elementos no leão podem ser simbólicos e comparados ao mestre, ao nosso mestre.

O sol, o céu, o caminho, a vitória, o comando, nos vêm na alma como fogo a nos tomar por completo, e sabemos que isso é algo que nos eleva, nos torna fortes internamente, talvez mais fortes que o próprio leão e nos vicia em humanidade... Pois tudo que se eleva em nosso nível não pode ser outra coisa senão o que realmente somos.

Dizem que, quando o discípulo está pronto, o mestre surge. Sim, é verdade. Temos nossos caminhos tortuosos nos quais passamos até entender que a retação é uma vertente natural do homem, dentro da qual se passam todas as idades, sempre de acordo com a sua natureza e possibilidades, mas nunca, jamais, com efeito contrário ao de ensinar e transformar o menino em um aprendiz, o adolescente em um homem, e este em um ser divino. E o mestre, o leão simbólico, que nos aparece nas horas mais mágicas, vem com o intuito de mostrar de perto essa linha imaginária -- a retação --  sem a qual não haveria universo, ou mesmo o próprio homem.





quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O Caçador Solar

Há dez anos eu ganhei o mundo, após me tornar aluno de uma escola de Filosofia à Maneira Clássica, dela retirando uma série de premissas fortes e básicas para o meu bem-viver; talvez mais do que isso, mais que premissas, um motivo, uma ideologia -- um ideal, que não necessita do humano para sobreviver, porém não digo o contrário, pois depois que o descobri me sinto adjunto, dentro de um processo de formação voluntário, no qual não há restrições em aprender, em viver e entender o todo, 

Depois que sai dela, dessa escola, não penso em voltar contudo, mesmo porque não há aventura melhor que a de mergulhar em conceitos e praticá-los, sob uma ótica tradicional em que os mestres do passado estão inseridos. Para mim, foi a maior honra do mundo e quero não perdê-la jamais, pois está em mim, ou melhor, está em tudo que escrevo e faço.

Esse texto de hoje é uma palha precisando de um fogo para se queimar e ao resto do mundo, no sentido de nos movimentar em favor de uma causa nobre, porém difícil, assim como tudo que é Bom, Justo é Belo, mas raro de ver, como o sol que nasce.






Boa parte da humanidade, para não dizer menos do que isso, tentou resgatar seus valores em meio a uma História que os estancou. Prova disso é a queda de vários governos nos quais a Ditadura  e miséria se fizeram como lodos em tempos de chuva. Quebraram regras naturais de uma sociedade, empurraram grupos, inventaram homens de bem e pacíficos a pensarem em liderança, em revolução. O preço de tudo isso foi a mudança...

Nem toda mudança, no entanto, fora para o bem; os mesmos homens que eram ditadores, os quais proliferaram a mesma miséria no passado, voltaram sob forma de cordeiros e com palavras lisas das quais o perdão jorrava como cascatas naturais de florestas. E o povo, cansado, teve que acreditar, pois mortes de inocentes, massacres de heróis foram vistos e nada apreciados pelo mais puro dos seres.

Assim, em meio a esse cansaço – de guerras e batalhas, e revoluções inúteis, -- os ratos que já eram grandes em épocas passadas, vestiram seus ternos e trabalharam mais ainda suas pronuncias junto ao demais, que, em outrora, tinham visão. Apostou-se na ignorância dos iletrados, na falta de informação acerca de outras culturas, nas quais o sistema falido morrera e nunca mais tomara conta da terra.

Apostou-se na falta de consciência do seu próprio povo, na falta de amor pelo país, pela terra, por si mesmo. E assim, todos foram assaltados pelos ratos de plantão e pelos “peles lisas” e cheirosas, dos quais perfumes foram feitos com rosas de nossos próprios jardins. Apostou-se na morte prematura de um povo, o qual, em um sistema guiado, mais do que no passado, por redes televisivas, não andaria, não falaria, não viveria mais em função de suas ideologias naturais – a de mudar para melhor seu mundo --, pois em tudo que colocamos as mãos há sinais de imperfeições. E quando ratos, lobos, cobras nos chegam em forma de homens cultos, belos, mais cheios de falácias, percebemos que morremos dentro da vida.

