quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Fúria de Titãs... continuação.


Os labirintos são imensos para a compreensão dos mitos, no entanto não podemos deixar de citar alguns que, como contos de fada, nos atraem pela forma psico-histórica e pela relação evolutiva do universo; entre eles está a batalha dos Titãs – Hebe, os Gigantes, Tifão e Ofion --- entre outros, os quais enfrentaram Zeus, são figuras mitológicas, ainda que nos traspassem sentimentos semelhantes aos humanos.

Zeus, filho de Urano e Gaia, teve que matar seu pai em razão de um dia querer devorar todos seus filhos. Mas o filho maior conseguiu rebelar-se e soltar seus irmãos. Assim, Zeus tornou-se o maior de todos os deuses em razão da vitória desse embate, por fim sendo deus do Olimpo.

A batalha, a criação do todo, revela-se, como diria os cientistas de hoje, a manifestação da matéria, a dissolução do Caos – outro deus. E os Titãs nada mais são que elementos dessa matéria, potencialidades impessoais, sem sentimentos – paixão, instinto, ciúmes, como demonstram as histórias para as crianças, ou mesmo nos filmes. Mas Platão, na República, já avisava que antropomorfizar os deuses seria um tanto quanto perigoso ao mundo. Todos eles transbordam de significados míticos a fim de traspassarem o entendimento-terra do homem, por isso não temos base para montar em nossa psique a força de seu significado.

Será que é só isso?
Nossa cultura atual precisa se enriquecer no tocante a esses elementos simbólicos, nos quais o personagem representa uma peça chave para interpretação do mito. Isso, com certeza, nos resvalou das mãos em épocas negras, todavia, mitos semelhantes jamais perderam sua razão de ser. Apenas o modernismo transformou o que era fonte de inspiração para a compreensão divina em um materialismo psicológico, afundando as possibilidades de resgate – ou quase.

Mas como nos enriquecer?
Na realidade, a dificuldade em voltarmos à crença de que tudo pode ser divino está muito longe; pois há formas partidárias de pensamentos – além de ideias – religiosos, políticos, sociais, etc, nos quais o âmbito da questão com certeza se perderia. Seria dar cavalo de pau em um navio a centímetros de distância de um iceberg!

É, estamos prestes a virar comida de tubarões (a linguagem é metafórica, por favor!). Enfim, precisávamos de uma guinada – uma “revolucionada” – em nossos atos, pensamentos, tudo. Como se voltássemos para um ventre e dele saíssemos e começássemos a repensar nossos atos frente a nós mesmos. Pois esse é o trabalho do mito: não somente nos enriquecer culturalmente, desmistificando segredos divinos, mas principalmente os nossos.

É preciso entender porque aqueles seres mágicos, vivendo em sua época dourada, obedeciam aos deuses; pensar no porquê daqueles seres que pareciam escravos trabalhavam alegremente em nome de algo tão forte quanto nosso amor ao filho, construindo pirâmides, totens, etc..; precisamos retirar os óculos da vaidade, da matéria, do capitalismo doentio e rever nossos conceitos de espiritualidade. Precisamos entender porque todas essas sociedades, que um dia tinham que ir, viam o mito como uma fonte de inspiração na hora da guerra, da doença, da crença, da política...

Elas sabiam que o mito resguardava um pouco de tudo. Que os sábios sacerdotes ao elaborarem os mitos estavam não apenas construindo algo maior que o próprio homem, mas algo tão fértil quanto o próprio universo.

Volto no próximo texto...


Um comentário:

  1. Realmente essas historias mitologicas sao algo inspiradores pro nosso dia a dia porque ,eles antigamente procuravam bravuras para construir e permanecer ,e encontrar respostas nas coisas que nao sabiam decifrar.

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A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....