terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Em Busca de Heróis

É preciso mais que um bando de racionalistas, cientistas, e um bando de pensamentos ateus para destruir a semântica perfeita dos heróis. Eles, tais seres que nasceram do amor de um pai ou somente de uma mãe, renegam a força humana em religar-se com Deus, essa energia natural que nos transforma em belos homens e mulheres, com fins de salvaguardar o que somos: sagrados.

Podem negar as bruxas, diz aquele ditado latino americano, mas que existem, existem! Assim digo aos filhos que nasceram do amor e da dedicação, mas que, graças à dedicação dos mestres da separatividade, os quais dão a alma para desfazer o que somos, o que  os deuses moldaram durante séculos: os Heróis existem!

E os filhos do racionalismo doentil estão conseguindo... 
Por outro lado, como formigas por debaixo dos lençóis, na frialdade do esquecimento, professores, educadores, filósofos, pais e mães, se dedicam em nome do que chamamos autoritas, no grego, com a suntuosidade de uma criança que aparenta ser enganada pela modernidade fria dos homens renegados ao sagrado, a tentar traduzir, com o pouco que têm, a religiosidade -- no melhor sentido da palavra.

São os heróis ocultos, que brincam com o mal, com a finalidade de enganá-lo sem se corromperem; são pessoas, como qualquer outra, involuntariamente, se elevam e conseguem motivar gerações, com o respeito à tradição esquecida pelos mestres. 

Eu posso dizer que fiz parte de uma instituição cuja filosofia era mudar o ser humano, transformá-lo, e direcioná-lo ao que mais importa no presente: olhar para si mesmo e modificar um pouco seu mundo, para mudar o atual. Ideal difícil esse, claro, entretanto, devemos considerar que não começou agora e nem mesmo terminará tão cedo, pois o que temos para mudar é tão maior do que uma cidade em escombros -- na realidade, estamos em escombros.

Porém, como resgatar o que somos, como mudar para melhor uma sociedade, fazê-la crer que é preciso organizar-se no sentido mais universal do idioma, trabalhá-la e iniciar pelo mais difícil: nós? Tão difícil como levar tal filosofia a ela, a sociedade, é fazê-la acreditar que não precisamos de tesouros físicos, e que nosso maior alimento, aquele que um dia não entenderam, é a educação profunda na qual encontra-se a verdade, a beleza, o amor... enfim, fontes inesgotáveis de valores aos quais não mais sabemos obedecer -- mais uma vez -- graças aos pais e filhos dos homens que renegam os heróis.

Esses heróis, sob o manto dos escondidos, as vezes, se revelam, se dedicam, se propõem a mudar a estrutura do caos aberto pela indignação da mudança física que não veio. No entanto, querem mudar, ou pelo menos, demonstrar que a mudança não é física, mas humana, interna, sobre a qual falavam os heróis que criaram Heros, Diana, Antena, Thor, Odin, de modo a trazer à tona elementos aos quais pudéssemos nos referenciar, em nossa compreensão individual (não coletiva), iniciar a busca real em nome do verdadeiro herói, que nasce e morre, todos os dias, dentro de cada um.

Não vamos dar ouvidos aos cientistas nesse assunto, mesmo porque, sem saberem, também o são e não sabem que são heróis.



Feliz 2020!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Já faz tempo que o Natal se foi

Passamos pelo Natal, pelas pessoas, pela Natureza e pelo Amor. A meu ver, estamos estáticos em um período arcaico, tal qual a Era do Gelo, na qual somente montanhas geladas faziam a festa panorâmica aos olhos de quem aguentava o frio do tempo. É festa somente para os olhos, não para o coração. Falo do Natal humano, que se enraizou em motivos sagrados e dissipou como formigas cabeçudas para o fosso da tristeza temporal (espero!), ainda!

Não falo apenas pela tristeza que me segura hoje, mas porque não tem como sentir a emoção natalina, a qual significava emoção elevada, espiritualidade, e verdadeiramente amor. Deste último, como em grau suficiente para nos trazer a consciência do que somos, nos parece que escorregou as escadas da Vida, e semelhante a tudo que se vai, rolou ladeira abaixo. No quesito, emoção, somente aquela coisa passageira ao abrir um presente, bonitinho ou não, de coração ou não, mas que, no fundo, nasceu para simbolizar o presente que deveríamos receber internamente... A paz em nossos corações!
Não é frescura, não.