Eles apostaram e ganharam. Contudo, uma semântica tradicional, como que uma leve brisa, veio a tomar as narinas do homem buscador – o qual foi chamado de filósofo por amar em demasia a verdade, e por ela se apaixonar --, o fez repensar os sistemas, os grupos, o porquê de sua formação, e sua insistente perseguição pela felicidade.

E quando seu rosto deixou de ser apenas o reflexo do espelho, olhou para o alto de suas pretensões, enxergou, em si, soluções para si mesmo, para seu grupo, sociedade e até mesmo dos sistemas. Partiu do invisível para o visível, e nesse intervalo, viu a Justiça em todos os seus aspectos e tentou plasmá-la e quando o fez não conseguiu explicá-la, mesmo porque não seria um valor apenas, seria mais que isso, seria parte de um novo mundo, dentro do qual o homem não saberia andar, por isso a dificuldade em transpassar-lhes o conceito de Justiça.

Assim, como tudo que se relativiza, a justiça foi plasmada, reinventada, e passou a ser estudada, detestada, amada, mas nunca alcançada em seu real sentido. Muitos filósofos mais tarde, como Platão, em meio a tantas injustiças pelas quais seu mestre Sócrates havia sofrido numa Grécia decadente, escreveu  o livro “A Republica”, na qual transfere toda sua racionalidade e perfeição, seguida de mitos desconcertantes, somente para explicar o mundo Justo, ou melhor a Justiça.

Antes dele, Zoroastro, Tales de Mileto e os pré-socráticos tinham seus conceitos, além das escolas iniciáticas, como a Estoica, a qual permanece até hoje como uma das mais perfeitas e influentes escolas do passado, tão forte quanto o próprio cristianismo, porém perfeita demais pelo fato de seguir uma linhagem constante, uma árvore sóbria do passado, cujos frutos, meio amargos, mas necessários, fortaleceram (e fortalecem) indivíduos que participaram das mais árduas missões humanas.

Mais tarde, dentro do relativismo, como sempre o fazem, desmistificaram sua filosofia, pisaram nos grandes heróis que a fizeram e os enterraram em covas profundas. Boa parte desse enterro involuntário foi feito pelo cristianismo, que, não somente ao estoicismo, como também a maior parte da essência de outras culturas – ditas como pagãs – que, no passado, não violavam nenhuma religião, não assassinavam por motivos frios, não enterravam, não destruíam, mas ensinavam a construir uma sociedade melhor dentro da religiosidade humana e universal, sem obediências hipócritas a qualquer deus único.

Enfim, depois de Sócrates e Platão, houve outros filósofos que abarcaram a filosofia de mudança social e individual, mas sempre com vistas ao todo, os quais, sob grilhões, algemas, cordas no pescoço, pernas amarradas, contudo com o espirito tão latente, que não foram calados.  E nem poderiam. A própria sociedade, em meio a conflitos de todos os gêneros, precisa de uma saída, de uma tangente espiritual – mesmo que não saibam o porquê. Mas quando pensam em um Cristo, em um Buda, ou mesmo em um santo inventando, criam forças do nada, e prosseguem.

Pensar em uma sociedade é complexo, dar-lhe uma resposta, mais ainda. Quando se percebe, individualmente, que estamos bem, partimos para o alto, sem amarras, sem algemas, e ganhamos e céu; mas quando estamos presos aos degraus do mundo velho, repensando nossos problemas, relativizados até mesmo a poesia, isto é, tudo são matos, capins, espinhos, o que nos faz egoístas, fracos e falhos em nossa busca para o mundo melhor.

Se não conseguimos ultrapassar os primeiros degraus de uma escada imaginária, quiçá a de uma real! No fundo, no entanto, percebemos que, no alto, há uma vitória a nos esperar, não troféu, não qualquer prêmio, mas uma real vitória, daquela que nos faz cair várias e várias vezes os primeiros degraus, machucar-se, e continuar caminhando para cima.

