quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Grão e Mar

E a Vida prossegue, e nossas vidas também, cheias de exemplos, e a falta deles. A questão é que sempre confundimos a Vida com a nossa vida, já perceberam? Se nossas vidas vão mal, a Vida não presta, não vale nada, não tem tempero... E assim, surgem os suicidas de plantão, acreditando que o término da vida altera a grande Vida...


Não, quando falecemos, se é que falecemos, apenas poucos vão chorar por mim ou por ti, mesmo assim, por um tempo limitado. E se você for gente boa, quem sabe, de repente, o tempo se estenda um pouquinho mais... Mas é só.


A Vida é infinita e possui zilhões de vidas, incluindo a nossa. E se você quer questionar a importância da sua vida frente à grande Vida, tudo bem! Mas não deixe de olhar para o céu, para as constelações, para os astros que rodeiam o grande véu a que temos direito, limitadíssimo, a observar...


Nossas vidas, esse punhado de esqueletos vivos que caminha perdidamente em nome de nossas vontades, está entre os astros, em meio a uma natureza, para muitos, desconhecida, assim como grãos de areia frente ao mar.


Contudo, como grãos que somos, nesse universo belo, tentamos conhecer um pouco de nós mesmos clamando ao deus mar ajuda, pois queremos ser exclusivos, queremos ser ouvidos, e há grãos demais e soluções de menos, por isso a solidão.


Todavia, como grãos podemos ser poetas que cantam o mar, que se declaram para ele em forma de palavras livres, em forma de músicas que o exaltam e o clamam com ritmos líricos, em harpas, em violinos, violoncelos... de maneira que nos sentimos – ou podemos nos sentir – únicos!


Ser grão em um universo, às vezes, nos parece solitário, mas o mar não é nada sem a areia, sem as suas gotas, sem os peixes, sem seus seres misteriosos que quando nos mostram o fundo do oceano. Assim também a terra, não é uma rainha sem seus seres que nela se alojam, e olhando o céu, ao perceber as estrelas, me sinto uma delas – às vezes, o pó que um dia as formou, o que não me faz menor ou maior.


E nos mergulhar da vida, temos átomos e suas partículas que nunca terminam, pois são intermináveis. E se nos sentimos um pouco dessas partículas, ainda sim, somos algo, porque o átomo não seria átomo sem elas.


Mas a “síndrome do grão de areia que quer ser visto por satélite” não nos deixa. E continuamos a buscar lugares melhores na sociedade, a nos sentar em cadeiras de veludo, cujos assentos, para muitos, deveriam ser travesseiros e não assentos. E corremos em frente a uma câmara porque queremos ser percebidos, iluminados, popularizados, ainda que sujos perante o mundo, mas queremos e queremos nos mostrar mais que grãos que somos...


Não adianta. Antes mesmo de ser o que somos, temos sonhos grandiosos e devemos persegui-los como cães atrás de raposas. Não sonhos físicos nos quais sou apenas o protagonista (o ator principal), como nesses filmes americanos em que tudo desaba ao meu redor, mas em mim nada, pois posso fazer o que bem entender de minha vida, e nada acontece comigo...


O grão de areia – nós – deve ter sonho de grão de areia, não passar disso; ser melhor no que a natureza nos dá frente a esse mar que nos torna mais belo com sua presença, e com ele harmonizar a vida, a grande Vida.


à MCC

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