terça-feira, 23 de maio de 2017

Silêncio Breve




Quando as folhas farfalham,
na brisa leve do amanhecer,
na ordem das joaninhas livres,
em pétalas cansadas de se embeber,

Um fio laranja aparece,
espantando a sombra da madrugada,
Abre teu sorriso faceiro,
corre o campo trigueiro

No ouvir da Ceres amada.
Corre se abrindo até a prima dama,
derretendo os fios de gelo,
do animal o pelo,

da vida, a esperança.
A grande alma se alevanta,
sua leveza se agiganta,
em nome da matéria bela,

tão singela quanto criança.
Os algodões se foram,
O azul se espraiou,
o prezado ali acorda,

untado à hipocrisia que o gerou.
Lá vem o homem,
e com ele a corrupção,
embriagando a vida,

em nome de tua eterna canção.
Com ele, nasce a morte,
a falta de sorte,
a dor que ao passado carcomia,

Se vão devaneios da ida,
quais féretros mal cheirosos,
se vai a história, e vem a histeria,

A alma de Deus se recolhe,
vem a noite dissaborosa,
contar aos pássaros cansados
que o ninho ainda prosa,

e dizer que esperança há
ainda que não há espera,
na calada infundada
do alvorecer...

Porque a vida é maravilhosa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....