Tal caminho, no passado (falo das escolas) foi percorrido pelos padres, anciões, sábios, os quais em sua latente vida foram filósofos por repensar o papel do homem no universo. Muitos, no entanto, escorregaram  e caíram – principalmente padres – pelo vaidosismo extremo, pela religião sem religião, e sobreviveram por sua verdades parciais, as quais se distanciaram da real verdade e que até hoje fazem discípulos (fiéis) sem sê-los.

Assim, aqueles que deviam lutar por uma sociedade melhor, aqueles que deviam repensar o que somos, para onde vamos e porquê, aqueles que podem fazer algo pelo ser humano – falo de seus valores perdidos --  hoje fazem parte da mesma Caverna Mitológica a que Platão se refere na República, mas, agora, como amos daquela, que faz gerações e gerações algemadas, presas por ideologias sombrias, pelo pouco, pelo nada.


Sabemos, no entanto, que somos filósofos, e que sempre há meios de refletir acerca de qualquer caverna, sistemas, mundos, doenças, mortes, frialdades, e delas sair ilesos, a querer ou não os ditadores e fabricantes de miséria. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Quarenta e Nove de Janeiro






... Hoje, em uma data não muito festiva, não significando nada no calendário juliano, sem aquela ressalva vermelhinha, natural dos feriados, faço aniversário. Antes de mim, minha irmã e com certeza, nessa mesma data, outras vidas tão importantes quanto eu o fazem. Não sei o que pensar... apenas viver, trabalhar, observar o que vem pela frente e trabalhar.

Antes, porém, em outros aniversários, reflexivos pensamentos me vinham acerca do somos e do que são os animais: não era apenas o dia em que saímos de um corpo feminino, ganhamos a vida e choramos. É o dia em que chegamos ao mundo, colocamos nossa consciência física a todo vapor, em forma de instintos, tais quais animais que saem do ventre de suas mães e ganham o pasto. Não somos diferentes, pensava eu.

Depois disso, continuamos com nosso caminho, sempre fazendo paralelos com a vida dos irracionais a nossa volta, e percebemos que, mesmo depois de crescidos, nos distinguimos muito pouco deles, só nos restando os pés, as mãos, a cabeça pensante, nossos modos, os quais salientam educação comportamental, contudo, quando a ciência descobre que certos animais se assemelham ao homem em tudo isso, ficamos pasmos acerca do que somos... "Será que nunca deixaremos de ser animais em evolução?"... Pelo menos é o que pensava até então.

"Quando é que seremos um pouco melhores?"... 

Esses dias, em um programa sobre a vida dos elefantes, mostrou a significante luta de um dos maiores mamíferos da terra em sobreviver com sua manada em meio a uma África em que caçadores de marfins buscam arrancar seus chifres e vender a fim de fabricar remédios. O mesmo acontece com os pescadores de tubarões, que arrancam barbatanas do animal com finalidades medicinais; mas o que me fez (e me faz) pensar no elefante é o seu modo de ver a perda do seu amigo ou mesmo um parente da manada. É quase que humano seu comportamento: ficam estáticos frente ao corpo da vítima, choram, e ficam tocando aquele corpo como que se despedissem de alguém valioso...

"Como? Por quê? Por que motivo fazem isso?" -- É preciso que tenham uma alma quase que humana para se ter pena, compaixão, emoção e reflexão acerca do ocorrido com o próximo. Eram elefantes! E o que mais me choca é que a humanidade não percebe que estamos a perder essa característica humana, que, como tempo, repete-se em demasia nos tornando dormentes.

Não irei mais falar de animais, senão iria me referir aos golfinhos, os quais, de certo modo, nos parecem almas humanas em corpo de peixe! Queria falar sobre algo maior, bem mais universal, falar dos sonhos, desses dos quais já falei muitas vezes, Dos sonhos que animais nenhum sonham, apenas nós, humanos... 

