segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Sexta (30) de Pão e Vinho.


Tudo se transforma com o tempo. Não há mais o que dizer. Apenas lembrar que nos movemos pelas sementes que plantamos no passado, colhemos frutos no presente, e arrancamos arvores no futuro. Plantei, colhi e estou quase derrubando árvores que estão me dando frutos difíceis, muito difíceis...


Estou falando de meu filho. Hoje, recebi uma noticia de que ele irá para uma creche daqui a uma semana. Meses atrás, fomos a uma dessas creches governamentais – nas quais não se paga pelo serviço ótimo das pessoas que lá trabalham com crianças – e, com o coração forte, fiz a ficha em nome da minha esposa, que, hoje, sexta-feira, 30, beirando agosto, recebeu um telefonema seis meses depois de espera. Isso após ter comentado a meia hora acerca de uma creche para o filho. E fomos vê-la... E aparentemente tudo está quase acertado.


Estou triste e ao mesmo tempo feliz. Feliz pelo fato de que meu filho vai realmente se socializar – brincar com outras crianças, ser cuidado por terceiros, ser amado de novo... Ali, ele vai ser um pequeno grande homem que sentirá as angústias, medo, dor... Mas não ira dizer, mesmo porque não poderá dizer... Apenas chorar.


Na creche, seus olhos não serão os mesmos, sua feição será mudada, seu comportamento se modificará, enfim, meu querido filho, graças à socialização, caminhará ao encontro de um mundo que se resguarda a ele, desde o dia em que nasceu.


Mas, em casa, eu e minha esposa teremos o frio em época de calor, teremos a dor sem feridas, choraremos até não haver mais lugares para se chorar... Vai ser duro. Meus olhos, presos a essa face reta, agora são apenas pupilas em busca de uma solução menos dolorosa, que não acreditam ainda no que esta acontecendo, não acreditam no mundo, não acreditam nas pessoas... E que, agora, terá que confiar...


Minha esposa, que não chora há anos, deixou-se avermelhar antes mesmo de realizar a inscrição na creche. Polemizou , falou, pisou, se enraiveceu... Mas no fundo criou expectativas, sorriu e até me convenceu de que tudo aquilo, apesar do mundo simples que era, apesar da humildade que transparecia naquele lugar, apesar de pensar torto... Poderia ser aceito, graças às nossas conversas.


Não sei se realmente aceitamos. Pedro, filho nosso, nosso único filho, cuidado por uma babá incrível – beirando à perfeição --, há mais de um ano de seis meses, não se encaixava bem em um agrupamento de cinco pessoas – pois chorava; tinha (tem) ciúmes, cai ao chão por manha, grita alto para chamar a atenção... E não consegue sair de nossas vidas, até a meia noite – pois esta super ocupado em assistir a eeseetao (Lase Tow)! Programa em que há um grande herói a sobrevoar uma pequena cidade onde moram quatro crianças, um prefeito engraçado, uma senhora educada (e pirada) e uma criança de verdade chamada Stefane.

Do alto, o personagem “Sportacus” – não Espartacus – sai voando de seu dirigível ao socorro dos seus amigos que aprontam todas, mas que são atrapalhadas pelo melhor personagem do seriado, Roki Robins, o vilão mais magro e feio depois do Dik Vigarista – o patrão do Mutler, o cachorro da risadinha, lembra-se?


Assim, Pedro, com seus olhinhos dando risadas no fim da noite, dorme no sofá ao lado da mamãe. E eu, sorrindo ao lado dos dois, Pedro e esposa, vai, como um pai babão, a acordá-los para dormir, acreditam?


Pedro vai dar os primeiros passos em uma grande experiência daqui pra frente, assim como seus pais, que, durante dois anos se acostumaram com o pequeno Pepe acordando e correndo para a TV, sentando pedindo uco (suco...), como ele sempre fala ao pedir o insubstituível suco de laranja... Serio! ou ficar pedindo “ami” (almoço), açan (maçã), ananan (banana)... além de folhear seus pequenos livros, jogando-os ao chão após a “leitura”. E muitas peraltices...

Esse e o Filhao..
Daqui pra frente, acordará com a mamãe aos seus ouvido dizendo “Amor da mamaaaaeee! Acorda!”. Isso até que se acostume com sua grande jornada pequena aos olhos do publico, mas tão importante a nós quanto à primeira viagem a lua...


Daqui pra frente, como diz aquela musica, “tudo vai mudar”. Será tudo isso apenas uma pequena trilha que nos dará consciência de que outras trilhas virão, e que, no entanto, uma só devera ser trilhada?


Pode apostar que sim.


Regis ao Pepe.

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