Nessa constante busca de si mesmo, percebe-se que o homem, desde criança, precisa referenciar-se em alguém, como o pai, o tio, ou mesmo na falta deles, o irmão. Sabemos que nestes a busca é quase instintiva, sem rumo, sem a busca pelo aperfeiçoamento interno, mesmo porque, tudo que se faz por instinto, em qualquer idade, é meio perigoso -- deve-se ser uma busca consciente, voluntária, dedicada e com amor.
As primeiras buscas não tem um valor filosófico talvez. Pois retratam mais uma admiração externa, baseadas em atos, comportamentos, feitos, dos quais, a depender do herói, pode-se levar em conta; mas observa-se que há uma necessidade humana, principalmente do homem. em seguir, caminhar nas mesmas pegadas daquele que um dia foi ou mesmo é visto como seu admirável professor ou mesmo mestre.
Não podemos, no entanto, deixar perceber que tal ato é um tanto quanto simbólico, pois não se admira por acaso, não se ama alguém por acaso, não deixamos nossas coisas para trás e seguimos alguém por acaso, como fizeram já vários discípulos em todas as épocas -- não por acaso. Não.
A natureza, em si, demonstra isso; no comportamento das plantas, do animais, na formação do universo, em tudo há um seguimento idêntico ao do homem que está prestes a ter um mestre. No reino animal, por exemplo, o leão não é o rei por acaso, quer dizer, ele não foi eleito, não houve uma democracia que o fez forte, belo e semelhante a um sol que rosna. Ele, assim, como as sequoias, é profundamente repeitado pelos demais e até seguido. Mas nós não. Levamos tempos para nos tornarmos um leão. Até o leão leva seu tempo para sê-lo!
Porém não é juba do leão, de seu significativo rosnar que devemos nos impressionar, apenas os animais da selva, os quais não sabem o valor profundo da natureza e não sabem reverenciá-la como tal, porque são parte dela, assim como nós, na nossa. A questão se aprofunda, na realidade, quando percebemos que tais elementos no leão podem ser simbólicos e comparados ao mestre, ao nosso mestre.
O sol, o céu, o caminho, a vitória, o comando, nos vêm na alma como fogo a nos tomar por completo, e sabemos que isso é algo que nos eleva, nos torna fortes internamente, talvez mais fortes que o próprio leão e nos vicia em humanidade... Pois tudo que se eleva em nosso nível não pode ser outra coisa senão o que realmente somos.
Dizem que, quando o discípulo está pronto, o mestre surge. Sim, é verdade. Temos nossos caminhos tortuosos nos quais passamos até entender que a retação é uma vertente natural do homem, dentro da qual se passam todas as idades, sempre de acordo com a sua natureza e possibilidades, mas nunca, jamais, com efeito contrário ao de ensinar e transformar o menino em um aprendiz, o adolescente em um homem, e este em um ser divino. E o mestre, o leão simbólico, que nos aparece nas horas mais mágicas, vem com o intuito de mostrar de perto essa linha imaginária -- a retação -- sem a qual não haveria universo, ou mesmo o próprio homem.
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