O dia em que constatarmos um vaga-lume a sonhar em ser um sol, um cachorro a ser tal qual o seu dono, ou como diria Machado de Assis, do próprio sol a ser o próprio vaga-lume, deixaremos um legado humano para trás, até mesmo o que realmente somos. Mas não iremos presenciar tal fato, mesmo porque somos uma raça que percebe os erros e os transformam em tijolos para o crescimento. 

Somos o que de mais soberbo há no universo, ainda que encontrem marcianos hiperinteligentes, fantásticos, naturais de galáxias longínquas, porque jamais entre eles haverá um Drummond de Andrade, uma Clarisse Lispector, um Manuel Bandeira, um Shakespeare! Nenhum animal sentirá no corpo lágrimas caindo pela beleza de um magnífico pôr do sol, nem mesmo a paz em um coração quando a sinfonia de Bach, Mozart ou mesmo Bethoven lhe tocarem a alma.. Não mesmo.

Assim, quando nascemos e passamos a existir, leva um pouco de tempo para nos tornarmos cientes do que somos e pretendemos ser; muitos escolhem ser o que as profissões são, outros, o que a natureza lhes pede desde o inicio; outros, nem um, nem outro, apenas atrapalham o viver dos demais.

Até esse dia, porém, é preciso que tenhamos coragem -- o que advém do coração --; lutar e relutar a favor de tudo que é nobre, belo e verdadeiro; sem isso, nascemos apenas para o mundo, para um emaranhado de números, filhos de um capitalismo que insiste em matar nossos sonhos.

Os sonhos, nossas pretensões humanas, não podem se perder e nem se perdem, são reavivados pela consciência natural quando sentimos a presença do divino em nós. E o dia em que isso nos acontece nascemos de novo.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Parabéns ao Sagrado (reflexão acerca do nascimento)




Quantas e quantas vezes nos escondemos para não sermos percebidos pelas massas, pelos vizinhos, pelos amigos de plantão, que ficam a nos espreitar feito gatos em frente à mesa para aproveitar o bife da senhoria, que nos ama tanto. Quantas e quantas vezes nos isolamos feito fugitivos na tentativa de sumir do mundo, da sociedade, dos grupos, Enfim... Quantas e quantas vezes queremos ser aquela estrela não lembrada em dia de sol forte, somente para curtir o que somos, o que pretendemos com nossas vidas, como o que fizemos no passado... Pois o dia em que nascemos vai nos fazer lembrar de todas as lhanuras, intempérie, céus, paraísos, pelos quais passamos, e olharemos para nós mesmos e nos sentiremos mais vivos do que nunca.

São os ecos chegando como uma canção ao ouvidos da alma, que nos fazem refletir o que somos, o que realmente queremos nessa imensidão cósmica chamada vida. Tal qual uma cobrança divina que, com o passar dos tempos, soa mais forte e ao passo mais aguda, nos elevando a seres humanos mais atentos, firmes em nossos propósitos, e espiritualmente mais observadores, mesmo porque a morte, filha da vida, levanta-se de seu trono pessoalmente e nos avisa de sua presença...

Sua voz, grave, reverbera em nossos ouvidos semânticos, adormece em nossas camas físicas, sorri de nossos atos secretos, e cochicha à vida... "Ele ainda tem muito que viver".  Isso sentimos quando chegamos a uma idade em que o dejavú é mais do que um dejavú, é uma batalha entre pensamentos e práticas, entre os relativos bem e mal, entre demônios e deuses, em um caldeirão chamado corpo, que se dilata com o tempo e nos mostra que nossas pretensões, sonhos, projetos devam ser, a partir daquele momento, mais restritos.

A grande Consciência, mãe de nossas relativas consciências, nos pega em seu colo, nos transforma em filhos gigantes, nos faz chorar, e nos faz indagar a respeito de nossa estada nesse mundo, no qual tantas almas enganadas ainda se precipitam em dar valor ao que se vai com o tempo. Mesmo depois de sentir que a terra e todos os seus subelementos se vão, ainda que nos pareçam espirituais, questionamos e duvidamos disso, e nos apegamos mesmo assim.