Se observarmos bem, há somente ideias em que o presente é algo realmente a "magia" desta data, presa a vários simbolismos, não somente o dar, mas principalmente receber, levar, refletir, buscar, idealizar, ser... Se pensarmos um pouquinho mais, paramos no tempo de agora, substituímos nossas eloquências teóricas pelo prazer de mudar um pouquinho o eixo de nossos pensamentos em torno de tudo que nos passa.

E o Natal, essa data, essa maravilhosa data, sobre a qual há milhares de anos se falava, hoje, está pendente a se perder em imaginações de um bom dia... (ou boa noite, vou dormir), e morrermos de fome, dando mais atenção a uma árvore que perdeu o sentido, do que a nós mesmos. Por incrível que pareça, o absurdo ainda não chegou...

Não precisa muito para entender o Natal racionalmente. Foi uma data em que comemorava-se o dia do grande Sol, por meio de deuses, como Mitra, na Grécia, Osíris, no Egito, como se a terra parasse. Naquela época, há mais de cinco mil anos, quando a sacralidade em torno do tudo era real (não hipócrita como hoje), dávamos um olhar especial ao que nos movimenta, ao que está em torno de nós, e mais, ao que está lá dentro desse ser chamado humano. Prevalecia a semântica perfeita entre ser humano e Deus, como se fossem um só.

Tudo se esvai com o tempo -- as palavras estão aí para nos contar--, a inteligência, o emocional e a real espiritualidade humana se vão, claro, mesmo porque, segundo os mestres, há uma necessidade  natural de nos afastarmos do sagrado, do que realmente nos importa para viver uma grande política, religião, seja em qualquer lugar, seja em qualquer mundo... Dentro e fora de nós. Mas tudo volta.
Eu só espero que um dia eu possa ver o Natal de novo!

quarta-feira, 29 de maio de 2019

O Fogo que se Foi

Muitos falam em essência, em espírito, em invisíveis criaturas que nos rondam desde à infância, porém nunca se deram o trabalho de respeitá-las. Isso vale para todas as religiões e religiosos que  seguem máximas, leis e artigos de suas bíblias; serve, também, ao filósofo (ao que se diz buscador), no entanto, vive se suas regras cavernosas em não opinar seriamente quando a sociedade mais dele precisa.

É uma avalanche de vaidades, incluindo cientistas que se enclausuram em seus laboratórios, fechados, em busca de soluções a partir de referenciais arenosos. Até quando? Não sabemos. Eu, na realidade, a observar tais comportamentos, se é que se pode julgar assim, reflito sempre acerca da Tradição. Aquela que nos remete não apenas ao passado, mas ao conhecimento, no qual e do qual participamos um dia, sob velhas vestes.

O que fazíamos não importa, mas o que pretendíamos sim. Queríamos um mundo melhor, com formalidades preciosas, como olhar mais o que estaria dentro de nós, melhorar nossa capacidade humana em viver com o próximo, com a vida, e entendê-la nas suas minucias, como se fôssemos formigas na tentativa de entender o caminho pelo qual passamos.

Não somos formigas, mas humanos com uma alma na busca de uma compreensão mais profunda acerca do somos e para onde vamos, e porquê. E a História nos indica que, com esse viés contemplativo vital e filosófico, a humanidade sempre se fez melhor, a exemplo da Grécia Clássica, que, mesmo com todas as suas guerras, sistema, brilhou e ainda brilha, não sendo a mesma de antes --- que pena não ser ela. Nunca se falou tanto em Platão, Aristóteles, em Sócrates !

A própria Roma dos tempos de seus generais foi homicida, genocida, ao passo que, em sua essência, sempre buscou ideologias grandiosas, nas quais nos baseamos até hoje, quando falamos de guerras, inteligência, técnica, e sobretudo de respeito às religiões -- desculpe àqueles que pensam ao contrário --, pois eram homens que, nascidos de diferentes culturas, fizeram reverberar ao som do sol na água o que muitas nações civilizadas buscam: a eternidade! E a religião era tudo, não apenas o que eu acho.

