terça-feira, 18 de abril de 2017

Controle Remoto, Banho Quente...





Não sei qual sua religião, seu partido político, sua ideologia em relação ao mundo, mas vou dizer-lhe uma coisa, como é difícil lidar com qualquer projeto que nos faça sair do sofá e pegar o controle remoto bem longe da TV. Imagino como nos acostumamos no passado com as televisões que possuíam apenas aqueles botões imensos na frente e um transformador ao lado. Depois do advento do controle remoto, da era digital, do toque em celulares, ninguém mais se imagina com projetos grandiosos, em que se precise deslocar-se, mover-se, transitar em nome de um corpo que pede, por natureza, deslocamentos constantes.

Nossa mente transita entre o mais objetivo possível e o mais confortável com vista à realizar sonhos, de todas formas, estruturas, redondos ou quadrados, porém, sem levantar-se do grande sofá do ego. No passado, segundo um dos maiores especialistas em história (que não vou dizer o nome), me contou um dia que o grande Império Romano caiu em virtude do chamado "banho quente" !!. Fiquei pensativo, relativo, pasmo com a brevidade da aula, a qual se resumia em uma conversa informal muito mais que aquelas aulas tórridas, nas quais cospe-se no chão e o professor nem sequer te manda para casa. Uma conversa metafórica, simbólica, filosófica, que se buscava entender o porquê da hipocrisia humana em relação aos seus objetivos, e caímos em Roma, o grande império, que fora a eterna prática dos valores humanos, fosse nas batalhas ou não...

Porém, segundo mestres, por possuir uma ideologia que abrangia a todas as outras, fosse religiosa, partidária, familiar, contanto que fosse de uma essência romana, poderia vir a ser parte do Império. Esse foi o grande mal, disseram. Pois levou soldados de diversos países a fazer parte de um dos maiores e melhores exércitos que se tem notícia. Simplesmente porque juraram a Roma sua lealdade, seu amor, sua vida. Contudo, segundo especialistas (como o grande professor), não seria o mesmo de uma família que há séculos demonstrava seu amor aos deuses e ao que Roma representava. Aqui residia a hipocrisia daqueles que não eram natos romanos; daqueles cuja família foi obrigada a se render ao grande império para não morrer sem honra.

Roma era a Honra no passado. Era a possuidora dos maiores e mais sábios governantes. Entre eles Marcus Aurélio, Adriano, Julius César, entre outros, os quais, ainda que em final de vida, tentavam reerguer a grande Senhora, pelos ideais que há muito por eles foi erguida. E quando o grande professor ao dizer "caiu (o grande império) em virtude do banho quente", queria dizer, com certeza, que nas frentes de batalha não havia mais romanos natos, com honra, com amor aos deuses que potencializaram uma época, nem mesmo sacerdotes ou imperadores que a amavam. Triste queda.

Havia o amor ao conforto, como hoje, entre nós e o controle remoto, entre nós e nossos ideais, entre aqueles que criticam poderes, corrupção, como se fossem especialistas natos, mas não conseguem nem mesmo ganhar uma batalha no próprio sofá.

Os romanos têm história, e tiveram até mesmo o direito de cair. Nós, não. Nem história nós temos! Vamos iniciar uma, a qualquer momento.




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