Mesmo depois que sentimos a presença natural da morte, e da própria vida que insiste em nos fazer refletir acerca do que somos e podemos fazer frente a ela, nos apegamos ao físico. Esquecemos que, antes de tudo, temos uma alma invisível, mas tão concreta e forte quanto qualquer corpo, e sedimentá-la como tal é o nosso papel. Mesmo sabendo que em sua profundidade, em um mundo tão profundo e distante, porém dentro de cada um, permeia nosso espírito, tão forte quanto à terra, o corpo, a alma, residente do terceiro andar de nossas possibilidades, ainda gerencia nosso universo desde o dia em que nascemos, duvidamos...

O ato de acreditar, talvez, assim como muitos o fizeram no passado por ideais grandiosos, em nome dele, do grande espírito, seja mais um fator educacional que religioso. Levando em consideração que educação seria desenvolver nossos reais potenciais em fazer nosso conhecimento próprio, ao contrário do fator religião atual, o qual nos faz temer a vida e a Deus, de modo a nos distanciar de uma realidade a que temos direito como indivíduos.

Religião no passado, porém, teria a mesma função que a própria Educação, a qual, não se sabe, devia ser outro subelemento da primeira, a qual significa religar-se com o todo, com o universo e consigo mesmo. Ou seja, as duas têm o poder de nos unir e não nos separar da grande consciência cósmica, que burla internamente no homem, e na própria Natureza.

Enfim, o dia em que nascemos é o dia em que mais um sagrado se fez, mais um mistério se alojou na esfera constante do Uno, de Brahma, de Deus. É dia em que não apenas nasci ou nascemos, mas o que em que a Consciência percebeu que a nossa presença física vale à pena, pois sabe que, dentro daquele corpo que nasce, uma alma será mais forte que o mundo.




quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A Beleza do Caminhar




...Sabemos o quanto erramos e temos medo de olhar para trás e ver quantas loucuras fizemos em nome de uma personalidade errante, que só nos trouxe desassossego. Um medo natural, claro, porém cheio de raízes das quais nasceram flores negras a medida de nossa ignorância. Sei que é difícil tapar aqueles buracos, que, como o tempo, se transformaram em crateras, semelhantes a de cometas, mas, que um dia foram apenas pequenos buracos, os quais poderíamos fechar como nossos próprios pensamentos...

Nossa ignorância, mas uma vez, nos fez escravos, por isso, e nos levou ao ápice de nossa animalidade, e nos fez acreditar que nada era real. Estava errada. Hoje, quando percebemos que o Presente necessita de valores advindos de nossos corações, nossa maior vontade é nascer novamente, iniciar nossos atos, repensá-los, comandar nossa vontade -- essa famigerada --, que, em horas difíceis não nos deu escolha (ou deu?) e nos fez quebrar linhas imaginárias, duvidar das ações e reações universais, e culpar a própria vida por detalhes lúdicos, contudo, necessários ali, no momento mais frio porque passamos.

Redimir-se ante aos santos, ao grande Deus ou mesmo ao deuses, tentar unir forças para iniciar um novo ciclo universal dentro de nós, com novos cometas, estrelas, planetas, tão sutis quanto àqueles que vagam lá em cima, e sentirmos que a esperança é tão concreta quanto o espelho que resguarda nossas nossas lágrimas. Contudo... temos que nos firmar como grande homens e mulheres, não apenas por sê-lo, e acreditar que somos fracos, mas também acreditar que podemos continuar nossos caminhos, para o alto, e dizer a si mesmo "não criarei mais buracos em minha vida!", pois suas experiências lhe disseram que és um homem maduro, e até mesmo conheces a morte de perto, então para quê provocar a ira dos ventos que te machucam? para quê andar por linhas tortas, caminhos estreitos, se sabes que a dor, apenas em um grau, é boa e nos ensina, e que em maior grau é sofrimento?