Hoje, na Europa, nações que se deram respeito de preservar sua cultura ou pelo menos deixar que que alguns resquícios aos seus filhos fossem direcionados, como fruto de uma educação baseada em preceitos morais e éticos a eles fosse apesar do sistema, e inserida em seus cardápios sociais, mesmo assim, sobrevivem com suas estátuas, monumentos, respeito aos deuses, enfim, preservam um pouco do que realmente foram.


Amanhã tem mais.





segunda-feira, 20 de maio de 2019

Ondas que Nos Levam e nos Trazem

Já faz algum tempo que não postamos nada nesse nosso "querido diário" filosófico. Na realidade, mais do que isso, vejo uma grande necessidade de passar àqueles irmãos filósofos (ou àqueles que ainda não buscam ser e sei que um dia o farão) uma forma de tentar entender o porquê de nossas semânticas tão mal direcionadas. 

O que quero dizer é que sei que todos os dias nos surgem questionamentos, mistérios, frutos simbólicos de nossas lutas diárias, nas quais aprendemos de tudo um pouco, até chorar de verdade. Por que digo isso? somos hipócritas, assim como ondas de filmes de ficção, que não matam ou mesmo engolem ninguém. Não há um dia que não nos expressemos como governadores de algo, como filhos de reis e rainhas, ou mesmo como meros seres divinos que vieram ao mundo para salvar a humanidade... Quem sabe.

Esse grande defeito, assim, caminha como pedintes mentirosos, a deixar pessoas pensando que somos humildes, simples, filhos de Deus. E quando nos passam tarefas, pequenas e bobas, nos transformamos em gigantes zangados ou, de repetente, donos da situação. Quem somos nós?!

Uma viagem de um homem aventureiro, em meio a um mar turbulento, o fez cair em uma ilha imensa, cheias de criaturas pequenas, do tamanho de um brinquedo infantil, foi amarrado, escravizado, mas, depois de perder a paciência, soube lidar com os mini encrenqueiros, os quais, após o combate vão, viram que o "gigante" era do bem.

Assim o levaram a vencer batalhas, a recuperar territórios, a viver em função daquela ilha, que, segundo eles, era milenar. Mas o suposto gigante tinha que ir embora, mesmo porque seu lar não era aquele, ainda que estivera quase preso pelo amor dos pequenos. Pegou seu barco. Foi embora.

Em meio a lembranças, no grande mar, seu barco começara a sentir que havia outra grande onda que pudera ser maior que a primeira, que o levou aos pequenos homens. A onda, agora, o empurrou para mais longe, tão longe que não conseguira, mais um vez, voltar. Caiu assim, em outra ilha. 

O aventureiro agora não sabia onde estava... Quando de repente foi pego por um gigante cuja altura não se pudera nem mesmo medir com os sentidos. Por fim, foi levado. Adotado como "um brinquedo" que fala, viu que, ao contrário dos pequenos, com os quais tinha uma grande amizade, não sabia, nesse episódio, se a sorte o sorriria novamente...

Tudo lhe aconteceu. Foi então que, um dia, uma senhora muito simpática o atendeu e o entendeu. Sabia que a conversa seria em tom mais ameno, de modo a tentar convencê-la que seu barco o deixou nas ilhas do pequenos e depois naquela, que nem mesmo sabia o nome.

A simpatia em vê-lo explicar toda sua aventura, deu-lhe passaporte para seu mundo. A mais simpática das gigantes, sensibilizada, moldou um pequeno barco e com sucesso fez do 'seu' pequeno aventureiro um comandante e tanto. Seu nome, Guliver.

Não se sabe em que ilha vamos aportar quando acordamos, mas podemos entender que de tudo se pode encontrar, isto é, de pessoas pequenas, grandes, mal humoradas, amigas ou não, sinceras, malditas, como se um leque infindável de seres fossem palhas desse grande leque, que é a própria vida.  Não posso pensar que não sou parte dele, mas também não posso nem sequer acreditar que sou melhor ou pior de que ele!

Assim como Guliver, aportar em ilhas nas quais somos grandes e de repente pequenos, é uma forma de aprendizado natural que a própria vida nos impõe. Se somos arrogantes, que tenhamos motivos; se somos hipócritas, idem. Não tenhamos, porém, que sê-lo em todas as ocasiões ou até mesmo em ocasiões trocadas, nas quais podemos ser o que somos e outras que não.

