Alguns historiadores modernos dizem que os maiores filósofos gregos clássicos, como os pré-socráticos, como Thales de Mileto, Anaxímedes, Anaximandro, além do trio conhecido e reverenciado pelo mundo até então, Sócrates, Platão e Aristóteles, deixaram de mão os mitos e se infiltraram em opiniões tangentes em relação a eles. Ou seja, deixaram que estes respondessem por um época e iniciaram um processo de busca individual, com a finalidade de explicar o mundo, seja biológica, seja espiritualmente...
O mito, aquele que demonstra a luta pelo poder do cosmos, como ilustraram na grande batalha pelo poder do Olimpo, não o faz por meio de ferramentas explicativas, mas pela necessidade cultural de uma época em demonstrar que existem potencialidades sagradas (rotuladas de deuses) na natureza que modificam a estrutura não apenas física do mundo, mas a interna do homem. E os grandes homens do passado se edificaram em cima disso. Tanto que em suas obras, principalmente Platão, tiveram que "explicar" situações nas quais eles estavam inseridos, e que nos servem até hoje, como é o caso do Mito da Caverna.
Por isso, os mesmos historiadores que subjugam a história com seus prismas racionais, devem, antes de mais nada, entender que não se se desliga de algo que, por sua natureza, esconde e ao mesmo tempo revela o que está por trás de uma época.
Outro engano que se dissipa pelos livros modernos é quando dizem que a Filosofia surgiu quando os pensadores pararam de crer nos mitos! Muito estranha essa afirmativa, mesmo porque, mais uma vez a dizer, o mitos sempre o ajudaram em todos os sentidos, ainda que não compreendemos o porquê de sua existência, mas eles, os gregos, os egípcios, romanos e muitos outros povos tão civilizados quantos muitos de hoje, sempre tiveram o mito desde que o homem é homem!
E quando à Filosofia, podemos dizer que não nasceu ou surgiu quando pararam de dar créditos ao mitos. Muito pelo contrário. Ela é inata, está presa no inconsciente coletivo humano, desde sempre -- antes mesmo de qualquer pensador conhecido. A Filosofia não é somente, como diria Pitágoras, o Amor à Verdade, mas muito mais que isso, ela transcende seu próprio valor quando um ser humano se questiona acerca dele mesmo, da vida e do seu lugar no Universo. Ela, a Filosofia, não se infiltra em vozes racionais apenas com o intuito de ser a líder de massas, ou mesmo como porta voz das artes também racionais, não, sinceramente, não.
Temos ela como um metal forjado pelos deuses para que possamos fundir nossas espadas internas contra o mal que nos assola interna e externamente. É reflexão em favor de mudanças, de buscas corajosas -- de coração --, é o fio de Ariadne, que nos retira, todos os dias, do labirinto do engano. É a retidão pela qual passou Dédalo quando seguiu após a morte de seu filho rebelde Ícaro, que preferiu não seguir seus conselhos.