Os erros e acertos são os ladrilhos de nossos caminhos, são os tijolos de nossos castelos e as vigas de nossa casa. Por isso, em nome daquele que se esconde por debaixo das pedras e acima do desconhecido, além do seu próprio coração, inicie uma outra caminhada, ou levante-se, volte a caminhar, não olhe para trás e não peque mais...

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Diferentes Sóis




...Tantas diferenças exacerbadas, tantas discriminações por isso!... É como se fôssemos filhos de um grande pai que se enganou e nos fez diferentes, com intenções outras, a de sermos todos gêmeos, em modos, em sonhos, em tudo. Agora, por isso, como irmãos loucos pelo mal cometido pela divindade, agimos como se quiséssemos, urgentemente, uma fôrma (com acento circunflexo proposital, para diferenciar de forma, com ó aberto, lendo-se, por isso, fórma) a igualar a todos os filhos humanos.

De longe, todas as estrelas são gêmeas, mas de perto -- o que para nós é impossível -- percebe-se pelos telescópios, pelas imagens aumentadas, que, ainda em formação, são como crianças a explodir em meio a um universo diversificado, as quais, em seu berço sem luz, projetam em si mesmas raios naturais e fundem a outros com objetivos (ou devo dizer ideais...?) frutos de sua "espécie". 

E uma criança humana, quando projeta seus raios naturais no mundo, não sabe do seu próprio ideal, que é transmitir pingos de alegria onde quer que nasça, por mais longe ou mais pobre que seja a nação onde possa acontecer. Seus sonhos, a depender de seu crescimento, de seu envolvimento, de sua experiência para com o próximo e com a vida, podem fazê-la brilhar tanto quanto aquela que de longe se vê.

A única coisa que nos faz gêmeos, talvez, seja a nossa vontade em relação à própria vida, em nossas consecuções em favor de uma liberdade, humanidade, paz, felicidade, enfim, valores os quais jamais deixarão de serem humanos, pois só nós precisamos deles, porque, segundo os mais sábios, não nascemos com eles, mas estamos aqui a buscá-los de coração, somente com fins humanos (ou humanitários), dentro dos quais, aí sim, as diferenças se fazem. 

Prova disso é observar o sol e saber que nele há formas valorosas e universais que resplandecem em demasia, tanto que chegam a nos cegar. Não acredito que que nos ceguem tanto, por fim, pois não precisamos olhá-lo diretamente em seus olhos para saber que existe, e sim refletir sobre seu papel ante ao universo variável e seus milhões de sóis que se escondem por trás das cortinas escuras dos mistérios do céu. Todos eles são diferentes, porém, em cada canto, como filhos de uma grande Divindade, realizam suas tarefas belamente, sem cobrança, sem questionamentos.

O homem, quando sábio, brilha ante a todos, e por mais que pareça estranho, quando desaparece, brilha muito mais que o próprio sol universal; pois suas palavras, seus gestos, suas chaves vitais ao homem redesenham a vida de qualquer ser que nascer e morre, como que transformasse o mundo em algo maravilhoso simplesmente por ele, o sábio, existir.

Cada ser deve ser diferente, por obrigação, por necessidade, por natureza. Não para ser escravo, miserável, inculto, discriminado e esquecido... Mas para se tornar uma peça fundamental nesse enigma chamado mundo, tal qual aquela estrela que brilha solitária, mas sabe que, sem ela, o universo desencanta, e começa a se desfazer como castelos de areia, ou como um cérebro que perdera metade de suas células e recomposto por outras em seu lugar, como mecânico que, às pressas, se transformou em advogado. 

Cada ser guarda em si a felicidade em forma de cachoeira que desce louca para se encontrar com suas águas embaixo da cascata, e por isso não deve jamais de desistir dela, ainda que nessa transformação universal, graças à loucura humana, todos ajam o contrário...

Busquemos isso em 2017, 2018, 2019....

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....