Não é "complexo", não, não é. É uma forma idealística de ser, de caminhar, de desviar do que não somos, pois se cairmos nessa ilha jamais sairemos.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

O Vento e o Fogo

Nesses dias tão conturbados, nos quais políticas se desfazem em palavras, se constroem em valores frios, fiquei pensando a respeito de seu conceito, daquele antigo, no qual Platão, há dois mil anos, se referia ao termo como algo mas abrangente, válido, perfeito, no sentido mais organizado da Filosofia. 

Depois de perceber que não só a política se infere em tradições destinadas a falecer, me inseri no aspecto religioso da questão (de novo): não consegui ver como os indivíduos atuais uma entidade natural, à qual se obedece a partir de premissas arcaicas, nas quais Ele, de alguma forma, foi vilão, avassalador e hoje, como um bom velhinho, um sábio...

O mesmo me passou com a figura de Seu filho maior, Cristo, a quem os grandes dessa época subjugam como o último avatar a quem devemos realmente dar nossas vidas. A ele, Cristo, tenho muita simpatia, contudo, seu modo de viver, muito simples, sua maneira de conseguir seus objetivos, mais simples ainda, me deixaram reservado, pensativo, e concluí que não sou assim, porém, lá dentro de mim, após batalhas dantescas, talvez eu seja.

Dois pensamentos, mas não enganos. Não sou obrigado a dar credibilidade em figuras universais moldadas com o fim de nos desviar de nossas buscas, muito pelo contrário. O Deus pessoal, o primeiro, aceita tudo, assim como um presidenciável eleito democraticamente, pelos povos de ontem e de hoje, e ao mesmo tempo pelos de amanhã.

Entretanto... Se moldado é, pode cair nas graças do "Ele é assim, ele é assado", como fator normal aos que nascem e morrem, deixando assim uma realidade de fora, como se de propósito fosse, inclinado a ser mais concreto que prédios bem fundados! Mas um deus não é assim... E nisso, os grandes do passado já pensavam, tinha consciência, e ao passo que se dava poder humano a eles, justificava de maneira simbólica, o que não fazemos hoje... Nada é simbólico. Tudo é extremamente "real".

O segundo pensamento, em torno de Cristo, segue o mesmo passo do anterior. Não se sabe muito sobre ele, e ao mesmo tempo se segue como uma figura que enraizou-se para mudar a vida das pessoas, portando a fragilidade e o amor ao próximo, dando margem a descascar o maior pepino da História. Isso não aconteceu aos avatares orientais, os quais, em seu mundo silencioso, deixaram rastros codificados, para aquele que pudesse (ou quisesse) compreendê-lo, buscasse mais internamente.

Após negar esses dois fatores, voltando, de negar esse grande papel de parede que nada significa para mim, voltei a um Ideal, a uma causa, talvez, não muito maior que essa "realidade", mas a uma outra, sobre a qual gostaria de falar no próximo texto...

Grande Abraços.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Ideal de Cada Um

Somos seres humanos, presos a nossos objetivos diários, nos quais aprendemos, todos os dias, as nuances de saber lidar com o externo e com o interno. Todos nós sabemos disso, até mesmo aquele adolescente que nada faz e se enjaula dentro de casa a espera do café da mamãe. Mas até mesmo esse ser, revestido de forças internas, com as quais ainda não trabalha, sabe que é uma questão de vontade... Se não houver esse elemento que nos faz adquirir forças, levantar, tomar o café, nada faremos, a não ser nos subjugar de paralíticos alheios ao que esperam algo maior que os faça mexer dedo indicador.

Aquele que traça seus objetivos sabe que, mesmo sendo mini-ideais, exige uma certa responsabilidade para realizá-los, tais quais pequenos jogos, nos quais se joga e se ganha, e se perde, mas que podemos atravessá-lo com muita parcimônia: são os objetivos. Já os projetos, semelhantes aos nossos ideais internos, nos remete a realizar o que propusemos quando um dia pensamos em obter algo maior que nossos sonhos, assemelhando-se a projetos.

Nossos projetos, já que estamos a falar deles, são feitos memoráveis de nossa vontade emocional, física, astral e psicológica, no sentido mais intenso que se pode refletir. No entanto, são forças que se externam, sempre com vistas a concretizar o que há de mais forte em nós, de modo a visualizá-lo, pegá-lo e senti-lo, como nossas próprias mãos ou mesmo mesmo com nossas lágrimas. É nobre realizá-lo, mas, acredite, é preciso que tenhamos que olhar para cima -- ou para dentro -- para iniciar uma forma de projeto mais rígido, mais forte, eterno.

