terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Diferentes Sóis




...Tantas diferenças exacerbadas, tantas discriminações por isso!... É como se fôssemos filhos de um grande pai que se enganou e nos fez diferentes, com intenções outras, a de sermos todos gêmeos, em modos, em sonhos, em tudo. Agora, por isso, como irmãos loucos pelo mal cometido pela divindade, agimos como se quiséssemos, urgentemente, uma fôrma (com acento circunflexo proposital, para diferenciar de forma, com ó aberto, lendo-se, por isso, fórma) a igualar a todos os filhos humanos.

De longe, todas as estrelas são gêmeas, mas de perto -- o que para nós é impossível -- percebe-se pelos telescópios, pelas imagens aumentadas, que, ainda em formação, são como crianças a explodir em meio a um universo diversificado, as quais, em seu berço sem luz, projetam em si mesmas raios naturais e fundem a outros com objetivos (ou devo dizer ideais...?) frutos de sua "espécie". 

E uma criança humana, quando projeta seus raios naturais no mundo, não sabe do seu próprio ideal, que é transmitir pingos de alegria onde quer que nasça, por mais longe ou mais pobre que seja a nação onde possa acontecer. Seus sonhos, a depender de seu crescimento, de seu envolvimento, de sua experiência para com o próximo e com a vida, podem fazê-la brilhar tanto quanto aquela que de longe se vê.

A única coisa que nos faz gêmeos, talvez, seja a nossa vontade em relação à própria vida, em nossas consecuções em favor de uma liberdade, humanidade, paz, felicidade, enfim, valores os quais jamais deixarão de serem humanos, pois só nós precisamos deles, porque, segundo os mais sábios, não nascemos com eles, mas estamos aqui a buscá-los de coração, somente com fins humanos (ou humanitários), dentro dos quais, aí sim, as diferenças se fazem. 

Prova disso é observar o sol e saber que nele há formas valorosas e universais que resplandecem em demasia, tanto que chegam a nos cegar. Não acredito que que nos ceguem tanto, por fim, pois não precisamos olhá-lo diretamente em seus olhos para saber que existe, e sim refletir sobre seu papel ante ao universo variável e seus milhões de sóis que se escondem por trás das cortinas escuras dos mistérios do céu. Todos eles são diferentes, porém, em cada canto, como filhos de uma grande Divindade, realizam suas tarefas belamente, sem cobrança, sem questionamentos.

O homem, quando sábio, brilha ante a todos, e por mais que pareça estranho, quando desaparece, brilha muito mais que o próprio sol universal; pois suas palavras, seus gestos, suas chaves vitais ao homem redesenham a vida de qualquer ser que nascer e morre, como que transformasse o mundo em algo maravilhoso simplesmente por ele, o sábio, existir.

Cada ser deve ser diferente, por obrigação, por necessidade, por natureza. Não para ser escravo, miserável, inculto, discriminado e esquecido... Mas para se tornar uma peça fundamental nesse enigma chamado mundo, tal qual aquela estrela que brilha solitária, mas sabe que, sem ela, o universo desencanta, e começa a se desfazer como castelos de areia, ou como um cérebro que perdera metade de suas células e recomposto por outras em seu lugar, como mecânico que, às pressas, se transformou em advogado. 

Cada ser guarda em si a felicidade em forma de cachoeira que desce louca para se encontrar com suas águas embaixo da cascata, e por isso não deve jamais de desistir dela, ainda que nessa transformação universal, graças à loucura humana, todos ajam o contrário...

Busquemos isso em 2017, 2018, 2019....

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