Chegamos a uma certa idade em que nos cansamos de participar das coisas, dessas do tipo baladas, festas infantis, shows "inéditos" de bandas idem, os quais um dia fizemos parte como amantes loucos, em épocas loucas, com letras ainda mais incompreensíveis, porém, que retratavam uma realidade por que passávamos, e fazíamos isso tão cegos quando uma vaca em meio ao trânsito de São Paulo.
A cegueira se descobre depois de anos. Hoje, enxergo a minha. Não gosto de viajar em "túneis do tempo" e começar a reviver um passado no qual não havia objetivos, apenas alegria desmedida por algo que somente alguns vão se lembrar, e mesmo assim, como um dia em que pulamos, gritamos, caímos bêbados, e arrotamos bobagens como pagãos antes da prisão.
Hoje, realizado, me sinto com outras vontades, com sentimentos de realização, de fome de alcançar algo maior do que eu, do que aquele que se julga melhor do que eu, do que eu mesmo, que me julgo o que não sou, enfim, com uma finalidade subjetiva de alcançar o que está nas entrelinhas do mundo, que não muda, que se repete friamente, gerações após gerações, como que cavasse eternamente uma cova enterrando crianças, jovens, adultos, senhores, senhoras...
É pedir demais, talvez.
Vejo, no entanto, outras mentes, com finalidade gêmeas à da minha, porém, quando penso naquele ser que se penetra no mundo, em uma tentativa quase bélica de mudá-lo com seus instrumentos frágeis, vejo a ilusão nascer e morrer e nascer o que chamamos esperança, que vem de esperar. E aquele que morre em tentativas vãs, que, como um grande guerreiro se vai com seu arco, com sua arma, com suas mãos e mentes ao lado do outro, a nos fazer levantar e sentir que podemos... Baixo a cabeça e me sinto culpado por tudo...
Aqueles shows inúteis, dos quais participamos, nos foram chupetas imensas dadas pelos grandes senhores interessados em manter o sistema zumbi, nos quais seres humanos, hipnotizados pelo nada, pelo invisível sentimento de mudança calcado em letras tangíveis, não nos mudou. Pelo contrário. Viramos políticos corruptos, religiosos sem lastro algum de compreensibilidade sagrada quanto ao real invisível, quanto a real face divina que paira em tudo, a cair no mesmo fosso arcaico dos homens que misturam dor com castigo, pecado com errado, vida com benção, morte, como maldição... Homens medrosos da noite, medrosos ante a educação, coluna vertebral do mundo, além de nos fazer cruéis, monstros, animais bípedes, sempre seguidos de seus interesses e desculpas.. E aqui, antes de tudo, morremos em pernas.
Lutar... Como?
No início, éramos apenas noite, até o momento em que a mão divina nos acordou e tudo virou dia. Acordamos, realizamos, participamos, nos encontramos e buscamos motivos relativos em nome de nosso ego, esquecendo que somos parte de uma grande forma indescritível de paz e harmonia, que se igualam no final das retas. Contudo, ao pequeno pensamento incalculável do livre arbítrio, desfazemos nossos sonhos, dentro do Sonho, que um dia, antes de acordamos era uma grande realidade.
E não vejo outro mode de mudar além do de lutar contra aquilo que nos emperra a mente, a alma... Pois, lutar é antes de mais nada uma forma de comportamento necessário a uma organização individual, a qual se torna coletiva com o tempo, qualquer que seja nossa intenção, palavra, percepção, tudo se revela uma prova do que seremos ante ao Todo.
E não vejo outro mode de mudar além do de lutar contra aquilo que nos emperra a mente, a alma... Pois, lutar é antes de mais nada uma forma de comportamento necessário a uma organização individual, a qual se torna coletiva com o tempo, qualquer que seja nossa intenção, palavra, percepção, tudo se revela uma prova do que seremos ante ao Todo.
Assim, e por isso, temos que perceber, o quanto antes, que somos necessários ao tempo, à história -- não a nossa história, mas -- aquela que modifica uma pequena parcela do mundo, no sentido mais bíblico possível, pois somos humanos e mesmo que não percebemos estamos fazendo parte de um contexto no qual pessoas acreditam em nossas palavras, quando começamos a andar em direção àquilo que acreditamos ser correto.
Por isso que eu sempre digo: todos os dias nascemos e morremos para as coisas. A única diferença é que apenas alguns percebem isso muito tarde.
Por isso que eu sempre digo: todos os dias nascemos e morremos para as coisas. A única diferença é que apenas alguns percebem isso muito tarde.
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