Manter o mistério
Disciplina não se resume em um conjunto de ordens obedecidas pelo indivíduo, sejam elas quais forem. Existe por trás de todas elas, das disciplinas, uma semântica que retrata a natureza humana em seu sentido mais estrito, mais natural até. Nas entrelinhas, pode-se ver que sempre há uma percepção que nos faz ser mais equilibrados em termos físicos e emocionais e psicológicos, assim como em exércitos que um dia brilharam no passado.
Contudo não era disso que tenho a dissertar, e sim da maneira como devemos nos portar ante ao mistério, à porta que se abre ante a nós, da escuridão profunda que nos bate quando o desconhecido nos olha de longe e se nos aproxima, bem devagar.
Para muitos, o medo, a loucura e a indisciplina se fazem como avalanches que vêm do nada e se instalam em nossas mentes, evoluindo para o pavor. Para outros, a minoria, é como entrar em contado com a divindade, com o mais profundo sagrado, uma volta ao passado, em colisão com os mestres, que um dia disseram que mistérios são véus a serem retirados da face divina, a qual, todos os dias, nos mostra uma realidade, por meio dos problemas, soluções, indagações e respostas que dele recebemos.
Para esse guerreiros, ainda que montanhas sejam inalcançáveis no cimo, a metade do caminho já lhes trouxe muita revelação. Aqui, eles sorriem, clamam aos deuses (ou a Deus), dançam e saltitam como crianças, mas, no fundo, sabem que a montanha nem sequer se "mexeu". Para a maioria, religiosa, política, enfadonha, triste e apaixonada, a montanha existe somente em sonhos, pois não praticam seus passos nem mesmo em suas ruas, com o medo de serem assaltadas.
Tudo, acredito, em nosso nível, assim, se transforma em um microprojeto pessoal, de consecuções passageiras, dentro dos quais se necessita andar, falar, opinar em relação a qualquer notícias, mas nunca buscar neles algum aprendizado que supere o seu próprio significado.
Da maneira como fazemos ou da maneira como os aceitamos pode levar tudo a perder, mesmo porque assim o somos, mas também somos peça fundamental no universo, que comunga valores além Todo, na labuta diária de se conhecer a si mesmo! Temos que ser mais misteriosos, manter o suspense, entrar em contado com os símbolos, reverenciá-los, respeitá-los como parte de nossas vidas, assim como o foi há dois mil anos!
Cada passo que damos está em comunhão com algum elemento invisível e temos que percebê-lo, dentro de nossos eus. Cada passo não pode ser qualquer passo, cada subida, em qualquer degrau ou monte, ou até mesmo em cada ato em direção ao próximo. Tudo deve ser regado de sacralidade (leia-se), amor, dedicação, buscando no pó de seus solados ou mesmo nas mãos que se harmonizam no trabalho, nas pernas que caminham em terras desconhecidas, mas sempre integradas com o caminho, seja na fonte em que bebemos água, no sol, do qual retiramos a fé para a vida... Temos que nos igualar ou (antes) nos aproximar dos deuses.
Feliz Páscoa!
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