Projetos quando restritos à vontade humana -- a vontade egoísta -- são meros, desculpe a palavra, projetos. Nada mais. Não adianta olharmos com nossas feições familiares, dando a eles aquele viés clássico de eternidade, pois não são. Ramsés, faraó que reinou mais de sessenta anos no Antigo Egípcio, sabia disso quando para Nefertari, no Templo De Abu Simbel, construiu vários presentes a sua amada, em nome do amor. Esse amor, sabia, era terreno e não celeste.

Assim como Ramsés, acreditamos no amor, seja ele individual ou não, e levantamos casas, compramos carros, reunimos famílias, criamos filhos, esposas, e morremos felizes quando dá. Isso, no entanto, não é o bastante para que tenhamos acesso ao que somos, humanos. Mesmo porque até mesmo animais também vivem com seus objetivos, com seus projetos, e realizam todos os dias, em nome de uma natureza maior do que suas percepções, o que lhes convém.

Ao contrário deles, porém, percebemos nossos objetivos, refletimos acerca dos nossos projetos, olhamos cada detalhe deles, sorrimos ou choramos quando o ato realizado se concatena com o sol, com a chuva, com o cheiro da vida. E quando isso acontece, o Ideal roça nossas veias, invade nossas cavernas internas, e nos faz olhar para trás e ver que nada mais somos que parte de um Ideal Maior: um Ideal Divino.



Aos Amigos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Lógica Comum

Ao olharmos para o sol, temos a certeza de que, ao desmaiar ao fim das montanhas ou serras, vai vir o escuro, a penumbra perfilada pelas poucas luzes, o breu. Ao olharmos a beleza, seja ela qual for seu deslumbre, intuitivamente, refletimos sobre ela e sobre o seu contrário, o feio. O mesmo nos ocorre quando temos medo de algo, e olhamos imediatamente o seu oposto... A coragem (?). 

Esses dias em que passei sem escrever uma única palavra, relia o romance "Leônidas e os 300 -- Portões de Fogo", o qual, para mim, deveria ser uma daquelas obras que teríamos por obrigação em ler, reler, ler de novo, como se fosse uma oração secular. Maravilhoso livro.

Nele, o que há para apreciar, além dos treinamentos rígidos pelos quais os espartanos se submetiam com vistas a não temer as batalhas da época, é algo sem palavras. Porém, o que me deixa mais impressionado é o diálogo filosófico antes da grande batalha com os Dez Mil de Xerxes, Imperador persa, aclamado, por onde passava, como o Rei dos Reis. 

Ali, apenas a nata espartana, pelos menos uns oito ou nove, já resistente ao que passaram os outros, dialogava como se nada houvesse para enfrentar, ao lado de uma fogueira, junto do seu rei, Leônidas, o qual, um misto de parcimônia e ao mesmo tempo bravura, sorria ao lado dos seus, que o admiravam como uma divindade, que, ao contrário do Imperador persa, que, debaixo de sua tenda real, observava seus soldados morrerem, o rei espartano dava aos seus conselhos, encantava a todos com seus discursos, sempre preocupado com a organização que lhes era inerente, ainda que em meio à carnificina.

Seus homens, em diálogos belíssimos, falavam sempre sobre o contrário do medo, da morte, da vida; falavam do apego ao corpo, aos entes, principalmente aos filhos, os quais, a depender de cada um, o deixaria em casa, se fosse filho único, mas, se não, teria o prazer de levá-lo à batalha junto com o pai-guerreiro, e com ele aprender as idiossincrasias da guerra.

A lógica nos faz perceber que onde há vida, há morte; onde há paz, haverá guerra um dia; nos passa a semântica natural do gelo e do fogo,  da dor e do alívio. Assim, quando um ente se vai, percebemos que não apenas viveu em um terreno complexo como esse em que vivemos, mas também passará por outro, não sabemos o quanto será ameno, mas provavelmente continuará sua saga em torno de um outro mundo.

É lógica da vida.


"O contrário do medo é o Amor" (Dienekes, espartano).

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....